#nova sallinger
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justlisten23 · 4 years ago
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adeuspassado · 6 years ago
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Holden Caulfield e o sentido da vida
Holden Caulfield é o nome do personagem central ou protagonista do romance O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Sallinger. Caulfield é um adolescente resmungão com uma fantasia poética na cabeça; essa fantasia traduz o desejo do protagonista de ser útil ou necessário em um mundo problemático, e representa a busca de sentido em sua vida.
Eu li esse romance duas vezes, em 2000 e 2006. Nem sempre era capaz de simpatizar ou me identificar com o protagonista, mas em certos momentos eu percebia que era exatamente igual ao Caulfield em sentimentos ou atitudes. O personagem do romance de Sallinger é uma espécie de existencialista preocupado em encontrar sentido na vida...
Em certo momento do romance, quando Caulfield conversa com uma garota chamada Sally, J. D. Sallinger colocou as seguintes palavras na boca do protagonista:
Você já se sentiu alguma vez cheia de tudo? (...) você gosta do colégio e desse negócio todo? (...) Bom, eu odeio a escola (...). E não é só isso. É tudo. Detesto viver em Nova York e tudo. Táxis, ônibus (...). Os carros (...). A maioria das pessoas são todos malucos por carros (...). Eu não gosto nem de carros velhos (...). Eu preferiria ter uma droga dum cavalo (...). Você devia ir a um colégio de rapazes, só para ver (...). Estão entupidos de cretinos (...). Não encontro praticamente nada em nada. Estou mal de vida. Estou péssimo (...). Que tal a gente dar o fora? (...) podíamos sair em direção a Massachusetts (...). Vamos ficar numa daquelas casinhas de campo (...) posso arranjar um emprego e nós vamos viver num lugar qualquer, com um riacho (...). Eu mesmo ia rachar a lenha no inverno...
Fugir para Massachusetts, a terra de Henry D. Thoreau, para uma cabana perto de um lago ou riacho, é um topos do romantismo americano. Esse desejo de evasão, de sair da grande cidade, seja Nova York ou São Paulo, é o que me aproxima do impaciente narrador do romance. O mal-estar existencial do protagonista, ou "mal-estar na civilização", diante da cidade e das instituições, dos adultos e dos vínculos humanos, das "funções" corriqueiras no "mundo do trabalho", é o sinal de uma crise espiritual ou crise de valores. O sujeito Caulfield não sabe quem ele é, qual é o papel que deve desempenhar nesse mundo que não lhe desperta interesse. "Não encontro praticamente nada em nada". Este é o jovem Holden Caulfield de 16 anos, um adolescente algo frio e bastante entediado.
A vida do personagem não é terrível ou miserável. Não se trata de um personagem de Dickens, nem de um viciado em drogas, ou de alguém enfrentando condições externas adversas. O maior "antagonista" do personagem parece estar dentro dele. Talvez Caulfield esteja pensando em suicídio. Em dado momento do romance, o professor Antolini diz para o jovem Caulfield:
Tenho a impressão de que você está caminhando para alguma espécie de queda... uma queda tremenda (...). Esta queda para a qual você está caminhando é um tipo especial de queda, um tipo horrível. O homem que cai não consegue nem mesmo ouvir ou sentir o baque do seu corpo no fundo. Apenas cai e cai. A coisa toda se aplica aos homens que, num momento ou outro de suas vidas, procuram alguma coisa que seu próprio meio não lhes podia proporcionar. Ou que pensavam que seu próprio meio não lhes poderia proporcionar. Por isso, abandonam a busca. Abandonam a busca antes mesmo de começá-la de verdade...
Desistir da busca, pensar que não existe mesmo nenhum sentido na vida. É este o drama interior de Caulfield? (O suicídio é um modo de abandonar a busca). A vida é sofrimento e nada mais que sofrimento. O mundo é horrível e doentio e incurável. Talvez esse seja o aspecto implícito do pensamento de Holden Caulfield. Ou haverá alguma esperança? Caulfield se depara com a realidade talvez como um personagem de Antonioni em A Noite. Caulfield talvez diga para si mesmo: "eu não sou obrigado a viver neste mundo". Mas pode ser que o segredo desse personagem esteja na sua fantasia salvadora, um amor à pureza, mas um amor triste, provavelmente ciente de que não podemos impedir que as crianças descubram o horror para além do campo de centeio...
O sentido da vida talvez esteja em salvar algo de nossa infância ou tentar salvá-la da perdição maligna desse mundo. O amor à natureza permitiria o acesso a este sentido? Thoreau queria imprimir os ventos e os rios na literatura, para falarem por ele. Ser o arauto da natureza é o sentido da vida? O bom poeta, para Thoreau, seria aquele cujas palavras fossem tão vivas e naturais como as rosas da primavera. A "ternura pelo rústico", o gosto pelo mundo selvagem, está no centro do romantismo norte-americano. E Thoreau considera que a mitologia antiga aproxima-se desse ideal. "Em que natureza muito mais fértil não tem suas raízes a mitologia grega do que a literatura inglesa!". A Inglaterra é talvez a "Nova York" que Thoreau pretende abandonar... A Inglaterra representa a "civilização" no que esta tem de impostura e artificialismo, algo que trai o verdadeiro sentido da vida. "Enfim, tudo que é bom é agreste e livre". Thoreau quer "para amigos e vizinhos homens selvagens, e não civilizados".
Henry D. Thoreau toma o partido da natureza na tensão entre Pólis e Physis. "E aqui está nossa mãe, gigantesca, selvagem e ululante - a natureza - omnipresente, com tal beleza e tal afeto pelos filhos como o leopardo; e, todavia, dela nos desmamamos tão cedo para a sociedade, para essa cultura que consiste exclusivamente no entrosamento de homem a homem - uma espécie de criação recíproca, de que resulta, no máximo, uma simples nobreza inglesa, uma civilização destinada a duração efêmera".
Thoreau é pessimista ou hostil em face da sociedade? "Enquanto quase todos os homens sentem uma atração irresistível que os arrasta para a sociedade, poucos são atraídos fortemente para a natureza. Em suas relações com a natureza, os homens parecem-me, em sua maior parte, e em que pese sua arte, inferiores aos animais. Nem sempre se estabelece uma bela relação, como no caso dos animais".
Thoreau parece ter encontrado o sentido da vida na solidão e no silêncio dos bosques, na atenção total ao presente do mundo natural. Não podemos deixar de viver o presente, diz Thoreau, de apreciar o momento presente. Thoreau nota que pouco tempo é dedicado a contemplação da natureza. "Como, entre nós, se aprecia pouco a beleza do panorama!". Esse romantismo foi sem dúvida uma das respostas que o homem ocidental encontrou para o problema do sentido da vida.
Viktor Frankl escreveu: "Ou a vida tem um sentido, e então ela o retém mesmo que vivamos um tempo relativamente curto; ou, se não o tiver, não o ganharia mesmo que vivamos toda a eternidade". O alvo da crítica de Frankl me parece ser o existencialismo ateu dos tempos modernos, que teria a pretensão de forjar o sentido da vida pressupondo que não existe a priori nenhum sentido na vida. É claro que essa é uma posição dogmática que não precisa ser aceite em filosofia.
O problema do sentido da vida não concerne apenas à esfera individual, mas também ao coletivo, o sentido da comunidade ou da civilização. A pergunta que Ivan Ilitch (personagem duma novela de Tolstói) faz no leito de morte - "E se realmente toda a minha vida não foi o que deveria ter sido" - serve para pensarmos sobre o próprio sentido, ou o absurdo, da História. Se a nossa história, a da civilização ocidental, foi vivida de modo contrário de como deveria ter sido, então que história é essa? Descrevendo o estado de espírito de Ilitch, assim escreve Tolstói: "Os seus deveres profissionais, a sua vida bem organizada, a sua família, e esses interesses da sociedade, tudo isto talvez não passasse de mentira. Tentava ainda, diante de si mesmo, defender tudo o que fez, mas de repente sentiu a fragilidade daquilo que defendia. Não havia mais nada a defender (...) tudo não passava de uma descomunal mentira, de uma pavorosa mentira que ocultava a vida e a morte". O problema da "inautenticidade" não é só do indivíduo, uma sociedade inteira pode ser um modo de vida inautêntico, um embuste ou palhaçada.
A consciência define a estrutura da existência Para-si. O homem é um existente para-si na medida em que é consciente de si. Ser para-si não somente é poder se auto-observar, mas também se auto-determinar. Temos aqui o tema da "livre escolha". O homem, em cada um dos seus atos, é escolha, é o exercício da sua liberdade. A "psicanálise existencial" de Jean-Paul Sartre tem por objetivo encontrar ou descobrir a maneira original que cada um tem de escolher seu modo de ser. Uma maneira de ser nada mais faz que presentificar o ser de uma determinada forma. Isso é a "qualidade" da existência. E aqui surge o problema de saber se tal modo de ser concreto é de boa ou má qualidade.
É muito fácil se iludir sobre a qualidade ou valor da própria existência. A vaidade não é imparcial. Os moralistas do séc. XVII sabiam disso. Todavia, não temos outra alternativa além de admitir que nenhuma outra pessoa sabe tanto a nosso respeito quanto nós mesmos. "A existência de que estamos mais certos e que melhor conhecemos é incontestavelmente a nossa própria, visto que a respeito de todos os outros objetos temos noções que podem ser tidas como exteriores e superficiais, enquanto de nós próprios temos uma percepção interior e profunda" (Henri Bergson). Essa "introspecção" do sujeito pode conduzi-lo ao que os japoneses chamam de satori.
O que o satori afirma é indizível. A natureza búdica é inata. Identidade espiritual real. Não se contrói por meio de palavras. A verdade... se nasce com ela. A essência do seu próprio ser, o homem não criou, ele a recebe de Deus. A nossa identidade espiritual (o Atman) já existe desde a nossa concepção. O véu da ilusão que aprisiona o homem fora de seu próprio ser se desfaz num êxtase. A Verdade liberta o homem reconduzindo-o à sua terra natal. Eu disse satori, mas poderia ter dito baraka. Na origem, o peregrino contempla a sua real natureza imortal. Não se constrói essa natureza, se descobre que ela existe. O homem é constituído de corpo, psique e atman (a essência espiritual transcendente). O impermanente se esvai com o tempo. O atman ou natureza búdica permanece pela Graça de Deus. Visão do Atman, tomar consciência do essencial, é gnose, ou comunhão com a verdade do Ser. O atman é Espírito, Deus é Espírito, o Espírito é Uno. (Hierarquia Celeste não significa fragmentação do Ser). O atman transcendente é percebido no espaço oculto do coração. O coração é uma janela, uma ponte. O atman é a luz sagrada, a essência do chakra cardíaco, o segredo do coração. O atman, o espírito-luz, é a essência do ser humano. O atman emana da Origem. Ou como diz um Hadith do Profeta Mohammad: "Quem conhece a si mesmo conhece ao seu Senhor". Para o homem que ama o seu Fundamento, o sentido da vida é apenas um: conhecer, amar e servir a Deus.
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willegivel · 5 years ago
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“O Apanhador no Campo de Centeio”, de J.D. Sallinger
“Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lengalenga tipo David Copperfield, mas, para dizer a verdade, não estou com vontade de falar sobre isso. Em primeiro lugar, esse negócio me chateia e, além disso, meus pais teriam um troço se eu contasse qualquer coisa íntima sobre eles.”
Comecei a leitura desse livro preparado para uma jornada incerta – o próprio narrador, que é também o protagonista, lhe diz que é um enorme mentiroso, então qualquer coisa que ele diz deve ser acreditada, ou não, após certa consideração. O personagem principal, Holden Caulfield, de dezessete anos, acaba de ser expulso de um internato caro, o Colégio Pencey, e resolve que, ao invés de passar seus últimos dias na escola, deve voltar para a cidade (Nova Iorque) por alguns dias. Durante esse tempo – um fim de semana – ele mostra sua visão, totalmente insatisfeita, com as pessoas que considera “falsas” e “bregas”. Como explica quando assiste a apresentação de um pianista, quando se percebe que se é bom em algo, acaba-se começando a ser falso simplesmente por ter essa noção de seu talento – e então não se percebe esse problema, por causa da apreciação externa. Como ele mesmo diz: “As pessoas sempre batem palmas pelas coisas erradas.”
Caulfield luta para manter-se em um estado de inocência que ele associa à infância – à sua irmã Phoebe, e a seu falecido irmão Allie – e não sucumbir ao comprometimento de valores e de talentos individuais que associa à idade adulta e à seu irmão D.B., um escritor que decide ir para Hollywood, escrevendo filmes que Holden considera não serem culturalmente relevantes – o narrador iguala tais ações a vender-se e, ao mesmo tempo, admira o irmão.
“[...] [F]ico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande – a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer.”
Uma das melhores obras sobre a adolescência que já li, trata sobre temas muito importantes, como o desenvolvimento da sexualidade, as relações com outras pessoas, com o mundo “adulto”, e com vícios como o álcool e o tabaco.
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