♔ | 12 de Setembro de 1297 - Assinatura do Tratado de Alcanizes (definiu a fronteira entre Portugal e Castela)
O tratado de Alcanizes ou Alcanises (em castelhano, Alcañices), que fixou os limites geográficos de Portugal, foi celebrado entre o Reino de Portugal e o Reino de Leão e Castela assinado entre o soberano português D. Dinis, Rei de Portugal, e a regente Rainha-mãe Maria de Molina (viúva do Rei Sancho IV), em nome de Fernando IV, Rei de Leão e Castela, ainda menor, na povoação leonesa-castelhana que lhe deu o nome (Alcanises), na província de Zamora, a dois quilómetros de Miranda do Douro.
Pelo tratado se restabeleceu a paz entre os dois reinos ibéricos, fixando-se os seus limites fronteiriços. Em troca de direitos portugueses nos termos raianos de Aroche e de Aracena, passaram para a posse definitiva de Portugal: Campo Maior, Olivença (hoje administrada por Espanha, o que originou a Questão de Olivença), Ouguela, São Félix dos Galegos (hoje na posse de Espanha).
E em troca de direitos portugueses nos domínios de Aiamonte, Esparregal, Ferreira de Alcântara e Valença de Alcântara, e outros lugares nos Reinos de Leão e de Galiza, era reconhecida a posse portuguesa de povoações beirãs, chamadas terras de Ribacôa, que compreendiam as seguintes povoações e respetivos castelos: Almeida, Alfaiates, Castelo Bom, Castelo Melhor, Castelo Rodrigo, Monforte, Sabugal e Vilar Maior. Foi ainda acordado pelo tratado uma aliança de casamento em que Fernando IV casaria com D. Constança, filha de D. Dinis; e D. Beatriz, irmã de Fernando IV, com D. Afonso, príncipe herdeiro de Portugal. Estabeleceu-se, ainda, um acordo eclesiástico, pois alguns lugares das regiões supracitadas estavam situados em território português e ao mesmo tempo pertencer a uma circunscrição eclesiástica castelhana e vice-versa. O tratado definiu os limites do território continental português, que não teve alteração posterior, exceptuando a perda de Olivença, em 1801, através do Tratado de Badajoz, denunciado em 1808 pelo Reino de Portugal, mas que não evitou a anexação do território por Espanha. Em 1817, quando subscreveu o diploma resultante do Congresso de Viena (1815), Espanha reconheceu a soberania portuguesa sobre Olivença, comprometendo-se à devolução do território o mais rapidamente possível. No entanto, tal nunca chegou a acontecer.
Não obstante, pelo articulado, o Tratado de Alcanizes foi um dos tratados mais importantes celebrados por Portugal até aos dias de hoje.
(Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica)
0 notes
The region of Trás-os-Montes was the main theater of operations during the first Franco-Spanish invasion of Portugal (May–June, 1762).
The Spanish invasion of Portugal between 5 May and 24 November 1762 was a main military episode of the wider Seven Years' War in which Spain and France were heavily defeated by the Anglo-Portuguese Alliance with broad popular resistance. It involved at first the forces of Spain and Portugal until France and Great Britain intervened in the conflict on the side of their respective allies. The war was also strongly marked by a national guerrilla warfare in the mountainous country, which cut off supplies from Spain, and a hostile peasantry, which enforced a scorched earth policy as the invading armies approached. That left the invaders starving and short of military supplies.
During the first invasion, 22,000 Spaniards commanded by Nicolás de Carvajal, Marquis of Sarria, entered the Province of Alto Trás-os-Montes, in the northeast of Portugal, with Oporto their ultimate goal. After occupying some fortresses they were confronted with a national uprising. Taking advantage of the mountainous terrain, the guerrilla bands inflicted heavy losses on the invaders and practically cut off their communication lines with Spain, causing a shortage of essential supplies. Near starvation, the Spaniards tried to conquer Oporto quickly but were defeated in the Battle of Douro and the Battle of Montalegre before they retreated to Spain. After that failure, the Spanish commander was replaced by Pedro Pablo Abarca de Bolea, Count of Aranda.
Meanwhile, 7,104 British troops landed in Lisbon, leading a massive reorganization of the Portuguese army under Wilhelm, Count of Schaumburg-Lippe, the supreme commander-in-chief of the allies.
During the second invasion of Portugal (Province of Beira), 42,000 Franco-Spaniards under Aranda took Almeida and several other strongholds, and the Anglo-Portuguese army stopped another Spanish invasion of Portugal by the province of Alentejo and won the Battle of Valencia de Alcántara (Spanish Extremadura), where a third Spanish corps was assembling for an invasion.
The allies managed to stop the invading army in the mountains east of Abrantes, where the slope of the heights facing the Franco-Spanish army was abrupt but very soft on the side of the allies, which facilitated the supply and movements of the allies but acted as a barrier for the Franco-Spaniards. The Anglo-Portuguese also prevented the invaders from crossing the river Tagus and defeated them at the Battle of Vila Velha.
The Franco-Spanish army (which had their supply lines from Spain cut off by the guerrillas) was virtually destroyed by a deadly scorched earth strategy. Peasants abandoned all nearby villages and took with them or destroyed the crops, food and all else that could be used by the invaders, including the roads and houses. The Portuguese government also encouraged desertion among the invaders by offering large sums to all deserters and defectors. The invaders had to choose between stay and starve or withdraw. The final outcome was the disintegration of the Franco-Spanish army, which was compelled to retreat to Castelo Branco, closer to the frontier, when a Portuguese force under Townshend made an encircling movement towards its rearguard. According to a report sent to London by the British ambassador in Portugal, Edward Hay, the invaders suffered 30,000 losses, almost three-quarters of the original army, mainly caused by starvation, desertion and capture during the chase of the Franco-Spanish remnants by the Anglo-Portuguese army and peasantry.
Finally, the allies took the Spanish headquarters, Castelo Branco, capturing a large number of Spaniards, wounded and sick, who had been abandoned by Aranda when he fled to Spain, after a second allied encircling movement.
During the third invasion of Portugal, the Spaniards attacked Marvão and Ouguela but were defeated with casualties. The allies left their winter quarters and chased the retreating Spaniards. They took some prisoners, and a Portuguese corps entered Spain took more prisoners at La Codosera.
On 24 November, Aranda asked for a truce which was accepted and signed by Lippe on 1 December 1762.
https://en.wikipedia.org/wiki/Spanish_invasion_of_Portugal_(1762)
1 note
·
View note
Ao encontro do Douro | Rota II - Figueira de Castelo Rodrigo/Vila Nova de Foz Côa
Partimos de Figueira de Castelo Rodrigo e vamos de aldeia em aldeia até à foz do Côa, seguindo uma rota que contorna toda a serra da Marofa e que apenas desce até ao Douro em Almendra, para contemplarmos encostas recortadas em socalcos onde crescem vinhedos que produzem alguns dos melhores vinhos desta região.
Todas as terras que vamos percorrer neste segundo itinerário das Rotas Todo Terreno Dacia Duster no Rio Douro integravam o Reino de Leão. Passaram para a coroa portuguesa há precisamente 720 anos, na sequência do Tratado de Alcanizes, que redesenhou a linha da fronteira, recuando-a desde o vale do Côa até ao vale do rio Águeda. Ambos são importantes afluentes do Douro e correm entre apertadas falésias na fase final do seu curso, antes de alcançarem a foz.
Pela foz do Águeda, já passámos na primeira etapa: fica em Barca D’Alva, onde terminava a admirável linha de caminho de ferro do Douro. Quanto ao Côa, alcança o Douro praticamente no ponto final desta etapa, à sombra de Vila Nova de Foz Côa, que já foi elevada a cidade e ganhou distinção com a descoberta de importantes núcleos de gravuras rupestres, salvos “in-extremis” de ficarem submersos para sempre pelas águas de uma barragem que já estava em adiantada fase de construção, quando as obras foram interrompidas, no Outono de 1995. Por coincidência, também junto ao rio Águeda há diversas gravuras rupestres, mas neste caso a sua existência não ganhou a visibilidade das do Côa; talvez por não estarem em risco, mas não por serem menos importantes e relevantes...
As gravuras rupestres do Águeda e do Côa são a maior evidência da antiguidade da presença humana nesta região, mas se esquecermos esse passado tão distante, em toda esta zona há vestígios que remontam à ocupação da península ibérica pelo Império Romano. E mais recentemente, temos os castelos que foram originalmente edificados pelo Reino de Leão, para se defenderem inclusive dos ataques dos portugueses, para após a assinatura do Tratado de Alcanizes, a 12 de Setembro de 1297, trocarem de bandeira e manterem a mesma função, mas invertendo o lado inimigo. Nos termos deste acordo, que ganhou especial lugar na história por ser considerado o mais antigo tratado fronteiriço de sempre, Portugal cedeu para os reinos de Leão e Castela desde Ayamonte, na foz do Guadiana, a Aroche e Aracena, as serras vizinhas de Barrancos, mas também as zonas de Ferreira de Alcântara e Valência de Alcântara, entre outras, junto ao actual Tejo Internacional.
Em contrapartida, a bandeira nacional foi içada em Campo Maior, Ouguela e Olivença, no Alentejo, mas também em inúmeras povoações beirãs, das chamadas terras de riba-Côa, desde o Sabugal a Castelo Rodrigo e Castelo Melhor, ou seja, quase desde a nascente à foz do rio Côa. Desde então a fronteira apenas pontualmente foi redesenhada: além de termos perdido Olivença em 1802, no decurso das invasões napoleónicas, também Ermesende e Salvaterra do Minho passaram para o outro lado, para a Galiza, e nesta zona, onde nos encontramos, ficamos sem a aldeia de São Félix dos Galegos. E durante o período em que Portugal foi liderado pelos reis de Espanha, entre os séculos XVI e XVII, submetemos todo o território às ordens do “inimigo”.
Castelo Rodrigo foi um caso singular nesta “reintegração” à coroa espanhola das terras cedidas a Portugal pelo Tratado de Alcanizes. Filipe I de Espanha e Portugal – goste-se ou não, a história já não se reescreve... – distinguiu Castelo Rodrigo como condado, atribuindo o respectivo título a Cristóvão de Moura, que escolheu o ponto mais alto da vila para construir o seu palácio, no local onde se situava a torre de menagem. Ao nomear conde um português, Filipe I despertou profundos ressentimentos entre as gentes locais; de tal modo que em 1640, dias após a Restauração da Independência, o povo arrasou o palácio, que até hoje permanece em ruínas. A retaliação tardou duas décadas, mas nem depois de terem cercado Castelo Rodrigo as tropas castelhanas conseguiram vencer: acabaram derrotadas num confronto que teve como epílogo a batalha travada ali perto, a 7 de Julho de 1664. Já no despontar do século XIX, por lá passaram as tropas de Napoleão e, para correr com os franceses, os mercenários ingleses, liderados pelo famosos General Wellington, o tal que dá nome às “botas de água”, em borracha, e ao apetitoso bife cozinhado no forno, envolto em massa folhada!
E agora, é raro o dia em que Castelo Rodrigo não seja invadido por hordas de estrangeiros. São quase diárias as visitas das excursões dos turistas que embarcam nos cruzeiros fluviais pelo Douro e que a cada escala trocam os navios pelos autocarros que os levam a passear pelas terras além do rio. Como nós propomos com mais esta Rota Todo Terreno Dacia Duster...
A ROTA DE CABRAL DO CÔA AO BRASIL
Visitamos Castelo Rodrigo, percorrendo as suas ruelas e se tivermos tempo de sobra, podemos até entrar nas ruínas do Palácio Cristóvão de Moura. Lá do alto, as vistas são ainda melhores. Espreitando para nascente, descobrimos mesmo ali em baixo o Convento de Santa Maria de Aguiar, que pertenceu à Ordem de Cister e que já no século XVI foi alvo de grande contestação pelo povo local, devido, imagine-se, à conduta imoral dos frades! Mistura dos estilos românico e gótico, este convento, que nunca foi de grande importância dentro da ordem cisterciense, passou para a posse de privados em meados do século XIX, quando as ordens religiosas foram extintas e perderam os seus bens.
Como estamos mais ali ao lado, não perdemos nada em visitá-lo e depois somente percorremos mais 3 quilómetros até Figueira de Castelo Rodrigo, de onde vamos arrancar, partindo da Avenida 25 de Abril, no centro da vila, junto ao amplo jardim. Na esquina onde se situa o Posto de Turismo, tomamos a direção de Almeida e Pinhel, subindo pela N221, para já depois da vila, na rotunda que distribuiu o trânsito para Castelo Rodrigo, Almeida ou Pinhel, escolhermos esta última possibilidade, prosseguindo à direita, pela N221.
Descemos cerca de 5 km, sempre com a serra da Marofa pelo lado direito, até encontrarmos, a meio de uma longa curva para a esquerda, um desvio que nos indica, para a direita, o Colmeal. Vamos até lá conhecer esta antiga aldeia, que foi durante largos tempos sede de freguesia, tal a sua importância.
A Quinta do Colmeal foi herdada pelo século XV pela mãe de Pedro Álvares Cabral. Muito antes de descobrir o Brasil, o famoso navegador descobrir estes domínios, onde foi sendo construída uma aldeia que em 1957, quando foi abandonada, ainda albergava 14 famílias e seis dezenas de pessoas, num conjunto de casas de xisto dispostas ao lado da pequena igreja e do Solar dos Cabrais. Escondida num recanto por baixo da serra, a aldeia assim permaneceu, sem ninguém, por meio século. Até que os atuais proprietários, encantados com o ambiente de absoluta tranquilidade que ali se vive, decidirem reavivar a aldeia, estabelecendo um plano para a sua recuperação, que neste momento passa pela reconstrução da igreja, depois de já ter sido feita uma profunda intervenção no solar, dentro de cujas paredes nasceu um daqueles hotéis improváveis.
Continuando o passeio, retomamos a N221 até à ponte sobre o Côa. Ou quase, pois antes de a atravessarmos desviamos para a direita e trocamos a N221 pela estrada municipal que indica o caminho até Milheiro, Luzelos e Penha de Águia. Para espreitarmos a primeira, onde já só sobram “duas famílias e um homem solteiro”, como nos contaram, há que fazer um ligeiro desvio, que vale a pena, nem que seja para apreciar os burros que correm livres entre um conjunto de algumas oliveiras milenares. Já em Luzelos, que era aldeia mais importante, com paciência encontrará os vestígios de duas villas romanas, entre as ruínas de uma grande casa senhorial, toda em pedra.
Em Penha de Águia regressamos à “civilização” e atravessamos a aldeia, para depois continuarmos em direção a Figueira de Castelo Rodrigo até, 2,6 km depois, encontrarmos o desvio à esquerda para Freixeda do Torrão. Nesta, seguimos as indicações para o Solar dos Metelos e vamos espreitar esta enorme casa de pedra, com uma invulgar torre mesmo em frente.
Parte do casarão ainda é habitado, mas grande parte está em ruínas, embora a fachada se mantenha de pé e não deixe perceber isso. O solar fica, literalmente, no fundo da aldeia. Vamos sair pela direção oposta à saída, junto ao cemitério, tomamos a direita, para Vila Nova de Foz Côa. Desde aí até ao entroncamento com a N332 percorremos 3,2 km, sempre pelo planalto, rodeados de campos repletos de barrocos de granito.
RUMO AO DOURO
Entrando na N332 pela esquerda, vamos atravessar logo de seguida Vilar de Amargo, onde vale a pena entrar e procurar pela fonte romana, chegando mais abaixo a Almendra. Aqui não faltam construções monumentais, nem solares brasonados. Impressiona o enorme Paço do Visconde de Saúde, com uma fachada com 20 janelas, onde as armas da família nunca chegaram a ser lavradas no brasão que encima o balcão sobre a porta principal. Incendiado pelas tropas napoleónicas, ainda foi parcialmente recuperado no início do século XX, mas está em ruinas e abandonado há longos anos. Tomara um dia seja recuperado!
Após Almendra, a estrada divide-se: para a direita descemos a N332 até à Estação dos Caminhos de Ferro de Almendra, e para a esquerda iniciamos a N222, que segue ao longo da margem esquerda do Douro até ao Porto.
Descemos os 10 km até à estação, onde já não passam comboios, apreciando a vista sobre as encostas do Douro e das melhores quintas, como a da Lêda, atual berço do Barca Velha. E depois, tomamos a N222 até Vila Nova de Foz Côa, fazendo no caminho um desvio para subirmos ao Castelo Melhor e, se puder, descer às gravuras rupestres de Penascosa.
Em Foz Côa, avance até ao Museu do Côa e desde a ponta do edifício contemple a paisagem sobre o Douro e a foz do Côa. Boa jornada!
A Rota I do Douro em http://bit.ly/2zf7BW0
A Rota III do Douro em http://bit.ly/2AQo8jB
A Rota IV do Douro em http://bit.ly/2BRdrdA
Texto: Auto Foco/Alexandre Correia*
*Diretor da revista Todo Terreno
1 note
·
View note