#perrenguesdamaternidade
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Tô grávida, e agora?
Maternidade, a dor e a delícia da outra versão de você mesma.
Não é segredo pra ninguém (que me conhece) que nunca tive o sonho da maternidade. Desde muito nova dizia que não me casaria na igreja e muito menos teria filhos. Pois bem, posterguei, posterguei ... me envolvi e, depois de mais de 10 anos juntos, já por volta dos 35 anos bateu a dúvida.
Como tomava contraceptivos há muito, muuuuuuuito tempo, os médicos com quem me consultei diziam que não engravidaria tão rápido. Parei o anticoncepcional em setembro e minha menstruação atrasou, assustada, achei que já teria acontecido. Não foi. Em outubro viajamos pra Salvador, novamente um atraso e ... nada. Foi quando repensei, refleti e cheguei à conclusão de que aquilo não era mesmo pra mim. Cheguei pro meu companheiro e disse voltariamos a nos prevenir e aguardei a próxima menstruação (ponto importante: nunca escondi dele que não estava nos meus planos a maternidade).
Novembro passou, a minha data era geralmente primeira quinzena do mês e desencanei.
Eu estava radiante! Tinha conseguido alcançar o peso que almejava a vida toda, trabalhava numa empresa legal, com pessoas legais, me vestia muito bem, vaidade no topo ... saltos, makes lindas, cabelo impecável com cachos deslumbrantes .... enfim, no auge! Fim do mês e meu esposo lembrou da bendita menstruação:
- Ahh, atrasou denovo mas não deve ser nada. Os médicos estavam certos, são só 2 meses sem remédio, só pode ser meu corpo regulando. - eu disse pra ele.
Dia 27 de novembro é a data em que comemoramos nosso reencontro (sim, estudamos juntos no colegial mas essa é outra história) e resolvemos jantar no shopping que, por sinal, ficava à 5 minutos caminhando de casa. Ele pediu pra que eu fizesse o teste de farmácia e recusei. Pediu denovo e concordei que ele passaria na farmácia pra comprar o bendito bastãozinho.
Chegamos por volta das 10 da noite e tinha um lavabo bem na entrada. Entrei, me aprocheguei, fiz meu xixi mirando direto no papelzinho (estava de birra pq não queria fazer o teste) e esperei. A bula dizia 5 minutos. Acendi meu cigarro no vaso mesmo e em questão de segundos, enquanto o líquido amarelinho subia pelo papel apareceu o primeiro risco rosa e na sequência, quase que imediatamente, o segundo risco. Travei. Aquilo só poderia estar errado.
Fiquei ali parada por alguns segundos olhando (me pareceram horas) e milhões de coisas passaram pela minha cabeça. Eu não queria mais. Não estava mais nos meus planos. Olhei pra ele e entreguei o teste. Ele abriu um sorriso e saiu falando:
- Eu sabia! Eu sabia! Vc tá diferente ...
Acendi outro cigarro. Peguei o telefone e liguei pra minha mãe.
Coitada ... hahahaha ... já era tarde e eu nem me liguei nisso. Ela já estava na cama, contei e a felicidade dela foi explícita, entretanto, naquele instante, ela precisava me acalmar, em contraste com a maneira como expressei meus sentimentos entender o que estava acontecendo e tentar associar minha revolta com a alegria dela.
O tempo passou. Não aceitei aquilo muito bem num primeiro momento. O corpo foi mudando, graças a Deus e muita leitura a cabeça também.
Me programei muito durante a gravidez para um parto humanizado, no processo bateu o arrependimento daquela reação inicial e pedi muito perdão pra pessoinha que crescia ali dentro ... o pré natal foi bastante turbulento com 5 trocas de obstetras por questões do convênio e por fim, acabei que passei pelo que mais temia, violência obstetrícia.
Hoje a criaturinha tem 7 pra 8 anos. Uma garota incrível com uma personalidade ímpar que me desafia em 12 a cada 10 oportunidades. Pra quem acredita que a fase de recém nascido é a mais difícil, desculpe informar mas vai piorar – kkkkkkk. Só que a gente melhora, ensina e aprende todo dia. Volta a ser criança. Exige demais, cobra, quer o melhor, faz o melhor mas nem sempre o melhor é o correto, a gente aprende a ressignificar quase tudo! São tantas contradições nesse processo de ser mãe. É louco. Num momento vc quer esganar e no outro ama de uma forma inexplicável. Daria todas as suas vidas e mais algumas pelo bem estar daquele pedacinho de você que não tem nada a ver com aquilo que você imaginava. O bagulho é loko.
Bom, curti meu tão almejado corpo tamanho 38-40 Brasil por algumas semanas apenas, os hormônios da gravidez me deixaram quase careca, os peitos coitados ... não preciso nem falar o que aconteceu (amamentei livre demanda por 1 ano) mas cá estou eu, com uma vida dividida em antes e depois da Minhoca da Minha Vida.
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