#esqueço ás vezes das partes bonitas daqui
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Q U A N D O B A T E A Q U E L A S A U D A D E
Jaehyun x Personagem Original
{enredo: Jaehyun retorna ao lugar onde foi criado e lá desenterra um balde de memórias; isso é ficção!; romace; Jaehyun é brasileiro/gaúcho; um pouco de angst; regionalismos; essa é uma história antiga que esteve em meu perfil no Spirit, que fiz para uma pessoa com quem hoje nem tenho mais contato. Não sei. Lembrei da existência e quis repostar. Escrevi essa numa época de muita saudade de casa. Gostaria de escrever bem como Veríssimo, mas esse foi o máximo que pude naquele momento, acho que vocês vão perceber as diferenças dessa pra minha escrita atual.}
Jaehyun ainda se sentia inexperiente em campo aberto, mesmo tendo passado mais de metade de sua vida em um. Cavalgar era um escape, e foi exultante a sensação de saber que o seu cavalo se lembrava dele. Não foi necessário mais do que alguns assobios para que o animal atendesse e deixasse ser montado.
O vislumbre dos pampas pela manhã era uma visão da qual jamais se cansaria, mesmo com os pensamentos enuviados como naquele dia. Com uma milonga nos fones de ouvido, saiu galopando pelo conhecido caminho da infância. Passou pelos verdejantes campos que terminavam com uma pastagem quase dourada, os pomares da família, um campo de gado, e rente ao fim, às parreiras carregadas com as uvas que produziam o melhor vinho da região. Memórias recorriam a mente do menino, de quando ainda era guri correndo por aquilo que parecia tão infinito quanto um mar. Relutava em admitir que sentia um vazio ao pensar no lar, de longe. Escolheu terminar o colégio e fazer uma faculdade no exterior, portanto, passou um bom tempo com a outra metade da sua família, mas nenhum lugar era ou seria como aquele que abrigava todas as fragrâncias, sabores e sentimentos dum pequenino Jaehyun.
Quando o cavalo já trotava próximo à vila mais perto da estância, Jaehyun teve um misto de confusão e nostalgia. Como estariam aquelas pessoas? Será que se lembravam dele? Será que se perguntavam como estava o menino Jung que corria com as mãos gordinhas cheias de uvas?
Ele parou à frente do único mercadinho da região, uma construção singela, por onde recordava passar muito tempo. Esperou que o dono o cumprimentasse com um aceno de cabeça, talvez um olhar surpreso. Porém, quem lhe atendeu foi uma moça. Enquanto ela lhe encarava com certo assombro, ele não pôde conter um sorriso largo que mostrou as duas covinhas cavadas no canto de suas bochechas.
– Bela? – Questionou.
A moça por sua vez, endireitou-se. Reconheceria aquela voz de barítono em qualquer lugar.
– Seu Jung? – Ela lhe devolveu a pergunta.
– Não me chame assim, parece quem nem nos conhecemos…
De fato… Se não fossem pelos olhos gigantes como duas bolitas, talvez Jaehyun não a reconhecesse, já que esta se encontrava tão diferente de quando costumavam brincar juntos. Bela agora era uma mulher; o que fazia Jaehyun diretamente inferir que ele também era um homem, e não mais o guri louco de assanhado de tempos atrás.
– Vieste comprar algo?
– Bem, sim, mas já que te vi aqui vamos conversar – ele respondeu.
– Pai eu vou dar uma volta, o Jaehyun está aqui – Ela virou, desamarrando o nó do avental. – Sim, o Jung, filho do dono da estância.
O pai de Bela deu um aceno tímido ao rapaz quando ela saiu da venda pela porta lateral.
– Este é o Garibaldi, o teu cavalo? – Ela perguntou assim que viu o animal parado ao lado dele.
– É sim, eu tinha medo que ele não me reconhecesse – Jaehyun acariciou as costas do bicho daquele jeito tosco, dando umas batidinhas. – E tu? Quanto tempo demorou para perceber quem eu era?
– Bom… Não tem muitos rapazes iguais a ti por aqui – Ela deu de ombros.
– Ainda sabe montar? – Ele indicou.
– Podemos descobrir.
Jaehyun subiu no cavalo novamente, em seguida ajudando Bela a sentar atrás de si.
– Com emoção ou sem emoção?
– Se me conhece bem, sabe a resposta.
Jaehyun impulsionou-se para frente, evocando um relinchar de Garibaldi. O cavalo saiu em desatino pelo mesmo caminho que o dono percorreu para chegar ali. Jaehyun respirou fundo assim que Bela enlaçou sua cintura com os braços; esperou aquele momento por muito. Queria encher-lhe de perguntas sobre como havia sido a vida ali por aquele tempo em que esteve fora, porque a dele com certeza fora um porre atrás do outro, e nenhuma festa se comparava a calmaria daquele lugar. Garibaldi parou perto das parreiras a comando de seu dono. Ele desceu do cavalo e ofereceu a mão para a moça que o acompanhava. Os dois caminharam por um pedaço sem falar nada, apenas admirando a plantação - e porque não - a companhia um do outro.
– Como ficou aqui? – Jaehyun sondou.
– O mesmo de sempre – Bela mais uma vez se esquivou, dando uma risadinha para evitar que ele pensasse que estava sendo grosseira. – Aqui é… calmo.
– Quer uma? – Ele lhe ofereceu uma uva recém arrancada do pé.
– Tu não perde os maus costumes. – Bela deu um chega pra lá em seu ombro, mas aceitou.
Jaehyun riu de canto.
– Lembra que a gente corria por tudo isso? Eu sinto saudade.
– Lá fora não é tão legal?
– É, é bem chato. Não tem cavalo. Nem tu.
– Que guri bacudo! Não sabe nem aproveitar. Aposto que tem um monte de coisas boas lá.
– Já disse que não é que nem aqui. – Ele chutou o chão irregular mesmo que a ponta da alpargata não fizesse nem cócegas no mato. Virou-se para Bela com um sorriso sapeca e empurrando-a com o ombro anunciou que a brincadeira de pegar estava com ela.
Eles dispararam entre os parreirais, rindo e gritando como duas crianças que outrora cresceram por ali. Jaehyun pegou Bela pela cintura, a erguendo e recebendo resmungos de protesto. A menor balançou os pés elevados numa birra que não foi atendida. Quando se cansou, Jaehyun a largou embaixo de uma das árvores do pomar, ambos ofegantes, as bochechas cheias coloridas igual maçãs. Ele foi o primeiro a sentar-se embaixo da sombra da copa, sendo seguido pela moça num movimento estabanado. Jaehyun recostou a cabeça na coxa dela, suspirando pesado.
– Canta – Sugeriu.
Bela limpou a garganta demorando meio segundo apenas para pensar em uma música.
– “É você que tem
Os olhos tão gigantes
A boca tão gostosa
Eu não vou aguentar.”
Jaehyun sorriu de canto, revelando apenas uma covinha. Os seus pensamentos viajaram longe, muito longe dali. Num lugar onde se encontrava pouco tempo atrás; uma espécie de inércia mental que sugava sua energia. Uma rotina de universidade, festas, bebidas, bocas estranhas, corpos estranhos, sentimentos nulos que preenchiam a falta que aquele cenário lhe fazia. Um cotidiano fútil que aprendera com seus colegas enquanto tomava notas sobre agrotóxicos e transgênicos, o olhar atravessando a janela ao se perguntar o que a turma de jornalismo estaria fazendo naquele instante.
– “Olha bem, mulher
Eu vou te ser sincero
Eu tô com uma vontade danada de te entregar todos beijos que eu não te dei
E eu tô com uma saudade apertada de ir dormir bem cansado
E de acordar do teu lado pra te dizer que eu te amo
Que eu te amo demais.”
E sim, os devaneios sobre ela. Mesmo que houvesse conhecido muitas pessoas diferentes e diversas de suas próprias maneiras, ele constantemente lembrava Bela. Quando caminhava pela rua da floricultura e via as rosas abertas. Quando alguém citava qualquer literatura numa conversa. Quando ouvia Rubel, e até quando seus professores soltavam um ‘todavia’ durante uma explicação. Jaehyun sentia saudade. Saudade, aquela palavra cuja existência se encontra unicamente no dicionário brasileiro. De todas as palavras que poderiam existir em sua língua mãe, saudade não existia em nenhum outro lugar.
– “Olha bem, mulher
Eu vou te ser sincero
Quero te ver de branco
Quero te ver no altar”
Jaehyun ergueu-se interrompendo a canção da moça.
– Eu não aguento – disse somente.
Ela esperou que ele completasse com alguma sentença a mais, que explicasse o que aquela frase solta queria dizer. Entretanto, Jaehyun encarou-a por um longo momento, sem piscar. Seus olhos esquadrinharam o semblante dela na busca de algum sentimento que se parecesse com o que se passava em seu interior.
– Eu te amo demais – Sorriu.
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