#formiga incansável
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dykeknightrises · 3 years ago
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Não Aprendi A Dizer Adeus - Formiga (The Player’s Tribune)
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Hoje acordei com uma sensação diferente. Sabe quando você levanta da cama e, antes mesmo de tomar o café, já percebe que não vai ser um dia qualquer?
É bem assim que eu estou me sentindo. Até porque, definitivamente, este não é um dia qualquer para mim.
Hoje à noite eu me despeço da seleção brasileira. Meu último jogo com a camisa que vesti em sete Copas do Mundo e sete Olimpíadas. Pode parecer clichê, mas acho que, no meu caso, eu tenho permissão pra dizer que foi uma vida dedicada à Seleção.
Assim que eu pisar no gramado da Arena da Amazônia, será inevitável não lembrar de uma frase que minha mãe não se cansa de repetir.
“Nada cai do céu, só chuva.”
Dona Celeste tem razão. Ao longo desses 26 anos servindo ao time feminino do meu país, nada caiu do céu no meu colo. Nada, nada, nada.
Eu tive que ralar muito para conquistar meu espaço e provar quem eu era. Não somente como jogadora, mas também como… Miraildes Maciel Mota. Mulher. Negra. Nordestina. Lésbica. E, acima de tudo, como uma pessoa que nunca pensou em fazer outra coisa que não fosse jogar futebol.
Aliás, nada caiu do céu para mim desde o começo. Minha primeira memória de infância sou eu ganhando uma boneca, o presente mais esperado por todas as meninas da minha idade. Mas, quando eu abro a caixa do presente, eu não me sinto nem um pouco feliz. Eu estou frustrada, meio decepcionada, sabe? Ao contrário das outras meninas da minha idade, eu não queria uma boneca. Eu queria uma bola!
Não conheci meu pai, que morreu quando eu tinha oito meses. No Lobato, subúrbio de Salvador, minha mãe criou cinco filhos sozinha. Como era a única menina, eu ficava com inveja dos meus irmãos, que sempre ganhavam bolas de presente.
Por que só eu tenho que ganhar boneca?, pensava.
Aí eu tinha que improvisar, né? Depois de abrir o presente, eu olho pra boneca, a boneca olha pra mim… Eu olho pra boneca de novo e… Arranco a cabeça dela, coitada. Agora, sim, eu saio toda feliz pela casa, chutando a cabeça da boneca como se fosse a minha bola. Porque o meu negócio é esse… Bola! Bola! Bola!
Só que os meus irmãos mais velhos não entendiam. Eu era proibida de jogar com eles. Na verdade, eu era proibida de jogar, ponto. Quando conseguia uma brechinha e participava dos babas na rua, eu me sentia muito feliz. O pessoal até brincava, dizendo que eu jogava melhor que eles. Eu ficava me achando… Hahah!
Mas aí, quando chegava em casa, eu apanhava dobrado. Por ter desrespeitado a ordem de não sair pra jogar e por ter jogado melhor que eles. O que para eles poderia parecer uma humilhação, para mim era só diversão. Eu não queria provar que era melhor que ninguém. Eu queria jogar bola e mais nada.
A cada vez que apanhava, eu engolia o choro e ia jogar de novo. Eu não desistiria tão fácil, apesar de todo preconceito que sofria.
Os vizinhos também me julgaram muito. Me chamavam de mulher-macho, porque eu era a única que jogava no meio dos meninos. Eu preferia que me dessem um tapa do que zombassem de mim com aqueles apelidos. Doía muito escutar essas coisas, mas pior mesmo era quando falavam besteira no ouvido da minha mãe.
“Celeste, toma cuidado! Mira vai acabar engravidando se continuar jogando na rua desse jeito.”
Isso me deixava muito, muito mal.
Afinal, eu era apenas uma criança. E, como eu disse, o único motivo de estar na rua era correr atrás da bola.
Por sorte, minha mãe nunca deixou se levar pelo o que os outros diziam, nem mesmo pela insistência dos meus irmãos em me proibir de jogar.
Ela sempre pediu a Deus uma filha mulher. Primeiro vieram meus quatro irmãos, e depois eu cheguei para realizar o sonho dela. Embora o meu fosse praticar um esporte visto como “coisa de homem”, ela me apoiou do primeiro ao último minuto. Se meus irmãos diziam que eu não podia, ela vinha me incentivar: “Tome dinheiro, minha filha, vá jogar sua bola!”.
No meio de tantos “nãos”, minha mãe remava contra a maré e acreditava nos meus sonhos. Eu sempre quis retribuir de alguma forma o que ela fazia por mim. Naquela época, eu podia fazer pouco, mas tentava realizar todas as vontades dela. Tinha dia que eu pegava um carrinho de mão e andava uns quatro quilômetros até outro bairro pra poder comprar as coisas que ela pedia. Fazia isso com tanto prazer que, se fosse preciso dar duas, três viagens com o carrinho cheio, eu daria numa boa, porque aquela mulher merecia tudo que me proporcionava em dobro.
Outra mulher que foi um anjo na minha vida é Dilma Mendes. Olha, o que essa danada representa para o futebol feminino não tá escrito… No tempo dela, a modalidade era proibida para as mulheres no Brasil. Não como eu era pelos meus irmãos, mas proibição total, imposta por lei. Ela foi uma das pioneiras do esporte em nosso país, jogando escondida e correndo da polícia, já que as atletas eram tratadas praticamente como criminosas.
Eu tive que ralar muito para provar quem eu era. Não somente como jogadora, mas também como… Miraildes Maciel Mota. Mulher. Negra. Nordestina. Lésbica.
Dilma me viu jogar com os meninos em Salvador e notou uma qualidade no meu futebol que nem eu mesma percebia: a coragem. Eu apanhava e continuava. Eu caía e me levantava. Eu perdia a primeira dividida, mas não desistia. Eu cansava, mas não parava de correr.
Mais ou menos nessa época, surgiu o apelido de Formiga, colocado por um torcedor. Ele falava que eu parecia uma “operária”, correndo por todos os lados, fazendo o trabalho de formiguinha.
Juro, no começo, eu odiaaaava esse apelido!! Queria até sair na porrada com que me chamasse assim hahaha… Mas fui me acostumando e gostando, até porque me trouxe muita sorte.
Depois que Dilma me levou para um time feminino, tudo aconteceu bem rápido. Em pouco tempo, eu já estava entre as melhores jogadoras do país. Lembro como se fosse hoje da minha estreia pela seleção: 7 de junho de 1995, Brasil x Japão pela Copa do Mundo. Eu tinha 17 anos.
Estrear num Mundial poderia ser uma pressão imensa para qualquer garota que estivesse começando, mas, com toda franqueza, eu não me senti pressionada. Eu estava onde sempre quis estar, vestindo a camisa amarela, disputando uma Copa… Falando sério, era mais do que eu esperava.
Na Bahia, eu só queria jogar bola. E mais nada. O que viesse na sequência era lucro.
Nós perdemos de 2 a 1 para o Japão e fomos eliminadas na fase de grupos. Mas guardo com muito carinho essa experiência do meu primeiro Mundial. Entrei menina, saí mulher.
Foi também a fase em que eu descobri que as coisas não seriam fáceis para mim se realmente quisesse seguir uma carreira no futebol. Sendo quem eu sou, vinda de onde eu vim.
O futebol feminino não tinha a mesma visibilidade que tem hoje. Para alguns antigos dirigentes, a estética era a melhor forma de chamar atenção para a modalidade. Não se importavam que a gente mal tivesse uniforme para jogar, obrigadas a esperar as camisas largas que sobravam do time masculino, nem direito de usar a academia que os homens usavam. Na cabeça deles, o importante era um rostinho bonito para atrair holofotes.
A seleção tinha várias meninas negras como eu. E os diretores insistiam que a gente tinha de deixar o cabelo crescer ou alisar. “Vocês precisam ser mais femininas”, eles diziam. Mas eu era justamente o contrário do padrão que esperavam de mim.
Se não deixei meus irmãos mandarem em mim, não seria um dirigente que diria como eu devo me apresentar. Em protesto, fui lá e raspei o cabelo.
Um deles veio me cobrar quando me viu de cabelo raspado: “Tá louca, é?”. Nem dei ideia. Outras meninas também rasparam, outras traçaram o cabelo, e eles tiveram que respeitar. Aquela foi a minha resposta. Acredito que atitudes simples podem ajudar a quebrar o racismo e abrir os olhos das pessoas.
Teve uma vez que um torcedor passou o jogo inteiro me xingando na arquibancada. Palavras que prefiro nem repetir aqui, mas você já deve imaginar do que eu estou falando. Engoli a raiva e foquei na partida.
Quando acabou o jogo, esse mesmo torcedor veio atrás de mim e pediu uma foto comigo. Talvez ele pensou que eu ia encarar aquilo como mais uma provocação, mas disse que poderíamos tirar a foto, sem problemas. Na hora que ele me agradeceu, foi a minha vez de fazer um pedido:
“Coloca essa foto num quadro e pendura na sala da sua casa, para que você sempre se envergonhe do comportamento que teve hoje.”
Ele saiu do estádio vaiado por todos os torcedores que estavam em volta.
Nem sempre o preconceito será combatido dessa maneira, mas o que eu quero dizer é que não podemos permitir que os outros definam quem a gente é. Ou como devemos nos vestir e cortar nosso cabelo.
Nesse ponto, defender o Brasil por tantos anos foi uma verdadeira escola. Quando a gente veste a camisa da Seleção, nós passamos a ser representantes em campo. Claro, representamos o povo brasileiro, mas, muitas vezes, também representamos pessoas que não estão acostumadas a ter representantes no futebol.
Antes, por exemplo, eu tinha receio em expor meus relacionamentos ou falar sobre minha orientação sexual. Com o tempo, entendi que não posso mais me omitir nem me esconder. Ser o que sou, sendo quem eu sou, pode inspirar outras que são como eu.
Mas uma coisa que o futebol não nos ensina é a entender o momento certo de encerrar certos ciclos. Como cantam naquela música que todo mundo conhece, “não aprendi dizer adeus”. É tão difícil que, depois de tentar uma vez, estou eu aqui de novo para minha segunda — e definitiva — despedida da seleção brasileira. Mas agora com uma certeza diferente de cinco anos atrás, que me deixa segura em afirmar que é o momento certo para encerrar esse ciclo.
Em 2016, quando também cheguei a me despedir da torcida em Manaus, eu estava mais cansada do que convicta em dizer adeus à seleção. Não era um cansaço físico, até porque, apesar dos 43 anos nas costas, eu ainda me sinto muito bem. Mas eu estava cansada de tanto cobrar avanços para o futebol feminino e não conseguir enxergar a evolução que eu esperava.
Assim que recebi a ligação do professor Vadão, me bateu o sentimento de que minha missão ainda não estava completa. Por isso, aceitei o convite para voltar. Não poderia ser egoísta. Eu queria mostrar para as meninas que elas podem ser o que elas quiserem.
Você pode ser mulher.
Você pode ser negra.
Você pode ser nordestina.
Você pode ser lésbica.
Você pode jogar futebol.
Você pode tudo que desejar. O mundo é seu!
Hoje enxergo que o futuro dessa missão já não depende mais de mim nem da nossa geração de pioneiras da Seleção. Temos competições nacionais organizadas, campeonatos de base, nunca formamos tantos talentos como agora… Por ver o futebol feminino no Brasil finalmente andando com as próprias pernas, acredito que chegou a hora de abrir espaço para outras meninas.
Hoje compreendo o que nossa geração representa para a modalidade. Não conquistamos a Copa nem o ouro olímpico, mas, independentemente disso, eu me sinto uma vencedora. Alcançamos o respeito que tanto reivindicamos ao longo das nossas carreiras. Vou levar para sempre na memória a Marta me abraçando quando fomos eliminadas na última Olimpíada, dizendo que gostaria de viver mais uma vez a emoção de lutar por uma medalha do meu lado. Ou a Cris chorando em rede nacional pela nossa derrota. Ela ficou fora dos Jogos e poderia ter se afastado de tudo, mas estava ali torcendo pela gente, nos dando força. Eu teria vários nomes para citar, mas, se um dia alguém quiser escrever sobre a história do futebol feminino no Brasil, Marta e Cris estarão em destaque na página principal.
Hoje digo tranquilamente que não guardo mágoa dos meus irmãos. Eles vibraram com minhas conquistas e, depois que entenderam que esse era o meu caminho, torceram pelo meu sucesso no futebol.
Hoje defendo novamente as cores do São Paulo, o primeiro time grande que me abriu as portas. Graças a este clube, pude chegar à Seleção e me tornar a atleta que mais vestiu a amarelinha. Ainda tenho lenha para queimar e quero conquistar outros títulos aqui.
Hoje também entendo melhor o ditado da minha mãe. Realmente, nada cai do céu, só chuva. Mas, se você tiver trabalhado duro e semeado debaixo do sol, vai brotar alguma coisa quando a chuva cair.
Chegou a hora de abrir espaço para outras meninas.
Eu sinto que ajudei a plantar uma semente no futebol feminino. E que, em breve, as meninas desta e da próxima geração vão se beneficiar da colheita. Já é um orgulho enorme poder me despedir com essa certeza diferente, de que, por mais que a caminhada não seja fácil, nenhuma menina vai precisar sofrer o que eu sofri para jogar bola.
Repito o que eu disse em 2016, depois da Olimpíada no Brasil: nunca desistam dessas meninas, porque elas não vão desistir nunca. Assim como a minha geração nunca desistiu de lutar, de correr atrás do sonho, de buscar o melhor para o Brasil.
Não é por acaso que, desde que anunciei minha aposentadoria da Seleção, tenho recebido uma chuva de amor e carinho de todos os lados. As pessoas reconhecem que a Formiga sempre se esforçou para honrar as cores do nosso país.
Trabalho de formiguinha, lembra?
Não aprendi dizer adeus, não sei se vou me acostumar a não ser mais a “Formiga da Seleção”. Só quero dizer às minhas companheiras que a semente que plantamos vai render frutos muito além dos gramados. Acreditem! A hora de colher está mais próxima do que vocês imaginam.
Hoje acordei com uma sensação diferente.
Mas, no fundo, é uma sensação boa.
Uma sensação de dever cumprido.
Obrigada, Brasil!
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eu--terpe · 3 years ago
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𝐀𝐒 𝐂𝐈𝐆𝐀𝐑𝐑𝐀𝐒
José Tolentino Mendonça
Expresso, 04.07.2020
Em Portugal, que eu saiba, o melhor lugar para ouvir as cigarras é a poesia de Eugénio de Andrade. Ao menos para mim representou o sítio onde verdadeiramente as escutei pela primeira vez. Mas nesta época em qualquer recanto, por onde quer que se vá, elas tornam audível o verão. Basta um jardim, um matagal humilde, um esconso ao aberto, um atalho mesmo que urbano, umas traseiras, um metro quadrado de calor e silêncio. Ou basta simplesmente um ouvido disponível. Coisa que depois, percebemos, não é afinal tão simples.
Já Alberto Caeiro recordava: “Não basta abrir a janela/ Para ver os campos e o rio./ Não é bastante não ser cego/ Para ver as árvores e as flores./ É preciso também não ter filosofia nenhuma./ Com filosofia não há árvores: há ideias apenas./ Há só cada um de nós, como uma cave./ Há só uma janela fechada...” Ideias, caves e janelas fechadas são um arsenal mais comum do que pensamos. E é fácil deslocarmo-nos para um sítio distante do nosso mundo habitual, chegarmos a uma estação diferente e continuar aprisionados às mesmas visões ou dentro do mesmo campo acústico. Para ouvir temos, de facto, de arriscar abrir a janela, praticando uma hospitalidade para com a vida que nos surpreende com novos vozeios, nos obriga a contactar com múltiplas linguagens e a acolher outras formas de conhecimento. O verão, por exemplo, como se conhece? Num dos seus poemas, Eugénio escreve: “Conhecias o verão pelo cheiro,/ o silêncio antiquíssimo/ do muro, o furor das cigarras”. O verão tem cheiros, tem cores, come-se à mesa, espera que o escutemos. Na verdade, o mundo torna-se para nós cada vez mais desconhecido se apenas giramos com a nossa portátil filosofia e deixamos de aplicar à realidade os nossos sentidos, indispensáveis para construir aquilo que significa uma experiência.
O fascínio pelas cigarras tem raízes antigas. Em “Fedro”, de Platão, cabe a Sócrates recuperar o seu mito de origem, explicando que elas, antes de terem sido cigarras, eram homens, com uma existência em tudo igual à nossa. E que isso vigorou até ao nascimento das musas. Depois aconteceu que o obsidiante canto das musas provocou neles tal transtorno que aqueles homens não voltaram a comer ou a beber, acabando por se transformar naquilo que escutavam. Nem o estômago vazio nem a secura da garganta interromperam mais neles a dedicação à arte de cantar.
É verdade que a fábula da cigarra e da formiga arrasa com o prestígio das cigarras. Enquanto a primeira canta despreocupada, a incansável formiga acumula provisões. Quando avança o inverno, a cigarra desprovida bate à porta da formiga a mendigar um pouco de grão, mas nada obtém. Pobre cigarra que tem então de compreender, através da penúria, o preço de viver só a cantar. A fábula narra obviamente o triunfo de uma visão utilitarista do mundo, que rapidamente se disseminou por todas as dimensões da vida. O século XVII de La Fontaine afastou-se (e afastou-nos) daquela sabedoria que o medieval Francisco de Assis recomendava aos seus frades. Francisco pedia que reservassem na horta um espaço livre, não cultivado, para que pudessem brotar flores, e, desse modo, o zelo pelo útil não excluísse o perfume que lhe acrescenta o inútil. São Francisco de Assis não podia, por isso, criticar as cigarras. Pelo contrário dizia-lhes: “Vem cá, minha irmã cigarra... canta minha irmã cigarra o Deus que te criou.” A tradição monástica vai pegar nesta imagem e os monges serão chamados cigarras, pois a sua vida contemplativa não procura outra função que o louvor. Ensinam-nos tanto as cigarras. Boa escuta.
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hardcoresurvives · 5 years ago
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CAP. 1
Eu vejo tudo e ninguém me vê
A primeira raiada de sol nem chegara e o calor já era insuportável. Abriu os olhos, sentiu a camisa grudar daquele suor noturno. Se virou e tateou sobre o colchão até alcançar o fio do carregador e puxar o celular. Quatro da manhã, lá fora o barulho das vozes, motos e bicicletas já começavam a se erguer e se misturar. O lugar ali era pequeno, mas pelo preço era um bom lugar. Os únicos problemas eram as telhas de Brasilit. O fazia pingar de suor durante a noite, além das infiltrações, por conta de um cano quebrado da vizinha de cima. Ultimamente tinha dificuldade para dormir, alguma coisa o inquietava, um sentimento de algo por vir... Talvez isso fosse saudade, da esposa, do filho, de outros tempos.    
Levantou-se calçando o coturno na beira do colchão, sentiu o aço duro e frio do bico encostando-se aos dedos dos pés. Chegara tão cansado na noite anterior, que resolveu vestir a calça do uniforme para dormir após o banho, economizando tempo na manhã seguinte. Pegou sua camisa de serviço, era de um azul acinzentado, com manchas de fuligem amarronzadas e pretas próxima ao colarinho. No bolso esquerdo lia-se “WCM Motors”. Abriu a janela da cozinha e colocou a água pra ferver. Olhando pra porta da geladeira, entre boletos e contas de água e luz, divagou acerca da vontade de sair daquele lugar, daquela rotina miserável, lembrou-se de alguns antigos amigos... Já não era mais aquela pessoa.
           Bebericou o café forte e deu um trago no cigarro, se sentiu enfim acordado. A mistura do cigarro com o café lhe deixava um sabor confortável na boca. Deixou o copo pela metade e pegou as chaves e o cartão de serviço, trancando a porta e descendo de dois em dois degraus. O lugar onde morava era uma kitnet em um sobrado, com estruturas irregulares, quartos ainda por fazer, sem reboco pelo lado de fora. A proprietária, Dona Eunice, que morava no andar de cima, vivia lhe cobrando atrasos e bisbilhotando pela janela de seu quarto, sempre desconfiada de pudesse estar fazendo algo ilícito. Renê, como era conhecido, tivera seus tempos de envolvimento com o crime, mas como este mesmo dizia,- “paguei tudo, com juros”. Passou 6 anos em uma prisão, longe de casa, do filho pequeno. Seu pai, policial aposentado, jurou nunca mais o receber em casa, nunca o visitou, e segundo sua mãe, morreu de desgosto. O filho, ficara com a avó, e poucas vezes conseguia tempo para vê-lo. Para não enlouquecer atrás das grades, leu de tudo, se aproximou de irmãos de fé, do evangelho de Cristo, e prometeu pra si mesmo que quando saísse nunca mais voltaria.
           Caminhou até o ponto de ônibus observando as feições dos moradores, ainda que cedo, era fácil notar o cansaço, claro, ele também sentia. O caminho era de mais de uma hora, entre baldeações e o metrô, revistas na entrada do bairro empresarial, checagens de documentação, esculachos, piadas racistas e insultos gratuitos por parte da vigilância. Esta, nas áreas centrais das grandes capitais, era feita pelos Jovens Falangistas, garotos de famílias de classe média entre 16 e 22 anos, treinados e doutrinados pelo Estado Brazileiro para manter a ordem, a moral e os bons costumes nas cidades. Hipócritas. Sempre que os olhava nos olhos podia sentir o desprezo, por sua roupa, sua cor, seu cheiro, o lugar de onde vinha. Ao contrário desses, não conseguia sentir nada, nem ódio, nem pena, apenas... Impotência.
           A entrada da WCM Motors era composta por duas guaritas de verificação veicular, ao lado de seis catracas para entrada de trabalhadores a pé. Um galpão pré-moldado de metal e concreto de oito metros de altura e 200 metros quadrados fechava o quarteirão. Atravessou a entrada e se dirigiu para seu lugar na linha de produção juntamente de um batalhão de proletários. No meio desses era só mais um, só mais um invisível. Colocou seus protetores auriculares e esperou a esteira ligar. Pelas suas contas, ao menos mil pessoas trabalhavam nesse galpão, e ao lado desse, mais três galpões completavam o gigantesco complexo da WCM, uma das maiores fabricantes de automóveis no país. Nunca vira os donos, nem sequer sabia o nome dos sujeitos, mas sempre que pensava sobre, conseguia imaginá-los, enxergá-los em suas mansões nos bairros onde nunca poderia pisar, com ternos que valiam mais que seu salário, sorrisos largos no rosto, os pescoços gordos e rosados, uma madame nua na banheira cheia de espuma, os empregados servindo um suculento jantar. Ultimamente pensava demais...
           - Verificação, vamos anda, levanta! - chamou em um megafone com uma voz chiada e eletrônica – ainda estão dormindo? Pelo amor de Deus é quase 6 e 40! - um homem mirrado em um colete caminhava por entre as várias linhas de montagem, em suas costas podia se ler “líder”. – Seguinte, o pessoal da qualidade acabou de avisar, a produção está muito lenta, e fim de semana tem corte. – Disse segurando uma prancheta com uma mão e um megafone com a outra.
           Ouviam-se cochichos e resmungos por todas as linhas. Não era a primeira vez que acontecia, na última semana, mais de cem foram pra rua, sem ressarcimento, sem acordo. Apenas a justificativa de não atender aos parâmetros da empresa, mas todos sabiam, havia milhares de desempregados por todo o país que aceitariam serem contratados por um valor mais baixo do que recebiam os funcionários antigos.  
           - Outra... – começava a notar um tom de felicidade em sua voz, um estranho sentimento de injúria lhe perpassou o corpo. - talvez o salário atrase, por que não conseguimos entregar o número de produtos que os compradores exigiram, estão satisfeitos? Quem não estiver batendo as metas, vai ter que se resolver no RH. – silvou o homem, fazia um barulho estranho com a boca quando tocava no megafone. – Todos de volta ao serviço. – finalizou com um sorriso torto, e assim, um turbilhão de vozes aos poucos se silenciou, dando vez ao barulho metálico das máquinas.
           A linha de produção de uma empresa tem a função de acelerar o processo fabril, com esteiras girando em velocidades reguláveis, e cada funcionário ao longo destas tem um objetivo específico. Renê cuidava da parafusadeira, e sua função era simples, monótona, robótica, e cansativa: parafusar o eixo do novo Cassius X2, um carro de última geração da WCM. Em outros tempos poderia ter sonhado em ter um desse, levar sua família ao litoral em um fim de semana, com o ar condicionado batendo no rosto e a vista do mar ao descer da serra. Em outros tempos, não esses. Sabia que nesses tempos, a alguém como ele, não era permitido nada, nem mesmo um salário digno.
Um guindaste que atravessava o galpão de fora a fora trazia uma incansável fileira do mesmo automóvel, que ia se construindo pedaço por pedaço, numa precisão fordiana. Pensou em como tudo aquilo era parecido com um formigueiro gigante, e ele uma formiga fazendo seu trabalho em equipe. Um sinal de sorriso passou por seus lábios, desacreditando de seus pensamentos. Colocou a broca firme no buraco onde parafusaria, apertou. Com um pequeno chiado o parafuso girou em sentido horário e se firmou no eixo. Pegou outro parafuso, colocou na ponta imantada da ferramenta e pressionou contra o segundo buraco do eixo e prosseguiu. De novo, e de novo, e de novo. Até os cinquenta primeiros parafusos ainda contava mentalmente, mas se dispersou pensando no futebol do fim de semana. No Morro do Cacau, onde morava, todos tinham seus afazeres nos dias de semana, suas dificuldades, seus infortúnios, mas, ainda assim, ninguém podia lhes tirar o deleite e o sorriso do fim de semana. Povo sofrido, gente da gente, como meus pais, como meu filho, como Dona Eunice.
Percebeu que a parafusadeira emperrara no eixo com o parafuso. Porcaria descartável pensou, igual ele. Forçou o gatilho sobre o eixo, e então ouviu um estalo forte que quase o ensurdeceu. O impacto lhe derrubou de costas sobre uma caixa de estoque cheia de material. Uma escuridão tomou conta de sua visão lentamente, ouvia barulhos abafados de pés.  Sentia um calor molhado lhe descendo o rosto e uma dor lacerante na parte frontal do rosto. Em uma fração de segundo, se lembrou de várias coisas que se passaram em sua vida. A gravidez difícil e inesperada da jovem namorada. O assalto mal sucedido, os anos de perjúrio atrás das grades, os espancamentos e insultos, o sorriso no rosto dos agentes prisionais. Sentiu a respiração mais fraca. Tentou um grito de ajuda. Braços firmes o seguraram pela nuca... as palavras não saiam... e então apagou.
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quandosinaltocar · 4 years ago
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Quando foi que meu otimismo se apagou?
Eu costumava ser a pessoa que passava saltitando de um lado ao outro, quando estavam todos calmos. Abraçava aos outros excessivamente, e estava sempre dançando.
Quando todos estavam frustrados, questionavam o motivo de minha alegria, euforia, ou até mesmo calmaria. Não importasse o que ocorresse, no dia seguinte eu estaria sempre me sentindo melhor.
Um ânimo implacável, inalcançável e incansável. Sempre havia algum conselho a ceder, uma pessoa alta demais para tão pouca altura.
Costumava ter uma noção de infinidade em relação ao tempo: “Toda relação é moldável, dado o tempo necessário.”, “Tentarei novamente da próxima vez”, “Se não pode convencer alguém com suas palavras, convença com suas ações”. Desapegado era ao presente, pouco valor dava às perdas e visava um futuro ganho mesmo quando tudo estava aos pedaços ao meu redor.
Nunca esqueci das perdas, isso é fato. Elas apenas costumavam me afetar menos. Mas em algum ponto as coisas mudaram drasticamente.
Já não tenho vontade de saltitar, olho para meus problemas e dos de outras pessoas com medo, sinto que meu tempo já não é tão grande quanto costumava. Toda inspiração que eu me empenhava em propor aos outros agora não passam de memórias e vontades que de alguma forma não consigo me repropor a concretizar.
Minhas ambições mudaram de forma. O que antes me acendia o brilho nos olhos agora traz a sensação de impotência, faz-me acreditar que o único modo de alcançar meus sonhos é me deitar e sonhar.
Em algum momento passei a querer fugir das situações. Mesmo com soluções em mãos, me abstenho do confronto e opto por virar as costas e dizer que é impossível, que não há nada que se possa ser feito. Fecho meus olhos para minhas qualidades, pois elas não vêm me servido ultimamente.
Isso tudo é injusto. Eu fiz o meu máximo para não chegar a esse ponto. De tudo ao meu alcance, fiz o além. Mesmo acreditando no meu progresso, todo meu esforço levou ao meu maior medo.
Agora me envergonho do que outras pessoas sentirão ao me ver desse jeito. A única coisa da qual me orgulhava se esvaiu contra minha vontade e me encontro sentado sozinho em meio à multidão daqueles com quem tanto me importo. E cada vez que alguém tromba em mim, sinto novamente o conforto de um lapso de glória de meu passado. Quando era capaz de acreditar no potencial de melhoria das coisas sem me preocupar com minhas próprias capacidades. Assim meu peito formiga, meu corpo esquenta, e sinto toda a motivação para simplesmente voltar a agir como um inconsequente visionário feliz. Com toda essa energia eu corro adiante com a mente fumegante e um sorriso no rosto.
Porém, como o brilho de um vagalume, a chama da inspiração se apaga rapidamente e volto a ser a massa mórbida que me tornei. Remoendo todas aquelas boas sensações da companhia das pessoas e de minha autoconfiança, tornando-as novamente em sonhos distantes apenas no aguardo de encontrar novas motivações.
Eu quero voltar a ser implacável como ninguém nunca notou que fui. E farei o possível para que isso aconteça.
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idearioenigmatico · 5 years ago
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Prólogo
Quero convidar a todos vocês. Espere estou sendo irônica eu não preciso convidar, na verdade, todos virão a mim sem que eu faça um único esforço. Eu sou incansável e paciente. Demore o quanto precisar. Não me incomodo, mas ..... escute Tic tac, tic, tac. Percebeu? Cada milésimo de segundo, cada minuto você está mais perto, ai eu sinto ( vai até o espectador e sente o cheiro). O tempo, ele trabalha a meu favor. De nada adianta lutar. Não quero ser tão cruel contigo. As minhas palavras podem te machucar e também não quero te assustar. Não é pra isso que vim aqui falar com todos vocês. Eu os respeito, respeito suas vontades, seus desejos humanos, pelo sexo, dinheiro e o poder. Eu sinceramente vejo seus esforços. ( bate palmas) Todas as minhas palmas são pelas suas conquistas, principalmente, desses personagens que veremos neste espetáculo. Eles e vocês realmente merecem minha atenção. Viu na religião o conforto para se sentir especial, não ser uma formiga, um animalzinho indefeso, parte desse universo de injustiças. A ciência, você coloca como grande aliada nas batalhas. Vocês todos e esses personagens que vão se apresentar nesta rua querem ser especiais.... E são, não são? Claro que são fundamentais, fantásticos, fenomenais! (aproxima de outro espectador) Mas esquecem..... digo muitos, nem todos, esquecem que mesmo tendo poder, dinheiro, fama e a glória porque todos sem exceção; nenhum ser, deste mundo ficará sem esse encontro comigo. Alguns podem até agir no meu lugar com as suas decisões ou suas omissões. Eh, isso também fere. Ficar sentado vendo tudo acontecer como se não tivesse responsabilidade, isso também é tomar uma decisão. Vejam vocês essa podridão, toda essa vastidão de miséria, a destruição das belezas, e o escárnio sobre os seus iguais, isso não é culpa minha. Não sou culpada pelas mazelas dessa humanidade. Você adora jogar as suas decepções em mim. É muito fácil, não acham ? Porém, te garanto não sou a vilã , pode parecer, mas não. São eles, eles sim, vocês verão... apenas observe essa história que vou te mostrar. Fiquem à vontade para fugir. Cada vez que foge de você eu me aproximo de ti. Eu entendo que exerço um fascínio sobre você. Mas essa obra de arte, que é a única forma de me vencer não é sobre as minhas peripécias e sim sobre o que acontece com esses personagens até chegarem a mim.
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loveme-too · 8 years ago
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Eu precisava ir, eu deveria ter partido a muito tempo, mas algum motivo ainda me prendeu aqui, e essa foi a atitude mais egoista que já tomei na vida, mas também o maior ato de coragem já existente, é preciso ser maduro para aprender a dizer não, e foi assim que eu me vi, negando todas as ideias que eu ajudei a alimentar, me culpo sim, nunca fui capaz de maltratar uma formiga sem sofrer, e tudo isso poderia causar um estrago em mim, mas afinal, tem estrago pior que permanecer no caminho de alguém sem ter certeza se isso é o que realmente quer? Tem estrago pior do que acordar todo dia com medo de perder o interesse, a vontade, o desejo? Tu me olhava com aquele olhar de: MEU UNIVERSO, e eu só pensava na responsabilidade que era suprir todas aquelas expectativas que você me colocava, eu só sentia medo por não ser boa o bastante, por não gostar daquele assunto que você insiste, por não parecer tão inteligente, por ainda errar tanto, por ter esse porte de madura, mas chorar com comercial de margarina mesmo não estando de Tpm. Eu sempre quis ser de alguém, dividir com alguém as peculiaridades da vida, sempre quis acordar do lado, construir uma casinha, dividir as contas e o trabalho danado que os filhos nos dariam, eu sempre quis, eu sempre quis alguém que tivesse certeza, e apesar dos anos juntos, no fim, não tínhamos mais tanta certeza, e o tempo passou, outras mágoas vieram e me esfriaram mais e mais, afinal, não dava mais tempo pra ser um achismo de alguém, e sinceramente não sei se algum dia serei a certeza de alguém, afinal as pessoas projetam uma imagem de nós no começo de tudo, mas esquecem que os defeitos aparecem, os dias ruins chegam, os problemas crescem e as dificuldades vem, as pessoas se perdem na idealização da paixão e no convencimento de onde tem amor, tem toda aquela aceitação, mas esquecem da real essência do amor, o amor, desprendido de todo e qualquer sentido, explicação e rótulos, o amor que passado tantos séculos, não teve um humano se quer que conseguisse traduzi-lo na risca, mas só Ele, só dEle que nos emana tanto amor, que podemos nos espelhar e seguir, olhar o outro e aprender a amá-lo na sua pior forma possível, olhar para o outro e entender que a tua vontade não é permanecer mais, é ir, é olhar e aceitar que por mais que você sinta o maior amor do mundo, nada é capaz de amar por dois, é via de mão dupla, não tente ser singular, afinal, singular deve ser teu amor próprio. E mais uma vez me perdi no real sentindo desse texto e nessa conexão de pensamentos, acredito eu que, apesar de dolorido, eu nunca quis dizer Adeus pra ninguém, mas existem tempos na vida em que ele torna-se necessário, e não pense que o erro estava em você ou em mim, acontece que a nossa felicidade deve ser algo capaz de nos transportar para onde queremos, e quando ela insiste em querer ficar, não tem como não ouvi-la. A gratidão pelo tempo que nos envolveu, sempre, sempre existirá, mas os caminhos mudam, os desejos se transformam e a minha busca incansável pelo amor ainda continua, afinal, quem não quer ser/ter sua The One? Tem sempre alguém por aí disposto a tentar, a odiar algumas coisas que amamos, a nos contrariar, a nos amar, a nós. Tem sempre alguém pra inundar um coração que já é cheio de amor.
Os olhos ainda dissimulados, a alma ainda apaixonada.
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Esbarrei com essas flores no caminho. O caminho ficou mais doce e agradável. Natureza me fazendo companhia e me brindando com sua incansável beleza. Delicadas flores para contrastar o com nosso dia a dia bruto e seco. Corrido, onde não temos tempo de apreciar os pequenos momentos, as gotas de chuva, o canto dos pássaros ou a tranquilidade das formigas andando organizadas e decididas. #hafloresemtudoqueeuvejo #flores #natureza #nature #flowers #fotografia #harmonia #cores #soutijuca #naserra #photooftheday #ararasrj #follow #followme #fitover40 #mesegue #followback #pleasefollow #petropolis #caminhada #pilpuadg #lorealbrasil #ascariocasby #belezanatural #paz #bloggersdorio #inxtalove #lindodemais #errejota SnapChat 👻 👉 pritty.pritty 👈 👻 (em Araras)
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kikodipierro · 5 years ago
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28/09/2019
10 textos para os anos 10
#1
Quero dedicar esse texto às minhas pernas, que me carregaram desde que nasci. Quero agradecer a força e à incansável determinação de nunca desistir. Porque vocês me levam até onde eu quero ir. É duro admitir isso em uma relação onde o amor é sincero e verdadeiro, mas eu não sou bom para vocês. Abuso e castigo, não dou valor e levo vocês ao limite tantas e tantas vezes, sem nunca mudar meu comportamento ou pedir desculpas. As suplicas e dores que vocês contam para mim são abafadas rapidamente e, sem massagem nenhuma, já levo vocês para as pistas de dança ou pelas longas distâncias da noite. 
É que nas pistas de dança é onde vivemos melhor. E saúdo e brindo às minhas pernas, pois elas que trazem todo giro, passinho, sambada, virada, remexo e sacolejo que com carinho dedico à minha alma e coração. Elas me levam aonde eu quero, no coração da multidão, com o pulso do som e da música, e sejam por 2 ou 20 horas, nunca me decepcionaram. 
Agradeço as virtudes de paciência e perseverança e quem caminha sabe; o passo é curto e o caminho longo, e só se chega lá um passo de cada vez. E as passadas são amigas do tempo e são o relógio do corpo e de passo em passo e tique em tique sempre se chega. Passo curto de formiga que carrega um mundo inteiro nas costas.
Amei, vivi, sofri e morri, mas minhas pernas sempre estiveram lá me carregando pra onde eu quero ir, correndo até não poder mais e dançando sempre que possível, então eu dedico esse texto às minhas pernas.
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incansavelariana · 6 years ago
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Lendo meu Tumblr, vi que escrevi para você..
Você menino homem formiga!
Você que me arranca sorriso fácil e que já me acostumei com o fato de me fazer sentir suspensa no ar e me deixar ali, suspensa..
Não esperava que a primeira coisa a me falar depois que me viu no carnaval foi me pedido desculpas. Desculpa por não responder, desculpa por não ser presente..
E pra completar ainda me disse o quanto sou incrível e tenho um futuro brilhante!
O mesmo que no outro dia não respondeu meu direct..
Tenho que aceitar que você foi fofo comigo, se importava e era meu amigo.. Mas isso faz tempo! Na verdade anos..
Hoje você insiste em fazer o papel do cara que eu admiro pra caralho mas, sabe que eu gosto de você desde sempre homem formiga..
E mesmo assim, você sempre termina a apresentação fazendo o papel de um tremendo cuzão.
- Incansável Ariana (para meu primeiro amor)
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grupogazeta-blog · 7 years ago
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Formiga: espelho para futuras gerações
Formiga: espelho para futuras gerações
Formiga é daquelas jogadoras essenciais em um time de futebol. Seriedade e dedicação intensas nos treinamentos e nos jogos, e descontração e animação nos momentos certos. Apesar dos 40 anos, mais de 20 deles dedicados à Seleção Brasileira, a volante é incansável dentro de campo e inspira meninas e mulheres que jogam futebol e sonham em seguir a carreira profissionalmente.
– Eu acho que hoje tenho…
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cinthiapidova · 7 years ago
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Quando uma história nasce.
Precisamos falar sobre o processo criativo. Muitos leitores acreditam que a história chega a mente do autor e este somente as coloca em um papel.
Gosto de pensar em nós escrivinhadores como pequenas formigas com um trabalho incansável de buscar pequenas partes para o todo. Sim o processo criativo nem sempre é só isso, temos que nos sentar, pesquisar muito sobre cada pequeno detalhe que entrará em nossa obra e, ainda assim, sofremos quando temos que cortar uma personagem, um lugar que já não cabe no trajeto, uma ação que já não faz parte daquela história e acreditem personagens tomam vida própria e é neste momento que ele realmente nasce e a história passa a existir com um significado.
Existe uma doação tão grande que às vezes até sonhamos com eles e nos chateamos se algo dá errado em seu caminho.
Quando a história nasce leva um pedaço do autor para cada leitor.
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totheback · 7 years ago
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Filho meu, aqueles que não se encontraram com a serenidade são como árvores ocas na floresta, vistosos nos galhos e folhagens, mas com grande sofrimento interior. Com a mais breve ventania da vida, podem rachar ao meio. Todo homem sábio inevitavelmente é sereno. Observem quantos são de grande conhecimento intelectual e são extremamente ansiosos. Conhecimento em si não é passaporte para a sabedoria, mas sim, como ele é usado. A boa semente no solo fofo,se destituído do jardineiro fiel, perecerá na aridez dos descompassos climáticos. A serenidade é alcançada com árduo esforço pessoal e gradativamente, qual formiga que trabalha no verão causticante. Desafios diários superados; irritação contida; distúrbios emocionais desfeitos; vontade bem dirigida, submetendo os desejos à razão; maus hábitos bloqueados pelo poder do ‘não quero’; ambição desmedida controlada, esses são alguns esforços no dia a dia do ser em busca da aquisição da serenidade. Aquele que já se encontrou consigo e escalou as montanhas do egoísmo de seu 'eu’ interior sabe exatamente o que quer da vida, tendo a vontade livre para impor seu ideal e se diferenciar em uma sociedade automatizada, que sofre da síndrome de exteriorização coletiva […]. São hostes de 'escravos’, não mais das senzalas, pela subjugação da mão de obra,mas deles mesmos, pela fraqueza mental diante da mídia, das telenovelas, das modas urbanas e dos maneirismos condicionantes […]. A consciência serena se dá com aqueles que já subjugaram a vontade inferior que jazia sepultada pelos desejos mundanos. Consciente e serenado é o ser que sabe que ultrapassou as provas dentro de si mesmo em favor do semelhante, anulando seu ego e deslocando do centro para a periferia de seu 'eu’ sua área de interesse pela vida em coletividade. […] 'Filho meu, não fique sentado no toco esperando ele brotar, faça você mesmo; plante a semente no solo e cuide dela até virar árvore frondosa.’ A decadência de uma sociedade começa quando o homem pergunta a si próprio: 'O que irá acontecer?’, em vez de inquirir: 'O que posso eu fazer?’. […] Acomodação, principalmente em remover as montanhas que jazem dentro de cada indivíduo, é se acovardar diante dos imperativos da vida, como descansadas vítimas diante das fraquezas da alma, que imobilizam o espírito em sua evolução. […] Tenha coragem, tire suas máscaras e se olhe no espelho que reflete seu verdadeiro ser. Enfrente, no mais recôndito de sua alma, suas disposições mórbidas e imorais, com o maior afinco de sua vontade soberana, e não se aflija com culpas descabidas, uma vez que o tempo é seu incansável aliado. Como sempre nos diz o infatigável amigo, caboclo Pery: 'A vitória da vida se dará você vencendo a si mesmo’. Se cair frente ao mundo interior que o afronta diariamente, é porque vergou diante de si mesmo.
Diário Mediúnico - Norberto Peixoto
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umpouquinhodetudomesmo · 8 years ago
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Por que você deveria ver a final da Champions League – Feminina
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Começou uma das semanas mais especiais para quem gosta de futebol. Já dá até para ouvir aquele sonzinho de fundo que arrepia toda vez que toca…THE CHAAAAAMPIONS….
Um jogaço nos espera no próximo sábado (03/06/2017), quando Juventus e Real Madrid entrarão em campo para disputar a chamada orelhuda, a taça mais cobiçada pelos clubes europeus. Mas espera! Antes disso, haverá um jogo tão especial quanto – e que você tem muitos motivos para fazer questão de ver.
Será na quinta-feira (01/06/2017), dia primeiro de junho, às 15h45 do horário brasileiro. O palco é o mesmo da final de sábado, o Cardiff City Stadium, no País de Gales. Mas quem entrará em campo dessa vez serão elas, as finalistas da Champions League feminina.
Olympique Lyonnais, conhecido como Lyon, e PSG farão um clássico francês nessa decisão que promete um jogaço. De um lado, Eugénie Le Sommer e Alex Morgan, do outro Cristiane e Formiga, e dentro das quatro linhas uma rivalidade que tem se acirrado nos últimos anos. Na final da Copa da França, as duas equipes se enfrentaram, e o Lyon levou a melhor nos pênaltis – agora, o time de Paris tentará dar o troco.
Veja por que você não pode perder esse espetáculo:
1) Um duelo cheio de rivalidade
O Lyon é cheio de tradição no futebol feminino francês e foi fundado em 1970 como um braço do masculino. Depois, em 2004, foi refundado como Olympique Lyonnais. Mas desde a década de 1990 que as mulheres do Lyon colecionam títulos na França – são 15 conquistas até agora, sendo as últimas 11 (ONZE) seguidas.
Já o PSG vive um cenário bem diferente e tenta quebrar a hegemonia das rivais Lyonnais. O time feminino do clube foi criado em 1991, mas ganhou força nos últimos anos, com a contratação de jogadoras de renome para fazer frente aos rivais franceses e europeus.
De títulos, o time de Paris tem apenas um da segunda divisão do Campeonato Francês e um da Copa da França, conquistado em 2009-10. No ano passado, já contando com a artilheira Cristiane na equipe, as parisienses enfrentaram o Lyon nas semifinais da Champions League e acabaram massacradas – 7 a 0 na ida, 1 a 0 na volta para as adversárias.
Nesta temporada, as duas equipes já se enfrentaram na final da Copa da França – um jogaço com direito a um golaço de Cristiane, mas o empate em 1 a 1 levou para os pênaltis e as Lyonnais levaram a melhor de novo.
Por tudo isso, o PSG já está com o Lyon engasgado na garganta e vai fazer de tudo para “desengasgar” nessa final. Já as Lyonnais querem manter a hegemonia e conquistar pela quarta vez – a segunda consecutiva – a tão almejada Champions League.
2) Jogo de craques
Isso é realmente o que não vai faltar no jogo de quinta-feira. A começar pela artilheiríssima Cristiane, uma atacante habilidosa e matadora que figura entre as três maiores goleadoras desta temporada na Champions e está em excelente fase. Na final da Copa da França, contra o mesmo Lyon que enfrentará na competição europeia, ela fez um golaço, mandando uma bomba de fora da área no ângulo, sem chance de defesa. Pode ter sido só o aquecimento para o que a brasileira vai fazer nesta decisão de Champions League.
No PSG desde 2015, o sonho de Cristiane é conseguir levantar a taça europeia para completar ainda mais seu currículo recheado de conquistas. Em grande fase por lá, ela contará ainda com a parceria de uma meio-campista muito habilidosa e experiente no futebol francês. Shirley Cruz Traña, que passou seis anos jogando exatamente no Lyon, o adversário da final, e se mudou para o PSG em 2012. Ela já ganhou duas vezes a Champions com as Lyonnais, mas agora quer repetir o feito com a equipe parisiense – e dar o troco às rivais pela eliminação do ano passado. Em oito jogos, ela fez três gols e deu três assistências – e é certamente um nome a ser observado em Cardiff.
Do outro lado, não poderíamos deixar de citar a estrela Alex Morgan, atacante americana que está no Lyon por empréstimo justamente para reforçar a equipe na Champions League. Ela chegou a se machucar durante o mata-mata (jogou apenas 4 jogos na competição), mas está de volta, pronta para ajudar as Lyonnais a conquistarem mais um título. Habilidosa para fazer gols e para servir suas companheiras, Morgan deverá ser elemento-chave para o Lyon nesse duelo.
Para jogar ao seu lado, outra craque, a “falso 9” do time, Eugénie Le Sommer. Foram oito jogos na Champions, seis gols e muita categoria da atacante do Lyon, que já coleciona títulos com a equipe onde joga desde 2010 – e promete vir sedenta para mais um em Cardiff. Se as Lyonnais querem a vitória, elas certamente precisarão muito de Le Sommer para isso.
Le Sommer é esperança de gols das Lyonnais
E para completar essa seleção de craques, vem aquela que merece um tópico apenas para si.
3) Formiga pode ser campeã aos 39 anos
Miraíldes Mota é um mito antológico do futebol. A jogadora que mais vezes vestiu a camisa da seleção brasileira (entre homens e mulheres), a meio-campista incansável que se multiplica dentro de campo, que serviu o Brasil por mais de 20 anos…Formiga estará com todo o seu fôlego e juventude, no auge dos seus 39 anos, disputando pela primeira vez uma final de Champions League.
Apenas esse motivo já bastaria para você não querer perder essa partida. Qualquer chance de ver Formiga em campo não pode ser desperdiçada. Ela assinou com o PSG no início desse ano e jogou os dois jogos da semi e um das quartas na Champions League – correndo como nunca, recompondo a marcação, apoiando o ataque, fazendo seu típico “tudo e mais um pouco” aos 39 anos de idade. Formiga merece nossa audiência e toda a nossa devoção nessa partida.
4) Pela luta delas
Acima de qualquer coisa, vamos acompanhar essa partida pela luta delas. Pelo respeito que o futebol feminino sempre mereceu e nunca teve; pelo suor daquelas que já enfrentaram todos os adversários – dentro e fora de campo, até mesmo na família – que apareceram pela frente para poderem fazer o que mais amam; pelo fim do preconceito e do machismo; pela união de todas nós – por elas.
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O futebol feminino não conta com a mesma estrutura, com a mesma visibilidade, com o mesmo interesse que o masculino, mas aos poucos essa realidade tem começado a mudar. E a Champions League é uma competição que conseguiu dar às mulheres a chance de sonhar com um auge no futebol. Uma competição levada a sério, que evoluiu muito nos últimos anos e que vem crescendo a cada temporada, batendo recordes de público – 40 mil pessoas foram ao estádio nos dois últimos jogos de semifinais -, gerando mais e mais interesse. É preciso aplaudir esse movimento – e, mais do que isso, é preciso vivê-lo, fazer parte dele.
Acompanhar essa partida é uma forma de mostrar ao mundo que elas não estão sozinhas. Que há, sim, público querendo ver o futebol feminino. E que elas são dignas da nossa torcida (e da nossa audiência), tanto quando Juventus e Real Madrid serão no sábado e quanto qualquer outra equipe masculina é.
5) HAVERÁ TRANSMISSÃO ONLINE – e live das ~dibradoras
Sim, é real! Será possível ver a final da Champions League ao vivo aqui no Brasil pela internet – com o sinal que a própria Uefa fornecerá na Uefa TV, em seu site. O jogo começa às 15h45 (horário de Brasília) e você poderá acompanhar tudo aqui: https://www.youtube.com/uefatv
E, tanto na hora do intervalo, quanto ao final da partida, você poderá acompanhar um bate-papo com as ~dibradoras e a convidada mais que especial Aline Pellegrino – ex-capitã da seleção brasileira e atual coordenadora de futebol feminino da FPF – pelo Facebook. Falaremos sobre a partida e sobre a evolução do futebol delas nos últimos anos. É só acompanhar no facebook.com/dibradoras
Fonte: http://dibradoras.com.br/por-que-voce-deveria-ver-a-final-da-champions-league-feminina/
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