#não que eu seja uma escritora que vai te deixar super imersa mas tenham cuidado com todos os posts com tw
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niikcndros · 4 years ago
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the loudest silence.
nikandros’ point of view, após the explosion.
tw: descrição de ataque de ansiedade e trauma flashbacks, gore
havia algo estranho. 
talvez fosse impressão sua, seu cérebro insistindo para que ficasse ansioso. um novo imortal era algo positivo, mesmo que ele os tivesse encontrado daquela forma. sabia que podiam julgá-lo por aceitar seojun tão rapidamente, parte de si até mesmo queria que alguém o confrontasse quanto a isso. todas aquelas caras desconfiadas, como podiam ter esquecido o quão terrível era estar sozinho nessa vida? eles eram as únicas pessoas que podiam sentir uma real empatia pelo que o garoto estava passando. mesmo que tivesse chegado com uma postura arrogante, nik via apenas uma criança. uma criança perigosa de uma forma diferente da deles, mas ainda assim uma criança.  vai ficar tudo bem, pensou.
talvez fosse a dor latente que sempre vinha com a presença de callie. ele estava queimando, incapaz de manter seus olhos longe dela por mais de alguns poucos minutos. não importava o quão bem entendesse o que escondia malvadas que tinha ouvido mais cedo, machucava. ainda não tinha esquecido seu último encontro, a voz dela dizendo que ele era egoísta estava vívida em sua memória. se tivesse como liberar toda a mágoa e o peso da dúvida que aquela simples palavra havia colocado em seu coração, talvez acabasse explodindo. mas não, aquele não era o momento. tout va bien aller, continuou afirmando.
não, não era nada disso. assim que neels tentou chamar atenção do garçom, nikandros soube o que estava incomodando-o. como não tinha percebido antes? aqueles olhos não lhe eram estranhos, mas os lábios ostentavam um sorriso banhado em segredos. 
an eye for an eye, verculum. 
nik sentiu a explosão antes de qualquer coisa. sentiu no ódio naquelas palavras, no grito de calipátira, no descompasso de seu coração. sentiu na surpresa estampada nos rostos da sua família, nos pedaços de vidro que cravaram em sua pele, nas lágrimas que já ameaçavam cair.
então nik viu. 
e preferia não ter visto. 
os corpos voando, uns mais longe que os outros, abertos e dilacerados. sangue, pedaços de roupa se misturando com pele e tripas. órgãos expostos, partes pendentes. não era incomum, em seus anos de guerra havia cuidado de ferimentos até piores. esse era o problema. a visão não era chocante pelo que revirava o estômago das pessoas normais. era horrífico porque ele tinha se separado da mulher da sua vida para não ter mais que presenciar cenas como aquela.
nik afastou as lágrimas. se aproximou de amelia, que estava mais próxima, seus dedos tremiam ao tirar o cabelo de seu rosto tão lindo e tão imóvel. ele rastejou entre os corpos, tocando cada um no espaço entre os olhos e fazendo uma prece. mesmo após milênios, falar com os deuses (todos eles, fossem helênicos, egípcios, católico) e entregar sua família em suas mãos divinas ainda confortava seu coração. não que naquele momento fosse suficiente para diminuir o som do sangue em seus ouvidos —thump, thump, thump— ou diminuir a maratona que seu peito travava subindo e descendo debaixo da camiseta. 
quando chegou ao lado do corpo de callie, ele não conseguiu vê-lo trabalhando lentamente para de reconstruir. no mesmo momento, sua visão tornou-se ainda mais apertada e escura e então parecia caleidoscópica, como quando você aperta os olhos para “ver estrelas”. ela vai morrer morrer, uma voz na sua cabeça gritou, todos vão morrer.
ele podia sentir o gosto da fumaça na garganta e o calor nos olhos mesmo que não houvesse nenhum incêndio. não, agora não, implorou. você não está lá, nikandros. ele se afastou, se arrastando para longe sem ver para onde ia até encostar as costas contra parede. agora não apenas as mãos tremiam, mas seu corpo todo. encolheu as pernas, os braços em posição fetal. 
podia sentir suas mãos queimando, ágeis tirando os escombros de cima do corpo de calipátira. o fogo estava por toda sua volta e estendia-se por quilômetros. crises de tosse e lágrimas caiam numa tentativa patética de conseguir fazê-lo enxergar melhor. ele gemeu baixinho quando finalmente viu callie desfigurada, assim não. nik sequer tentava se proteger, se morresse por inalação de fumaça, ao menos esperaria por callie também inconsciente. mas isso não aconteceu. ele não morreu. ficou o tempo inteiro ali, assando, suando, rezando que os deuses o levasse antes que enlouquecesse. 
isso não é real, tentou se convencer num segundo de racionalidade. nik começou a bater na própria cabeça. uma sensação diferente daquele dia podia ajudar seu corpo a lembrar que não estava em stalingrado.   ❝   make it stop, please   ❞
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