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onemorechancesblog-blog · 6 years

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Historinha - Como me assumi para os meus pais

Primeiro de tudo: esta é a minha história, então tudo que está escrito aqui é baseado na minha experiência pessoal e que talvez possa te ajudar em algo. Como este texto também é o primeiro que eu escrevo aqui, pode haver alguns errinhos de português, mas vamos lá.

Acho que desde nós somos crianças, já meio que sabemos nossas preferências sexuais, mesmo que na nossa consciência não saibamos, mas o nosso subconsciente já sabe. Lembro de uma vez quando eu tinha uns seis anos de idade e meu irmão mais velho me mostrou uma revista Playboy e esperou minha reação para ver como eu me comportaria, mas na verdade eu não senti nada. Uma criança não tem a mesma bagagem de um adolescente que está com os hormônios à flor da pele louco para transar. Mas eu já sabia que no meu subconsciente que aquilo não me atraia. Acho que quando eu tinha uns dez anos passava na TV aquela “Banheira do Gugu” no Domingo Legal, onde as mulheres ficavam de biquíni e os caras de sunga, todos com aqueles corpos maravilhosos, mas foi a partir daí que comecei a perceber que os homens de sunga com aqueles abdômens perfeitos começavam a me atrair.

Depois disso eu continuei vivendo normal, porém com o passar dos anos e a puberdade chegando, a atração por homens foi crescendo e eu comecei a dizer a mim mesmo que eu não era gay e que isso era uma loucura. A sociedade faz isso com os LGBTs+ né, por vezes acontece de uma forma tão invisível que nós não percebemos, as influências na TV são somente héteros, seja em comerciais, novelas, filmes e etc, para quem tem família com influências religiosas isso se torna duas vezes mais difícil, como foi o meu caso.

Por volta dos 18 anos, eu dei meu primeiro beijo em um garoto que estava de olho em mim há um tempo. Eu sempre fui uma pessoa tímida desde o ensino médio e como todo o bullying que eu sofria na escola por ser gordo, com espinhas e meio afeminado a minha auto-estima ficava no limbo. Acabei levando esse comportamento quando entrei no mercado de trabalho e o fato de uma pessoa estar afim de mim, mesmo me achando horrível foi tão estranho, mas ao mesmo tempo tão bom.

Então, eu e esse garoto ficamos juntos algumas vezes e descobri que realmente sou gay, ele me ajudou muito a reconstruir minha auto estima e eu até comecei a me vestir melhor e cuidar mais da minha aparência, apesar de ainda ter meus conflitos internos. Neste mesmo tempo, meus pais que são evangélicos nunca sentaram comigo ou com a minha irmã para falar sobre sexo ou sexualidade, e como na época eu não entendia a importância disso, acabei não me importando. Pelo fato de serem evangélicos e sempre ouvir da boca da igreja que gays são endemoniados e que estão condenados ao inferno eu acabei me distanciando dos dois por puro medo. A partir daí comecei a esconder cada vez mais a minha vida deles e qualquer sinal que eu sou uma POC hahahah, whatever.

Como toda mãe desconfia, com a minha não foi diferente, a minha irmã sempre levava os namorados que ela arrumava pra conhecer os meus pais e eu não. Começou uma encheção de saco e indiretas à mim: “Quando é que você vai trazer uma menina aqui?” “Ah mas quando você casar com uma MULHER...” ai, isso me deixava pistola demais. Então, a gota d’água foi quando a minha mãe foi falar com a minha irmã sobre isso e a minha irmã que já sabia do babado acabou ficando sem resposta e depois me aconselhou a falar com eles sobre minha sexualidade.

Então aqui vão algumas dicas básicas do que eu pensei antes de me assumir:

1. Seja forte e esteja pleno para abordar o assunto da melhor forma possível;

2. Se eles forem muito ligados à religião, busque argumentos que sustentem porque possivelmente eles vão te confrontar;

3. Deixa tudo claro sobre o que você sente;

4. Chore, se necessário, mas jamais perca o controle;

5. Dê tempo à eles, assim como foi difícil para você, também pode ser para eles.

Obs: (Eu pesquisei muito bem na internet antes de falar com meus pais porque eu sabia que eles iriam me confrontar, então achei ajuda no Youtube também e também conversei com amigos!)

Link de um vídeos sobre isso:

https://www.youtube.com/watch?v=eZ_y518NUr4

Essas foram coisas genéricas, mas jamais se esqueça que você tem que estar bem consigo mesmo e acredite: depois que você sai do armário, um peso sai das suas costas de uma forma inexplicável, pois afinal de contas se trata da sua própria vida e ninguém vai vivê-la por você e esconder isso é muito difícil e doloroso. Se assumir para os pais não é fácil, mas depois que isso passar você vai ver que foi a melhor coisa que poderia ter feito, o resto do mundo que se exploda!

Portanto, independente do tipo de vida que você leve, seja você mesmo, eu sei que vivemos em país onde a sociedade está doente pelo ódio, mas juntos nós muito mais nessa luta e não estamos sozinhos pela busca de igualdade. Como diria Ru Paul: “If you can’t love yourself, How the hell you gonna love somebody else?”. Esta frase é icônica, amo.

Por enquanto é isso, acho que para um primeiro texto já é o suficiente.

See u <3

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