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opaitaon · 4 years ago
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                     𝐏𝐎𝐕 ;; 𝑇𝑟𝑜𝑢𝑏𝑙𝑒 𝑖𝑠 𝑎 𝑓𝑟𝑖𝑒𝑛𝑑, 𝐼 𝑘𝑛𝑜𝑤.
Sua chamada está sendo encaminhada para caixa de mensagem e estará sujeita a cobrança após o sinal. Sebastian soltou um baixo grunhido de irritação, não era do feitio de Guadalupe Chadwick não atender telefonemas de seus filhos. Não importava o quão ocupada Lupita estava, ela sempre dava um jeito de responder as ligações dos mesmos ou ao menos avisava que os ligaria depois. Havia algo de errado com a mulher e isso assustava Sebastian, pois ele sabia de algo que poderia despertar uma reação como aquela em sua mãe. Para piorar, mais cedo sua tia havia o ligado diretamente da Cidade do México para perguntar a ele o porque de sua mãe não aparecer na empresa há mais de uma semana. Seu irmão mais velho, Christopher, estava a substituindo, porém não se encontrava nada contente e não parecia muito preocupado com a mudança de estado da mãe. ❝ ━━ As mulheres são assim, Bash, mudam de humor o tempo todo. Semana passada a Caroline passou a semana sem falar direito comigo e depois me pediu desculpas porque estava de TPM. Mamãe logo vai estar bem de novo, deve estar com saudade do papai.❞  disse o Christopher despreocupado na ligação que partilhara com Sebastian. Por mais que Bash desejasse confiar nas palavras do mais velho, algo ainda dizia que aquela mudança não era comum.
Antes que pudesse continuar divagando em sua mente sobre a mudança de humor de Guadalupe, fora chamado para depor. Por alguns minutos havia se esquecido do inferno que estava presenciando novamente, estivera tão focado em contatar sua mãe que mente o levou para longe da delegacia de Cannes, lugar onde estava corporalmente. Levantou-se de contragosto e adentrou a sala, dentro da mesma havia uma mesma retangular larga, uma câmera e dois detetives o fitavam. Cena semelhante com a primeira experiência que teve meses antes. Cumprimentos educados ocorreram e Sebastian sentou-se na cadeira designada a si, sentia suas palmas úmidas de suor devido o nervoso que o tomara no momento. Um dos policiais logo ligou a câmera o depoimento se iniciou.
❝ ━━ Boa tarde, sr, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.❞  Sebastian mirou a câmera citada e pigarreou antes de iniciar sua falar. ❝ ━━ Sou Sebastian Javier Hayek Chadwick, tenho 19 anos, nasci dia 23 de julho de 2001 e estudo na L’Academie International François Truffaut.❞ respondeu buscando não soar rabugento, Geneviève e ele haviam conversado bastante para que ele se mantivesse calmo durante o depoimento. Ele deveria parece solicito, embora não quisesse estar ali ou ajudar minimamente naquela investigação.
A mulher, Lucille, assentiu e colocou um pedaço de papel sobre a mesma. ❝ ━━ Obrigada. Agora.. ❞ ela arrastou o papel para frente fazendo com que a imagem impressa se tornasse visível para Bash. A imagem de Camille Martin ocupava a fotografia, Sebastian não pode deixar de compará-la com Eloise naquele momento. De fato eram parecidas. ❝ ━━ Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?❞ não havia motivos para mentiras, Sebastian logo respondeu. ❝ ━━ Não, não sei de nada diferente do que vocês já sabem. Fiquei sabendo que ela desapareceu tem um tempinho, irmã mais nova do Cédric lá da sala. Também nunca vi ela pela cidade.❞ não pensou muito na resposta ou no tom usado, tudo fora bastante natural. ❝ ━━ “Cédric lá da sala”? Foi por ele que ficou sabendo do desaparecimento?❞  indagou novamente a policial. O rapaz balançou a cabeça em sinal positivo e franziu o cenho, eles não sabiam que Camille tinha um irmão e que ele estudava em Truffaut? ❝ ━━ Sim?! Cédric Martin, irmão da Camille. Ele estuda lá na sala tem um tempinho, entrou um pouco depois do início do ano letivo. Ele não me disse nada, não somos amigos, mas todo mundo ficou comentando sobre isso no colégio.❞ o rapaz completou não entendo o caminho que aquilo parecia tomar, certamente lembrar-se-ia daquilo e contaria para Viviane mais tarde.
❝ ━━ Como aluno da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?❞  Não, pensou em responder de imediato. Era destinada apenas para quem o comitê achava de bom tom e isso não incluía os recém-transferidos de Notre Dame. Ás vezes Sebastian pensava o que teria acontecido de diferente naquela noite se apenas tivessem dado aos outros os benditos dos convites, talvez Eloise não tivesse caído do penhasco e Camille... Bom, ele não sabia o que pensar sobre Camille. ❝ ━━ Sim. Eu faço parte do Comitê que organizou essa festa e ela sempre é destinada para todos os estudantes, eu diria exclusiva aos estudantes. Não chamamos ninguém de fora e não é comum que chamem.❞ de fato ele não sabia como Camille havia chego a Ilha. Fazia sentido que os titãs tivessem descoberto sobre a festa e encontrado uma maneira de chegar até a ilha, a maioria deles tinha dinheiro sobrando para uma viagem de barco de último hora. Já Camille, pelo pouco que Sebastian sabia sobre a mesma, vinha de uma família humilde e dificilmente conseguiria entrar de penetra sem ter sido convidada por absolutamente ninguém.  ❝ ━━ Então, apenas confirmando, sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, o senhor estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?❞  perguntas repetitivas tendiam a irritar Bash, porém ele lembrou-se das palavras de Geneviève e assentiu um tanto quanto cansado. ❝ ━━ Eu estava na festa. É um pouco difícil citar o nome de todo mundo, posso acabar esquecendo de alguém, mas garanto que a turma toda estava lá. Vocês provavelmente já tem a lista da minha turma e foram esses que vi na festa. Tirando Cédric, Ludovic e Minerva, é claro. Eles entraram no colégio depois e consequentemente não foram convidados. Não vi Camille em momento algum, eu estava muito focado nas minhas próprias coisas, mas me lembraria se visse alguém estranho.❞ novamente não possuía razões para mentir completamente, ele de fato não acreditava que havia visto Camille naquela noite. Tudo bem que havia bebido um pouco e estava irado a maior parte do tempo, mas um rosto estranho o chamaria a atenção. ❝ ━━ Onde o sr estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco? ❞ Sebastian precisa se concentrar ao máximo para repetir tudo que havia combinado com os amigos, palavra por palavra sem hesitar. Precisava ser racional, o contrário da grande bola de passionalidade que sabia ser. ❝ ━━ Eu não sei exatamente a hora que sai da festa, mas sei que foi bem antes disso. Eu tinha brigado bastante com a minha ex-namorada, Geneviève, naquela noite. Nós acabamos terminando e eu ‘tava cansado de brigar, sabe? Passei a festa inteira chateado, tentando ir atrás dela para nos acertamos, mas não adiantou muito. Eu percebi que ‘tava irritando ela ainda mais e acabando com a noite dos meus amigos, Benjamin e Romain, também. Daí eu decidi ir embora, eu não ‘tava exatamente sóbrio, por isso não lembro a hora que começamos a ir embora. Só sei que depois a Geneviève me ligou, disse que o Jun estava machucado e pediu minha ajuda. Foi a única vez que vi as horas no meu celular, eram umas onze e vinte mais ou menos. Benjamin e Romain voltaram comigo, nós ajudamos a Geneviève com o Jun e fomos todos ‘pro hospital.❞ narrou sua versão dos fatos, omitindo e trocando ordem de parte dos acontecimentos daquela noite. Seu tom havia sido convincente, havia sido capaz de mascarar todo nervoso que sentia. ❝ ━━  Sabe como Jun Ho se machucou?❞ a pergunta fez com que Sebastian engolisse seco, ele deu de ombros buscando disfarçar o desconforto. ❝ ━━ Ele caiu na trilha. O Jun não é exatamente o cara mais atlético que eu conheço, ele é meio magrela e sempre foi desajeitado. ‘Tava todo mundo bebendo naquela noite, certeza que ele só agiu como um bêbado.❞ esperava que a resposta tivesse sido boa o suficiente para encerrar aquela parte da conversa e não levantar suspeitas à respeito do amigo. Pela contentamento dos polícias, havia obtido êxito.  ❝ ━━ O sr esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?❞  Sebastian espremeu os lábios enquanto uma falsa expressão reflexiva tomou sua face, estava replicando seu comportamento quando mentia para Guadalupe. ❝ ━━ Não, como eu já falei, fui embora com minha ex-namorada, o irmão dela e meus melhores amigos. Não subi em lugar nenhum, não tava com cabeça ‘pra esse tipo de coisa. Eu ‘tava preocupado com meu relacionamento, não fiquei prestando atenção nas conversas ou brigas alheias. Não vi nada não.❞ novamente sua resposta pareceu contentar os policiais e Sebastian podia sentir o desconforto em seu estômago diminuir, logo aquilo teria acabado.
❝ ━━ O sr saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?❞  que tipo de pergunta era aquela? Sebastian questionava em sua mente. O que esperavam que ele dissesse? Se nem a própria polícia fazia ideia da existência da “doppelgänger”¹ de Eloise, porque eles deveriam saber? Conte até dez, sempre conte até dez. A doce voz de sua mãe ecoou em sua cabeça o fazendo acalmar seus ânimos. Ele deu de ombros e permaneceu em silêncio por alguns segundos. ❝ ━━ Não sei, provavelmente não encontraram a Eloise e ligaram os pontos. Sei lá, elas duas se parecem e ninguém sabia da existência da outra. Deve ter sido por isso, vocês devem saber melhor que eu.❞  Não conseguiu conter-se e uma alfinetada escapou por seus lábios. ❝ ━━ Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado/a.❞  o homem disse por último e Bash sentiu como se mais de cem quilos fossem retirados de suas costas. Ele despediu-se educadamente dos policiais e caminhou para fora da delegacia em passos ligeiros. Esperava nunca mais ter de pisar naquele lugar, mas parte de sua intuição dizia que o surgimento de Camille iria complicar ainda mais as coisas, se é que aquilo era possível. Trouble is a friend², pensou. Ao chegar ao lado de fora, retornou a ligar para Guadalupe e novamente não fora atendido. Havia apenas uma coisa que deveria fazer naquele momento: ir a Paris. 
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domvnico · 4 years ago
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CASO DELLA CAMILLE . INTERROGATORIO.
@gloryandgorehq​ & @gg-pontos​
Transcrição do depoimento de DOMENICO BORGHESE, dia 02 de março de 2021 às 14h20 a respeito do falecimento de Camille Martin.
Domenico, apesar dos esforços de sua mãe para fazê-lo levar a equipe completa de advogados, sentou-se ao lado de Anne Marie Joeiux, a única advogada que o rapaz permitiu que sua mãe pagasse para acompanhá-lo. 
LMF: Boa tarde, sr., obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.
“Domenico Fiore Della Rovere Borghese, dezoito anos, nascido em vinte e dois de julho de 2002, estudante da Academie Internationale François Truffaut.” Apresentou-se, olhando para a câmera com seriedade. Fazer aquilo pela segunda vez não estava na lista de coisas mais divertidas que já havia feito ou fará em sua vida. Na verdade, se pudesse ser um pouco mais honesto, estar na delegacia não era seu maior divertimento, tinha medo, tinha receio. Sabia que estavam em sua cola e qualquer passo em falso poderia lhe colocar atrás das grades.
LMF: Obrigada. Agora... [A DETETIVE MOSTRA UMA FOTO DE CAMILLE MARTIN]. Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?
Analisou aquela foto com atenção. Sabia que os seus amigos tinham dito, mas nada além disso. Ajeitou-se em sua cadeira, deixando de manter a postura ereta como estava no início, relaxando seus ombros. “Nunca a vi por Cannes e, se a vi, posso muito bem ter confundido com Eloise. São muito parecidas. Não a conheço, o que sei é que o corpo era dela e não de Eloise, e isso é o que todos sabem por conta da matéria no jornal. Próxima pergunta.” Debochado, ele deu de ombros. Se estavam ali para tentar condená-lo pela morte da menina, não conseguiriam.
BC: Como aluno/a da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?
“Eu fazia parte do Comitê de Eventos já naquela época e, sim, a festa é feita todo ano. Destinada apenas aos alunos, sim, por ser uma festa de passagem da Truffaut.” Não entraria a fundo em sua opinião, mas se os alunos convidados levavam pessoas de fora, o que ele tinha a ver? Cada um faz o que bem entender.  
LMF: Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, o sr. estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?
“Estava sim. Vi geral, Geneviève, Sebastian e o resto do Comitê de Eventos, Wolfgang também...” Fingiu estar procurando em sua memória mais nomes, somete para ter tempo de pensar se diria algo sobre Margot. Preferiu não. Preferiu não falar no nome dela. Algo dentro de si falava que era melhor não tocar em seu nome. “Vi Jun e Mary Isobel também, mas essa garota não vi.” Concluiu.
LMF: Onde o sr. estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?
“Indo embora. Podemos dizer que... Eu tinha coisa melhor para fazer.” Com coisa melhor para fazer, Domenico queria dizer consolar Margot, que parecia em choque com o que vira. Nem se lembra se a meia noite ainda estava na ilha ou não, em que pé estavam todos. Perguntar de horário era um golpe baixo, porque ele não fazia ideia alguma.
LMF: Alguém lhe acompanhou? Existe alguma testemunha de sua saída da festa?
Poderia até falar que havia ido embora com Margot, mas não queria trazer seu nome a tona. Não parecia certo. Algo em si falava que ainda precisava protegê-la, mesmo que acreditasse fielmente que a garota não tinha nenhuma culpa naquela história inteira. “Fui embora sozinho. Não tenho muitos amigos, então não vi necessidade de me despedir de ninguém.” Porra, nessas horas queria ter mentido, mas se perguntassem para quem quer que metesse nessa resposta, iria ser desmentido. Afinal, não estava dizendo a verdade. Havia ido embora com Margot, totalmente em choque pelo que havia acontecido no penhasco.
LMF: Explique-se, sr, que tipo de “coisas” seriam essas? Se você era do Comitê de Eventos da festa, não deveria ter ficado até o fim?
Touché, pensou, enquanto arqueava as sobrancelhas, encarando Lucille. “Ir para casa, dormir... Esse tipo de coisa.” Respondeu, rapidamente, antes de dar algum tempo para seu cérebro pensar em outra resposta. “A festa não estava boa e eu queria ir para casa. Pode perguntar aos empregados do meu pai o horário que cheguei, se duvidarem.” Afinal, parecia que duvidavam. “Faço parte do Comitê porque tenho que fazer parte de alguma extracurricular. Se restar dúvidas, podem perguntar ao presidente do Comitê se eu cumpro com minhas obrigações lá, a resposta dele vai ser não. Meu histórico de faltas em reuniões também.” O rapaz deu de ombros novamente. Já devia ser a milésima vez naquele interrogatório.
BC: O sr. esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?
“Estive.” Foi sucinto. Era melhor manter a economia de palavras. “Só vi coisas normais para uma festa. Bebida, adolescentes... Nada de incomum.” Brigas havia visto várias, mas não era ele que falaria isso para um investigador, muito menos que havia brigado com a própria Eloise. 
BC: Novamente, seus colegas podem confirmar essa informação?
Domenico somente assentiu com a cabeça, esperando que aquilo fosse o suficiente, pois ouvir aquela pergunta novamente começou a deixar claro que duvidavam de tudo o que falava. Porém, quando o investigador lhe pediu para, de forma oral, repetir sua resposta em direção a câmera, só respondeu: “Todos que estavam lá podem confirmar.”
BC: O sr. se recorda de nenhuma droga ilícita sendo vendida ou ingerida por seus colegas nessa festa?
Drogas ilícitas? Não haviam perguntado nada disso em seu primeiro interrogatório. “Não uso, então não sei. Não vi nada. Não sei porque perguntam isso também, já que no outro não fizeram.” Respondeu de forma malcriada, deixando que o tom de voz fosse mais grosseiro que nas respostas anteriores. “Essa pergunta não parece ter um motivo relacionado ao caso da menina Camille, peço que passem para a próxima. O interrogatório é somente para esclarecer suas dúvidas sobre a festa no penhasco e Camille.” Disse a advogada contratada por sua mãe, provavelmente sabendo de coisas das quais não mencionaria ali. Sua mãe, com toda certeza, havia contado para sua equipe jurídica o que o rapaz escondia. 
LMF: O sr. saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?
“Tenho cara de quem lê mente agora?” Resmungou ele em direção a advogada, querendo dizer que ele não tinha ideia do motivo pelo qual pensavam que era Eloise que havia morrido nas pedras. Mentira, afinal sabia que ela havia caído. Estava lá quando aquilo acontecera. “Não faço ideia. Quem deveria saber isso são vocês.” Foi a única coisa que saiu de sua boca. Os investigadores se aproximaram e sussurraram algo um para o outro. Domenico não conseguiu entender o que falavam, mas o olhar de Lucille quando foi lhe liberar não era um dos mais satisfeitos. Só que como sua advogada havia dito, estava ali para falar de Camille e da festa, não de coisas alheias aquilo. 
BC: Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado.
“Espero que não precisem.” Despediu-se de sua maneira. Esperou que a advogada levantasse primeiro para segui-la até o lado de fora daquele inferno.
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schoijunvho · 4 years ago
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02 de março de 2021.
@gg-pontos
Tinha sido uma semana agitada para Jun, com bastante insônia e vontade de socar coisas aleatórias. Desde a convocação para um novo depoimento, o rapaz não conseguia dormir. E desde a mensagem do E, dedicava-se a socar paredes, chutar lixeiras e quebrar seus pincéis, em acessos de raiva que faziam com que tivesse vontade de gritar e chorar. Faltou algumas aulas e passava as noites em claro torturando-se com lembranças dolorosas e inseguranças que há muito estavam enterradas no fundo de seu cérebro. Quando por fim chegou o dia do interrogatório, parecia dez anos mais velho do que realmente era. 
LMF: Boa tarde, sr, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.
Um pouco mal humorado, Jun acatou o que fora pedido. Estava decidido a agir assim, de acordo com a polícia, mas deixando claro seu descontentamento. “Meu nome é Jun Ho Choi, tenho 19 anos, nasci no dia 31 de março de 2001 e sou estudante do último ano da Academia Truffaut.” Respondeu, o rosto virado em direção a câmera, sem muita demonstração de qualquer sentimento de que não fosse seu desprazer em estar naquele lugar.
LMF: Obrigada. Agora… [A DETETIVE MOSTRA UMA FOTO DE CAMILLE MARTIN - fc: Maia Mitchell]. Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?
Observou a foto da garota sem sentir qualquer coisa. O único choque que tivera em relação a garota tinha sido ao ver a foto no jornal e constatar que se parecia demais com Eloise. Ainda lhe deixava intrigado, mas não falaria com a polícia. Tinham feito um péssimo trabalho no caso da amiga e ainda não entendia porque havia sido novamente chamado. “Não, não a conheço, nunca vi na vida.” Respondeu a contra gosto, de má vontade.
BC: Como aluno da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?
O rapaz soltou um suspiro, em silêncio por alguns segundos antes de responder. Não queria se lembrar, não queria reviver aquela noite. Um inferno, havia sido um inferno. “Apenas para os estudantes.” Rápido e objetivo, afinal queria logo ir embora. Remexeu-se inquieto em sua cadeira. 
LMF: Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, o/a sr/srta estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?
“Eu estava, um monte de gente estava, é uma festa, o que esperavam? Não me lembro direito de quem estava, sei que minha irmã, Geneviève, estava. Eloise também. Muitos dos meus colegas, mas essa menina não, já disse que nunca vi na vida.” Proferiu de forma irritada, sentindo um ímpeto de sair correndo daquele ambiente. Mas precisava ficar, sabia que precisava ficar ou então poderia se tornar um suspeito. Ser preso por desacato também não estava em seus planos. 
LMF: Onde o sr estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?
“Estava indo ao hospital, porque me acidentei, como já me falei em outro depoimento.”
BC: O sr esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?
“Não vi nada demais.” Deu de ombros com a resposta curta, mentindo sem se importar. Não queria dar detalhes demais porque sequer se lembrava muito bem de seu primeiro depoimento. Também não queria se colocar ou colocar seus colegas em alguma situação complicada, por isso apenas disse algo curto e evasivo. Notou que os dois ali perceberam, se entreolhando rapidamente, mas não se importou. O que poderiam fazer? Dependiam da palavra de quem estava presente e Jun Ho estava disposto a não colaborar.
LMF: O sr saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?
Sentia-se bravo, porque a polícia apenas lhe parecia um bando de incompetentes. “Não sei, não sei nada disso, porra, não sei porque estão enchendo com isso. Não deveria ser trabalho de vocês? Descobrir isso? Não sei, não sei de nada, queria que me deixassem em paz.” O olhar dos dois agentes ali era de pura reprovação, um pouco zangados também, mas pareciam saber lidar com adolescentes rebeldes. Imaginava que muitos deles causavam problemas. Jun Ho suspirou, o coração acelerado, as mãos suadas.O lugar de repente lhe parecia apertado demais e o jovem ansiava por sentir a brisa. 
BC: Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado/a.
O homem mal havia terminado de falar e Jun Ho levantou-se em silêncio, afastando a cadeira de forma ruidosa e fechando a porta com pouca delicadeza ao abandonar aquela sala. Queria sair daquele lugar. Estava nervoso e trêmulo, desejando ter um cigarro em mãos. Ao adentrar o corredor da delegacia e ver a saída, soltou um suspiro de alívio. Nunca havia gostado tanto de portas tão feias.
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ohfaheera · 4 years ago
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@gg-pontos
02 de março de 2021.
Com os óculos escuros cobrindo os olhos inchados proporcionados pela insônia e lágrimas dos últimos dias, Faheera suspirou. Estava cansada. Aborrecida. Sentia que perdia um pouco de si mesma sempre que precisava ir em direção a delegacia e mentir um pouco mais, encobrir um pouco mais. Deveria estar acostumada, mas parte de si ainda se incomodava. Respirou fundo, deixando que o ar fresco lhe despertasse um pouco e tirou os óculos, pensando que talvez seria sensato ter um advogado consigo, mas estava evitando seus pais o máximo possível. Não queria contato, não desejava envolvê-los de forma alguma, por isso optando por ir sozinha. No entanto, quando a porta se fechou e os detetive do caso se apresentaram, Faheera se arrependeu de não ter nenhuma companhia, afinal talvez assim se sentisse um pouco mais confiante. Sentia vontade de gritar e abandonar aquele cômodo pequeno e chato, mas sabia de seus compromissos para com a justiça. 
“Boa tarde, srta, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.” Foram as palavras ditas por uma moça bonita de cabelos escuros assim que Faheera sentou-se na cadeira designada. Não estava confortável, tudo lhe parecia sem cor, sem vida. Desanimada, fizera como o instruído.
“Me chamo Faheera Zeynep Al Hosseinzadeh, tenho dezenove anos, nasci no dia dezenove de setembro de 2021 e sou estudante na L’Academie International François Truffaut.” Ok, essa era a parte fácil. Nenhuma mentira a ser dita, afinal. Tentava controlar sua respiração, mas o nervosismo ainda transparecia enquanto mexia em suas pulseiras. Recordava-se do que tinha combinado com Wolfgang e Chloé e repassava as sentenças em sua cabeça. 
“Obrigada. Agora…” A mulher voltou a falar, dizendo algo sobre Camille. Faheera não a conhecia, mas sabia que era irmã de Cedric. A semelhança com Eloise, no entanto, era impressionante. “Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?” Não, Faheera não se lembrava de tê-la visto em lugar nenhum. Achava que possivelmente nem frequentavam os mesmos lugares, visto a diferença do círculo social. “Sei que é irmã de um colega da Academia e que estava desaparecida há alguns meses.” Deu de ombros suavemente ao responder, não achava que fosse uma grande informação. “Qual colega de classe?” Indagou o policial, parecendo bastante interessado na informação. Devem estar, fizeram um péssimo trabalho! Pensou a garota, distraída por um momento. Se aquilo era um quebra cabeça, a polícia estava indo muito mal na montagem. “Cedric Martin.” Proferiu, sem dar muitos detalhes. Não passou despercebido para Faheera o rápido olhar que ambos trocaram, no entanto a jovem não dedicou muito tempo a pensar no que aquilo significava, porque logo lhe lançaram outra pergunta.
“Como aluna da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?”
“Pelo que sei é para os alunos, apenas.” Não tinha muito mistério até ali, mas as perguntas começavam a se aproximar da noite complicada. A própria Faheera não tinha muito o que temer, havia recusado-se a subir no penhasco, porém temia dizer algo que pudesse comprometer seus amigos. 
E então começou, aquelas perguntas específicas demais para as quais Faheera havia ensaiado para responder. O coração começou a bater mais rápido, tanto que a jovem possuía o medo de que as autoridades ali pudesse ouvi-la de alguma forma. “Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a srta estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?” Pronto. O questionamento fora o suficiente para desencadear uma onda de ansiedade, fazendo com que Faheera utilizasse toda sua força para contê-la. Cruzou as mãos no colo e passou a língua rapidamente pelos lábios secos demais. “Eu estava, já disse isso no depoimento anterior. Estava com alguns amigos, como Cholé, Wolf, William, Maya… Não prestei muita atenção porque estava meio emburrada no dia. Eu não queria ir e meus amigos insistiram para que eu fosse, então estava meio mal humorada e fiquei um pouco reclusa. Não vi essa garota lá, nunca a vi em pessoa.” Confessou, porque uma meia verdade era capaz de acalmá-la. “Onde a srta estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?” O bendito questionamento. Era a hora de soltar as palavras com a maior naturalidade possível, assim como tinha ensaiado algumas vezes. Da primeira vez fora pega desprevenida, mas dessa vez estava preparada. “Estava retornando para Cannes com meus amigos Chloé e Wolfgang. Todos nós tínhamos algum motivo para querer voltar mais cedo; eu não queria ir a princípio e não aproveitei a festa, Wolf estava bêbado e Chloé chateada. Não havia porque ficar.” O detetive Bernard lançou um olhar para Faheera, parecendo ser capaz de varrer sua alma. Estaria ele desconfiando de alguma coisa? A árabe não conseguiu sustentar o olhar por muito tempo antes de jogar as orbes para o outro lado da sala, nervosa. “Por que a srta estava tão relutante em ir?” Estava aí uma pergunta que não pensou que seria feita. A jovem suspirou, sabendo que não poderia falar as primeiras sentenças que invadiram sua mente. “Eu viajaria no dia seguinte para encontrar meus pais em Londres, então queria descansar, mas meus amigos insistiram, então resolvi ir e depois me arrependi.” Mentiu rapidamente, observado a outra mulher na sala anotar alguma coisa. “A srta esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?” Prosseguiu o homem, fazendo com que Faheera se remexesse em sua cadeira desconfortável, resistindo ao impulso de sair correndo daquele lugar. “Não estive no penhasco e também não vi nada, porque como já disse, estava meio introspectiva naquela noite.” Bem, não era uma mentira total. Faheera bocejou, estava com sono, no entanto gostou de pensar que a atitude poderia ser interpretada como puro tédio. Era bom que não soubessem como estava em pânico! Lucille ergueu uma sobrancelha, não demorou muito até que outro questionamento fosse feito.
“A srta saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?”
Quase sorriu com a pergunta, porque lhe oferecia uma oportunidade perfeita para despejar algumas coisas que há muito estava pensando. “Se vocês não sabem, como eu saberia? Isso não é um dever da polícia, investigar? Elas eram parecidas, talvez seja isso, até um pouco óbvio, se me permitem dizer.” Cruzou os braços, um pouco irritada porque não sabia se ficava feliz pela polícia ser ruim. Se fosse boa significaria que a farsa de todos estaria há muito tempo descoberta e isso definitivamente seria ruim. Nao queria parecer tão grosseira ou mal educada, mas desejava que aquilo acabasse logo. Aquela delegacia estava na lista de lugares que mais odiava no mundo. O detetive por fim anunciou o final do depoimento e Faheera imediatamente se levantou, atravessando a sala em passos rápidos. “De nada.” Proferiu antes de cruzar a porta com uma última olhadela para trás, suspirando de alívio ao deixar aquele ambiente. 
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mzbel · 4 years ago
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LONG STORY SHORT  :  IT WAS A BAD TIME  .
@gloryandgorehq & @gg-pontos
dois de março de 2021, três e quarenta da tarde.
Mary Isobel, Melissa e Michael chamaram um uber com destino a Delegacia de Cannes. Ali, na França, nenhum dos três possuía um carro e não era um incômodo para nenhum deles, apesar de muitos outros adolescentes que recém haviam completado a idade para tirar suas habilitações achariam estranho que o trio de gêmeos preferia não ter um veículo próprio. Em sua cidade natal, cada um tinha seu próprio carro, mas ali, preferiam viver de aplicativos de caronas. Afinal, moravam já em terreno escolar e, quando saiam, era preferível que não dirigissem; principalmente MJ, que não tinha limites quando ia para alguma festa. 
A irmã mais velha, Mary, teve de implorar para que Melissa se vestisse apropriadamente para aquela ocasião. A irmã do meio queria colocar uma saia e Mabel não achava que condizia com a situação, escolhendo um par de jeans para que suas pernas estivessem cobertas. Como ela podia, até naquele frio, vestir-se com roupas curtas? Era a própria cópia de sua tia Cora, se lhe perguntassem, enquanto Mary tentava chegar aos pés de sua mãe, Caitriona. 
Quando chegaram à delegacia, Michael tomou a frente das irmãs e apresentou-se na recepção, informando o motivo pelo qual estavam ali e a carta que havia recebido, contendo a intimação. Os três entregaram seus documentos de identificação e foram encaminhados para outro cômodo, a fim de esperarem ali sua vez de darem suas respostas a quaisquer dúvidas que tivessem. Mary tremia. Melissa mexia em seu celular. Michael cantarolava alguma música da qual Mary Isobel não entendia nem uma palavra. Essa era a maior prova da diferença entre os trigêmeos. Mary era a preocupada, Melissa e Michael completamente despreocupados. Toda a preocupação do mundo fora dada apenas a mais velha deles.
Seu nome foi o primeiro a ser chamado e, com olhos medrosos, encarou Lucille Fortier-Marceau e Bernard Chateaubriand, respirando fundo por um segundo antes de segui-los até a sala do interrogatório. ❛ Boa tarde, senhorita, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.❜  Iniciou Lucille e Mary Isobel, prestativa e obediente como era, logo o fez:  ❛  É o mínimo que posso fazer para terminar isso tudo. ❜ Declarou, de início, dando um leve sorriso em direção aos policiais.  ❛ Me chamo Mary Isobel Byrne Ainsworth, Mabel. Tenho dezoito anos, nasci em 18 de março de 2002. Estudo na Truffaut, último ano. ❜ Pensou se seus trabalhos com crianças nos finais de semana deveria ser mencionado como ocupação, pois se orgulhava do que fazia, mas manteve-se sucinta. 
Notou as mãos de Lucille tocando uma folha específica e pediu a Deus que não fosse nenhuma imagem trágica do corpo ou algo parecido. Não conseguiria lidar se fosse. ❛ Obrigada. Agora... ❜  A detetive levantou a folha que mostrava-se ser uma foto de Camille. Tomou um momento para analisar, novamente, a semelhança dela com Eloise. Era incrível. ❛ Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade? ❜  De imediato, negou com a cabeça, movimentando-a para os lados.  ❛ Não a conheço pessoalmente, não. O que sei é que ela estava desaparecida, haviam cartazes pela cidade com o rosto dela, e é dos cartazes que conheço seu rosto. ❜ Foi honesta, afinal, era o que concretamente sabia de Camille, o resto eram suposições suas e de amigos próximos. Ouviu alguém comentar que ela era irmã de Cédric, mas por não falar diariamente ou ter uma conexão com ele, preferia manter aquela informação para as más línguas do colégio, que sempre tinham uma opinião sobre tudo. 
❛ Como aluna da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer? ❜ Questionou o detetive ao lado de Lucille, que lembrava-se que seu nome era Bernard, apesar de não recordar o sobrenome do mesmo. Era um difícil de ser pronunciado, disso tinha certeza. Apesar de fluente diante da educação na França, algumas coisas ainda eram complicadas para que Mary Isobel pronunciasse com eficiência.  ❛ Quando cheguei na Truffaut, me explicaram que era uma festa anual somente para o terceiro ano, que só eles sabiam a data, o horário, essas informações específicas. Por ser algo só para eles, acredito que pessoas de foram não eram convidadas, mas não sei se havia alguma punição se alguém acabasse por levar alguém que não fosse aluno. ❜ Bernard nem esperou a garota respirar após sua resposta e logo disparou:  ❛ Então a senhorita Martin poderia ter sido levada por algum dos convidados? ❜  Mabel logo sentiu que havia dito algo contraditório, mas já havia sido feito. Não havia volta.  ❛ Não lembro de vê-la lá, por isso não sei responder a essa questão. E como disse, senhores, não sei se podiam convidar alguém de fora, se havia algum problema nisso. ❜ Estava sendo honesta. Seu conhecimento acerca das regras da Festa da Passagem era mínimo. Tinha poucas memórias de Eloise lhe explicando e lhe convencendo de ir, e nenhuma delas incluía uma explicação acerca de quem era ou não convidado.   
A garota respirou fundo enquanto esperava a próxima pergunta. Suas mãos tremiam encostadas em suas pernas e se questionava, mentalmente, se podia pedir por um copo d’água ou aquilo significaria algo negativo em seu interrogatório. Sua garganta estava começando a ficar seca e sentia uma intensa necessidade de tomar um gole que fosse de qualquer bebida. Era só nisso que conseguia pensar. 
❛ Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a senhorita estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém? ❜  Questionou a detetive Fortier-Marceau.  ❛ Compareci a festa, sim, junto com meus irmãos. Além deles, vi Choi Jun Ho, Romain Geauxinue, Valentin Terrazas-Sulzbach, Eloise Girard-Dampierre... Carmen-Grace Rivera. Acho que só. ❜ Listou, caçando memórias no fundo de seu cérebro. Havia apagado muita coisa daquela noite como forma de proteção. A dor que havia sentido com o suposto falecimento da melhor amiga não tinha comparação.  ❛ Não vi Camille lá, como disse antes. Ou melhor dizendo, não lembro de a ver lá, já que pela semelhança posso ter confundindo-a com Eloise. Me desculpe, mas elas são praticamente idênticas fisicamente. Os traços do rosto... Lembra muito Eloise. ❜ Perdeu-se em seus pensamentos, mexendo sua cabeça para os lados, discretamente, para tentar focar no que estava tentando responder. ❛ Mas acredito que não a tenha visto. Prefiro pensar que pela minha proximidade com Eloise, saberia diferenciá-la de outra pessoa, assim como gosto de pensar que sabem me diferenciar de Melissa sem ter de escutar nossas vozes ou analisar nossos trejeitos com atenção. ❜ Foi honesta, era o mínimo. Por um segundo, pensou que Lucille deixaria aquela pergunta passar e questionaria outra coisa, mas ela manteve Eloise em sua fala. Suas piscadas passaram a ser mais lentas, quase como se quisesse fechar os olhos para afastar pensamentos infelizes; quase como não, era isso que ela queria fazer.  ❛ Você e Eloise são muito próximas? ❜ Essa não era uma das perguntas que desejava responder, mas estava ali. Tinha de responder. Não tinha nem um advogado para lhe orientar.  ❛ Na época da Festa, eu a considerava minha irmã. Éramos carne e unha. Hoje em dia... É complicado. Sofri muito quando achei que a tinha perdido para sempre. Não é mais a mesma relação. ❜ Não queria entrar em detalhes e esperava que a dor em sua voz deixasse o assunto para trás e voltassem a lhe perguntar de Camille. Estavam ali para isso.  ❛ Não é a mesma relação que antes, como assim, senhorita? ❜ Não era de usar palavras de baixo calão, nem de xingar, mas naquela hora somente palavras desse gênero passavam em sua mente. Não queria entrar naquele assunto mais do que já havia entrado.  ❛ Me desculpe, detetive, mas simplesmente não é mais a mesma coisa... Meus irmãos podem explicar melhor que eu, quem sabe, mas eu sofri demais quando perdi Eloise. Me custou minha felicidade, minha paz... Precisei fazer terapia para conseguir processar tudo o que havia ocorrido, a dor, o luto. Po-porém, quando ela voltou, foi estranho... Por um tempo, fiquei mais brava que confu-fusa. Por que ela poderia voltar e minha mãe, com sete filhos e um marido, teve de ir, definitivamente...? ❜ Uma lágrima escapou de seus olhos vermelhos e inchados, segurando litros e mais litros de lágrimas. Bernard empurrou um pacote de lenços na direção da estudante e Mabel prosseguiu, alcançando um papel para enxugar seu rosto.          
Os detetives se olharam e Lucille continuou:  ❛ Onde a senhorita estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco? ❜  Agradeceu que o assunto já não era mais sua relação com Eloise e respirou fundo, terminando de limpar seus olhos.  ❛ Não sei dizer. Lem-lembro de procurar meus irmãos para irmos embora perto da meia-noite, tanto que não estava lá quando vocês chegaram. Mas quanto ao horário exato que fui embora, não sei dizer. ❜ Depois que Eloise insistiu para subir no penhasco, Mary Isobel não viu mais sentido em estar na festa. Sentia que algo ruim iria acontecer, sabia que não era certo, não era seguro, que subissem naquele local. Tanto que aconteceu o que aconteceu. Não esteve errada em nenhum segundo com seu sentimento de insegurança quanto ao penhasco naquela noite. Apesar de uma resposta sem nenhuma informação importante, pareciam satisfeitos, pois prosseguiram:  ❛ A senhorita esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas? ❜ Negou com a cabeça de imediato, aquela era uma das perguntas mais fáceis e simples de serem respondidas por Mary Isobel.  ❛  Não estive e nunca subiria em nenhum penhasco, detetives. Não teve nada de incomum para uma festa. Havia música, adolescentes dançando, bebendo... Não vi ninguém estranho, nenhuma briga, nada que não fosse normal para uma festa com meus colegas do colégio. ❜ A garota amassou o lenço de papel usado em suas mãos e o segurou nelas, não sabendo se podia descartá-lo naquele momento.
❛ Última pergunta, senhorita. Saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso? ❜ Mabel, sem pensar duas vezes, apontou para a foto em cima da mesa, com o rosto de Camille estampado.  ❛ Acredito que pela similaridade. Como eu disse antes, é assustador como elas são parecidas. ❜ Não deu mais nenhum detalhe acerca de sua opinião, pois nem tinha tanto a dizer. Ver a foto de Camille, de alguma maneira, lhe entristecia, porque aquela menina havia perdido a vida e ninguém havia solucionado o motivo ainda, quase um ano depois do ocorrido. ❛ Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensada. ❜  Tentou forjar um sorriso, assentindo com a cabeça, como se agradecesse a algo. Para não sair em silêncio, os questionou, antes de passar pela porta:  ❛ Peço para Melissa entrar? ❜ 
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lobodobem · 4 years ago
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𝐂𝐀𝐒𝐎 𝐂𝐀𝐌𝐈𝐋𝐋𝐄: 𝐈𝐍𝐓𝐄𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐓𝐎𝐑𝐈𝐎 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝐈𝐈
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Wolfgang se dirigiu à delegacia com as palmas suando. Sabia que sua situação era muito mais favorável agora que sua ex namorada não estava morta e não tinha nada naquele mundo que pudesse ligar-lhe à Camille Martin, porém mesmo assim não deixou de se sentir criminoso por estar ali. O pior de tudo é que teve que manter segredo do seu avô que ainda estava hospitalizado desde o “acidente” na sua última viagem à Cannes. Felizmente, pudera contar com o apoio dos amigos e estava um pouco mais confiante; mesmo assim, ainda sentia que o estômago estava virado do avesso. 
Sentou-se à frente dos dois detetives conhecidos. Algo se acendeu nos olhos deles — sabiam quem ele era, se lembravam dele. Imaginou que adoraram ter especulado que o Mateschitz era o motivo por trás da morte de Girard-Dampierre. Agora se quisessem o pintar de vilão teriam que fazer muita força. “Boa tarde, senhor Mateschitz, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação”, deu início a policial Lucille Fortier-Marceau. ❝ — Meu nome é Wolfgang Dietrich Glock-Mateschitz, tenho 19 anos. Sou estudante da Truffaut e nasci no dia 10 de abril de 2002.❞ — falou de forma calma enquanto seguia a orientação policial de mirar a câmera.
“Obrigada. Agora...”, continuou a detetive, tirando uma foto de uma pasta para lhe mostrar. Era aquela garota, Camille Martin. Reconheceu-a da foto do jornal na semana passada e devia dizer que a semelhança com Eloise era assombrosa. "Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?”, questionou. Ficou feliz que a primeira pergunta não precisava envolver mentira nenhuma. ❝ — A primeira vez que eu tomei conhecimento dela foi no jornal semana passada, onde divulgaram que o corpo foi reconhecido. Nunca a vi por aí, nem na escola ou lugar nenhum.❞ — respondeu honestamente. 
“Certo. E como aluno da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?”, foi o homem quem perguntou dessa vez. Teria dito algo do tipo: “a festa era tão privada para o pessoal da Truffaut que nem os alunos novos eram chamados, senhor”. Só que já haviam combinado que essa parte ficaria de fora, porque a presença dos amigos ser questionada traria à tona a briga ocorrida e isso ia incriminar todo mundo. Portanto, só disse: ❝ — Não sei. Eu sou aluno da Truffaut há pouco tempo se comparado aos outros. Estudava na antiga Notre-Dame e me mudei para o colégio com um grupo de amigos no começo de 2020. Não sou parte do comitê de festas e essa foi a primeira festa dessas que participei, então não sei dizer os detalhes sobre ela.❞ — disse. “Mas como aluno da Notre-Dame nunca foi convidado para essa festa?”, adicionou Lucille. Wolf sacudiu a cabeça. ❝ — Não. Truffaut e Notre-Dame não se misturam muito bem, detetive. A gente até sabia que rolava essa festa e que tinha uns rituais, mas nunca soube do que se tratava isso, essa seria a primeira vez.❞ — comentou, dando de ombros.
“Entendo. O senhor, portanto, estava lá naquela noite do dia 4 de julho. Pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?”, Lucille Fortier-Marceau pressionou. Wolfgang assentiu. ❝ — Sim, estava. Fui com meus amigos um pouco mais tarde do escrito no convite. Cheguei lá na presença deles... Uh, Chloé Beauchamp ( @ambitchiiious​ ), Casper Kane ( @casskane​ ), Maya de Rojas ( @astramaya​ ), Amelia Sauveterre ( @ameliasauveterre​ ), William Fitzgerald ( @willfitz​ ), Marie Hypatie Love-Hauet ( @patiepatata​ ), Gaspard Dubois ( @gaspdubouis​ ), Faheera Al Hosseinzadeh ( @ohfaheera​ ) e Jeanne Leblanc ( @anneblnc​ ).  Acho que é isso... Mas não vi Camille Martin por lá, a princípio.❞ — respondeu. Os dois detetives fixavam-lhe o olhar de uma forma desconfortável. Se ajeitou na cadeira. “É um grupo bem grande”, comentou a mulher, uma sobrancelha erguida. ❝ — Me orgulho de felizmente ter bastante amigos próximos, senhora.❞ — falou de forma simples e deu de ombros, não devia explicações sobre isso à eles. 
“O senhor é o ex-namorado de Eloise Girard-Dampierre, não é? Estava na companhia da senhorita naquela noite?”, perguntou Bernard. O Mateschitz franziu o cenho.  ❝ — O caso não se trata mais do assassinato dela, se trata?❞ — rebateu, porque não podia deixar de se sentir inquirido, como se fosse um réu. Se não discutia sua ex relação nem com os amigos, com certeza não queria fazer aquilo com a polícia. “Pergunto isso, senhor Mateschitz, porque as duas moças, como pode ter percebido, se parecem bastante. O senhor teve contato com Eloise ou acha possível que de longe possa ter visto Camille em seu lugar?”, reformulou o homem, o que lhe deixou um pouco mais aliviado. ❝ — Como falei em meu primeiro depoimento, minha relação com Eloise era segredo absoluto. Nas festas da escola a gente precisava inventar desculpa para nos encontrar às escondidas.❞ — falou friamente, porque não gostava de tocar naquele assunto. Por que precisavam ficar abrindo a ferida? ❝ — Eu não tive chance de ficar com ela à sós. Ela parecia bem ocupada com os amigos, me disse antes de tudo que tinha uma questão para resolver com uma amiga, algo assim. Sei lá, não dei bola, é coisa normal, né? Eu posso ter visto a Camille no lugar da Eloise sim... Na época eu ficava procurando ela com o olhar em todos os cantos e podia fixar o olho em qualquer uma que remotamente parecesse ela... Eu...❞ — se interrompeu, notando que a face esquentou e provavelmente estava escarlate. Não falou mais nada, não precisava relatar como fora trouxa na sua relação com a ex. Os dois pareceram entender o suficiente.    
“Onde o senhor estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?”, perguntou Lucille. A hora era agora. Precisava falar o que combinou com Chloé. ❝ — Meia noite, é? Bom...❞ — ficou pensativo de verdade, porque precisava se lembrar como começava a narrativa, já que o nervosismo o fez ter branco. Concentre-se!, pensou. Escutou a voz da Beauchamp na sua cabeça. ❝ — Para ser sincero, policiais, essa noite é meio confusa. Eu cheguei com meus amigos e fiquei na maior parte do tempo bebendo. Era uma festa, né. Fomos de iate para lá, o capitão de confiança do meu avô que nos levou, ele mora na cidade mesmo. Não sei dizer em que momento, mas eu fiquei bem bêbado, Chloé deu o grande azar de estar comigo antes disso e precisou ficar cuidando de mim. Quando eu fico bêbado quero fazer umas coisas meio idiotas, disse ‘pra ela que ia voltar nadando ‘pra casa e besteiras desse tipo. Enfim... Não sei que horário foi, mas fomos embora. Eu, Chloé e Faheera. Me lembro dela lá, algo sobre ela também estar passando mal, porque Koko disse assim: ‘onde vocês estariam sem mim agora?’. Isso eu lembro.❞ — narrou. Não podia embelezar muito sua fala porque não era um garoto que prestava atenção nos detalhes e sabia que eles sabiam disso. “Sabe nos dizer um horário aproximado que isso tudo aconteceu? Antes ou depois da meia-noite?”, pressionou Lucille.  ❝ — Uh... Não, me desculpa, eu realmente não olho ‘pra hora ou vejo ela passar quando fico bêbado. Em todo caso, acho que a Chloé vai saber dizer melhor, ela estava sóbria, ou sóbria o suficiente para me carregar de lá. Só sei que não vimos polícia nenhuma e nem pessoas caindo, se não duvido que íamos sair dali na boa, né? Posso dizer com certeza que foi antes, porque mesmo bêbado eu acho que lembraria de alguém morrendo, ainda mais a minha namorada na época, né...❞ — disse, cruzando os braços sobre a mesa. O par de detetives escrevia bastante. 
“O senhor esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?”, perguntou Bernard Chateaubriand. Wolfgang estava prestes a pôr a mão no cabelo em sinal de nervosismo, mas se conteve. Não podia deixar eles observarem aqueles sinais, isso se lembrava de Koko e Cass o orientar.  ❝ — Não estive no penhasco. Na verdade nem sabia que isso era uma tradição deles, acho que na hora eu soube... É, lembro de ter dito para Koko que ia pular sozinho, esse foi um dos motivos dela me levar embora.❞ — mentiu deslavadamente, porém não tinha como eles saberem disso, a menos que Chloé o incriminasse e sabia que a chance de isso acontecer era maior do que negativa. “Então o senhor viu os alunos se dirigirem ao penhasco e disse que iria pular antes deles, é isso? Sabe dizer quem eram esses alunos e o horário que isso aconteceu?”, perguntou Bernard com o tom ansioso. Sabia que essa era uma parte crucial para a polícia e conseguir nomes de pessoas que subiram seria crucial. ❝ — Não! Não foi isso que eu disse! Lembro que me contaram que logo ia acontecer o famoso rito de passagem, então perguntei o que era isso, porque afinal das contas né, era o nome da festa, e me explicaram. Foi daí que tirei a ideia, mas não vi ninguém subindo não, senhor. Nem sei se fizeram isso com a confusão de encontrar o corpo e nem fiquei sabendo. Depois que achei que Eloise tinha morrido, não gostava de pensar ou mencionar essa noite.❞ — falou, e essa parte realmente era verdade. Sabia que estava apelando para o emocional dos dois ao falar daquela forma e soube que funcionou, porque o olhar de decepção deles foi visível.   
“O senhor saberia dizer por que as pessoas pensaram que... Bom, desculpe falar assim levando em conta que eram próximos e foi um evento traumático para o senhor, mas como souberam que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?”, falou Lucille e de fato o austríaco esboçou uma careta. Não estava mais namorando a garota e agora que sabia que ela nunca morreu era um alívio, mas mesmo assim aquele foi um período sombrio na vida de Wolfgang e não gostava de relembrá-lo. ❝ — Não sei, senhora. Não lembro de ter presenciado isso e nem sei como isso aconteceu.❞ — falou com honestidade, depois que os amigos o levou arrastado penhasco abaixo, não lembrava e nem sabia o que as pessoas fizeram lá do outro lado. “A sua amiga, a senhorita Marie Hypatie Love-Hauet, foi quem acionou a polícia. Ela não te falou nada sobre como aconteceu e por que ela chamou a polícia? Não falaram sobre isso no grupo de amigos?”, adicionou Bernard. ❝ — Como eu disse antes, nunca discuti os detalhes daquela noite com ninguém, só queria esquecer que ela aconteceu totalmente. Meus amigos depois disso começaram a não falar mais sobre o assunto na minha presença por respeito e sempre preferi assim. Mas Patie é uma garota muito inteligente e tenho certeza que não fez isso por impulso, se chamou a polícia é porque identificou uma confusão ou alguém passou a informação e ela, que é corajosa, ligou para vocês. Mas não sei como foi, já estava longe.❞ — adicionou tentando manter a paciência. Até mesmo uma pessoa bem intencionada fazendo atos de cidadania não escapava dos olhos inquisitoriais da polícia.
“Bem, obrigado pelas suas respostas e honestidade, senhor Mateschitz. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado”, falou finalmente Lucille Marceau e Wolf não precisou que dissessem duas vezes, simplesmente assentiu e levantou sem falar mais nada, querendo e desejando nunca mais repetir aquela experiência.
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not-inthebox · 4 years ago
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                                𝐎𝐧𝐞 𝐪𝐮𝐞𝐬𝐭𝐢𝐨𝐧 𝒉𝒂𝒖𝒏𝒕𝒔 𝐚𝐧𝐝 𝒉𝒖𝒓𝒕𝒔                                      caso camille || interrogatório     
Remember what Dad always said: ‘never answer more than you were asked. It’s better for you to be seen and not heard’
E mais uma vez ali estava Penélope, na delegacia de Cannes, esperando sua vez de ser interrogada por um crime que ela sequer tinha presenciado, ou ao menos não se lembrava de ter visto qualquer mínima coisa que fosse relevante. Logo que seu nome foi chamado, ela seguiu para a pequena sala de interrogatório, mantendo um belo sorriso estampado em seus lábios, que lhe trazia uma expressão jovial e passava confiança. em momentos como aquele, sua aparência se tornava a maior das aliadas. Agora, era só aguardar que as perguntas começassem. 
LMF: Boa tarde, srta, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.
PP: É meu papel como cidadã auxilia-los quando possível. - assentiu para os policiais antes de virar para a câmera que lhe havia sido indicada - Penélope Karmilla Pendragon.  Dezoito anos . Estudante do colégio truffaut françois . 
LMF: Obrigada. Agora… Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?
PP: - o olhar da morena se desviou da câmera para a foto a sua frente, dando um pequeno suspiro - Infelizmente não faço ideia de quem seja ela, é extremamente parecida com Eloise como tem sido afirmada, mas não me recordo tê-la visto fosse pela cidade ou qualquer lugar. A menos é claro que a tenha visto e pensado se tratar de Eloise.
BC: Como aluno/a da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?
PP: A festa é somente para os alunos, mas, como já aprovado, isso nunca foi um impedimento para que outras pessoas comparecessem, muitas vezes até a convite dos alunos, especialmente quando falamos de relacionamentos. 
LMF: Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a /srta estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?
PP: Sim, eu faço parte do comitê que organizou a festa. Claro, algumas das pessoas que vi e também interagi na festa em questão são minhas amigas Geneviève D’Hardcourt e Margot Debois, assim como Valentin Terrazas-Sulzbach e Benjamin Beauffort. Não me recordo de tê-la encontrado em nenhum momento. 
LMF: Onde a srta estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?
PP: Eu já tinha deixado a festa a algumas horas, provavelmente estava a caminho de casa. 
BC: A srta esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?
PP: Sim, no dia 4 de julho, na festa. Na madrugada do dia 5 estava a caminho de casa, visto que a festa tinha acabado. Algumas brigas ocorreram na festa, mas nada que já tenho acontecido dentro do próprio colégio, e quanto as pessoas estranhas, sim, havia algumas que eu não conhecia. 
LMF: A srta saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?
PP: Não posso dizer com certeza, mas acredito que a semelhança das duas e o desaparecimento de Eloise, que vem de uma família importante, tenha feito com que esse pensamento fosse o primeiro a surgir por entre as pessoas. E talvez a condição em que foi encontrado, é só sei o que foi noticiado nas mídias. 
BC: Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado/
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fuckauthorityy · 4 years ago
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hora da verdade (ou quase isso)
INTERROGATÓRIO DE CÉDRIC NICÓLAS MARTIN. @gloryandgorehq, @gg-pontos
Agora o nervosismo de Cédric não era mais nem por causa do depoimento em si ou do que ia falar a polícia e sim do que ia acontecer depois em consequência de ter aceitado um acordo com o -E. Se encontrar com Wolfgang antes da sua vez chegar só o fez lembrar ainda mais disso então quanto entrou na sala após ser chamado, não estava perto da tranquilidade que gostaria. Mas era isso, agora ou nunca, a hora da verdade.
“Boa tarde, sr... Martin” viu a detetive ler seu nome e olhar de forma interessada. Era esperado, mesmo que o nome fosse o mais comum da França. “Obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação”, ela pediu e Cédric respirou fundo. “Meu nome é Cédric Nicólas Martin, tenho 20 anos, nasci em 06 de fevereiro de 2001 e sou estudante da AIFT, a François Truffaut” os dois olharam as informações da folha com interesse enquanto falava. “Desculpe a pergunta senhor Martin mas... Seus pais são Romain e Valérie Martin?”, perguntou Lucille Fortier-Marceau e ele assentiu, o coração acelerado. “É irmão de Camille Martin?”, continuou ela é em resposta apenas assentiu, uma expressão que imaginava de raiva transpassava seu rosto, odiava falar da família com eles. “Agora pelo menos algumas coisas fazem mais sentido. Pedimos desculpas mas não sabíamos que estudava na escola senhor Martin”, comentou Bernard Chateaubriand. Cédric não disse nada.
“Sentimos muito pela sua perda. Uh bem algumas respostas ficaram inúteis. Senhor Martin o inquérito da sua irmã foi fechado e até transferir as provas, sinto muito mas vou precisar fazer algumas perguntas sobre. Qual foi a última vez que viu tua irmã com vida?”, os pêsames falsos e a pergunta em si fez o sangue dele subir. “Na noite que ela... Morreu. Ela estava saindo de casa para ir nessa festa”, comunicou curto e simples. “Ela disse alguma coisa sobre estar indo encontrar alguém ou sabe dizer alguns amigos dela que estariam na festa?”, perguntou Bernard. Cédric até sabia, mas não ia dizer, eles não mereciam. “Minha irmã gostava de se meter em lugar e festa de gente rica sempre foi assim. Ela não me disse nada e que eu saiba os amigos dela eram da escola dela, pública.” falou com a testa franzida, odiava tocar nesse assunto, odiava não saber no que a irmã estava metida. Lucille o olhou de forma esquisita. “Desde quando o senhor estuda na Truffaut?”, perguntou. “Desde outubro de 2020”, respondeu certamente. “Depois que ela desapareceu então. Algum motivo especial para tua transferência?”, adicionou, estava querendo arrancar informações a mais, mas não sabia que seus esforços eram inúteis, Martin é irredutível. “Ter uma boa educação não é suficiente? Ou só porque eu sou pobre preciso estudar na escola pública?”, rebateu, estava muito aborrecido e só queria ir embora, então decidiu continuar falando, senão isso nunca ia acontecer. “Minha irmã sempre quis estudar na AIFT. Era um sonho dela, sempre tentava uma bolsa mas é a escola mais concorrida do sul da França. Ela tem, tinha muitas qualidades mas nunca foi muito aplicada nos estudos. Quando ela sumiu me senti atraído pelo lugar, sei lá acho que pensei que ia encontrar ela lá escondida em algum canto. Acabei gostando da escola” resumiu e encolheu os ombros, era parte da verdade, no fim das contas.
Os dois detetives agora anotavam as coisas rapidamente e Cedric esperou sentindo que a paciência acabava se esvaindo. Queria que terminassem logo. “Então o senhor não compareceu à festa de passagem do dia 4 de julho e não presenciou nenhum dos fatos lá?” Chateaubriand perguntou. “Não e nem sabia que era esse nome até entrar na escola. Depois fiquei sabendo o que aconteceu é claro, os jornais da cidade só falavam disso” respondeu se lembrando do quanto chegou a odiar Eloise por receber atenção e ofuscar a fuga da sua irmã. “Depois que o senhor entrou na escola ficou sabendo de alguma coisa da festa ou do que aconteceu lá?” continuou o homem e Cedric sacudiu a cabeça. “Meus colegas não falavam muito desse dia. Não fiz amizade com tanta gente ainda porque somos muito diferentes mas, os poucos que tenho contato nunca nem mencionaram à festa, acho que não queriam lembrar os acontecimentos” mentiu mas era uma boa desculpa e acabou colando com os dois pela expressão compreensiva que fizeram.
“O senhor notou comportamentos estranhos da tua irmã nos dias que antecederam à morte dela?” questionou Lucille e aquela pergunta deixou Martin mastigando culpa e pesar. Sempre esteve absorto demais na própria vida para prestar atenção total na da irmã ainda mais nos últimos dias, porque afinal não sabiam que eram os últimos. “Nunca sabemos quando são os últimos instantes de alguém ou que aquela é a última vez que vamos ver uma pessoa, então não posso dizer que prestei atenção especial, só sei que... Brigamos antes de ela ir. Eu não gostava que ela fazia muita força pra se misturar com aquela gente que devia ficar rindo dela pelas costas e ela disse que eu não sabia o que eu estava falando. Que as pessoas da AIFT eram igual a gente e que eu era cabeça dura e um dia ia me dar mal por isso. Que eu não tinha razão e que ela ia...” e então se interrompeu porque não tinha lembrado dessa parte até aquele exato momento. “Ela disse que ia provar” respondeu e sentiu a garganta ser arranhada. Então existia uma possibilidade de Camille ter sabido sobre seu parentesco com Eloise ou era só coisa da sua cabeça? E se esse conhecimento que foi o fim da sua vida? De repente ficou muito ansioso para ir embora.
“Tua irmã costumava ir à Sainte Marguerite com frequência?” perguntou Bernard. “Não monitorava ela ou sabia onde tava toda hora detetive. Mas meu pai costumava gostar de ir pra lá em alguns feriados, minha mãe gosta do monastério, as praias são mais calmas que a da cidade”, respondeu. “Então ela conhecia a rota certo?” continuou e Cedric assentiu. “Que horário a senhorita Martin saiu de casa para ir à festa, o senhor se lembra disso?” Lucille perguntou e Cedric ficou pensativo. Não tinh sido feito essa pergunta ainda, encarou os detetives. Parecia que tinham uma teoria e Martin queria saber mas, não ia descobrir porque eles não iam contar. Botou o cérebro para funcionar. “Deixa eu ver, eu tinha chegado do trabalho fazia uns minutos só, eu trabalhava na Apple na época, meu turno era de m... De tarde. Uma as seis. Então devia ser umas sete horas quando ela enfiou a cabeça pra dentro do meu quarto perguntando se eu podia levar ela até a balsa. Eu lembro que perguntei ‘agora?’ e ela afirmou, fiz corpo mole porque tinha acabado de chegar e assim começou a conversa porque pedi o que ela ia fazer na ilha uma hora daquelas” viu os dois detetives o olharem com interesse e os olhou de volta tentando descobrir o que pensavam. “Segundo o relato dos seus colegas à festa começou perto das nove horas e a maior parte deles chegou só nove e meia, dez horas. Alguma ideia se ela ia passar em algum lugar antes ou por que ela ia chegar tão cedo?” dessa vez foi Bernard e Cedric enfim compreendeu. Se sua irmã conhecia a ilha por que estava indo tão cedo a festa? Seria possível que se encontrou com alguém lá antes de começar e foi aí que morreu? Porque ela conhecia bem a ilha e o trajeto e não precisava sair três horas antes, isso com certeza não. O cérebro ia a mil com as possibilidades mas, aos detetives só balançou a cabeça. “Não sei. Depois da discussão ela só saiu do meu quarto batendo a porta e não soube mais nada” nunca mais.
Enquanto os detetives anotavam Cedric sentiu a ansiedade subindo com a nova teoria. Onde Camille foi, quem ela encontrou e o que aconteceu? Achava que era isso que eles se perguntavam também. Por fim Bernard olhou para ele novamente e disse. “Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado” e com isso Martin só assentiu e se retirou. Precisava voltar para o dormitório com urgência e pensar.
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ambitchiiious-archive · 4 years ago
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𝐏𝐎𝐕  –––––––     𝐰𝐡𝐚𝐭 𝐈 𝐧𝐞𝐞𝐝 𝐢𝐬 𝐚 𝐠𝐨𝐨𝐝 𝐝𝐞𝐟𝐞𝐧𝐬𝐞, 𝐜𝐚𝐮𝐬𝐞 𝐈'𝐦 𝐟𝐞𝐞𝐥𝐢𝐧𝐠 𝐥𝐢𝐤𝐞 𝐚 𝐜𝐫𝐢𝐦𝐢𝐧𝐚𝐥
clickety, clackity, clickety, clackity. o som do salto das botas de cano alto de chloé beauchamp escoavam pelos corredores de chão laminado de delegacia de cannes. ao lado da loira vinha um homem de um pouco mais de meia idade, chandler beauchamp acompanhava sua filha portando-se não como pai, mas como um advogado obstinado. chloé não estava muito contente com a presença do pai - na delegacia ou em qualquer outro lugar nos últimos meses, porém não havia conseguido convencê-lo que sua presença era desnecessária. ❝ ━━ esse lugar fede a mofo.❞  disse o homem mexendo o nariz, seu tom carregava o nojo que sentia do lugar. chloé respirou profundamente a ignorou a fala de seu pai, tudo que menos precisava era engajar em uma conversa inútil sobre o odor que a delegacia possuía.
sentou-se em uma cadeira vaga e logo sentiu uma sensação amarga de nostalgia, já havia estado naquela mesma situação inoportuna há meses atrás. suas írises claras varreram o lugar em busca da direção da sala de evidências, quase como que se certificando de que aquela noite não havia sido um delírio coletivo e sim a realidade. tirou seu celular da pequena bolsa que carregava e checou o horário, faltavam cinco minutos para seu depoimento. não havia nenhum rosto conhecido nos arredores, apenas seu pai. o silêncio entre os loiros reinou por alguns segundos, chloé buscava acalmar qualquer nervo agitado para que não acabasse falando alguma besteira ou se contradizendo no depoimento. pelo o que se recordava do que havia dito anteriormente, não havia sido muito objetiva ou definido onde estava. o problema de uma mentira era que com o passar do tempo você esquecia-se dos detalhes e se tornava cada vez mais difícil a manutenção da mesma. ❝ ━━ revisando, você não é obrigada a fornecer provas contra si mesma, deve dizer apenas o necessário e não aceite especulações. diga apenas o que viu e que sabe, não embarque em teorias. nós sabemos como eles podem ser quando estão desesperados.❞ o mais velho dizia quase que entredentes e o mais baixo que podia, chandler não confiava na instituição da polícia desde sempre e imagina o desespero dos investigadores de cannes em meio aquele escândalo. incompetentes, repetira diversas vezes quando a filha o enviou uma foto da notificação que recebeu. ❝ ━━ eu sei o que devo fazer, não é a primeira vez que presto depoimento. para ser sincera, não sei porque você está aqui.❞ respondeu a filha em voz baixa e não se deu o trabalho de fitar chandler. uma encenação por vez, pensara consigo mesma. não fingiria não carregar grandes mágoas de seus pais naquele dia, já estava dedicando-se o suficiente para não ter um ataque de nervos. a expressão surpresa de chandler sequer chegou a ser notada pela mais nova, uma vez que um agente policial apareceu no local chamando por chloé. a loira levantou-se imediatamente e sem olhar para trás seguiu o policial. clickety, clackity, clickety, clackity
nada parecia diferente na sala de interrogatório da delegacia, era como se aquele 13 de setembro estivesse se repetindo. ela retirou o casaco que utilizava e o colocou sobre a mesa, junto de sua bolsa. ajeitou seus cabelos e só então passou a estudar o lugar, ou melhor, o cubículo que estava. não tivera tempo para devaneios, pois logo dois investigadores entraram a sala cumprimentando-a com olás e boa tardes. ❝ ━━ sou o detetive bernard chateaubriand e essa é a detetive lucille fortier-marceau, e nós iremos interrogá-la na tarde de hoje, senhorita beauchamp.❞ o homem anunciou assim que ele e sua colega sentaram-se a frente da loira, chloé assentiu e murmurou uma resposta positiva qualquer. a mulher, a quem chloé havia acabado que descobrir que se chamava lucille, ligou a câmera e levantou o polegar em um sinal positivo para bernard. ❝ ━━ boa tarde, srta, obrigada por comparecer. sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação. ❞ a voz de lucille se fez presente no recinto pela primeira vez, novamente, beauchamp assentiu positivamente em resposta. ❝ ━━ me chamo chloé madeleine beauchamp, nasci no dia 20 de junho de 2002, sou estudante do ensino médio e tenho uma empresa de maquiagens.❞ chloé seguiu as instruções da detetive religiosamente, havia se saído bem considerando que seu tom de voz era firme e calmo, contrastando com seu interior.
uma folha de papel fora colocada sobre a mesa de modo que apenas seu verso se tornasse visível, chloé acompanhou os movimentos da detetive atentamente até que a mesma retornasse a falar. ❝ ━━ obrigada. agora...❞ quando fortier-marceau virou a folha, chloé teve de se segurar para não expressar qualquer reação. mirou a foto por alguns segundos e não havia qualquer dúvida em seu ser de que aquela era camille, afinal, já havia visto aquela fotografia antes há alguns meses. ❝ ━━ essa é camille martin, 18 anos. estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? você a conhece? se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?❞ chloé escutou os questionamentos da detetive e voltou a mirar a imagem da jovem, analisava cada característica da imagem e refletia sobre como não havia considerado anteriormente a hipótese dela ser irmã de eloise. ❝ ━━ tudo que sei é que ela é irmã de um colega de classe, cédric martin, e que ela estava desaparecida. nunca a conheci ou a vi em qualquer parte da cidade.❞ a policial mirou seu companheiro e era nítido a mudança de sua postura. ❝ ━━ cédric martin? como a senhorita ficou sabendo do desaparecimento?❞ a francesa ajeitou-se na cadeira dura e desconfortável antes de respirar profundamente e responder. ❝ ━━ todos ficaram sabendo. o cédric é um aluno novo, entrou no colégio um tempo depois de mim. aparentemente alguém do colégio achou isso na internet e a notícia se espalhou como fogo florestal, não existem segredos em truffaut. faz algum tempo que isso aconteceu. e bom, quando a notícia de que vocês confundiram o corpo de eloise com o de camille chegou a mídia, todos nós fomos atrás de saber quem era a pessoa que havíamos ficado em luto por tanto tempo. então, não é como se isso fosse um segredo de estado ou coisa do tipo.❞ a resposta de madeleine possuía algumas alfinetadas discretas aos detetives e a investigação, porém parecera o suficiente para agradar os meus velhos por ora.
novamente, lucille fitou o parceiro e a loira notou que ambos partilhavam uma boa comunicação visual. deviam estar trabalhando junto há um bom tempo naquele caso.❝ ━━ como aluna da françois truffaut, sabe dizer se a festa de passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?❞  bernard tomou o controle do interrogatório, fazendo com que os olhos azuis de chloé se fixassem sobre ele. “destinada apenas aos estudantes”, aquela era uma pergunta dúbia e ironicamente engraçada. como diria a polícia que nem ela mesma havia sido oficialmente convidada? ❝ ━━ eu não sei muito sobre a organização dessa festa, faziam só alguns meses que eu estava estudando em truffaut. pelo o que eu sei todos os alunos do terceiro ano, sem discriminação, deveriam ser convidados. eu não sei se era aberta para pessoas de fora.❞ fora o que se limitou a dizer, afinal não desejava fomentar uma desconfiança dos detetives e deixá-los mais próximos da verdade. ❝ ━━ sobre a festa de passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a srta estava lá naquela noite? se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?❞ lucille retornou ao controle daquele questionário e novamente era o foco da atenção de chloé. toda a narrativa combina com wolfgang e faheera, que havia sido repetida diversas vezes pelos mesmos, ecoou em sua mente. ❝ ━━ sim, eu estava presente na festa. cheguei com os meus amigos todos meus amigos de notre-dame: wolfgang, faheera, maya, gaspard, jeanne, hypatie, réia, william e casper. vi os outros colegas de sala de longe, não lembro de ter conversado com nenhum deles pessoalmente. vi benjamin, geneviève, romain, sebastian, margot, noelle, carlito, émeric, eloise... hm, carmen-grace, mabel, penélope, domenico, valentin e jun ho. acho que foram esses. como eu disse, nunca vi camille e não a vi na festa. se ela de fato estava lá, eu não a vi.❞ até agora vinha sendo fácil, não havia precisado inventar grandes histórias ou manter uma coerência. apenas havia narrado os fatos, o parte deles. ❝ ━━  onde a srta estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de eloise girard-dampierre havia caído do penhasco?❞  era aquela a hora em que deveria usar toda sua habilidade como atriz para entregar sua narrativa dos fatos de modo mais convincente possível. ❝ ━━ eu estava com wolfgang e faheera, estávamos no iate do wolfgang voltando para cannes. wolfgang estava bêbado, faheera estava um passando um pouco mal e eu estava chateada com algumas coisas. decidimos ir embora mais cedo, a festa não estava tão boa assim.❞ a policial assentiu, chloé não se recordava de ter dado sua versão de onde estava na hora da queda e esperava não estar com alguma falha em sua memória. ❝ ━━   a srta esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?❞  a loira balançou a cabeça em uma resposta negativa, apertou os lábios brevemente antes de tornar a respondê-los. ❝ ━━ não, acho que chegamos por volta das 22 horas, passei o tempo todo com faheera e wolfgang. fomos embora por volta das 23:30 horas, então não tive muito tempo para reparar em nada ou ir para lugar algum. não lembro de nenhuma briga ou da presença de alguém que eu não conhecia.❞ mentiu com a naturalidade de uma beauchamp, seu pai sentia orgulho caso a visse naquele momento. sentiu seus músculos relaxarem ao notar que os policiais estavam satisfeitos e iriam para a próxima pergunta. a pior parte já havia passado. ❝ ━━   a srta saberia dizer por que as pessoas pensaram que eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?❞   aquela pergunta fora a única capaz de despertar uma fagulha de irritação em chloé. não deveria se surpreender que uma equipe de policiais tão incompetentes fossem capaz de fazer uma pergunta tão idiota como aquela. ❝ ━━ não. o meu palpite é que se a polícia, equipada com os melhores profissionais da área e equipamentos de investigação, confundiu eloise e camille, porque um bando de adolescentes não poderiam cometer esse engano? elas eram parecidas o suficiente para que vocês a confundissem geneticamente, uma confusão ótica não parece algo absurdo. com todo respeito, detetives, não estou aqui para dar palpites ou teorias sobre os porquês daquela noite. esse trabalho pertence aos senhores.❞ a resposta em tom áspero, algo não muito comum para chloé, não era algo muito inteligente. porém, não estava arrependida por ter demostrado parte de sua ira daquela forma. a loira era paciente e prudente, mas havia achado aquela pergunta um ultraje e seu descontentamento não seria mascarado. não permitia que a polícia a usasse para criar teorias e suposições para diminuir o seu fracasso. pode notar a mudança nas expressões dos policiais, certamente não havia ficado contentes com a resposta atravessada da adolescente. ❝ ━━   obrigado pelas suas respostas e honestidade. vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. está dispensada. ❞  disse por último bernard, a frances limitou-se apenas em um balanço positivo com a cabeça antes de levantar-se, pegar seus pertences e sair daquela sala. assim que a porta se fechou atrás de si, chloé respirou profundamente como se tivesse sido restringida de oxigênio os minutos que passara no interrogatório.
chandler batia com a ponta do solado de seu sapato social italiano - que provavelmente custava mais do que o salário do delegado daquela delegacia - incansavelmente, estava estressado e preocupado com sua filha. não era do feitio dos beauchamp serem pais zelosos e cuidadosos, entretanto eles ainda tinham seus momentos. quando chloé surgiu no campo de visão do mais velho, o mesmo levantou-se e sinalizou com a cabeça que deveriam já seguir caminhando. logo estavam longe do agente que havia escoltado a loira e chandler se sentia confiante para falar com a filha.
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