#el caso sancho
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Daniel Sancho tenía 29 años cuando asesinó y descuartizó a Edwin Arrieta de 45 años, no era un crío de 15 años al que tiene que venir su padre para justificar sus actos, pese a eso su padre dice que: hubo una pelea ante un intento de abuso sexual y unas amenazas por parte de la víctima, en esa discusión Edwin murió y Daniel, fruto del pánico, descuartizó y repartió por varias partes de la isla su cuerpo.
"Hubo una pelea, y en esa pelea hay un accidente"
Rodolfo Sancho llama varias veces a Edwin "ese tipo" o "el tipo", no hay arrepentimiento, solo frialdad. Para él hay dos víctimas y un fallecido, cualquier justificación es poca para poder esclarecer porque su hijo mató y descuartizo a Edwin Arrieta, independientemente de qué hechos se dieron, ya que solo tenemos la versión de Daniel Sancho y nos vemos obligados a creer su versión.
Daniel Sancho confesó mantener una relación sexual con Edwin Arrieta, paralelamente a su vida pública, donde llevaba años con su novia, y nadie conocía esa relación entre ambos hombres.
Después de conocerse por Instagram, intercambiaron, mensajes, fotos íntimas y estableciendo determinada relación para que Daniel tuviera una tarjeta de crédito propiedad de Edwin para gastar, así como un préstamo del mismo de 10.000 €, con la pretensión de emprender un negocio juntos vinculado a la hostelería en España.
Supuestamente, esta relación se volvió tóxica después de Sancho le dijera a Arrieta que no era homosexual y que tenía una relación estable con una chica llamada Paula, donde Edwin le amenazó con publicar esas fotos íntimas, así como, amenazar a las personas cercanas a Daniel Sancho.
Rodolfo Sancho se muestra frío, pero esperanzado con la libertad de su hijo. Quiere que le caiga una multa o la pena de un año y algo por el descuartizamiento de Arrieta, habla de situaciones que te hacen crecer como persona, que te ensalzan el carácter y justifica que su hijo, debido a su edad, es muy manipulable.
Lamenta la pérdida de Edwin Arrieta, pero no lo suficiente para responsabilizar a su hijo por sus actos, siempre justificando sus actos como quien ve a un niño romper un cenicero, diciendo que es torpe e ingenuo. Asumiendo que a su hijo no le hacía falta el dinero, pero que siempre se quiere un poco más de lo que se tiene.
#el caso sancho#daniel sancho#rodolfo sancho#episodio cero#tv series#documental#hbo max#Edwin Arrieta
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what a disrespectful cashgrab Rodolfo Sancho has made. Shame on him.
El Caso Sancho
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@JanoNano11 Viendo el tratamiento mediático del caso de Daniel Sancho, de como se blanquea a un as3 sino, hoy cobran más importancia esto de José Luis Sampedro sobre la mani pulación social de los medios de comunicación
Sonia Ferrer, Mercadona, Tailandia, Nacho Cano, Antonio Naranjo, lerda.
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DESAFIO DAS 1000 PALAVRAS!
Semana: 02/04.
Tema: Sentimentos - Ciúmes
Contador de Palavras: 1410
POV: Ulrich Jäger
TW: Álcool, Raiva, Violência, Ciúmes excessivos.
Ulrich já estava na quinta ou sexta taça de vinho a aquela altura da madrugada, ouvindo a música da maldita caixa de som de Sancho tocar as mesmas músicas que já tinha ouvido em outras festas exatamente como aquela, em um outro fim de ano frio e solitário, quando boa parte dos rostos naquela festa eram diferentes. Ulrich tomou outro gole com aquela constatação. Americanos são estranhos. Santiago sempre lhe assegurava que ação de graças era para família, e natal para bebedeira. Mas a realidade é que Ulrich não sabia se era coisa de ter uma família disfuncional, como a maioria ali tinha, que os fazia dar aquelas festas e evitar encarar duas vezes o amontoado de falhas que colecionam ao longo da vida, ou se realmente Santiago estava sendo honesto e era meramente uma questão de cultura. De todo modo, quase todo ano tinha festa de natal na mansão de um dos dois.
Um dia, Arif havia ido de seu acompanhante, e naquela noite em específico sua falta parecia latente, não só em seu peito, mas nos espaços vazios da festa, onde anteriormente seu ex-noivo a tornava as coisas um pouco mais animadas, os entretendo com longas histórias carregadas das mais belas mentiras, vez ou outra com uma música ou duas no piano e quase sempre com a presença agradável dos dois filhos. Agora o noivo estava morto, e o filho mais velho, se tudo corresse bem, certamente o acompanharia para cova em breve, sobrando apenas a mais nova que lhe parecia tão deslocada quanto o próprio Ulrich se sentia. Cruzou os olhos com os dela, movendo a boca silenciosamente “Conversamos mais tarde?” e recebendo um breve sim com a cabeça mas não mais que aquilo.
Sua nova noiva, Defne, por outro lado, não parecia nada deslocada, mesmo ainda estando as sombras de um homem que nunca tivera a chance de conhecer. Ulrich se pegou comparando ela a Arif durante toda a noite, e para além de suas semelhanças mais óbvias como o sotaque, os olhos e cabelos terem a mesma cor e o gosto absurdamente espalhafatoso de ambos, ela também havia se mostrado mais do que capaz de ser o centro da festa como ele. Havia contado uma dúzia de histórias com mais do que duas dúzias de mentiras, e feito Sancho rir. Ulrich precisou tomar mais um gole de seu vinho por aquilo.
Os dois estavam na mira de seu olho, conversando na ante sala em um sofá virado para uma das mais belas vistas que aquela mansão poderia proporcionar. As músicas seguiam tocando pelo ambiente, com ela próxima a ele de uma forma que não ficava perto de si a meses, parecendo que estavam em um mundo próprio, onde só eles dois poderiam entrar. Dali, parecia que os olhos de Sancho sob o decote do vestido vermelho que ela usava e uma das mãos dela segurava a taça, mas daquela posição não conseguia ver exatamente onde a outra estava posicionada, apenas que estava tampada pelas costas de seu velho amigo.
Arif e ele haviam tido uma briga feia no caminho da mansão da montanha, e por conta disso, Arif havia trocado poucas palavras consigo, e o evitado por uma boa parte daquela noite. Ulrich sabia que não dormiram no mesmo quarto aquela noite, talvez nem mesmo na mesma casa, entretanto, pior do que isso, ele havia ido sentar na mesa em frente a si e ao lado de Sancho. Ulrich sabia o que isso significava muito bem. Arif não havia sido tão discreto sobre o caso extraconjugal com o chefe dos dois, e Ulrich tentava se fazer de cego o suficiente para que aquilo não se tornasse uma questão entre os dragões, entretanto também não achava que seu noivo seria desrespeitoso o suficiente para faze-lo em sua frente. Mas Sancho estava quieto demais para seu gosto, e ele podia jurar que via o braço dele se mover suavemente debaixo da mesa.
“Eu acredito que a nova remessa deve chegar em breve ao porto.” Os lábios de Arif se moviam, mas os olhos de Ulrich seguiam sua mão
“Não acha que podemos ter problema com os Genovese?” Santiago olhava para ele com uma certa raiva, que queimava nos olhos dele, Sancho permanência quieto, com a taça de vinho na mão, tentando abafar os gemidos
“Não vão, eu botei um rato na casa de Emiliano, um rato que ele não vai pegar tão cedo.” A mão dele pareceu afundar, e naquele momento Ulrich não teve coragem de olhar a cara de Sancho, e nem de ouvir se ele tinha algo a dizer sobre aquele assunto, afinal a conversa continuaria
“Se vocês me dão licença” Se levantou rapidamente, atravessando as portas até uma das varandas para fumar.
Quando se pegou, Ulrich já estava indo na direção deles dois. Ele tá me traindo de novo. Os olhos queimaram sob a nuca de Sancho. Ela tá me traindo também. Eles tão me traindo de novo. Os passos se apressaram e quando se percebeu já estava jogando o líquido em sua taça sobre a cabeça de Defne. Foram questões de segundos até ela virar para ele, os olhos castanhos iguais aos de Arif arregalados por um instante, mas onde viria a raiva do ex noivo, veio dúvida e tristeza.
“O que está fazendo? Agora vai me humilhar também?” Ulrich tentou procurar com os olhos onde as mãos dela estavam posicionadas. Mas se antes estavam sobre Sancho, ela havia tirado rápido o suficiente para que ele não percebesse.
“É uma boa pergunta” Os olhos de Sancho encontraram os seus. “O que diabos está fazendo? Ela não fez nada.”
“Mas você está seu merda….eu sei o que ta fazendo! VOCÊ TA FAZENDO A MESMA COISA QUE DAQUELA VEZ!” Seu tom de voz começou a aumentar gradativamente e Ulrich tacou a taça conta o chão. O som do grito foi suficiente para que Santiago viesse correndo “EU NÃO VOU DEIXAR, VOCÊ TÁ ME ENTENDENDO?!”
Sentiu a mão de Santiago contra seu ombro, o segurando. “Eu acho que você bebeu demais, Ulrich” A força sobre o ombro dele cresceu mas Ulrich o empurrou de volta com toda força que podia, a ponto de Santiago cair sobre o chão.
“NÃO BEBI PORRA NENHUMA! ELES TÃO ME TRAINDO DE NOVO, SANTIAGO!” A voz saiu meio confusa enquanto as lágrimas de raiva. “ARIF E SANCHO TÃO ME TRAINDO DE NOVO”
Ouviu um longo suspiro de Sancho, que tocava no ombro de Defne. “Eu vou te chamar um carro, ta bem?”
“NÃO TOCA NELE, SEU DESGRAÇADO.” Ulrich tentou avançar para cima de Sancho com um soco, e em seguida deu outro e mais outro sem parar, os segundos que se seguiram foram completamente confusos, sentiu Defne tentando o empurrar para longe de Sancho, e depois um puxão da gola de trás de Santiago, que o segurou pelo pescoço
“Merda do caralho!” Santiago o xingou o puxando para longe dali, de Sancho e de Defne. “Se controla porra! Ele não tá mais aqui.”
Ulrich acendeu mais um cigarro. Um dos muitos que havia acendido desde o momento em que se retirou do jantar. Havia ficado na varanda caminhando de um lado para o outro perguntando se Arif realmente havia tocado Sancho. Talvez estivesse ficando louco. Ele já era louco. Era o que Renée sempre havia dito, e o que muitas vezes Arif havia confirmado. Que ele era um homem louco, que imaginava e via coisas. Mas Ulrich tinha mais que certeza que os dois estavam tendo um caso.
Tragou outra vez o cigarro em suas mãos, caminhando mais pra frente na varanda. Ela cobria a mansão quase toda, e certamente todas os quartos que tinham janela ao menos. E foi ali, que teve uma visão ainda mais pior que a anterior. Estava tudo escuro, mas, aquele cômodo era com certeza o escritório de Sancho. E duas figuras masculinas naquela escuridão pareciam se tocar com gosto. Ulrich sentiu o peito afundar e doer ainda mais, tanto que sentiu que podia explodir. Titubeou, jogou o cigarro para fora do encosto da varanda e começou a se aproximar calmamente, querendo ver melhor as figuras naquele quarto. Isso até sentir uma mão em seu ombro.
“Não faz isso” A voz de Santiago aconselhou, e Ulrich olhou para ele, lágrimas de raiva cobrindo o olho.
“Eu sei o que esses dois merdas estão fazendo”
“Mas não é por isso que precisa ver e se ferir ainda mais.” E Ulrich ouviu. Uma única vez ele ouviu.
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@asongofstarkandtargaryen Me watching casually an advertaising on the TV of a new soap opera (I will not watch it because it will be very long and an episode airing daily almost every afternoon) then reading the plot and finding that the main pairing and their relationship is basically a Character swap AU of Julio and Alicia from Gran Hotel, but instead of 1905 it's 1913.
F(x)
F(-×)
Synopsis: "1913. The whole world is on the brink of the abyss, but there are havens of peace isolated from conflicts. Like the La Promesa Palace, in the Los Pedroches valley, owned by the Marquises of Luján, one of the largest landowners in the country.
The day the Palace is preparing to celebrate the wedding of the heir, Tomás (Jordi Coll), is interrupted by the appearance of an airplane that attracts everyone's attention. It is piloted by Manuel (Arturo Sancho, aka young Bernat in the first episodes of Los Herederos de la tierra), Tomás' younger brother. Suddenly, the device loses altitude until it crashes. Manuel is about to be consumed by the flames; but someone manages to save him: Jana (Ana Garcés).
The Marquis offers her a financial reward, but she only wants to work in the Palace and has a clear motive: to do justice to her mother, murdered fifteen years ago, and to investigate the whereabouts of her brother, kidnapped when he was a newborn. And the only clue that she has is related to the Marquises of Luján. The time has come for revenge. There is only one element that she had not counted on: Manuel, son of the Marquises... and the last person she would expect to fall in love with. Can love quench the thirst for revenge? Could you forget those who sank your life? To your mother's murderers? To those who made your brother disappear?".
Cast: Ana Garcés, Eva Martín, Arturo Sancho, Joaquín Climent, María Castro, Jordi Coll, Antonio Velázquez, Andrea del Río, Manuel Regueiro, Carmen Asecas, Alicia Bercán, Paula Losada, Carmen Flores, Teresa Quintero, Antonio Velázquez, Sara Molina and Enrique Fortún.
Jana, just like Julio, starts working as a servant for the rich family to investigate the disappearance of a sibling, and she meets and falls in love with Manuel, like Julio and Alicia fell in love with each other, and probably Manuel will eventually help Jana to solve the murder of her mother and to find her brother, in a similar way to Julio and Alicia figuring out the disappearance of Julio's sister.
In some kind of sense also La Promesa is something like Downton Abbey and Gran Hotel had a child together in a soap opera format😂 (Also Gran Hotel and La Promesa both are from Bambú Producciones)
(The series or films in which Bambú Producciones has been involved are Guante Blanco, Hispania: La leyenda, Gran Reserva, Gran Hotel, Marco, Imperium, Gran Reserva: El origen, El club de los incomprendidos, Velvet, Seis Hermanas, En tierras salvajes, Bajo Sospecha, La embajada, Las chicas del cable, Tiempos de guerra, Velvet Colección, Traición, Fariña, 45 revoluciones, A pesar de todo, Instinto, Alta Mar, Malasaña 32, Refugiados (The Refugees), El verano que vivimos, Jaguar, Un año, una noche, Un asunto privado, Dos Vidas, Now & then, La Promesa, 13 exorcismos, Nacho and Nosotros podemos. And some documentaries like Fraga y Fidel, sin embargo, American greyhounds, Lo que la verdad esconde: el caso Asunta, El crimen de Alcàsser, 800 metros, Bajo escucha: el acusado)
youtube
(This channel where I found the trailer has also some interesanting videos talking about some aspects of the historical context of La Promesa)
#random comparisons#gran hotel#la promesa#julio olmedo#alicia alarcón#period dramas#julio × alicia#amaia salamanca#yon gonzález#ana garcés#arturo sancho#jana expósito#manuel de luján#bambú producciones
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Resulta que por culpa de “los guardias” -que le han quitado unas plantas de marihuana- de su casa no se ha podido ir de vacaciones a la playa el “rapaz”. Ha llamado a Tv Murcia para quejarse de semejante atropello; y le han hecho caso, además… «Cosas veredes, amigo Sancho” pic.twitter.com/uFM3EoGtmi
— Javi Rodrigo (@JaviRodrigo11) August 29, 2023
Si es que no se puede emprender en este país.
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[S24-R07] El caso Sancho (T1)
DOCUREALITY | Terminado el 11/10/2024
Flojísimo true crime sobre el caso Sancho a pesar de toda la chicha que tiene la historia (y nunca mejor dicho, por el despiece). Es básicamente un producto centrado en la entrevista al padre del cabrón, que solo accede a hablar a cambio del suculento cheque. Con todo el metraje que hay, no sorprende, escandaliza o engancha. Meh.
5/10
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𝘝𝘦𝘳𝘮𝘦𝘭𝘩𝘰 𝘰𝘶 𝘷𝘦𝘳𝘥𝘦?
Alejandro (m. Defender of mankind) Sánchez (m. Son Of Sancho) de la Rosa é um bruxo originário de Havana em Cuba. Nascido no dia 27/10/1628 (vinte e sete de outubro de mil seiscentos e vinte e oito) com seus mal vividos 299 (duzentos e noventa e nove) anos. As estrelas formam o Escorpião em seu zodíaco, talvez seja culpa desse signo ele ser tão obcecado com seus objetivos e perigosamente leal e fiel aos seus, mesmo que isso signifique a sua própria desgraça. Em uma doação de sangue voluntária para os doentes de sua casa natal feita pelo hospício onde estava hospedado, descobriu o seu tipo sanguíneo, AB +. Um fator que significaria muito se muitas pessoas não se importassem dele ser Homossexual. É odiável a quantidade de pessoas, pais, filhos que não querem ter o sangue de “alguém como ele” em suas veias. Isso o machucava, mas jamais admitiria em voz alta. Quando notou a real intenção dos falsos malditos médicos com aquela doação, percebeu o quão doente aquele lugar era.
Tomás era um homem comum que vivia uma vida arriscada. Acordava de manhã, tomava café da manhã com seu marido, saía para trabalhar no orfanato, ia para casa após o expediente e dormia com seu marido, Matías. Esconder quem realmente era para o mundo não era uma tarefa muito fácil, porém a segurança dele e do Matías sempre foram seus principais pensamentos toda vez que o sol o tirava da cama de casal. Eles viviam assim, Tomás e Matías, dois apaixonados que viviam em um mundo extremamente perigoso de se viver. Assim como mais um dia que não seria muito diferente dos outros, caso Tomás não tivesse escutado um choro inocente dentro de um beco ao lado do orfanato. Ele olhou para dentro e viu uma caixa. "Oh...!". Ali dentro havia um bebê, talvez menos que 3 meses de nascença, que apertava as mãozinhas para o alto na tentativa de agarrar algo. Tomás, mesmo trabalhando anos em um orfanato, jamais se acostumaria com essa cena que infelizmente era mais comum do que parecia, entretanto aquele dia não era como os outros. O rapaz olhou em direção ao orfanato e, então, para o bebê, ele não queria entregar aquela criança para o orfanato dessa vez. Pegou cuidadosamente o bebê no colo e fez de tudo e mais um pouco para acalmá-lo antes de fazer o mesmo caminho de sempre para a sua casa. Daquele dia em diante, tudo mudou para aqueles dois homens comuns que apenas queriam viver suas vidas.
Aquele bebê cresceu, vivendo uma vida tão confortável quanto os cobertores que amava se enrolar. Alejandro poderia não se parecer fisicamente com seus pais, porém, pelos mares, ele era exatamente igual ao Matías. Teimoso e genuíno, tinha uma curiosidade sem igual, sempre perguntando ao papa Tomás que tipo de flor era aquela, porquê árvores eram tão grandes e de onde vinha as cegonhas, 𝘯𝘢̃𝘰 𝘰𝘴 𝘣𝘦𝘣𝘦̂𝘴. A criança apenas tinha seus pais como família, quero dizer, eles e um cachorro de rua que ele adorava alimentar até que um dia aquele animalzinho nunca mais apareceu. Oh, ele chorou, chorou e ficou deprimido por semanas, até seus pais adotarem um filhote para ele cuidar. Sr. Cornélios era a prova viva que Tomás e Matías fizeram um ótimo trabalho, mesmo com os barrancos e obstáculos que ambos tiveram no caminho para criarem aquela benção mais importante de suas vidas, era o melhor presente que eles poderiam pedir. Em mais um dia, Alejandro completava 19 anos de idade. A festa pequena que Tomás e Matías deram para Alejandro foi igual as outras: mesma felicidade, sempre um jeito de inovar na decoração e um jeito de não deixar seu filho tão solitário nesse universo tão vasto e sozinho. No final da festa, após beijinhos na testa e boas noites, Alejandro dormiu feliz e satisfeito, Cornélios cochilando ao seu lado. Algo que todo pai deveria saber sobre seu filho é que em algum momento ele vai guardar segredos de você, não importa o tamanho ou o peso deles, algum dia isso vai acontecer, inevitavelmente. Não foi diferente com Tomás e Matías. Alejandro estava frequentemente tendo o mesmo pesadelo, onde ele escutava gritos, o mar sufocava seus pulmões e ele não conseguia sair daquele lugar escuro. Era pra ser mais um dia comum, com os mesmos pesadelos e as mesmas roupas suadas quando acordava, mas aquele não era um dia comum. "Alejandro! Alejandro, acorda, filho!".
𝘼𝙡𝙚𝙟𝙖𝙣𝙙𝙧𝙤 𝙞𝙣𝙪𝙣𝙙𝙤𝙪 𝙖𝙦𝙪𝙚𝙡𝙖 𝙘𝙖𝙨𝙖. Os vizinhos saíam de suas casas, os policiais tentavam procurar a causa do problema, porém jamais encontrariam quando o problema estava abraçado ao seu papa Matías que dizia que tudo ficaria bem, mesmo que o mais velho não acreditasse muito bem na sua própria mentira. Eles estavam pronto para mentir mais uma vez, só mais uma vez e sairiam dali, entretanto os gritos dos vizinhos não deixavam. "Papa? Papa! LARGUEM OS MEUS PAIS!". Naquele mesmo dia, Alejandro era segurado enquanto arrastavam seus próprios pais para longe, esse era o preço que homens como eles pagavam pela sua verdade nua e crua, não era para as crianças descobrirem daquele jeito. O garoto queria correr atrás daquele carro, só que os braços fortes não deixavam ele sair, era apertado e forte demais. A sua raiva crescia, odiava se sentir um inútil, um imprestável. Em um último impulso, se soltou dos guardas e correu o mais rápido que podia. O pobre desgraçado não sabia que tudo era culpa dele, tudo havia sido destruído por sua causa, sua casa foi inundada, seus pais foram retirados de sí a força, Sr. Cornélios estava perdido e o garoto estava encolhido em um beco escuro orando para sabe lá quem implorando para que não o encontrassem. Ele não tinha muita fé dentro de sí. "Pobre criança". Alejandro se assustou com uma figura feminina logo a sua frente, ele não conseguia enxerga-la direito pela escuridão e pelas lágrimas travadas em seus olhos. "S-sua voz... M-malvina, é você?", "Quanto tempo, Ale. Deve estar querendo explicações sobre seu pesadelo, eu suponho.", "Meu...? V-você... é uma bruxa?". A mulher riu divertida, se agachando para ficar próximo do garoto. "Oras, você também é um, 𝙔𝙫𝙚𝙨".
Ele não sabia como a sua vida mudou tão repentinamente de uma noite para a outra. Já fazia tanto tempo que ele havia sido puxado para longe de sua casa, ele apenas vivia um dia atrás do outro, assim como seus pais ensinaram. "É 𝗬𝘃𝗲𝘀 𝗟𝗮𝘂𝗿𝗲𝗻𝘁, não Yves 𝗟𝗮𝘂𝗿𝗿𝗲𝗻𝗰𝗲." Repetiu mais uma vez para a anciã daquele pequeno coven escondido na floresta, perto dos mares tranquilos e árvores grandes. A mulher que conheceu a quase um século e meio atrás desapareceu da sua vida no momento que o enfiou em um coven nomeado Memento Caelis. Morou lá por alguns meses, passava a maior parte do seu tempo calado e apenas escutava, não era exatamente um pesadelo, mas se sentia fora de lugar. Era como apenas suportassem ele e esse sentimento era agonizante. Quando, um dia, foi convidado gentilmente e dolorosamente a se retirar. Ficou perdido na floresta vasta por três dias, tentando sobreviver da melhor maneira que sabia. — ele não sabia de nada. Ele dormia na terra após uma noite chuvosa quando uma senhora o cutucou com sua muleta, o assustando. Ela o abrigou em seu coven desconhecido e deixou com que os bruxos e bruxas daquela casa contassem e o treinassem o que fosse necessário. O pequeno garoto vivia com o peso de saber que a única família que tinha, seus pais e Sr. Cornélios, morreram e ele não estava lá. Era um adeus que ele nunca pôde dar. Não entenda mal, aquele coven o abrigou desde que ele havia feito 20 anos, agora ele tinha 𝟮𝟴𝟳 anos, isso era muito o que agradecer. Porém, ultimamente, ele sentia que algo de errado estava para acontecer e a única pessoa que poderia o orientar era aquela senhorinha que sabia mais do que os livros de uma biblioteca. "A sua divinação está tendo uma melhora, Yves 𝗟𝗮𝘂𝗿𝗲𝗻𝘁, todavia não vejo relação com seus relatos. O seu instinto está te avisando de algo ou talvez não, só poderemos saber quando acontecer, caso acontecer." Yves suspirou e saiu, era sempre assim. O garoto passava os seus dias treinando, lendo, e, então, adormecia ao lado do namorado secreto, o perfeito e exemplar 𝗢𝘀𝗰𝗮𝗿 𝗪𝗶𝗹𝗱𝘀, um prodígio que nasceu e cresceu naquele coven, sendo treinado para ser um sucessor perfeito para a liderança. Eram dias comuns, uma vida comum com dias comuns. Porém, dia após dia, aquela mesma sensação crescia em seu peito e ele não entendia o que exatamente estava errado ou o que daria errado, até o dia que tudo foi a baixo de uma vez só. Alejandro havia recém completado 288 anos, uma festa que ele não quis comemorar, mas Oscar insistiu que pelo menos fizessem uma pequena comemoração por mais um ano de vida. 𝗘𝘀𝘀𝗲 𝘀𝗲𝗿𝗶𝗮 𝗼 𝗺𝗮𝗶𝗼𝗿 𝗲𝗿𝗿𝗼 𝗱𝗮 𝘀𝘂𝗮 𝘃𝗶𝗱𝗮. Ele estava paralisado, sentia como se um trem havia o derrubado e o destruído por inteiro.
Acorrentado ao chão, os olhos traídos olhava para todos os lados, nada nesse universo o prepararia para essa situação. Um dos motivos de roubar Oscar pela madrugada era pelo alto teor de preconceito daquele coven, por mais amáveis e receptivos que fossem, até mesmo a caverna com cobras pode ser confortável se elas não se mostrarem a você. Um dia você dormia tranquilo dentro da caverna, no outro o amor de sua vida mente sobre todo o seu relacionamento. "Essa é a verdade, mamãe, eu não quis... ele me forçou". Falso, mentiroso, manipulador, cretino! Yves o xingava mentalmente. Todos os gritos, cuspes, ofensas enojadas jogadas em sua direção machucava mais do que espadas enfincadas em sua costela, era doloroso demais. O peso das correntes manchavam seu corpo, ele mantinha os olhos abertos com medo de seus sentidos aguçarem quando o escuro atingisse sua visão. Quando, repentinamente, no fundo de sua mente, ele ouviu o som dos oceanos e o cheiro da areia da praia enchia suas narinas. "Mas... mas o que?". A água tocou o pé de um deles, e de mais um, mais dois, mais três, até começar a transbordar. O mar sentia Alejandro. Sua raiva enchia aquele lugar, parecia culpa de suas lágrimas. As fortes correntes do oceano atingia e derrubava os desgraçados pecadores um por um, os afundando. Seus gritos agoniados implorando por misericórdia para qualquer Deus ou Deusa divina que os estejam escutando, eles não sabiam que entidades divinas nunca escutavam os pecadores. O mar não tinha pena de nada e nem de ninguém, as árvores não sustentavam a força daquela invasão, tudo era destruído, Alejandro sentia-se sufocado até o... nada. "Capitã, achamos ele!".
A vida de Alejandro se resumia a sessões de terapia, comidas ruins, xingamentos e machucados, eram assim os últimos dias de vida dos meus pais? Pensava Alejandro. Passou ano após ano sendo um excomungado nas mãos daqueles supostos 'doutores', era estressante o quão repugnantes eles eram. Alguns deles até o zombavam o chamando de Yves, aquele desconhecido nome que lhe foi dado por aquela bruxa traídora e desaparecida, porém com uma voz marcante e uma presença aconchegante. Seu nome era Alejandro Sanchez de La rosa, seus pais o deram esse nome e era por esse nome que ele sempre será chamado.
Poderia ser patético o pequeno bruxo tentar fugir daquele hospício, o problema era que ele não se importava nem um pouco com isso. Ele definitivamente era outra pessoa, cada resquício daquela sua personalidade bondosa e gentil que lhe foi construída de pouco em pouco por Tomás e Matías foi cabalmente deturpada, uma persona recém nascia da dor e das mortes, mascarando a pequena flor de Lotus dentro de Alejandro. Ele havia conhecido outros 'pacientes' dentro daquele lugar, experienciando as mesmas torturas, os mesmos xingamentos, as mesmas terapias, Alejandro deveria sentir empatia, de fato, todavia ele apenas estava ciente da própria dor e faria de tudo para sair dali o quanto antes melhor.
Aquele Alejandro via o mundo em preto e branco, um grande xadrez onde a melhor forma de viver era descobrindo novas estratégias e construindo a si próprio para o pior que poderia vir. Racional demais, pensante demais, curioso demais, sempre se enfiando onde não deve para descobrir o que precisa e extrair informações que ele pudesse usar, pessoas sempre iriam deixar seus segredos vazarem quando ninguém está escutando, afinal. Depois de alguns anos naquele mórbido lar, ele adquiriu conhecimentos sujos e até mesmo passou a brincar com os 'terapeutas' e 'doutores', fingindo estar nas palmas de suas mãos apenas pela diversão e assistir de perto o que eles fariam. "Monstros" Alejandro pensava. Odiava todos, porém tinha que manter sua força de vontade em cheque e sua raiva no controle, não poderia deixa-los saber sobre seu pequeno treino diário. Por mais desgraçado que aquele coven morto era, eles os ensinaram tudo o que ele deveria e precisava saber, principalmente a anciã. Naquela época, ele era como todos os outros treinados: aprendendo nas mesmas aulas, seguindo a mesma reta, alguns mais fortes que os outros, isso era comum de um coven. Alejandro, igual a alguns corajosos e bravos, queria ser único, qualquer coisinha para ele chamar de 'seu', queria mais do que algo comum. Após aquele fenômeno (ou tragédia, depende do ponto de vista) no seu antigo coven, ele sentia no fundo de seu âmago uma gloriosa conexão com os mares. Não sabia explicar exatamente o porquê e isso o destruía por inteiro por querer saber, por querer sanar sua curiosidade, porém com o tempo ele decidiu deixar isso de lado e ver o quão longe ele poderia ir com esses poderes.
Dia após dia ele treinava e focava em seu dom de hidrocinese, no escuro da noite, fugindo da sombra da lua. Todo bruxo nasce com poderes, entretanto nem todos sabiam viver sem eles, quem são bruxos sem poderes? Questionava-se Alejandro, até o momento que parou e refletiu mais sobre si mesmo. Ele definitivamente era estratégico e pé no chão, nunca extrapolando seus próprios limites e sempre observando à sua volta. Adquiriu habilidades internas de persuasão e argumentação, buscando por informação o máximo que podia apenas para poder ficar no topo, apenas para se sentir no controle. Gostava de saber porque quando ele sabia, ele fazia tudo o que queria, como sair da área sem ninguém saber, treinar e voltar sem que ninguém o visse. No momento que ele descobriu que ele poderia fugir dali, não teve cerimônias em construír do início uma ideia, um plano para sair dali e ser um homem parcialmente livre, pensaria em como fugir das patrulhas de procura depois.
Mais um dia comum se passou, trazendo consigo uma noite arriscada. Alejandro passou o seu último dia fazendo o que sabia fazer de melhor, fingir. Mentiu e fizeram eles acreditarem naquelas mentiras, aguardando ansiosamente pela sua saída. 11 anos, foram 11 anos aguentando as torturas, os xingamentos, as terapias, tudo isso em nome de preconceitosm e vários vazios, nada realmente concreto. Por mais que seu exterior duro e agressivo não o deixe demonstrar, seu coração doía por não ter ninguém para se despedir ou levar consigo, ninguém para sentir sua falta, estava sozinho e ele estava começando a se acostumar com isso. Ele fugiu, foi embora sem nem ao menos olhar para trás. A lua brilhava a sua trilha para um caminho desconhecido, o rapaz corria velozmente a cada grito o mandando "parar". Alejandro olhava para os lados e só via árvores, escuridão e mais nada, porém, não parou nem por um instante sabendo que chegaria em algum lugar à qualquer momento. Ele sempre soube no fundo de seu espírito que nunca deveria parar quando queria algo, quando almejava algo ele iria até o final, não importa o tempo que demore. Em todos esses anos construíu a si mesmo como um alguém completo, entretanto quebrado. O chamariam de hipócrita e contraditório caso não o conhecesse direito, ele só era complexo e um livro fechado, não seria qualquer um a saber dos seus mais profundos segredos e medos, ele só não confiava em qualquer um. Alejandro correu até chegar em algum lugar, perto de um rio, despistando todos os guardas que o seguiam. Olhou para os céus e respirou fundo, sorrindo aliviado. "Liberdade... finalmente liberdade". Sussurrou emocionado, olhando para o reflexo da lua sob o rio. Pensou por alguns segundos e retirou-se de suas roupas, deixando seu corpo nu sentir o vento gelado, o calafrio, a boa sensação de liberdade. Colocou os pés na água, se arrepiando pela troca de temperatura repentina, segundo após segundo até ficar apenas com a cabeça para fora. Ah, a água, o principal motivo de toda sua existência.
A água fria acalmava seus batimentos e diminuam seu calor, o mantendo em um estado profundo de paz e tranquilidade. Lembrava-se de quando seu papa, Matías, o contava sobre seus dias flutuando nas águas dentro de um barco. Matías contava o quão maravilhoso era e Alejandro sonhava lúcido vivendo essas aventuras, a liberdade no meio do mar, é perfeito. Com as pequenas ondas que faziam o corpo leve se movimentar, Alejandro discutia em sua cabeça sobre si mesmo, o que ele faria e quem ele era agora que era um homem livre? Ele não sabia responder.
Como um oceano, Alejandro era belo e majestoso, sua feição sempre tranquila e deverás relaxada. Costumava dizer que nem tudo estava perdido enquanto ainda estivesse vivo, poderia dificilmente reverter uma situação se sentisse vontade, ele sempre tentaria o que podia e o que estava ao alcance de suas mãos. Todavia, como um oceano, eventualmente ele se tornaria uma tragédia descontrolada sem saber para onde ir, apenas deixando suas emoções o guiarem para algum lugar; uma hora ele iria piscar, acordar e ver o estrago que ele mesmo fez, era imprevisível, porém ciente. Encarava situações difíceis com ferocidade, adorava desafios e se sentir ameaçado, era como um alerta dentro de sua cabeça para permitir que sua melhor versão participe desse gigante rio, onde ele se afundava com orgulho e sem medos.
As águas curavam lentamente e cuidadosamente suas feridas internas, entretanto a luz da lua ainda deixava transparecer seu subconsciente, a sua verdade. Não era um garoto perfeito, cometia mais erros do que gostaria de admitir. Já foi cuspido na sua cara o quanto ele poderia ser arrogante e egocêntrico, tinha uma dificuldade imersiva em escutar planos ou opiniões alheias no momento em que ele concretiza estar certo do que quer ou não quer fazer. Sentia uma imensa necessidade de estar certo, era um rapaz orgulhoso demais e difícil de admitir que estava errado.
Ele era uma mente brilhante e inteligente, porém com um medo crescente em seu peito de se envolver demais e acabar sentindo a angústia da perda novamente era amedrontador, especialmente na situação atual que se encontrava; ele era um garoto procurado. E se tirassem de si quem amava novamente? E se fosse traído novamente? Mas, e se valesse a pena? Não são sentimentos que o tornam humano? Ele estava preso em um dilema cheio, quase um paradoxo. Ele não sabia o que fazer, apenas imaginava lucidamente o que ele poderia ser ou o que ele poderia fazer caso fosse posto a prova. Socialmente falando, ele era um desastre, talvez seja por isso que não tinha amigos naquele hospício. Seus pensamentos apenas pensavam em como fugir daquele lugar e isso era frustrante até para ele. Odiava pensar demais no atual e esquecer o futuro, 𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘧𝘢𝘳𝘪𝘢 𝘥𝘦𝘱𝘰𝘪𝘴 ��𝘦 𝘧𝘶𝘨𝘪𝘳? Ele não sabia responder. Estava flutuando naquele rio sem um rumo na sua vida, apenas encarando a lua reluzente lá no céu, não tinha ideias para o que fazer depois.
𝘏𝘮? Alejandro abriu os olhos ao escutar barulho de armas logo atrás de si, suspirando tranquilamente enquanto escutava seus gritos repugnantes. 𝘝𝘰𝘤𝘦̂𝘴 𝘮𝘦 𝘢𝘤𝘩𝘢𝘳𝘢𝘮... 𝘢𝘱𝘦𝘯𝘢𝘴 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘮𝘰𝘳𝘳𝘦𝘳? Era uma luta injusta, Alejandro pensou e repensou demais o que faria naquele momento, analisando todas as possibilidades antes de qualquer movimento brusco. Ele poderia ser impulsivo e cabeça dura, deixe-o respirar e ele lhe entregará uma perfeita execução. Com um pequeno gesto de seus dedos, o mar se expandia até chegar nos pés dos patrulheiros do hospício, tomando conta de seu corpo a cada segundo. Eles tentavam correr, gritavam e atiravam em suas próprias pernas tentando impedir o inevitável. O barulho alto se tornou um silêncio imersivo, suas bocas eram silenciadas pela água, seus corpos presos e acorrentados caíram no chão, sendo arrastados para o fundo do mar. Foram 1... 2... 3... 4... 5... todos eles foram afogados em um lugar que ninguém os acharia ou sentiriam falta, assim como Alejandro, cujo saiu da posição que estava e ficou-se de pé e chorou. O que ele era ou o que ele havia se tornado era confuso, ele estava confuso, e não fazia a menor ideia se iria conseguir se achar.
Sua orelha se mexeu involuntariamente, escutando um som estranho logo atrás de si. Se virou e viu um homem, o observando de cima a baixo, as peças de sua cabeça se conectavam rapidamente e ele poderia jurar que estava com dor de cabeça. 𝘌𝘴𝘴𝘢... 𝘦𝘯𝘦𝘳𝘨𝘪𝘢. 𝘝𝘰𝘤𝘦̂... Se virou completamente para o rapaz, o corpo nu era tapado pelo transparente da água, um sorriso pequeno surgia em seu rosto. 𝘚𝘦𝘶 𝘯𝘰𝘮𝘦 𝘦́ 𝘈̂𝘯𝘨𝘦𝘭𝘰, 𝘦𝘶 𝘱𝘳𝘦𝘴𝘶𝘮𝘰... 𝘧𝘪𝘯𝘢𝘭𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘭𝘩𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘩𝘦𝘤𝘪. Ele deveria confiar nesse homem? Talvez não, mas ele não tinha escolha e muito menos um rumo. Não sabia de nada do que aconteceria e isso era perturbador. Estava com medo, sim, entretanto preferia sorrir e ignorar o batimento rápido em seu peito. Talvez, só talvez, não estivesse tão perdido assim.
"𝙍𝙚𝙡𝙖𝙘̧𝙤̃𝙚𝙨 𝙨𝙖̃𝙤 𝙩𝙪𝙙𝙤 𝙖𝙦𝙪𝙞𝙡𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙣𝙤𝙨 𝙢𝙤𝙡𝙙𝙖, 𝙧𝙚𝙥𝙧𝙚𝙨𝙚𝙣𝙩𝙖 𝙚 𝙙𝙚𝙢𝙤𝙣𝙨𝙩𝙧𝙖. 𝙎𝙚𝙢 𝙚𝙡𝙖𝙨, 𝙨𝙤́ 𝙚𝙭𝙞𝙨𝙩𝙚 𝙖 𝙨𝙤𝙡𝙞𝙙𝙖̃𝙤."
Alejandro 𝗼𝗱𝗶𝗮𝘃𝗮 Ângelo. Odiava sua tranquilidade incomum, odiava não saber o que pensava, odiava não conseguir lê-lo, estava seriamente pensando em fugir com o rabo entre as pernas. Todavia, o bruxo mais novo sabia reconhecer um bom oponente e isso era intrigante, desde que o conheceu naquele rio ele tentava a todo custo observar cada detalhe, cada falha, cada espontaneidade, mas nada, ele não achava nada e isso era desesperador.
Gostava de conversar com o mais velho de igual para igual, usando as habilidades que aprenderá no hospício, mas nada ele conseguia. Apenas bufava ao notar o riso debochado do Valdenebro, se sentia uma pequena criança perto de um ancião. Algumas vezes, gostava de desafia-lo para uma discussão argumentativa, gostando de dividir ideias e pensamentos com alguém que o entendia de alguma maneira meio torta, era o suficiente para o pequeno bruxo, exceto quando ele perdia. Era raro às vezes em que ele vencia em alguma argumentação. Nas vezes em que caía na lábia desgraçada e precisa do mais velho, montava em sua cabeça um cenário onde ele vencia da forma mais majestosa impossível. Era como uma luz no céu, um farol no escuro o jeito que Alejandro sorria quando Ângelo se dava por vencido, pulando e se tornando sua pior versão onde faria questão de todo mundo saber que havia ganhado do tão poderoso Ângelo Valdenebro, igual uma pequena criança.
Com o tempo, passou a confiar naquele homem, no momento em que ele fez o bruxo mais novo se sentir especial o suficiente quando quis o colocar em seus planos. Demonstrava para Ângelo o que sabia fazer com a água, expressando sua criatividade e paixão por aquilo que fazia tão bem. Entretanto, o mais velho notou algo, era apenas isso que ele sabia fazer enquanto bruxo. Alejandro já admitiu uma vez ou duas vezes, ele se perdeu nos ensinamentos da anciã daquele coven esquecido e se focou completamente na dominação das águas, de um jeito até mesmo preocupante para o mundo onde eles viviam. De pouco em pouco, Alejandro aprendia cada vez mais com Ângelo, permitindo aquela pequena flor de Lotus floresecer e, pela primeira vez em anos, não sentia tanto medo.
Agora, em meio a tormentos, Alejandro se sentia grato a Ângelo, o acompanhando em suas aventuras e tentando achar o seu lugar naquela imensidão de vidas e mortes. Sempre se perguntava se aquilo tudo valia a pena, porém ele confiava em Ângelo o suficiente para acreditar em suas palavras.
"— Estás vivo, não é o bastante? — Questionou Alejandro, observando as costas do homem logo a sua frente. — Enquanto tiver vida, ainda tem chances.
— Quem lhe contou esse conto de fadas, Sanchez?
— Foi você, Ângelo, você me ensinou isso."
Existia uma imagem na imaginação de Alejandro em questão à Malvina, quando sem querer viu Ângelo chorando por ela. Sentou-se por perto e escutou o bruxo mais velho falar, apenas escutando e absorvendo. Ele definitivamente sabia que não se daria tão bem com ela como era no passado, odiava pessoas animadas demais e extrovertidas demais, eram elas que o deixavam nervoso até a alma. Porém, questionava-se seriamente como ela havia desmontado e feito o bruxo ranzinza e isso já era o suficiente para querer reencontrá-la momentaneamente.
O rapaz está vivo tempo o suficiente para conhecer como aquele mundo funciona e como ele reage a pessoas que não são homens... héteros. Presenciou isso até mesmo naquele coven morto e jamais seria acostumado a esses tipos de atitudes. Nesse quesito, Malvina e Alejandro eram um. Eles, juntos, defenderiam a honra e nome dos injustiçados, uma vontade ardente de remontar um mundo melhor. Por mais que não fosse admitir nem tão facilmente e muito menos em voz alta, via o carisma e a liderança naquela mulher. Era um cabeça dura e possivelmente não escutaria suas palavras, ele era absurdamente chato nesse quesito, porém ela o faria pensar. Veria nela algo que não via há muito tempo: 𝗵𝘂𝗺𝗮𝗻𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲.
Entretanto, dificilmente se submeteria aos seus caprichos. Era um casca grossa, não seguiria aqueles sem sua confiança e respeito cegamente, não foi feito para ser um mero súdito ou mais um para morrer em batalha. Não a reconhecia, não a entendia, apenas a encarava atentamente, estudando, aprendendo. Já havia visto pessoas parecidas com ela no hospício, não seria uma situação impossível para ele lidar, o total oposto de 𝘈̂𝘯𝘨𝘦𝘭𝘰 𝘦𝘯𝘵𝘦𝘯𝘥𝘪𝘢𝘯𝘵𝘦 𝘝𝘢𝘭𝘥𝘦𝘯𝘦𝘣𝘳𝘰. Por mais que desconfiado e incomodado, admirava o jeito dela perante Ângelo e isso bastava para si.
Quando a visse, lembraria de imediato o tom de voz e os trejeitos, 𝘦𝘳𝘢 𝘦𝘭𝘢. Aquela que o nomeu por um nome desconhecido, que o largou em um coven que o desprezava e, mesmo assim, era sua melhor amiga de infância; uma irmã que não reconhecia. Sentiria um misto de raiva e alívio por reencontrar uma alma que o viu no começo de sua história, ficaria preso em um dilema de mata-la ou abraça-la. O gostinho de rancor em sua boca por ter sido largado naquele maldito coven que o largou na floresta, a intensa curiosidade de saber como ele havia sido achado, a incessante vontade de saber mais o levaria a conhece-la cada vez mais, vendo nela uma oportunidade de largar seu passado e abraçar seu futuro.
"— Espera... Malvina?! — Alejandro coçou os olhos, podia jurar que estava sonhando.
— Oh, oh! Ale! — Ela correu para abraçá-lo, porém o garoto se encontrava petrificado no lugar.
— Você some por mais de um século, me larga em um lugar desconhecido, me nomeia por um nome estranho e o seu primeiro movimento é me abraçar? QUAL O SEU PROBLEMA?!-"
𝗗𝗶𝘀𝘁𝗮̂𝗻𝗰𝗶𝗮 nunca foi o suficiente para Alejandro, a mera menção de seu nome fazia o bruxo mais novo se arrepiar e um fervor borbulhar em seu interior. Não pensaria, não relutaria, o mataria. Seus pais, por anos, escondeu Alejandro do mundo e os únicos lugares que ele ia era o orfanato, hospital, casa e, se tivesse sorte, parques no meio da noite. Nikolas era uma criatura desconhecida para o mais novo, o problema era que nenhum monstro se esconde no escuro por muito tempo.
Escutava de Pangolim a história do infeliz e instantaneamente entendia de onde vinha tantos problemas desnecessários. "𝘜𝘮 𝘩𝘰𝘮𝘦𝘮 𝘥𝘦𝘴𝘴𝘢 𝘱𝘢𝘵𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘯𝘶𝘯𝘤𝘢 𝘥𝘦𝘷𝘦𝘳𝘪𝘢 𝘴𝘦𝘳 𝘶𝘮 𝘭𝘪́𝘥𝘦𝘳, 𝘦𝘭𝘦 𝘯𝘢𝘴𝘤𝘦𝘶 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘷𝘪𝘷𝘦𝘳 𝘦𝘮 𝘮𝘢𝘭𝘥𝘪𝘤̧𝘰̃𝘦𝘴 𝘦 𝘯𝘢̃𝘰 𝘦𝘮 𝘣𝘦̂𝘯𝘤̧𝘢̃𝘰𝘴 𝘧𝘢𝘭𝘴𝘢𝘴" Alejandro pensava, questionando a ignorância ou o medo do povo perante Laikos, ele não tinha medo daquele homem.
Jamais olharia para baixo diante daquele homem, mesmo com nojo e desprezo, olharia nos olhos dele sem tremer um músculo no corpo. O chamariam de louco e sem noção, porém Nikolas Laikos era nada para ele, lidou com pessoas da laia dele por anos de sua vida e estava cansado de os deixarem vencer. Ele não se renderia. Não mediria palavras e o trataria como uma praga, um nome amaldiçoado ao qual ele odiava reproduzir. Manter distância não era o suficiente, talvez nem mesmo a morte de Nikolas Laikos será suficiente.
"�� 𝙦𝙪𝙚 𝙚𝙪 𝙨𝙤𝙪 𝙤𝙪 𝙙𝙚𝙞𝙭𝙤 𝙙𝙚 𝙨𝙚𝙧 𝙣𝙖̃𝙤 𝙚́ 𝙙𝙚 𝙨𝙪𝙖 𝙘𝙤𝙣𝙩𝙖. 𝙑𝙤𝙘𝙚̂ 𝙢𝙚𝙨𝙢𝙖 𝙚𝙨𝙘𝙤𝙣𝙙𝙚𝙪 𝙦𝙪𝙚𝙢 𝙫𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚𝙞𝙧𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚 𝙚𝙧𝙖 𝙙𝙚 𝙢𝙞𝙢 𝙥𝙤𝙧 𝙨𝙚́𝙘𝙪𝙡𝙤𝙨. 𝙉𝙖̃𝙤 𝙫𝙚𝙣𝙝𝙖 𝙘𝙤𝙗𝙧𝙖𝙧 𝙖𝙡𝙜𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙣𝙚𝙢 𝙫𝙤𝙘𝙚̂ 𝙢𝙚 𝙚𝙣𝙩𝙧𝙚𝙜𝙖, 𝙈𝙖𝙡𝙫𝙞𝙣𝙖."
𝖺𝗅𝖾𝗑 𝗌𝖼𝗁𝗅𝖺𝖻 𝖺𝗌 𝖺𝗅𝖾𝗃𝖺𝗇𝖽𝗋𝗈 𝗌𝖺𝗇𝖼𝗁𝖾𝗓 𝖽𝖾 𝗅𝖺 𝗋𝗈𝗌𝖺 .
O bruxo não era exatamente um garoto pequeno, tinha 1,70 de altura, porém parecia ter mais perna em comparação ao corpo. A pele clara e levemente sardenta era seca, entretanto suave. Suas sardas eram quase invisíveis em seu rosto e mais claras em seus ombros, coxas, costas e peitoral. Seus olhos cor de mel semelhantes ao dourado escuro podiam demonstrar sua raiva, sua felicidade, sua tristeza e até mesmo brilhavam quando algo ou alguém que amava aparecia em seu campo de visão. Tinha os lábios finos que se curvavam para cima quando sorria, como uma meia lua. Os dentes eram retos com os caninos pontiagudos semelhantes a de uma raposa. Ele dizia não se importar com seu corpo, mas gostava quando algumas damas declaravam ou os rapazes sussurravam sobre como tinha um porte bonito, semelhante a de um bailarino em ascensão. Suas unhas eram sempre feitas e seu cabelo era naturalmente escuro e liso, como um riacho na madrugada.
Era de se esperar que quase ninguém saberia Alejandro por inteiro e os que sabiam estavam mortos. Com o tempo de convivência que estava tendo com Ângelo e seus companheiros, inevitavelmente iria transparecer suas peculiaridades, semelhanças e diferenças. Como por exemplo: Alejandro 𝗮𝗺𝗮𝘃𝗮 comidas salgadas e peixes, cores neutras como preto e cinza, cantarolar qualquer canção que vinha na sua cabeça, passar seu tempo conversando e debatendo, a hidrocinese, o pingente que lhe foi dado, raposas e lobos, caminha pela floresta, ir ao Gatuno Liso e ao cinema, a distância usada por um arco e flecha, o mar e a lua. Entretanto, também havia várias e várias coisas que ele 𝗱𝗲𝘁𝗲𝘀𝘁𝗮𝘃𝗮 como preconceitos, ignorância, Nikolas Laikos, o cheiro de vapor, cores muito claras e fortes, ser simpático desnecessariamente, calor, ficar suado, a pirocinese, comidas amargas ou muito doces, roupas muito largas, pássaros, pessoas bêbadas e ser incomodado por quem não tinha intimidade alguma.
Rara eram às vezes que era deixado para trás ou ele só não queria sair de casa mesmo, passava a maior parte do seu tempo dormindo. De forma para não se engolir por inteiro, caso estivesse sozinho e entediado, passou a procurar por hobbies que o relaxassem, como: treinar com um bambu ou uma madeira a arte do Kenjutsu, ler algum livro aleatório interessante o suficiente para passar o tempo; gostava mais dos livros que ensinava e aprimorava, mas sempre teve um espaço especial para aqueles que tinham um final feliz. Montar constelações aleatórias e até mesmo yoga, mas isso era um de seus poucos segredos que ninguém deveria saber.
Não era como se Alejandro fosse um livro aberto e espontâneo, porém tinha seus segredos guardados em uma caixa trancada. Não gostava nem de lembrar de certos segredos, preferia ignorá-los. O que diriam se soubessem que ele foi o culpado de seu antigo coven ter sido totalmente extinto? Ou que foi ele quem comeu o último pedaço de bolo do Pangolim? Ou até mesmo que conhecia Malvina antes dele se entender por gente, não saberia explicar isso a Ângelo após ter fingido desconhecer aquele nome. Era idiota por ter mentido, sim, porém hábitos antigos demoram muito para morrer. Se fosse necessário, levaria todos seus segredos para sua cova, entretanto nem tudo era como ele queria.
E só de saber que não teria tudo exatamente como queria e que estava nas mãos do destino, o amedrontava. Por mais carrancudo e sarcástico que fosse, dentro de si ainda havia medos que apenas a lua conseguia enxergar lá no fundo de seu âmago. Não sabia como admitir, seria humilhante demais se Ângelo soubesse o medo excessivo que Alejandro tinha em perdê-lo. Não só ele como Pangolim também, o tempo de convivência havia o feito se aproximar e se importar com ambos. Tentava não deixar muito aparente, porém sempre que eles demoravam demais para voltar ou simplesmente sumiam, ele usava de suas forças para não surtar. "𝗘 𝘀𝗲 𝗲𝗹𝗲𝘀 𝗺𝗼𝗿𝗿𝗲𝗿𝗮𝗺? 𝗡𝗮̃𝗼, 𝗶𝘀𝘀𝗼 𝘀𝗲𝗿𝗶𝗮 𝗶𝗺𝗽𝗼𝘀𝘀𝗶𝘃𝗲𝗹... 𝗢𝘂, 𝗼𝘂, 𝗽𝗶𝗼𝗿! 𝗘𝗹𝗲𝘀 𝗺𝗲 𝗹𝗮𝗿𝗴𝗮𝗿𝗮𝗺 𝗮𝗾𝘂𝗶." Cerberus era... alguém na vida de Alejandro, alguém ameaçador, alguém cujo Sánchez não queria se envolver com. Não tinha medo 𝗱𝗲𝗹𝗲, mas medo do que ele representava. Espíritos, demônios, anjos, eles eram algo além do possível, Alejandro não gostava de se meter com eles. Como também não se metia com pássaros de médio a grande porte. Pelos mares, tinha pavor de gaviões e urubus, abutres também. Era um segredo que tentava esconder, porém os gritos toda vez que via ou ouvia um bater de asas perto de si era extremamente evidente.
Alejandro se lembrava exatamente daquele dia, como se vivesse ela toda santa hora. Não entendia o porquê ou como alguém teria tempo, coragem e tanta raiva para ir atrás de uma simples cabana na floresta apenas para assassinar aqueles diferentes de si. Os remanescentes do fogo, o qual alastrava-se pela floresta foram rapidamente apagados pelas águas de Alejandro, cujo respirava fundo para não se desesperar completamente. Aquela cabana havia virado cinzas, o luto pelos desconhecidos acertava o peito do Sánchez fortemente. Podia jurar que cada peculiar ali dentro estava morto, aquele fogo insano e maldoso não teve nenhuma piedade. Parado em frente ao restante da madeira no chão, escutou uma tosse perto de si, mais perto do que esperava. Olhou em direção ao som e focou sua visão, notando uma mão pálida tentando empurrar um pedaço de madeira. Rapidamente correu em direção daquela alma, ajudando-a se soltar. Era um rapaz. Um albino. O ajudou a se afastar do restante da cabana, a casa dele, observando seu peito subir e descer muito lentamente, prestes a morrer. Os olhos de Alejandro arregalaram e se encheram de lágrimas, sentia-se patético por não estar pronto para esse momento. Havia uma vida deitada em seu colo, uma vida a qual ele precisava salvar, o problema era que ele não sabia como. Olhou para todos os lados, assustado. Outra tosse, dessa vez mais fraca. Olhou em direção ao rapaz e pôde observar mais de perto seu rosto. A pele pálida estava suja por restos de fogo, madeira, sangue e arranhões. 𝘌𝘭𝘦 𝘭𝘶𝘵𝘰𝘶 𝘱𝘦𝘭𝘰 𝘴𝘦𝘶 𝘭𝘢𝘳. Concluiu Alejandro. Os cílios branquelos tremiam, as sobrancelhas claras se moviam lentamente, a boca quase sem vida tentava falar, mas Alejandro sempre pedia para que o rapaz não se movesse, aceitando estar presente naquele momento de partida para o outro mundo. Não entendia de onde veio tanto sentimentalismo de sua parte, não entendia porquê se importava tanto com um desconhecido, entretanto ali estava ele, acariciando os fios brancos como se o conhecesse há anos.
Seu corpo inteiro enrijeceu no momento que uma mão tocou em seu ombro, imediatamente direcionando seus dedos em direção àquele desconhecido, pronto para cortar sua garganta com as gotas de água presentes naquela floresta. O homem atrás dele desviou e o chamou confuso, fazendo Alejandro se virar para ver quem era. "Ângelo?!" O peito do bruxo mais novo se encheu de esperança e uma alegria sem igual, nunca pensou que ficaria feliz outra vez por ver o rosto de alguém tão conhecido. "Â-ângelo, ajude-o! Sei que estou pedindo demais e pode até parecer loucura, porém eu te suplico isso. E-ele ainda estava vivo, ainda tem chances de viver, m-mas eu não sei o que fazer ou como fazer. Por favor, ajude-o!" Sánchez não respirava entre as palavras, completamente desesperado e aflito, prestando atenção nas feições que Valdenebro fazia quando trocava seu olhar entre o conhecido que chorava e o desconhecido quase morto. "Você o conhece?" Perguntou Ângelo, após poucos segundos de silêncio. "Isso não importa agora! Ele foi o único sobrevivente que eu encontrei dessa cabana queimada..." Alejandro continuou tagarelando, porém a atenção de Ângelo foi em direção aos restos da cabana, desfocando por alguns segundos até escutar Alejandro falar mais alto. "Ângelo, ele parou de respirar!".
"Você vai abrir um buraco no chão se continuar andando de um lado para o outro desse jeito" E não era nem brincadeira. O jeito veloz e pesado do andar de Alejandro fazia um barulho estranho, como uma madeira prestes a se quebrar, mas quem poderia o culpar? Pangolim estava lá dentro com aquele garoto há horas e não tinha nenhum sinal ou notícia, estava nervoso demais até para conseguir proferir qualquer palavra que fosse. Ignorou Ângelo completamente, olhando em direção a porta á cada segundo que se passava. De repente, o mais velho se levantou e entrou no quarto sem ao menos avisar. A cabeça de Alejandro rodou e seu corpo travou no lugar, encarando a porta sem ao menos piscar. Depois de alguns minutos que mais se pareciam séculos, Pangolim e Ângelo saíram do quarto com um suspiro. Pangolim olhou para Alejandro e sorriu. "O garoto vai viver." Pelos mares, Alejandro nunca se sentiu tão feliz daquele jeito já se fazia anos. Pulou em cima dos dois homens deixando as lágrimas caírem, sorrindo de ponta á ponta. "Obrigado, muito obrigado! Eu não sei nem como agradecer vocês!".
O rapaz dormia tranquilamente agora, nenhum perigo estava próximo dele. Alejandro estava ao lado da cama com um copo de água em mãos, pensando consigo mesmo o que estava acontecendo em seu interior. Por que se sentia tão desesperado? Por que quase ficou louco só na menção do garoto morrer na sua frente? Nenhuma resposta tinha, não sabia como explicar o que eram aqueles sentimentos, apenas tentava controlá-las para que não extrapolassem. A nuvem de seu pensamento sumiu quando um grunhido se fez presente no quarto, encarando a figura semi nua deitada em sua cama. "O-o que?" O desconhecido se sentou confuso, olhando para todos os cantos até chegar no rosto incrédulo, porém sorridente de Alejandro. "Quem é você? Onde estou?" A voz pesada e confusa com aquele sotaque carregado típico dos britânicos chegou aos ouvidos do Sánchez, o fazendo balançar a cabeça na tentativa de voltar a realidade. "A-ahm, ok. Meu nome é Alejandro Sánchez, eu lhe salvei do incêndio em sua cabana. Você se lembra do que aconteceu?" Foi quando viu a realidade chegar ao rosto do garoto, abaixando sua cabeça sentindo as lágrimas encherem seus olhos. "Então, não foi um pesadelo. Todo mundo, todos eles morreram mesmo." Era um sussurro dolorido, mas Alejandro escutou perfeitamente. Queria tocá-lo, abraçá-lo, mas se manteve no lugar deixando com que ele sentisse a onda de sentimentos sozinho. O choro baixo e sofrido não passou despercebido pelos olhos de Sánchez, cujo prontamente largou o copo no chão e abraçou o rapaz. Não estava pensando direito, apenas deixava seu instinto guiar seus movimentos. Os braços machucados se apertaram em volta de Alejandro e ele nunca se sentiu tão pequeno em toda sua vida, era como se aquele rapaz fosse o triplo de seu tamanho. Afagou seus fios e o deixou chorar em seu ombro, não notando quando Pangolim entrou no quarto preocupado com o barulho. "Ok... o que foi que eu perdi?"
Estavam sozinhos na casa, sentados na sala. Depois daquele mini episódio, acharam algumas roupas para ele se vestir e Alejandro fez café para ambos tomarem enquanto conversavam. O silêncio do local era agonizante, obrigando Alejandro soltar seus pensamentos em voz alta. "Então, eu nunca perguntei seu nome ou o que realmente aconteceu." Disse pausadamente, não querendo assustá-lo. O observou engolir um gole de café e suspirar, olhando para o teto. "Sim, acho que te devo ao menos uma explicação." Segurou o pires com ambas as mãos, controlando sua força para não quebrar a porcelana. "Meu nome é Ellias Finn Callum, filho de Cassia Finn Callum e Demer Finn Callum, neto de Evellyn Callum. Como pode perceber, eu sou um peculiar, um albino." Sussurrou como se tivesse temor de alguém escutar suas palavras, de virem atrás dele. "Aquela cabana... era sua casa, não era?" O bruxo sussurrou de volta, encarando a feição preocupada e bela de Ellias. Via em seus olhos a perda e o luto, a confusão e a raiva, conseguia sentir as emoções em sua pele. "Era nossa casa, nosso abrigo. Era um local escondido e seguro para os peculiares e refugiados. Estavamos perfeitamente escondidos por anos, milênios. Me pergunto como fomos achados." Alejandro observou seus jeitos, o jeito que suas sobrancelhas estavam unidas e as mãos tensas segurando o pires. Calmamente, se aproximou, tocou em sua mão, a viu se tranquilizar e relaxar, permitindo com que continuasse sua história. "A tarde estava tranquila, o sol não queimava tanto e o horizonte estava etéreo, os dias e noites sempre eram belas assim. Quando, de repente, batidas e chutes na porta. Meu pai, o líder, foi ver o que acontecia e foi morto a sangue frio por seja lá quem seja. Covardes, usam máscaras irreconhecíveis, cometem seus crimes e fogem." Cuspia aquelas palavras com ódio e desdém, parecia ter nojo só de falar sobre eles. "Eu avancei no assassino de meu pai e brigamos intensamente. Ele me feriu, eu feri ele, usei todos os anos de treinamento que tive apenas para aquele momento. Eu estava tão focado em matá-lo que não percebi quando atearam o fogo na cabana, quando fui perceber já era tarde demais. O guarda me empurrou com força e eu caí no chão, bem perto do fogo. Eu desmaiei por ter inalado tanta fumaça." Ellias parecia ser um homem extremamente focado e ciente, seguro do que dizia. Alejandro se perguntava se ele sempre foi assim ou as circunstâncias o quebraram por completo. "Esse... pesadelo tocou em meus sonhos de novo e de novo e de novo. Todas elas eu falhava com minha família, falhava com meus companheiros." Sem ao menos notar, Alejandro cobria a mão direita de Ellias com a sua, tentando confortá-lo. O albino olhou para as mãos unidas e, finalmente, encarou Alejandro direito. O bruxo sentia ondas fortes em seu peito, o deixando atordoado e confuso. Os olhos claros e cheios de lágrimas o viam verdadeiramente, talvez através da máscara que Alejandro construiu a mão, sozinho. "Entretanto, eu acordo. Em um lugar desconhecido, pessoas desconhecidas e você. Por que salvou minha vida? Não sou nada para você." Alejandro engoliu a seco, não tinha ideia do que dizer para ele. "Eu só... segui meus instintos, eu acho. E, se vale de alguma coisa, eu também perdi tudo o que eu tinha."
Dia após dia, Alejandro e Ellias se aproximavam mais um pouquinho. Estavam se construindo inseparáveis, se conhecendo um pouquinho mais a cada sol e a cada lua que se passava. Descobriram entre si certas semelhanças e diferenças como Ellias preferia cores quentes e Alejandro cores neutras, Ellias preferia comidas doces e Alejandro comidas salgadas ou ambos adoravam debater sobre assuntos diversos e ir ao cinema. Alejandro estava vendo cores novamente. Mesmo com o medo incessante em seu peito de se machucar outra vez, Ellias sempre o confortava, dava a mão e o abraçava. Assim eles caminhavam, de pouco em pouco os corações batiam cada vez mais rápidos, mais sincronizados.
Se recordava de uma noite, um pouco antes de tudo cair por desgraças em todo o mundo. Estavam caminhando pela floresta, a luz do luar guiava o caminho para algum lugar, qualquer lugar. Conversavam e riam alegres. Algumas borboletas voavam em conjunto com os vagalumes, elas pareciam estarem brilhando. OS rapazes se sentaram em um tronco, onde a luz da lua estava em total foco. Com o tempo que passavam juntos, o toque físico se tornava algo comum entre eles. Abraços, apoiando a cabeça em ombros, dando as mãos, não estranhavam mais essas atitudes espontâneas. Uma pequena borboleta azul pousou na ponta do nariz de Ellias, como se estivesse o encarando. Os garotos se entre olharam, percebendo o quão próximos estavam. Facilmente conseguiam perceber a vermelhidão em suas bochechas, o brilho nos olhos, cada detalhe impecável em suas feições. Os vagalumes brilhavam, as borboletas voavam, a lua abençoava. Sem medo ou receio, uniram os lábios delicadamente, uma leve onda confortável em seus peitos. Segundos se passavam e ninguém separava, minutos, estavam se apaixonando tanto que não perceberam quanto tempo se passou. Aconchegados nos braços um do outro, apontavam algumas constelações enquanto desenhavam outras. Não se importavam com nada mais nesse mundo, no universo que estavam não tinha hora, tempo, perigos, ódio, desgraças, apenas eles dois, permitindo-se serem livres sem nenhuma amarra.
Seguindo os dias, eles eram assim. Alejandro e Ellias sentiam os corações baterem cada vez mais forte em seus peitos, cada vez mais sincronizados. Cada sussurro em olhares, palavras sem abrirem a boca, toques necessitados, era possível eles se tornarem um? Ellias costumava repetir em certas noites de luxúria sobre almas gêmeas, almas destinadas. Alejandro não acreditava muito nisso, acreditava em seus sentimentos, as quais ele nutriu cada vez mais desde o primeiro dia que avistou o corpo de Ellias. Tomava suas dores e sentia eufória em suas felicidades, chorava suas lágrimas e espantava as seguranças, abraçava seu corpo e transmitia calor, eram água e luz. Alejandro e Ellias não eram homens tão comuns, porém viviam uma vida extremamente arriscada.
"𝙈𝙤𝙧𝙙𝙖 𝙨𝙪𝙖 𝙡𝙞́𝙣𝙜𝙪𝙖, 𝙫𝙤𝙘𝙚̂ 𝙣𝙖̃𝙤 𝙢𝙚 𝙘𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙚, 𝘾𝙖̃𝙤. 𝘾𝙤𝙣𝙫𝙚𝙧𝙨𝙤 𝙘𝙤𝙢 𝙋𝙖𝙣𝙜𝙤𝙡𝙞𝙢, 𝙣𝙖̃𝙤 𝙫𝙤𝙘𝙚̂. 𝘼𝙡𝙞𝙖́𝙨, 𝙫𝙤𝙘𝙚̂ 𝙚́ 𝙚𝙭𝙩𝙧𝙚𝙢𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚 𝙘𝙪𝙧𝙞𝙤𝙨𝙤, 𝙋𝙖𝙣𝙜𝙤𝙡𝙞𝙢."
Em todos esses anos, havia vivido muito. Mesmo preso, presenciou muitas situações as quais o deixavam perdido, porém experiente. Desde o início de sua vida até agora, certas vivências viraram história. Não é exatamente um garoto extremamente organizado, todavia Ellias o mandou arrumar.
𝟭. Ainda no hospício, entrou nos dutos de ventilação para tentar escutar a conversa de alguns daqueles falsos médicos. Porém, no caminho para lá, acabou caindo dentro do quarto de uma das pacientes. Ela morreu um tempo depois.
𝟮. Enquanto ainda era daquele coven extinto, presenciou a presença de um cavalo. Se aproximou, pedindo permissão para montar no cavalo. O problema era que ele nunca andou de cavalo e acabou caindo um pouco distante do coven, voltando sujo de lama contando uma mentira. "Dois homens atacaram eu e o cavalo, ele se sacrificou por mim." Dizia Alejandro entre lágrimas.
𝟯. Ainda morando no Memento Caelis, acabou ouvindo uma conversa que não deveria. Quando foi pego, saiu correndo e tropeçou no próprio pé por puro nervosismo. Olhou para trás, não tinha ninguém e voltou a correr. Ficou trancado no próprio quarto por dois dias até Moona o deixar sair.
𝟰. Conhece Malvina antes mesmo de se entender por gente. Seu pai, Tomás, sempre o levava para o orfanato para não ficar sozinho em casa. Malvina era a irmã que nunca teve, cresceram juntos até os 15 anos de Alejandro, quando ela sumiu. Desolado e sozinho no mundo novamente, sentia-se preocupado pela mulher, sempre se perguntando onde ela estava.
𝟱. Na catástrofe de seus 19 anos, quando reencontrou Malvina, não tiveram tanto tempo quanto gostaria e se perguntava se aquela era realmente Malvina. Ela não respondia muito de suas perguntas e ele parou de tentar, até chegarem no coven o qual se tornaria sua nova casa.
𝟲. Ele e Ellias caíram dentro de um buraco e ficaram presos por horas lá dentro, até Ângelo os encontrar.
𝟳. Por mais que queira, não quer adotar nenhum animalzinho tão cedo. Hipócrita, ele tem ido à floresta muitas vezes só para visitar um veado que encontrou em uma de suas caminhadas.
𝟴. Não gostava de admitir, mas já ficou bravo com Ellias por puro ciúmes. Ellias só conseguiu seu "perdão" com uma torta salgada.
𝟵. ostava de roupas as quais deixavam seu corpo mais bonito, calças e camisas de tecido leve. Odiava o calor por não gostar de usar roupas curtas.
𝟭𝟬. Tem tido pesadelos frequentes onde uma mulher chamava seu nome enquanto ele se afundava no mar, como se algo estivesse o puxando para baixo. Ele sempre acordava paralisado, olhando para todos os lados e só se acalmava quando notava Ellias o encarando preocupado ao seu lado. Eram mais frequentes do que gostaria de admitir.
𝟭𝟭. Mesmo sendo pobre em suas habilidades, treinando para ter sua Divinação e Necromancia, ele era extremamente habilidoso com sua hidrocinese. Quanto mais era exposto ao mundo, sendo obrigado a se defender e demonstrar o que sabia, mais um apelido se alastrava pelas ruas: 𝙊 𝙧𝙚𝙞 𝙙𝙖𝙨 𝙖́𝙜𝙪𝙖𝙨, aquele que lhes afundaria na praia.
"𝙉𝙖̃𝙤... 𝙣𝙖̃𝙤! 𝙉𝘼̃𝙊! 𝙈𝘼𝙇𝘿𝙄𝙏𝘼, 𝙋𝙊𝙍 𝙌𝙐𝙀?!"
𝗙𝗼𝗶 𝘂𝗺 𝗰𝗮𝗼𝘀. Era para ser só mais um dia incomum para Alejandro, estava passeando pelas ruas calmamente, voltando para casa. Quando chegou lá, Ellias estava no chão respirando acelerado, em pânico. Quando o perguntou, ele repetia: "Meus poderes, não sinto meus poderes" Alejandro, assustado, perguntava o que ele queria dizer com isso. Ellias o pediu para que Alejandro usasse seus poderes, os mostrasse. 𝗙𝗮𝗹𝗵𝗼. 𝗙𝗮𝗹𝗵𝗼. 𝗙𝗮𝗹𝗵𝗼. Ele não conseguia. A água não se movia. Foi quando sentiu o vazio em seu peito, se tornando cada vez mais desesperado com a situação. Notou uma comoção do lado de fora. Os seguindo, avistou alguns rostos conhecidos e desconhecidos, todos eles sussurravam, gritavam. "𝙀𝙡𝙖 𝙩𝙞𝙧𝙤𝙪 𝙣𝙤𝙨𝙨𝙤𝙨 𝙥𝙤𝙙𝙚𝙧𝙚𝙨", "𝙀𝙡𝙖 𝙖𝙧𝙧𝙪𝙞𝙣𝙤𝙪 𝙩𝙪𝙙𝙤", "𝙈𝙖𝙡𝙙𝙞𝙩𝙖, 𝙢𝙖𝙡𝙙𝙞𝙩𝙖 𝙨𝙚𝙟𝙖!". Ele não estava entendendo, até achar Ângelo. Ele os contou. Alejandro encontrou-se desolado, destruído, sem chão e traído. Sem ao menos pensar, ele correu, sem nem olhar para onde estava indo. Estava em pânico, estava em desespero completo. Esbarrava e derrubava algumas pessoas, ele não se importava. Só parou quando suas pernas gritavam por misericórdia e sua respiração estava fraca, caindo deitado no chão cheio de folhas caídas. Sua vida havia sido arruinada. A única mínima coisinha que tinha de especial em si, sua maior fonte de defesa e sua razão por ser forte, foi tirada de si a força. Não sabia para onde olhar e nem como respirar, era agonizante. Ninguém o achou, ele voltou a pé para casa no meio da madrugada. Naquela noite, ele dormiu sozinho, isolado do mundo, de Ellias. Mais uma vez, naquela noite, ele teve o mesmo pesadelo, porém acordou assustado e suado, tossindo dolorosamente como se tivesse engolido água, mesmo que estivesse saindo apenas ar de sua garganta. Chorou, chorou como se nunca tivesse chorado em vida. Naquele noite, a sua vida por inteira acabou.
Os dias se passavam e, surpreendentemente, sua raiva ia embora. Estava se acostumando rápido demais, bizarro demais. Porém, estava vendo de frente como seria a troca de cartas, o reverso. Ainda se sentindo vazio, não via sentido em sua raiva, nada iria mudar os fatos. Voltava a deixar Ellias entrar aos poucos, amedrontado, entretanto mais calmo. Havia treinado para isso, não era nenhum fraco. Viver sem seus poderes era aterrorizante, como um eterno inferno, e ele entendia; ou ele deixava-se queimar ou se adaptava ao fogo. Mesmo estando mais calmo, vivia de maneira reclusa e medrosa, ainda com a confiança em si que construiu ao longo de todos esses anos. Sobreviveu muito a muitas coisas de diferentes maneiras, mas aquela... aquela era a pior de todas. Faria de tudo e mais um pouco para ter o controle dos mares novamente, para ter controle de si novamente. Ellias escondia, tentava ser seu porto seguro, porém ambos estavam sendo a pedra que segurava um ao outro como se a vida deles dependesse disso. Agora, aquela vida comum estava verdadeiramente sendo incomum, diferente, de certa forma torta. Se depender de Alejandro, não por muito tempo. "𝙊 𝙢𝙖𝙧 𝙚́ 𝙢𝙚𝙪 𝙡𝙖𝙧, 𝙖𝙨 𝙤𝙣𝙙𝙖𝙨 𝙢𝙚 𝙘𝙝𝙖𝙢𝙖𝙢. 𝙎𝙚 𝙞𝙨𝙨𝙤 𝙛𝙤𝙧 𝙢𝙚𝙪 𝙘𝙝𝙖𝙢𝙖𝙙𝙤 𝙥𝙖𝙧𝙖 𝙥𝙧𝙤𝙫𝙖𝙧 𝙢𝙞𝙣𝙝𝙖 𝙝𝙤𝙣𝙧𝙖, 𝙢𝙚𝙪 𝙢𝙚𝙧𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤, 𝙦𝙪𝙚 𝙖𝙨𝙨𝙞𝙢 𝙨𝙚𝙟𝙖. 𝘿𝙚𝙪𝙨𝙚𝙨, 𝘿𝙚𝙪𝙨𝙖𝙨, 𝙊𝙘𝙚𝙖𝙣𝙤, 𝙢𝙚 𝙖𝙨𝙨𝙞𝙨𝙩𝙖. 𝙉𝙖̃𝙤 𝙤𝙨 𝙙𝙚𝙘𝙚𝙥𝙘𝙞𝙤𝙣𝙖𝙧𝙚𝙞!"
Eu, Wingsy, estou ciente de que se eu deixar de comentar em dois capítulos seguidos da interativa, meu personagem, Alejandro Sánchez de la Rosa, será excluído da história. E, se meu personagem não for aceito, não irei questionar a decisão da autora, Dark. Desejo o feedback da ficha, estando ciente das críticas construtivas para com esta.
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Daniel Sancho: Toda la verdad y nada más que la verdad - La investigación que desvela todos los secretos 🔍
¿Alguna vez te has preguntado qué hay realmente detrás de un caso mediático?
Ok, vamos a hablar de este libro 👀
Este true crime de José Ruz viene con TODO. No estamos hablando de un simple resumen de noticias - son 648 páginas de pura investigación documentada que nos llevan desde las paradisíacas playas de Koh Phangan hasta las profundidades de uno de los casos más impactantes de los últimos tiempos.
Lo que hace que este libro sea DIFERENTE:
📚 Documentación oficial traducida del tailandés
🗣️ 36 testimonios completos (¡sí, has leído bien!)
⚖️ 300 páginas dedicadas SOLO al juicio
🔍 Un año entero de investigación
⏰ 20 horas diarias durante dos meses de trabajo intensivo
Los temas que explora:
La dualidad entre imagen pública y privada
La complejidad de las relaciones humanas
La búsqueda implacable de la verdad judicial
Lo que encontrarás dentro:
Capítulo 1: "Una breve historia de amor y odio" que establece las bases del caso Prólogo: Por la abogada Begoña Gerpe, analizando el comportamiento de Daniel Sancho El juicio: Un análisis exhaustivo con todas las declaraciones realizadas en la sala
Lo que hace este libro TAN especial:
Nada de sensacionalismo
Sin fotos morbosas
Solo hechos documentados
Análisis profundo de las pruebas
Testimonios completos y sin editar
La investigación incluye:
Las horas previas al crimen
El desarrollo completo del juicio
Los testimonios clave
La investigación policial tailandesa
Las conclusiones basadas en documentación oficial
Por qué necesitas leer esto:
Si te interesa:
El true crime basado en hechos reales
La investigación periodística en profundidad
Los casos mediáticos desde una perspectiva documentada
La verdad detrás de los titulares
La pregunta del millón:
¿Estás preparad@ para descubrir lo que realmente sucedió en aquella isla paradisíaca? Este libro promete revelar cada detalle documentado del caso que mantuvo en vilo a dos países.
Para más detalles, no dudes en revisar el resumen completo o el video resumen donde profundizamos en más aspectos de esta investigación monumental.
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Recuerda: Esta no es solo otra historia de true crime - es el resultado de una investigación exhaustiva que busca revelar la verdad, toda la verdad y nada más que la verdad 🔍📚
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El caso de Daniel Sancho | Criminalista Nocturno
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MAX estrena el tercer episodio de ‘El caso Sancho’ el viernes 27 de septiembre
http://dlvr.it/TDdVlV
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Encuentro que en la actualidad la raza humana se divide en un hombre sabio por cada nueve bribones y noventa tontos de cada cien. Es decir, por un observador optimista. Los nueve bribones se reúnen bajo el estandarte del más bribón entre ellos y se convierten en "políticos"; el sabio sobresale, porque se sabe irremediablemente superado en número, y se dedica a la poesía, las matemáticas o la filosofía; mientras que los noventa tontos se adentran bajo las banderas de los nueve villanos, según la fantasía, en los laberintos de la artimaña, la malicia y la guerra.-
Es grato mandar, observaría Sancho Panza, hasta sobre un rebaño de ovejas, y por eso los políticos levantan sus banderas. Es, además, lo mismo para las ovejas cualquiera que sea el estandarte. Si es democracia, entonces los nueve bribones se convertirán en miembros del parlamento; si el fascismo, se convertirán en líderes del partido. Nada será diferente, excepto el nombre. Los tontos seguirán siendo tontos, los bribones seguirán siendo líderes, los resultados seguirán siendo explotación. En cuanto al hombre sabio, su suerte será muy similar bajo cualquier ideología. Bajo la democracia será alentado a morir de hambre en una buhardilla, bajo el fascismo será puesto en un campo de concentración o ignorado, que para el caso, es lo mismo.-
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La enmienda que se aprobó en España por el Consejo General del Poder Judicial (CGPJ) el 18 de julio de 2000, para que se prohibiera a los jueces y fiscales pertenecer a partidos políticos, sindicatos, organizaciones secretas o que funcionen sin transparencia y que puedan generar vínculos de disciplina u obediencia ajenos al ordenamiento constitucional, no fue incorporada en el Pacto de Estado por la Justicia alcanzado por el PSOE y el PP en mayo de 2001.
Hoy en día la enmienda aprobada en el 2000 es de actualidad porque una asociación, la Asociación Preeminencia del Derecho, ha pedido que se aplique la enmienda en un caso concreto, pero extensible a toda la judicatura.
Se trata de investigar la situación del magistrado de la Audiencia Provincial de Murcia con sede en Cartagena Jacinto Areste Sancho, que es conocido socio numerario del Opus Dei, con voto de celibato y residencia en sede del Opus, lo que implica un control absoluto sobre la conducta de este juez cuya adherencia al Opus es incompatible con la función de magistrado del Poder Judicial del Estado.
En su petición la asociación recuerda que «normas internas del Opus obligan a obedecer hasta la muerte», según el reglamento de esta prelatura personalde la Iglesia Católica, como está definido el Opus Dei, incluido en la denuncia de Preeminencia del Derecho: «Regla 55: La obediencia, que hemos de vivir, no es una virtud corriente: nuestra disposición actual ha de ser obedecer «usque ad mortem» (hasta la muerte).
Fuente:
Público: Una asociación jurídica exige a un juez del Opus Dei que elija entre ser miembro numerario o magistrado
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22/06/2024
Viaje 2. Día 0, llegada a Roncesvalles
Cogemos el tren dirección Pamplona.
Iruña nos recibe preparándose para San Fermín. Vallas en los parques para la feria, doble vallado de madera en las calles donde los mozos corren, o lo intentan, por delante de los toros. El público se puede colocar a partir del segundo vallado. El hueco entre el primero y el segundo es para que los mozos se refugien en caso de peligro.
Los que no hemos preparado mucho este viaje somos nosotros. El estrés del trabajo y la confianza del primer viaje casi nos despista y hace que nos dejemos los palos de caminar y los chubasqueros, porque dan lluvia.
En Pamplona nos recogen Miguel Ángel y Marta. Él nos va explicando las partes de la ciudad que vamos recorriendo. Entre otros: el club náutico de remo, el ascensor, la calle Santo Domingo, la réplica de San Fermín, el ayuntamiento, el pozo, la calle Estafeta, la catedral, la calle Salsipuedes, el Mirador del Caballo Blanco y el portal de Francia, por donde accederemos a la ciudad el lunes.
Tomamos unos pintxos y nos dirigimos a la estación de autobuses, debajo de la Ciudadela, donde ya no se ubica la feria para que la estación no se hunda.
Nos despedimos de ellos corroborando la misma sensación que en abril: Pamplona bien merece unos días dedicados.
Subimos al autobús que nos llevará a Roncesvalles, recorriendo el camino que desharemos en dos etapas.
Llegamos a 12ºC, con el cielo cubierto de nubes grises y una niebla ascendente que promete humedad.
Roncesvalles tiene, literalmente, una oficina de turismo, una tienda, un silo, dos iglesias (una la colegiata), dos museos y tres hoteles con sus respectivos bares. Punto, fin, stop. No hay viviendas. Y la misa a los peregrinos, la visita guiada al Museo del rey Sancho el Fuerte y la visita guiada general que organiza la oficina de turismo son a las seis de la tarde, las tres a la misma hora. Pero esto lo sabemos más tarde. Vamos a la misa, al inicio. La colegiata está bastante reformada, pero es a la vez recogida, coqueta y preciosa. Vidrieras, rosetón, arcos ojivales, columnas, capiteles, pero todo de tamaño reducido, como si estuvieran al alcance, nada que ver con altas e intimidantes catedrales.
No hay mucho más que hacer, empieza a lloviznar y hace frío. Vamos a la habitación a hacer tiempo leyendo hasta que llegue la hora de cenar.
Nos recogemos. Mañana nos espera el camino anterior al que hicimos en abril.
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La Historia con mayúscula es una aventura apasionante.
Cierto es que los hay que viven felices revolcándose en su ignorancia. Un día descubrirán las historias que les ofrece su propio pasado y hasta se lo pasarán bien. Mientras tanto, les basta con repetir los mensajes que surgen de esos cantantes llenos de chatarra facial que a duras penas vocalizan dos o tres rimas por canción. Si se pasearan un rato por sus ancestros se toparían con apelativos que dejan en ridículo esos nombres tan “guay” que se gastan los voceras en cuestión.
Y es que nuestro país ha sido siempre amante de los alias, por muy importantes que fuesen las personas en cuestión. Hemos trasladado de los pueblos a la realeza esa costumbre tan castiza de bautizar con un alias o sobrenombre al vecino de turno. Los ejemplos son de primera división… Felipe I “el Hermoso”, que debía ser un guapo superlativo; Carlos II “el Hechizado”, que al parecer estaba algo así como “pasmao”; Alfonso X “el Sabio”, que debía saber un rato… o Pedro I “el Cruel”, para sus detractores pero, ojo, también conocido como “el justo” por sus partidarios.
El caso es que yo por circunstancias de la vida he transitado mucho por una calle cuyo nombre siempre me ha llamado la atención por el alias que se gasta. Me refiero a la muy madrileña calle de “Guzmán el Bueno”, que transita desde Chamberí hasta el distrito de Moncloa. Curiosamente, cuando era más infante y echaba un ojo a la placa, pensaba siempre que en algún momento dado debió haber un “Guzmán el Malo” y que había que diferenciarlos por absoluta justicia. Con el paso de los años al final es la mirada histórica la que te saca de dudas y es la que hoy quiero trasladarles.
Hay que trasladarse al siglo XIII y descubrir allí a un noble de nombre Alonso Pérez de Guzmán. Don Alonso era un noble leonés al que el rey Sancho IV encomendó la defensa de Tarifa, que estaba siendo asediada por los benimerines, un pequeño sultanato que ocupaba la parte norte de Marruecos. Al parecer, al no conseguir rendir el castillo, el ejército moro secuestro al hijo de Guzmán y amenazó a su padre con degollarlo a las puertas de la fortaleza si no rendía la plaza.
Y de nuevo el gesto o la gesta, como lo quieran llamar. Según la leyenda, Guzmán lanzo un cuchillo desde su castillo para que mataran con él a su propio hijo antes que entregar la villa, no sin antes entonar unas palabras que incluso dieron forma a un romance: “Matadle con éste, si lo habéis determinado, que más quiero honra sin hijo, que hijo con mi honor manchado”. Tal demostración de lealtad hizo que el rey le concediera a Guzmán el señorío de Sanlúcar y el sobrenombre de “el Bueno”. Así de grande fue el gesto, que por cierto, luego se multiplicaría en otra gesta de España sin igual que tuvo lugar durante la Guerra Civil y que tiene por protagonistas al Alcázar de Toledo, a su defensor, el coronel Moscardó y a su hijo Luis. Pero aquella es otra historia que, no lo duden, deben descubrir si es que no la conocen.
Autor: Pablo Cassinello
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