Tumgik
#nem sei se perdi a mão dessa char kkkkkk
dorothva · 3 years
Note
GAME OVER + Victoria
Send ‘GAME OVER’ to get a glimpse of one of the worse possible endings that can happen to my muse in their life.
23:13, Aether, noite do Baile de Outubro.
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Mesmo que fosse introspectiva por natureza, naquela noite, Victoria não poderia estar mais em clima de festa. Os cabelos ébanos estavam soltos e arrumados, e ela trajava vestes e maquiagem escarlate que, desde a adolescência, jamais pudera utilizar num evento daquele porte; talvez porque, nesses tempos, estivesse ocupada se escondendo em torres subterrâneas pelos arredores do instituto. Mas agora, a vida noturna era novamente uma realidade para a cientista ––– e estar de volta à sociedade depois de tanto tempo era, para dizer o mínimo, um deleite.
A noite negra brilhava com poucas estrelas no céu, mas o ambiente estudantil não poderia estar mais perfeito para uma comemoração; e depois de descer as escadarias da Anilen, os lábios escarlates de Victoria repuxaram-se para cima quando avistaram a figura de Oleander, sorrindo de volta para ela. E de repente, o coração da cientista acelerou, e ela não se demorou em ir de encontro ao príncipe, entrelaçando seus braços assim que se aproximaram. Os olhos verdes brilhavam em satisfação de, pela primeira vez, poder apresentar seu relacionamento, e seu noivo, junto à ela; Victoria não via a hora de encaminhar a carta para Jonathan e Mina, e mal podia esperar as férias para que pudesse traze-lo a Londres, e apresentar a cidade que chamava de casa; tinha certeza que o príncipe iria gostar tanto quanto ela o fazia.
Desconversava toda vez que algum curioso perguntava onde estava nos demais eventos durante tanto tempo; haveria de inventar uma desculpa rápida, e imediatamente mudar de assunto. E mesmo que não o fizesse, lembrar dos tempos de reclusão jamais seria satisfatório para uma Victoria que, finalmente, estava livre deles. Conversou com colegas que sequer trocava olhares nos corredores, em dias de aula; desfrutou dos petiscos e bebidas específicos daquele tipo de festa, e até resgatou algumas das aulas de valsa da adolescência, quando Oleander ofereceu-lhe a mão, e a chamou para dançar. 
As luzes vermelhas do centro do salão não deixavam o ambiente mais caótico ––– muito pelo contrário. Em meio à tanta gente e tanto barulho, os olhos azuis do príncipe tinham um destaque especial para uma Victoria que, por ora, ignorava tudo e todos ao seu redor; e não via como algo poderia ser mais chamativo no momento do que White. Os braços envolviam os ombros masculinos, e com a destra, ela segurava a dele; e os pés acompanhavam a música lenta que tocava à alguma distância. " ––– Vai ter trabalho pra se livrar de mim agora, hun." Pontuou, sorrindo com os lábios. Se antes eles travavam um jogo de gato e rato, agora Vic queria apenas desfrutar da companhia do príncipe; sentir sua derme na dela, e o som de sua voz; e se assim fosse possível, pensava que poderia permanecer ali por uma eternidade.
Contudo, foi a queimação repentina na região do rosto que fez-a se afastar bruscamente do outro; e antes de levar as mãos aos olhos, descobrindo que começavam a sangrar, Victoria sentiu os caninos afiados rasgando a gengiva ––– e ela primeira vez, o grito feminino que preencheu o salão foi de dor e desespero; o arder dos olhos, o rasgar das gengivas, e voltar a ser mais uma vez assombrada pela maldição que ela mesma ocasionara; porque um dia, havia se incomodado com sua metade vampírica; porque ambiciava demais para ver o que acontecia se sentasse separar as duas espécies completamente diferentes que compunham o que ela era. E agora, pagava um preço alto demais por aquilo. Há quem diga que não era nada além do que ela havia plantado durante sua vida inteira, visto que sua piedade com os demais colegas era extremamente limitada; estivera mais de uma vez, disposta a deixar o filho de Hans para morrer de frio, em troca de obter exemplares do seu gene para descobrir como armazenar a maldição que o assombrava há anos; há poucos anos, fizera Ever assinar um acordo onde ele dava liberdade para ela fazer o que pudesse com a maldição recém adquirida. Oitenta por cento de chances de ele nunca mais ver a luz do dia; mas Victoria não lhe informara isso, pois seus únicos interesses eram ela mesma e seus estudos. Muitos diriam que Harker estava apenas pagando pelo que já havia causado em alguns dos seus colegas; que era justiça sendo feita pelo Narrador. Mas mesmo assim, o sofrimento de alguém que via sua liberdade e último resquício de sanidade escapar por entre os dedos era de dar calafrios nos corações mais duros. 
Não vislumbrou o aluno que, ao entender o que acontecia, rapidamente quebrou um dos pés de madeira da mesa, obtendo assim o mais próximo do que conseguiria de uma estaca; um mito, puramente, mas ainda seria fatal para a forma híbrida de humana e vampira que Harker se transformara ––– como se estivesse presa no meio da transformação; e os olhos vermelhos captaram a tentativa do colega partir para cima dela, mas foi imediatamente interceptado por um Oleander que, depois de deter o ralieno, pegou o pedaço de madeira dele. " Deixe-a em paz." Ouviu ele dizer há distância, visto que sua mente ainda estava atordoada demais para assimilar as palavras por completo. " ––– Ander..." Chamou num sussurro dolorido; e não precisou de muito tempo para que o visse se aproximar, tomando seu rosto das próprias mãos. " ––– Você vai ficar bem; vamos para a enfermaria e vai acabar tudo bem." Tranquilizou, mas Victoria sabia bem que aquilo não era verdade. " ––– Ander, minha liberdade. Eu lhe imploro." Antes que ele pudesse perguntar, uma pontada de dor atingiu seu peito, fazendo Harker contrair mais uma vez; agora, podia sentir os caninos com a língua; e pela primeira vez em semanas, o cheiro de sangue que era o maior responsável pela destruição que já havia causado, e há muito tentava evitar. Os estudantes já evacuavam do salão, rogando por Merlin e seus tutores para tomar providências; e Victoria sabia que, em menos de minuto, ela perderia o controle sob si mesma. Seu alvo, seria o primeiro que estivesse em sua frente. " ––– Eu quero que isso acabe." Repetiu, os olhos, vermelhos com o próprio sangue, encarando os deles suplicantes; o resquício de esperança, e o falso alarme positivo. Haviam valido a pena, não? Os poucos momentos de felicidade plena, e de uma sensação de liberdade, inundaram o bem estar de Harker por algum resquício de tempo; e bom, estava bom demais para ser verdade. Antes que pudesse realizar qualquer movimento, Victoria posicionou o pedaço de madeira nas mãos masculinas, com as dela por cima, e rapidamente, a apoiou no próprio peito. Tentou sorrir, apesar da dor física ainda insistente, e os olhos vermelhos encararam os azuis dele, marejados pela dor e pela saudade que já sentia; todas as esperanças, planos e desejos, arruinados em tão pouco tempo. Custara muito caro, e agora, era tarde demais. " ––– Eu te amo." Declarou, antes de forçar a ponta amadeirada para seu peito, perfurando em cheio seu coração. 
Não tinha nenhuma condição de prosseguir com qualquer comemoração; e o dia foi lembrado como o sacrifício de uma descendente que não vivera sequer para contar sua história. As fadas sequer deixaram os alunos retornarem para o salão, passando a noite limpando o sangue do chão; e Merlin precisou ele mesmo tirar o príncipe do local, que passara os minutos seguintes junto ao corpo sem vida da anilena. 
@cinderellc
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