#depoimentos para ex namorado
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My Mystery Story #2
Capítulo 4: Os Segredos de Judith Ward
O interrogatório da família da famosa atriz estava sendo um dos mais complexos para os detetive Fernando e Luke. Desde o assessor aos filhos mais novos, todos pareciam ter um motivo para assassinar a atriz; seus depoimentos estavam cheios de inconsistências, com álibis fracos ou que os faziam parecer ainda mais suspeitos sem contar as mentiras ou os fingimentos. No fim do dia, já era possível vez o jovem marido de Judith Ward cedendo entrevistas a todos os plantões com seu choro copioso, e o sutil consolo do ex-assessor; os filhos da atriz pareciam estar se confortando e talvez, se conhecendo melhor já que Diana nunca foi muito presente na vida deles - talvez pelo fato de sua mãe ter sido mais presente para eles do que para ela. Fernando acreditava que todos os familiares dela passavam pelo luto e o choque, diferente de seu parceiro Luke. A única coisa em que Luke concordava naquele momento com seu parceiro, era que - baseado nas reações dos vizinhos em suas redes sociais - seria difícil, mas não impossível, encontrar o verdadeiro assassino de Judith Ward.
Os familiares de Judith estavam hospedados no melhor hotel de Del Sol Valley - exigido pelo próprio filho Damien - já que a Mansão Ward agora era uma cena de crime. Até a meia-noite, os policiais reviraram toda a casa por mais pistas, até que chegou ao detetive Luke - que já se preparava para sair da delegacia - um caderno rosa lacrado como uma prova onde escreveram "Diário da Vítima", sem pestanejar, Luke recolheu a evidência antes que as misturassem com as outras. Ao chegar em casa, e se preparar para dormir, Luke decidiu que sua leitura da noite seria o diário da famosa Judy Ward.
Ele folheou o início - passando rapidamente os olhos - e viu que Judy teve uma infância triste e um tanto sofrida, até chegar na parte onde ela conheceu o suposto pai de Diana na época; graças ao estudo que Luke fez quando cursava psicologia em Foxbury, rapidamente ele reconheceu o perfil adúltero do novo namorado de Judy, sem contar a grande ambição da atriz… a história foi ficando mais emocionante e um tanto sinistra conforme ele foi lendo as pequenas conquistas de Judy e como ela se tornou famosa às custas de muitas pessoas e atos terríveis - que facilmente poderiam ser o motivo de seu assassinato e não surpreendeu Luke nem um pouco (Judy chegou a matar pela fama e ambição pela riqueza, mas ela não estava mais ali para pagar por aqueles crimes, alguém tinha se encarregado de fazê-la pagar, provar do próprio veneno…), seus casamentos que acabaram tristemente.
Até que ele avançou para o final onde as palavras de Judy pareciam apenas de uma pessoa cansada, triste e depressiva, ela havia escrito frases do tipo: "Eu cansei de brigar!", "Eu estou cansada de tentar provar pra todo mundo que eu não sou quem a maldita mídia e os outros pensam de ruim de mim!", "Eu tenho sentido minha estrela da fama se apagando, as pessoas só pensam o pior de mim, talvez eu realmente mereça todo esse ódio", "Hoje eu flagrei o Braydon aos beijos com o Zayne, eu fiquei com raiva na hora, mas eu sei que ele é um cara legal, e o tempo está passando a cada dia pra mim, não importa quantas plásticas eu faço, uma hora a morte vai chegar, talvez seja hora de eu amarrar minhas pontas soltas, e tentar mudar pra mim mesma ao invés de mostrar para os outros!".
Luke olhou a hora e viu que já estava tarde e ele teria um dia longo para interrogar cada vizinho no dia seguinte, marcando onde parou e deixando o diário de lado e se deitando - tomando total cuidado para não pensar em seu ex-affair, Luca Maglioni, foi doloroso vê-lo chorando por alguém que não sentia o mesmo por ele, e assim ele voltou seus pensamentos para as últimas palavras de Judith Ward. Ela estava tentando mudar; talvez ela tenha morrido arrependida ao até mesmo triste por não ter conseguido cumprir tudo que queria… e por um instante, Luke começou a sentir pena daquela famosa atriz.
Créditos: A todos os criadores de Sims e CCs usados nesta história!
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Homem é Executado e Casal Sofre Tentativa de Homicídio Homem é Executado e Casal Sofre Tentativa de Homicídio Na noite de domingo, 10 de novembro de 2024, o município de Campo Mourão, localizado no noroeste do Paraná, foi palco de dois graves incidentes de violência que resultaram na morte de um jovem e na tentativa de homicídio de um casal. Execução no Conjunto Residencial Piacentini Por volta das 22h, um homem de 25 anos foi encontrado morto na porta de uma residência no Conjunto Residencial Piacentini. De acordo com o relatório da Polícia Militar (PM), a vítima apresentava um ferimento de bala na cabeça, causado por uma pistola calibre .380. Testemunhas relataram que o atirador fugiu do local em uma motocicleta logo após o crime. As moradoras da residência informaram que o homem residia na mesma rua, mas não souberam fornecer detalhes sobre possíveis motivos para o homicídio. Tentativa de Homicídio Contra Casal de Namorados Na madrugada de segunda-feira, 11 de novembro, um casal de namorados foi alvo de uma tentativa de homicídio enquanto estava dentro de um veículo. O autor dos disparos, identificado como ex-marido de uma das vítimas, foi preso em flagrante. Segundo informações preliminares, o suspeito não aceitava o término do relacionamento, o que o motivou a cometer o crime. O casal foi socorrido e encaminhado ao hospital, onde recebeu atendimento médico. Ação das Autoridades A Polícia Militar realizou diligências nas proximidades dos locais dos crimes, coletando depoimentos e buscando por evidências que possam auxiliar nas investigações. A Polícia Civil também foi acionada e está conduzindo inquéritos para apurar as circunstâncias e motivações dos delitos, bem como identificar e responsabilizar os envolvidos. Impacto na Comunidade Os recentes episódios de violência têm gerado preocupação entre os moradores de Campo Mourão, que clamam por medidas mais eficazes de segurança pública. A comunidade local espera que as autoridades intensifiquem as ações de prevenção e combate ao crime, visando garantir a tranquilidade e a segurança dos cidadãos. Conclusão Os eventos ocorridos em Campo Mourão evidenciam a necessidade de uma atuação integrada das forças de segurança e da sociedade civil no enfrentamento da violência urbana. A colaboração entre a população e as autoridades é fundamental para a construção de um ambiente mais seguro e pacífico para todos.
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Vídeo mostra mecânico armado antes de assassinar ex-namorada: 'Já matei o seu pai, agora é você'. VEJA AS IMAGENS
Esposa e mãe das vítimas testemunhou o crime em Miracatu (SP). Ela contou à polícia que o autor dos disparos foi o ex-namorado da filha. João Carlos foi encontrado por PMs e prestou depoimento na delegacia. Um vídeo, nesta terça-feira (14), que mostra o mecânico João Carlos, de 29 anos, indiciado por matar a ex-namorada e o pai dela a tiros em Miracatu (SP), empurrando a jovem e pedindo desculpas antes de disparar contra a vítima, que pediu para não matá-la. O atirador respondeu: "Já matei o seu pai, agora é você". Em depoimento na delegacia, o suspeito disse não lembrar do crime. A Polícia Civil pediu a prisão temporária dele. Yasmin Santos de Queiroz, de 25 anos, e o pai dela, o funcionário público Francisco Xavier Marques de Queiroz, de 60, foram mortos na casa da família, na Rua Joaquim Pedroso, na noite de sábado (11). A esposa e mãe das vítimas testemunhou o crime. A Polícia Civil pediu a prisão temporária de João Carlos, que foi encontrado por PMs que estavam próximo a um sítio no bairro Pascoval, na madrugada de segunda-feira (13). Ele foi conduzido à delegacia para depoimento. A arma usada nos assassinatos não foi encontrada. Yasmin Santos de Queiroz, de 25 anos, e o pai dela, o funcionário público Francisco Xavier Marques de Queiroz, de 60, foram mortos na casa da família, na Rua Joaquim Pedroso, na noite de sábado (11). A esposa e mãe das vítimas testemunhou o crime. A Polícia Civil pediu a prisão temporária de João Carlos, que foi encontrado por PMs que estavam próximo a um sítio no bairro Pascoval, na madrugada de segunda-feira (13). Ele foi conduzido à delegacia para depoimento. A arma usada nos assassinatos não foi encontrada. VEJA VÍDEO: Fonte: G1 Read the full article
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𝒢𝑒𝓃𝑒𝓋𝒾𝑒𝓋𝑒'𝓈 𝒉𝒆𝒂𝒅𝒄𝒂𝒏𝒐𝒏𝒔
Abaixo você poderá encontrar uma coletânea de toda a timeline da Geneviève até agora no jogo. Ela será atualizada conforme os eventos forem acontecendo.
PRIMEIRA TEMPORADA
INTERROGATÓRIO I. Geneviève recebe a intimação da polícia e se assusta. Coordena suas histórias com o ex namorado e o meio irmão. Tenta prestar o menor número de informações possível e parecer inocente. CONFIRA A TASK AQUI.
Um novo aluno, ALASTOR, entra na escola e acaba sendo seu tutorado na monitoria. Eles rapidamente encontram coisas em comum e Geneviève fica impressionada com o novato. CONFIRA INTER AQUI.
ELEIÇÕES DO GRÊMIO ESTUDANTIL. Geneviève concorre para a presidência do Grêmio (veja a campanha aqui). Quando sua chapa perde, ela fica arrasada e inconformada.
MOVIE NIGHT. Geneviève compareceu à noite de filmes promovida pelo comitê de festas e eventos, já que ela faz parte dele. Depois de ver o vídeo passado no telão, ela entra em pânico. CONFIRA POV AQUI.
RUNNING AGAINST TIME. Geneviève recebe a mensagem do anônimo e vai até o hotel em Sainte Marguerite, encontrando seu meio irmão, ALASTOR, PERSÉFONE e HÉSTIA. Eles checam o quarto que Eloise ficava com frequência e pegam as cartas que estavam ali. Depois, vão até a Truffaut e enterram as cartas no quintal. CONFIRA INTER AQUI.
Dias antes do Halloween e do seu aniversário, Geneviève descobre por meio de CLÍMENE quem tem alguma coisa acontecendo na família dela (ver inter aqui). Apesar de achar idiotice, à noite ela só fica pensando nisso e acaba fazendo pesquisas na internet e descobrindo coisas chocantes. No outro dia, ela vai para Paris para jantar com a família para comemorar seus anos de vida, mas acaba descobrindo que a coisa é muito pior do que imagina. Assim, toma conhecimento que sua amada família é parte de um esquema sujo, o que faz seu mundo cair. (POV I & POV II).
FESTA DE HALLOWEEN. Na festa de Halloween que comemorava seu aniversário, a garota engajou em comportamentos destrutivos e fora dos seus padrões, como beijar todos os colegas possíveis e usar drogas ilícitas. Ela foi fantasiada de Daenerys Targaryen. Foi embora da festa com ZEUS, com quem ficou.
LA TOUSSAINT. Ressaca moral do dia anterior não lhe impediu de honrar os mortos. Geneviève ainda se sentia super mal com a morte de DEMÉTER, então nesse dia ela visitou seu túmulo. CONFIRA POV AQUI.
Em novembro, Geneviève descobriu através de uma notícia do jornal local que ZEUS e AFRODITE, seu ex e sua melhor amiga, agora estavam noivos. Isso culminou no afastamento total dos dois e apenas adicionou à pilha de desilusões da garota, que estava cada vez mais fora de controle. Isso gerou diversos episódios malucos como a vez que ela acordou em Vegas e a participação em corridas clandestinas.
DIA DO ARMISTÍCIO. Geneviève estava no estande de Cuba, representando sua ancestralidade (confira headcanons do estande aqui & o look dela aqui). Ela estava no banheiro com ALASTOR quando as luzes apagaram e foi rapidamente até o ginásio ver o que estava acontecendo, quando ouviu o que aconteceu. CONFIRA POV AQUI.
FEIRA DE PROFISSÕES. Geneviève foi influenciada por ALASTOR a se candidatar para um estágio em um escritório de advocacia. Apesar de ter seguido seu conselho, ainda estava muito confusa sobre quem era agora e sobre o que aconteceria no seu futuro. CONFIRA O POV AQUI.
Depois da volta de Eloise me da exposição de ALASTOR (com quem vinha se relacionando constantemente) pelo -E, Geneviève atingiu o nível mais baixo desde então ao presenciar uma overdose em uma festa na companhia de DIONÍSIO. Isso impactou ela de uma forma tão negativa que a fez voltar a falar com os irmãos e com a família e reconsiderar toda a sua vida e suas escolhas. (POV I & POV II)
AMIGO SECRETO DA TURMA. Geneviève não acreditou quando participou do sorteio e encontrou o nome de ZEUS. Só podia ser karma. Ainda assim, o sentimento que ainda alimentava por ele fez ela amolecer e lhe dar um presente de coração. CONFIRA O POV AQUI.
Depois da insistência dos irmãos, Geneviève concordou em começar a comparecer consultas na psicóloga (confira o POV aqui). No mesmo dia, já de férias da escola, a garota encontrou com RÉIA no elevador e ambas ficaram presas lá. A rival passou mal e Viv a levou para o hospital. Foi assim que acabou descobrindo da gravidez dela.
NATAL. Geneviève passou o natal no apartamento em Cannes com os seus irmãos mais velhos, Jean-Louis, Étienne-Stannilas, Pierre-Fleury e HEFESTO. CONFIRA O POV AQUI. Ainda, pela primeira vez em muito tempo ela trocou mensagens com ZEUS (ver inter aqui). Ela também deu presentes para todos os amigos (PARTE I & PARTE II).
RÉVEILLON. Dia 31 é aniversário de sua melhor amiga, Margot Dubois (PERSÉFONE) então Geneviève passou os dois dias com a amiga em Cannes celebrando.
FÉRIAS DE INVERNO. No dia 02, Geneviève teve sua segunda sessão de terapia e decidiu ir no dia seguinte para Paris falar com os pais pela primeira vez em meses. Ela fica na Mansão dos d’Harcourt até o dia 08, quando pega um avião e volta para Cannes ainda à tarde (confira POV aqui). Depois, ela volta para Cannes e passa os últimos dias do intervalo de inverno fazendo planos e se programando para o próximo semestre letivo, além de organizar sua agenda pessoal que não tocava há meses.
SEGUNDA TEMPORADA
TASK DO SKELETON. Durante as férias, Geneviève recebeu mensagens anônimas esquisitas que lhe deixaram intrigada. CONFIRA POST AQUI.
VOLTA ÀS AULAS. Geneviève ficou contrariada ao ver que MEDUSA tinha voltado para a Truffaut, mas tentou ignorar. Quando o anônimo voltou e vazou o segredo da gravidez de RÉIA, Viv se lembrou que foi ela quem lhe forneceu essa informação. Acabou descobrindo que o pai era HEFESTO e os dois brigaram.
CÁPSULA DO TEMPO. Durante o intervalo, a garota recebeu uma mensagem do anônimo que consistia em um vídeo de ZEUS confessando que tinha um filho. Segundo -E, era um presente para agradecer sua colaboração. A garota ficou sem chão e correu para o colo da mãe em Paris (POV I & POV II). Depois, Geneviève ficou com vergonha ao ver o próprio vídeo porque apenas reforçava o quanto foi ingênua no passado. Ainda assim, teve noção de que não era nem perto dos segredos obscuros revelados pelos amigos.
Depois de voltar para Cannes, Geneviève conversa com ZEUS francamente sobre os dois e todos os segredos que existiram entre eles, para entender o rumo e o futuro de ambos. Confira a inter aqui.
DIA DOS NAMORADOS. Depois da conversa com ZEUS, a garota se sente melhor em relação a ele e, honestamente, apaixonada de novo, independentemente de noivado com AFRODITE ou não. Assim, resolve mandar presente para o ex e também para alguns amigos (confira o post aqui). No sábado, teve uma discussão sobre a relação com AFRODITE (confira a inter aqui). Ainda, compareceu à festa “Eu Odeio o Dia dos Namorados” (confira o look aqui), onde presenciou o “término” de ZEUS e AFRODITE, o que levou ao envolvimento dela com o ex apenas alguns minutos depois (confira a inter aqui). Foi embora mais cedo com ele e passou a noite no seu apartamento. Os dois decidiram voltar a namorar, mas sem revelar aos demais por enquanto.
CORPO IDENTIFICADO. Depois da notícia sobre o corpo de DEMÉTER ser, na realidade, a irmã de ALASTOR, Geneviève se junta ao garoto para investigar algumas pistas, o que lhe leva a descobertas interessantes, mas assustadoras (POV I & POV II).
INTERROGATÓRIO II. Geneviève recebe a intimação na presença de ZEUS e os dois especulam sobre o que poderia ser aquilo agora, além de ajeitarem as versões antigas. Na semana seguinte, ela presta um segundo depoimento aos detetives. CONFIRA A TASK AQUI.
Antes do intervalo da primavera, Geneviève decide confrontar seu irmão mais novo por que seu nome estava em uma lista de pessoas que eram suspeitamente o anônimo. Ainda assim, não consegue lhe perguntar diretamente e acaba deixando o assunto para lá. CONFIRA O POV AQUI.
SPRING BREAK. Geneviève merecia umas férias! Ficou muito animada com a viagem e passou os seus dias aproveitando o máximo a companhia das amigas e do namorado, que ainda era secreto (ver atualização de instagram aqui). Na sexta feira, recebeu uma mensagem do anônimo dizendo que ZEUS teria um segredo familiar exposto, mas ela podia escolher se sacrificar no lugar dele e ter um segredo próprio exposto. Ela aceitou e assim todos ficaram sabendo de uma sujeira sua (confira o post do anônimo aqui).
ST. PATRICK’S DAY. Geneviève participou da caça ao tesouro com vigor, se empenhando bastante devido à sua natureza competitiva. Ainda assim, foi eliminada por CLÍMENE.
Logo depois do dia de São Patrício, Geneviève entrou em pânico ao receber uma mensagem enigmática de ZEUS. A garota não descansou até descobrir o que realmente tinha acontecido (confira o POV aqui). Depois disso, o namorado foi para Paris tratar da lesão e para ficar perto do filho. Foi uma decisão que ela entendeu e, desde então, visita Paris todos os fins de semana. O namoro foi finalmente assumido publicamente. Confira a atualização de Instagram aqui.
Aproveitando que estava voltando com frequência à cidade natal, Geneviève decidiu ir até a Universidade dos pais e falar com seu irmão novamente sobre a lista de nomes. Ao pressioná-lo, ela acaba obtendo novas informações. Ainda insatisfeita, Viv fuça o sistema da faculdade para ter uma ajudinha. (POV I & POV II)
CAÇA AO TESOURO DE PÁSCOA. Quando Geneviève voltou a Cannes naquela fim de semana depois de receber a mensagem de DEMÉTER, decidiu se unir à PERSÉFONE e ATENA e procurar algumas pistas no apartamento da garota (confira a inter aqui). Assim, elas encontram uma pista importante, que está conectada com as coisas que ela já encontrou previamente.
A mensagem de DEMÉTER fez Geneviève refletir na terapia sobre as suas prioridades e coisas que estavam lhe incomodando. CONFIRA O POV AQUI.
A mais nova peripécia do anônimo fez Geneviève descobrir que o próprio meio irmão estava furtando dela e da sua família (confira o post aqui).
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Eu tinha apenas 9 anos quando entrei nas redes sociais eu não sei te dizer o quanto isso é saudável ou deixou de ser. Sou da época que Orkut envia convite e que MSN chamava atenção quando demorava para responder. Mas minhas cicatrizes talvez começaram a ficar um pouco mais fortes desde então… Eu me lembro que eu tinha uma comunidade no orkut no qual se chamava “todos amam a jake” e um dia eu briguei com uma das minhas melhores amigas, sabe daqueles tipo de brigas de idiota de menina? é então…
- e lá estava dentro da minha comunidade que ela mesmo tinha feito pra mim, meu irmão criou um tópico, “eu odeio a jake” - fiquei horas navegando por paginas e mais paginas de depoimentos incassaveis de pessoas, colegas que estudaram comigo antes e durante toda minha vida que ali apontaram minha forma de se vestir, meu jeito de falar, até meu defeito da perna que eu tinha/tenho juntamente com alguém que deveria me defender e pelo contrário foi a pessoa que colocou a lenha na fogueira toda. _ depois desse dia nunca soube, mas eu passei dias, semanas, anos sendo zuada, encurralada e muitas vezes eu nunca quis ir pra escola… minha mãe e meu pai não sabe o quanto eu acordava exatamente o horário de entrar só para não passar naquele bendito corredor, por que ouvir aquelas musicas (sabe o bambam do crazy frog?) horrivel) dizendo que eu parecia um “sapo, crazy frog” ou “ smegool” era algo massacrante, para se ter ideia eu não menstruei por um bom tempo (é meu corpo sempre reagiu a tudo de emocional), eu só tinha 9 a 13 anos e a única coisa que eu podia fazer era me vestir diferente como um sinal de Ei olha eu estou aqui, pedindo ajuda, por que está doendo muito, e eu apanho sempre que peço ajuda, vocês não sabem o quanto está doendo me olhar no espelho e me odiar todas as vezes que me olho nele… mas as notas as azul já bastavam, mas mau sabiam que elas vinham do chegar atrasada e sentar na primeira fila… Nunca foi fácil ser mulher em mundo machista, não quando alguém que convive na sua casa te expõe mas tudo bem.
Encontrei pessoas que me entendesse, com o tempo, mas sempre tive que lidar com pessoas me criticando por onde passasse, criticando minha aparência minha forma de vestir, até como sou.
Já fizeram fake para me humilhar, já espalharam mentiras sobre mim, já até disseram que inventei sobre meu pai ter câncer (isso dito pela boca do meu ex namorado) para me vitmizar, é pai se um dia você ler isso saiba que todas as vezes na vida que fui reativa é que você nem sabe um 1/3 do quanto estava tentando poupar você de ficar com raiva de mim, não sou perfeita e tenho certeza que ver tudo que dizem de mim vc ficaria muito bravo e te amo muito para isso
bom… depois que a gente cresce… a gente cria umas responsabilidade emocionais e sociais que não tínhamos antes, daquelas além de pagar contas, hello, gente próxima que fica olhando como gasto, deveria tomar conta da sua vida pq a minha vc já arruinou a muito tempo, uma quando não me olhou outra quando zombou para os amigos, mas esta tudo ok, ainda assim continuo te amando, só pare de falar o que não é da sua conta, principalmente quando a gente vai ficando calejadas sobre isso, e bom já que eu falei a primeira parte de um problema vou falar da outra parte desse problema todo, por que ele vem me matando.
Na Austrália eu sofri abuso sexual, eu fiquei tão sem reação e com tanto nojo que eu não sabia do que fazer e também não sabia do que faria, quando a gente sai de um relacionamento você esta um caco, mas enfim.. eu estava em uma festa acompanhada de um “colega” e quando me dei conta tinha + 1 convidado no quarto, nessa altura da minha vida, saibam que me educaram para sempre sempre sempre sempre ter empatia com uma mulher e sempre tive, não importa se a amo ou a odeie, se conheço ou não, eu a amparo e nesse momento, segurei o choro e o ar, esperei o transporte voltar a funcionar e liguei para o Silvério (meu psicólogo na época que gente me salvou muito, e nunca me cobrou a Austrália inteira e me atendeu 1x por semana e todas a crises que eu tive) +16 na frente, estava eu sentada chorando, dizendo o que meu pai, meus amigos e ele tentando me dizer que eu não era culpada de nada… PAUSA…MULHERES A GENTE NÃO TEM CULPA OK! A BURCA NÃO TEM, A MINI SAIA NAO TEM TBM E FRALDA NEM TEM NOÇÃO DE NADA… OU SEJA A CULPA DO MACHISMO E DO ESTUPRO E ABUSO SEXUAL NÃO É NOSSA, DENUNCIEM IMEDIATAMENTE! ou no próximo caso que irei revela resinifique e só viva… é melhor, se não é.. bom é pesadelo, só acolha a sua amiga, não cobre isso dela, não fale que ela é culpada, não fale pelo amor… 6 meses depois que eu voltei da Austrália fiz terapia de regressão, GENTE PROCUREM SEMPRE ALGUÉM CERTIFICADO, por que você pode não voltar, treco é todo paranaue bem sério…passo o contato do carinha que eu fiz viu, e no fim eu não fiz mais… fui até os meus 6/8 anos e chega… eu já sofri muito…
sim eu sofri abuso sexual por alguém próximo, isso me abalou por meses, meu psicólogo trabalhou isso muito e minha psicóloga atual (preciso retornar urgente) - por isso não se pode ser qualquer terapeuta que passamos né kk, por que é uns dos fatores que impactam meus relacionamentos, é doido demais para mim assimilar isso ou quando alguém me toca, abraço as vezes me irritam ou me repelem, carinho então, mas hj eu entendo minha auto defesa, mas quando minha mãe me grita..” VOCÊ NUNCA VAI SER FELIZ PQ NINGUEM TE QUER” “SAIA DESSA CASA NINGUEM TE SUPORTA”
Quando reabrir a mente na terapia de regressão, vocês acham qual era a frase que a pessoa me falava? Exato, então o que você chama de frescura eu chama de feridas e que vêm rasgando a alma, na pandemia parece que estão com as garras do Wolverine dentro de mim… quando criança deveria me olhar.. mas estavam na rua jogando bola e me falavam que ninguem gostavam de mim por que eu era feia, esquisita e estranha, e tinha perna torta. algumas semanas atrás eu e meu pai brigamos, e foi a briga mais fútil do mundo, na visão dele…mas é que ele não sabe disso, não sabe o quanto as coisas são importante pra mim sabe, as vezes eu falava pro Silverio, não hoje eu vou contar… mas desisto… eu já cheguei contar algumas coisas no ar para minha mãe, mas mesmo ela sendo mais liberdade por que casou mais cedo ela ainda é muito mais sem filtro e machuca muito do tipo “mais tbm, como uma roupa dessa” …. homem sai sem camisa, vou enfia o dedo no cu dele pra ver se gosta…
a gente é só corpo, tatuagem, cor de cabelo, mãos, pernas, óculos, dentes, não deveriam ser algo importante…mas hoje importam tanto que temos milhares de filtros…eu querer por silicone ou o amigo querer ter tatuagem, ou a amiga ter cabelo colorido não deve ser importante e não deve ser motivo para humilhar ou desprezar e dizer “vai ficar horrível”, “o seu pai esta com desgosto já”, espero muito que meu pai não deixe de me amar por que tenho tatuagem… por que eu penso em fazer umas 20 a mais e penso em por meu silicone sim meu peitos ficaram feio e já esta sendo bem horrível me olhar no espelho… Não planejei eles ficarem feio quando decidir voltar a ter meu peso de volta… mas esqueci que envelheci, mas eu to aqui pondo na minha cabeça que isso é um processo nada haver com o de cima, sabe é muito difícil, mas só consigo fazer por que eu sei da aonde vem a dor, angustia, o medo… mas dói… Mudem a chave… diga que a pessoa esta bonita, que a pessoa esta com um ar de alegre, a alma das pessoas que deveriam fazer bem… por que afinal, que adianta temos tudo e o coração ser amargurados?
Enfim acho que escrevi mais porque estava guardando a anos, e só conversando em terapia não estava dando e quem me conhece, escrever é minha forma de tirar as magoas (má-agua = agua parada), a pandemia, as ofensas que a gente vai gerando como este convívio a mais que vamos tendo vem piorando…mesmo que uma vez ou outra eu de um alô nos amigos cada um sabe aonde o calo aperta..
Segue algumas fotos de provas de como tenho que suportar pessoas chatas… e outras legais que solidarizam cmg, pq afinal humanos gostam de provas e se um dia eu tiver a audácia de mostrar pro pai… ele vai querer ter provas… e se um dia eu for mãe e ela for menina, que ela tenha orgulho. educarei se meu filho for homem jamais ser assim com mulher alguma. “ eu sou forte e você também que você possa passar por isso na mesma maestria que esconde.”
@Jaqueamaroo https://www.instagram.com/tv/CSteSSSgF9y
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𝖂𝖔𝖑𝖋𝖌𝖆𝖓𝖌’𝖘 𝚑𝚎𝚊𝚍𝚌𝚊𝚗𝚘𝚗𝚜
Abaixo você poderá encontrar uma coletânea de toda a timeline de Wolfgang até agora no jogo. Ela será atualizada conforme os eventos forem acontecendo.
PRIMEIRA TEMPORADA
FESTA DE PASSAGEM. Wolfgang entrou de penetra na festa com seus amigos, cheio de ódio. Nunca gostou de ARES, então via aquilo uma desculpa para peitar ele de vez. Em cima do penhasco, passou o tempo todo com o rival, agredindo-o verbalmente e, por um breve momento, fisicamente. Não viu quando a namorada caiu, mas ouviu sua voz. queria ir atrás dela, porém os amigos o arrastaram para fora do penhasco antes que a polícia chegasse.
INTERROGATÓRIO I. Wolf prestou depoimento na polícia no dia 13 de setembro e foi completamente verdadeiro, tendo a oportunidade de falar sobre a morte da Eloise pela primeira vez. POV AQUI.
HALLOWEEN. Essa foi a primeira festa que Wolfgang foi desde a morte de DEMÉTER e ausência dela só ficava mais gritante por causa disso. Assim, ele encheu muito a cara, o que misturado com os remédios que ele usava, o deixou meio doidinho. Foi vestido de Justin Timberlake para combinar com as melhores amigas, MNEMOSINE e CLÍMENE, que foram de Britney Spears.
LA TOUSSAINT. Acordou de ressaca e lembrou que dia era. Ficou pensando em DEMÉTER e nos pais, até que o garoto se dopou de remédios e tentou esquecer a dor de ter crescido órfão e de estar agora sem a namorada. POV AQUI.
DIA DO ARMISTÍCIO. Wolfgang representou a Áustria (heacanons do estande aqui) no estande e descobriu através do anônimo quando as luzes apagaram que Eloise estava grávida quando morreu e que três dos seus melhores amigos sabiam e não lhe contaram (CÉOS, FEBE, MNEMOSINE). POV AQUI.
FEIRA DE PROFISSÕES. Durante a feira de profissões, Wolfgang reflete um pouco sobre o seu futuro e o que realmente quer depois do Ensino Médio. POV AQUI.
A VOLTA DE DEMÉTER. O Mateschitz se sentiu confuso. Tinha ficado quase seis meses de luto, medicado e agora ela estava de volta. pior ainda, em sua ausência descobriu coisas que jamais imaginaria sobre a ex e agora ficava muito confuso sobre como agir, mantendo-a à distância. POV AQUI
AMIGO SECRETO. Wolfgang mal acreditou na sua sorte ao tirar uma das suas melhores amigas, CLÍMENE, no amigo secreto da turma. POV AQUI. Depois do amigo secreto, Wolf conversa com DEMÉTER sobre a relação deles e dá um ponto final na relação, POV AQUI.
Antes do Natal, Wolfgang teve uma consulta com o fisioterapeuta que lhe disse que sua recuperação estava sendo retardada pelo uso dos medicamentos. Isso fez com que ele jogasse toda medicação no vaso e a interrompesse de forma brusca. POV AQUI.
NATAL. Wolf passou o natal na Áustria com o avô, FEBE e TÊMIS. Ele também deu presente de Natal para todos os seus amigos (veja o post aqui).
FÉRIAS DE INVERNO. Wolfgang passou o restante dos dias na companhia de Faheera, primeiramente em Cannes e no dia 28 decidiram viajar para as Maldivas, onde passaram o ano novo e retornaram no dia 04. O restante dos dias até o início das aulas Wolf passou em Cannes no apartamento, reencontrando os demais amigos como PERSÉFONE. No dia 07/01, ele foi contatado por alguém dizendo ser seu tio por parte da mãe, com quem acabou se encontrando nos dias que antecederam a volta às aulas. POV AQUI.
SEGUNDA TEMPORADA
CÁPSULA DO TEMPO. Wolfgang estava no refeitório quando os vídeos dos amigos foram projetados no telão. Ficou confuso, com dó das vítimas e também com raiva do anônimo. Depois, ao abrir o celular, notou que seu vídeo também havia vazado. POV AQUI.
No fim de janeiro, Wolfgang se encontra com o avô para contá-lo que está em contato com a família materna, mas o homem não leva a notícia muito bem, falando que ele irá se arrepender de ter se aproximado deles. Wolf fica contrariado e briga com o avô. POV AQUI.
Depois da conversa com Dietrich, Wolfgang fica se sentindo inquieto. Depois de desabafar com PERSÉFONE, com quem vem mantendo uma relação casual e próxima, o garoto resolve ir até o hospital visitar Julien Arnolt, o cara que ele colocou em coma. POV AQUI.
DIA DOS NAMORADOS. Wolfgang se arriscou e mandou um presente para PERSÉFONE, de quem vinha gostando cada vez mais. Também mandou presente para todos os amigos (veja o post aqui). Depois, foi para a festa de “Eu odeio o dia dos namorados”, onde ficou com a garota e foi embora com ela mais cedo.
No fim de fevereiro, Wolf foi até a Áustria conhecer a família materna completa. Lá, ele ficou inebriado pela sensação de ser parte de um clã. Ele também conheceu o quarto de sua mãe e acabou encontrando um diário dela. No outro dia, ele foi até a casa de Dietrich atrás de algo sobre o pai e acabou brigando com o homem, saindo de lá assustado pensando por que seu avô não queria nunca falar sobre o pai. Voltou para a casa dos Glock com raiva e falou demais. No outro dia, em Cannes, o garoto lia os diários da mãe quando descobriu que Dietrich tinha sofrido um acidente de avião (PARTE I & PARTE II & PARTE III).
Wolfgang visita o avô no hospital e eles se desculpam. POV AQUI.
INTERROGATÓRIO II. Wolfgang recebe a intimação e presta o depoimento pela segunda vez. Agora ele está mais tranquilo porque não conhece Camille e não sabe o que pode ter acontecido. TASK AQUI.
SPRING BREAK. Wolfgang agradeceu a semana de férias e curtiu muito ao lado dos seus amigos (veja a atualização do instagram aqui). Quando os segredos de alguns colegas foram vazados, o garoto começou a temer que fosse o próximo. O único segredo que ainda tinha era o seu envolvimento com TÊMIS no ano novo. Ele e a amiga contam para CLÍMENE e Wolf decide que vai contar para PROMETEU, antes que o anônimo consiga.
ST. PATRICK’S DAY. Wolfgang se divertiu na caça ao tesouro, especialmente eliminando os outros concorrentes. Ele não ligava muito para o prêmio, nem mesmo para a pista, porque sabia que algum dos seus amigos mais inteligentes fariam melhor uso dela. No fim, foi eliminado por CLÍMENE, mas não ligou muito.
Depois, Wolf decide fazer uma pesquisa sobre a família materna, ainda com as descobertas recentes em mente. Ele acaba revirando a internet e encontrando algumas teorias sinistras que o levam até a Áustria chegar sua veracidade (PARTE I & PARTE II)
Antes da Páscoa, Dietrich ganha alta no hospital e Wolfgang vai até a Áustria novamente para vê-lo. No caminho de volta, o garoto aproveita a oportunidade para xeretar nas coisas dos Glock, mas acaba saindo pela culatra o tiro. Eles se desentendem. POV AQUI.
CAÇA AO TESOURO DE PÁSCOA. Wolf ficou emputecido com a mensagem de DEMÉTER, mas concordou com os amigos e acabou indo procurar pistas que ela possa ter deixado para trás. Assim, ele, POSEIDON, CLÍMENE e MNEMOSINE encontraram uma pista no carro da ex (veja a inter aqui & veja a pista aqui). Na segunda-feira, Wolfgang descobriu uma carta dela em seu armário.
ANIVERSÁRIO. Em seu aniversário, Wolf foi surpreendido com uma festa dupla com seu rival, ARES. Ele não curtiu muito, mas acabou entrando na onda. Ele conversou com PERSÉFONE, que lhe contou um segredo pessoal e também que DEMÉTER tinha “dado a benção” aos dois (veja a inter aqui).
Depois de mais de um ano, Wolfgang se sente seguro o suficiente para voltar aos ringues. Oficialmente não lhe foi dada a permissão pelo técnico e fisioterapeuta, então ele decide fazer um comeback nas lutas clandestinas. POV AQUI.
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:::: Mentiras. Maya havia aprendido que, na vida, mentiras são como peões num jogo de xadrez. Se bem colocados, um após o outro, criam a base para uma estratégia articulada. E como tais peões, pelo bem dessa mesma estratégia, às vezes algumas mentiras precisavam ser sacrificadas.
𝐓𝐀𝐒𝐊 & 𝐏𝐋𝐎𝐓 𝐃𝐑𝐎𝐏: 𝐂𝐀𝐒𝐎 𝐂𝐀𝐌𝐈𝐋𝐋𝐄 (𝐈𝐍𝐓𝐄𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐓𝐎𝐑𝐈𝐎 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝐈𝐈).
Sentou na cadeira, postura ereta e pés cruzados abaixo do assento. Então a voz da inspetora adentrou seu campo de visão. Laranja. Monotônica.
“Boa tarde, srta, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.”
E assim ela fez.
“Meu nome é Maya Astra de Rojas, tenho dezenove anos. Nasci em quinze de maio de dois mil e dois. Sou estudante na AIFT. Estudante bolsista.”
“Bolsista?” Lucille repetiu, parecendo intrigada pela informação deliberada.
“Sim, programa de música. Algum problema ser bolsista?” Maya ergueu a sobrancelha de maneira inquisitiva. Meio inocência, meio acusação; cabia a eles decidir qual interpretar.
Uma troca de olhares entre os inspetores, então a mulher passou a vista em alguns papéis antes de prosseguir.
“Nenhum. Obrigada. Agora…” O arrastar do papel sobre a mesa fez um som suave. “Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?”
Assim como no refeitório, aquela foto lhe atingiu em cheio. Camille sorria. Parecia feliz, como Maya lembrava dela. Ali, porém, conseguiu conter as lágrimas. Estava um pouco mais preparada.
“Sim, eu a conheço. Conheci.” corrigiu-se um segundo depois, a palavra trazendo sensação incômoda ao estômago. De imediato, pôde ver o semblante de Lucille mudar para incontida surpresa. Aquela não tinha sido uma resposta muito comum entre os interrogados, Maya supôs. “Camille e eu nos conhecemos numa festa no ano retrasado. Viramos amigas rápido, ela era muito divertida. Quando soube que estava desaparecida foi... Chocante. Você nunca espera que uma coisa dessas vá acontecer com seus amigos. Parece mais coisa de televisão.” Deu um suspiro pesado, verdadeiro. “Eu tinha esperanças que ela aparecesse viva, que tivesse... Eu não sei, fugido com algum namorado novo e preocupado a família à toa. Mas o tempo foi passando e... Absolutamente nada. E então isso.” as pontas de seus dedos encostaram no cantinho da foto. Maya demorou o olhar sobre ela. Esse tempo todo, pensou. Era você esse tempo todo.
“Ela estava namorando alguém?” A inspetora chamou sua atenção de volta para si.
“Não que eu tivesse conhecimento. Foi apenas uma hipótese.”
“Algum ex-namorado?” Ela insistiu, subitamente interessada naquela linha de raciocínio.
“Nada realmente sério, acredito.” Maya respondeu, o cenho contraído enquanto pensava no assunto. Depois de alguns segundos, completou: “De qualquer modo, não lembro nomes.”
O outro inspetor rabiscou algo no papel sobre a prancheta que carregava. Maya olhou para ele, curiosa. Quando ele retribuiu o olhar, ela o desviou de volta para Lucille, que continuou: “Como aluno/a da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?”
“Até onde sei, o público era bem, hm... seleto.” Estalou a língua, reprimindo o sorriso irônico que sentia querer florescer. “Juniores e seniores da Truffaut, apenas. Mas não é como se pedissem ingressos na entrada, entende? Acho que não tinha muito bem como controlar os penetras.” Para a nossa sorte, uma vozinha dentro de si completou com sarcasmo.
“Entendo.” Ela continuou. “Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a srta estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?”
“Sim. Não é uma festa que você quer perder, especialmente como novata. Lembro de ter visto alguns colegas de sala e outros alunos mais velhos... hm, Gaspard, Faheera, Wolfgang, Hypatie, Carlito... Mas não vi a Camille. Na verdade, nem passou pela minha cabeça que a Camille poderia estar na ilha, já que ela não estudava na AIFT.”
“E ela não te comunicou nada? Vocês eram amigas.” A voz masculina finalmente preencheu o recinto. Verde, Maya constatou com ligeira satisfação; ainda que fosse um péssimo timing.
“Não, não disse.” Merda. Se De Rojas tivesse sido realmente convidada para a festa de passagem, era apenas natural inferir que Camille pediria ajuda para entrar escondida. Aquilo era um nó na sua teia de mentiras, tão espessa que por vezes esquecia-se de um detalhe ou outro. Ao que a mente trabalhava numa teoria decente para aquele furo, podia sentir o coração palpitar mais rapidamente. Então lembrou-se de um exercício do yoga, o qual recorria em estados de nervosismo: controlar a respiração. Simples, eficiente. Como sua resposta também deveria ser. Por fim, apenas deu de ombros; Eles não conheciam a personalidade de Camille e aquela seria sua vantagem. “Talvez ela quisesse fazer uma surpresa.”
Não conseguiu discernir se o inspetor havia achado a resposta satisfatória, mas não a pressionou além. Laranja voltou a cobrir a sala. “Onde a srta estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?”
“Dormindo, eu acho.” Uma careta sem graça preencheu-lhe a face, perfeitamente ensaiada. “Me empolguei e bebi um pouco demais na festa. Também lembro que meu amigo Gaspard estava com problemas no relacionamento e passei boa parte da noite o aconselhando e tentando animá-lo. Depois comecei a enjoar e pedi para ele me dar uma carona de volta até o hotel. Era por volta das onze.” Que Faheera não descobrisse que estava usando o fracasso de seu relacionamento como um álibi. De todo modo, ainda que a conversa citada nunca tivesse acontecido, o término posterior confirmava a mentira.
“Como tem certeza do horário?” Chateaubriand intrometeu-se novamente. Felizmente, Maya havia pensado naquela possibilidade de pergunta.
“Gravei alguns stories vergonhosos de melhores amigos no carro. Quando acordei no dia seguinte, fiquei feliz que só duravam um dia.” Outra risadinha sem graça, disfarçada de careta. “A hora estava neles.”
Dessa vez, ele continuou. “A srta esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?”
Ali estava a pergunta de um milhão de euros! Ou melhor, da falta deles; o motivo para ter revelado sua condição de pobre de maneira tão condescendente. Maya fez que não com a cabeça. “Não, não estive. Não tinha qualquer intenção de pular daquele penhasco e correr o risco de perder a bolsa no próximo ano. Ou minha carreira...” Erguendo ambas as mãos à frente do tronco Maya balançou os dedos rapidamente, como se tocasse um piano invisível. Depois, franziu o nariz. “E sinceramente? Não acho que estava sóbria o suficiente para julgar qualquer coisa como fora do comum.”
“Certo.” Ele assentiu. “Uma última pergunta: A srta saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?”
“Não sei... A semelhança, talvez? Quando comecei na AIFT e conheci Eloise, o primeiro pensamento que tive foi que já a conhecia de algum lugar. Demorou algum tempo para entender que era só porque ela parecia muito com Camille. Estilo uma doppelganger.”
“Doppel-o quê?” A inspetora perguntou, confusa.
“Doppelganger? De The Vampire Diaries?” Maya ofereceu.
Nada.
Quantos anos eles tinham, cinquenta? Sentindo como se constatasse o óbvio, tornou a falar: “Uma sósia! Elas pareciam gêmeas...”
A palava assumiu tom arrastado na última sílaba, mas nenhum dos inspetores pareceu notar. Maya, por outro lado, perdeu-se por alguns segundos em introspecção. Seria... Possível? Não fazia nenhum sentido. Piscando de volta à realidade, ouviu os agradecimentos.
“Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensada.”
“Não há de quê.” Ela disse. Então levantou da cadeira e saiu da sala, a cabeça cheia de pensamentos conflitantes.
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Ex-participante do “Bake Off Brasil”, reality show do SBT, Murilo Marques revelou em seu Twitter que foi estuprado, dopado e roubado após um encontro no aplicativo de relacionamento Grindr, em São Paulo.
Na postagem, Murilo conta que recebeu um homem em casa que, em seguida, teria afirmado ser um garoto de programa e que queria receber seu “pagamento”. “Ele começou a se exaltar dizendo que queria receber o dinheiro dele, esse diálogo rolou e eu cada vez com mais dificuldade de organizar minhas ideias, já imaginando que estava drogado. Cada vez mais agressivo e gritando comigo”, relata. O homem, então, obrigou Murilo a passar todas as senhas de seu cartão. Depois de irritar o agressor por errar alguns dígitos, e já entorpecido, foi estuprado. “Eu só lembro dele me estuprando com a mão enquanto eu me debatia. Não sei quanto tempo durou, não sei o quanto eu resisti, mas fui estuprado”, contou.
Depois de passar mal, ele conseguiu pedir socorro a um vizinho e ao namorado, com quem tem um relacionamento aberto. Em seguida, eles bloquearam os cartões e foram à delegacia. Murilo ainda disse que não se sentiu acolhido pelos policiais e se sentiu humilhado. “A delegacia é um ambiente nada acolhedor. Eles me ouviram mas minha privacidade foi violada, tive que contar a história diante de vítimas de outros crimes, você está fragilizado, traumatizado, sujo e durante seu depoimento ouve piadinhas paralelas, é deprimente”, desabafou.
Já no Instituto Médico Legal (IML), Murilo diz que também passou por um atendimento ruim. “A médica me chamou, me sentou na cadeira dela e disse que seu jantar tinha acabado de chegar, que era pra eu voltar para a recepção e esperar mais um pouco”, revela. No total, das quatro contas em bancos diferentes de Murilo, o ladrão levou mais de R$ 70 mil. Ele disse que estava guardando dinheiro, junto com o amado, para comprarem um apartamento, mas agora está completamente zerado.
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Avisos de conteúdo: Automutilação, body horror, gore, canibalismo, linguagem ofensiva direcionada a adictos, lesão de dedos, descrição de assassinato, violência com facas.
MAG014 – Caso 0112905 – “Fragmentado”
ARQUIVISTA
Depoimento de Lee Rentoul, a respeito do assassinato de seu sócio Paul Noriega. Depoimento original dado em 29 de maio de 2011. Gravação de Jonathan Sims, Arquivista Chefe do Instituto Magnus, Londres.
Início do depoimento.
ARQUIVISTA (DEPOIMENTO)
Vamos esclarecer uma coisa logo de cara – isso não é uma maldita confissão, está bem? Se você for à polícia com isso, eu negarei todas as palavras, e eu sei o suficiente sobre a Lei para saber que, mesmo se eu vomitar em vocês todas as coisas horríveis que fiz, isso não vai contar nada no tribunal. Não é como se vocês fossem capazes de me ajudar, eu apenas... Meu camarada Hester disse que veio até vocês há alguns anos, quando estava vendo fantasmas e essas coisas, e vocês investigaram e disseram a ele que era algum tipo de barulho mexendo com sua cabeça, “infrassom” ou algo assim, e ele está bem agora. Eu preciso disso. Preciso que vocês me digam que é apenas coincidência e que minha mente está pregando peças em mim e que eu não preciso perder mais nenhum pedaço do meu corpo.
Então, sim, eu matei aquele cuzão do Noriega. Esfaqueei ele na garganta e deixei sangrar na beira do cais. Talvez isso te choque um pouco, talvez não, mas confie em mim quando digo que ele fez por merecer. Oito anos trabalhando juntos e foi ele quem perdeu a linha ao chutar a cabeça de McMullen, o que transferiu o caso de agressão para lesão corporal grave. Mas, claro, quando fomos pegos ele se virou contra mim e eu fui preso por isso. Eu cumpri cinco anos por causa dele, enquanto ele andava livre como bem entendia. Eu acho que merecia dar o troco, e eu certamente consegui.
Não foi minha primeira escolha, no entanto. Eu não sou burro e a condicional mantém você em uma rédea curta o suficiente para que cortar a garganta de Noriega não fosse minha principal prioridade. Não me interpretem mal, era algo que eu ansiava fazer há cinco malditos anos, mas eu não estava com pressa. Eu tive tempo de sobra para planejar algo desagradável para ele, e eu queria mais vê-lo machucado do que sentia a necessidade de fazer isso com as minhas mãos. Então, quando saí em junho do ano passado, eu esperei pelo melhor momento. Tentei entrar em contato com ele, mas fui informado pelos poucos amigos que tínhamos em comum que ele não estava interessado em conversar comigo. Ele claramente se saiu bem nos anos em que estive fora e podia pagar alguns caras para garantir que eu não o incomodasse. Eu acabei com duas costelas machucadas quando finalmente me cansei dos pretextos e tentei discutir com ele adequadamente. Foi ali, em uma rua lateral sombria em Lewisham, que eu decidi que se eu ia machucar aquele babaca, e eu quero dizer machucá-lo de verdade, eu teria que pensar um pouco fora da caixa.
Eu decidi fazer uma visita a McMullen. Antes de Noriega ter dado um jeito nele, Toby McMullen era apenas um vândalo qualquer. Agora, ele era apenas um vândalo que tinha problemas para virar o pescoço. Eu já conheci muitos perdedores natos, digo, isso é meio que um fato nesse negócio, mas nunca conheci alguém tão empenhado em ser um ferrado quanto McMullen. Quando o vi, ele estava tão chapado que mal sabia que eu estava lá, mas você pode apostar que os olhos dele se iluminaram quando mencionei Paul Noriega. Demorou horas para tirar qualquer coisa útil daquele desperdício de oxigênio, mas eventualmente eu ouvi o lado dele dessa história lamentável. Aparentemente, Noriega fez uma visita a ele no hospital antes que a polícia nos levasse e prometeu que, se ele me apontasse como o agressor, ele teria todos os entorpecentes que sua mente drogada poderia imaginar. Uma vez que ele estava fora do hospital e meu veredicto saiu, não levou dois dias para que McMullen tivesse por sua conta de novo, e Noriega não deu a mínima. Qualquer idiota poderia ter visto isso acontecendo, mas não o estúpido, pobre Toby. Ainda assim, ele estava ansioso para enfiar a faca por quase tanto tempo quanto eu, e ele teve a liberdade para planejar, então eu perguntei se ele tinha alguma coisa que eu poderia usar.
Eu não deveria ter ficado surpreso quando ele sugeriu mágica. Toby sempre se interessou por toda essa porcaria mística, mesmo antes das drogas, e se houvesse alguma moda New Age meia boca acontecendo, pode apostar que ele estaria tagarelando sobre assim que estivesse coerente o suficiente para realmente falar. Dei um soco em seu estômago e me virei para sair. Ele me seguiu, se dobrando e lutando por ar, implorando que eu o ajudasse. Ele disse que estava falando sério, disse que não era como as outras coisas, disse que conhecia alguém com poder de verdade, que poderia machucar Noriega, que ele só não tinha o dinheiro.
Eu deveria ter continuado andando. Eu deveria tê-lo afastado. Eu deveria ter batido tanto nele que ele não poderia virar o pescoço para o outro lado também. Mas eu não fiz. Parei e ouvi o que aquele pedaço de lixo humano tinha a dizer. Eu fui um idiota.
Assim, Toby me levou para ver sua amiga Angela. Ele nunca me deu o sobrenome dela. Perguntei-lhe o que seria: Wicca, voodoo, alguma baboseira de cristal? Mas Toby disse que não, nada disso. Disse que ele realmente não sabia como iria funcionar, mas tinha uma garota há alguns meses que havia lhe contado sobre Angela; disse que usou seus serviços em um ex-namorado particularmente desagradável. Aparentemente, ele desapareceu e ninguém nunca encontrou um corpo. Então, eu comecei a pensar que talvez não havia mágica ali, apenas uma assassina habilidosa, mas, ei, se esse fosse o caso tudo bem por mim, desde que Noriega estivesse acabado.
Quando finalmente conheci Angela, tive que me segurar para não socar McMullen. Eu tinha me convencido de que iria encontrar uma assassina fria, talvez alguém que mantivesse um monte de porcaria assustadora de Halloween, mas ainda assim alguém que faria o trabalho. Eu não estava desanimado nem quando chegamos a uma casa suburbana bem cuidada em Bexley. Mas quando a porta foi atendida por uma senhora de roupão lilás, eu não aguentei. McMullen perguntou se ela era Angela, falando em voz baixa como se estivesse realmente com medo daquela idiota geriátrica. A velha disse que sim, ela era Angela, e nos pediu para entrar.
A casa parecia quase tão antiga quanto a sua dona – papel de parede desbotado com estampa floral, móveis de carvalho escuro e tapetes puídos. As paredes estavam cobertas de porta-retratos, do tipo que você encontraria em qualquer loja de antiguidades barata ou loja de caridade; embora, quando entramos na sala, notei algo que eu não esperava: não eram pinturas, mas sim quebra-cabeças, cada um deles concluído e emoldurado. E, com certeza, quando nos sentamos no sofá de tecido gasto, em frente à Angela, havia outro quebra-cabeças montado pela metade. Eu não tenho nenhum problema com os idosos, e se eles querem jogar seus últimos anos fora montando a porcaria de uma imagem eu com certeza não vou tentar pará-los. Mas aquilo não iria exatamente matar Noriega, não é?
Eu estava tão irritado com esse desperdício enorme do meu tempo que, quando ela nos ofereceu uma xícara de café, eu quase enfiei a cara de McMullen na mesa de vidro à nossa frente. Eu resmunguei algo que Angela aparentemente tomou como um "sim, por favor" e assim, alguns minutos depois, lá estava eu bebendo café instantâneo de uma caneca lascada que aquela velha idiota claramente não tinha pensado em limpar a poeira. Quando ela perguntou se eu queria Paul Noriega morto, eu quase engasguei.
Ela perguntou com muita naturalidade, como se fosse uma pergunta em algum formulário que ela soubesse a resposta, mas tivesse que preenchê-la de qualquer maneira. Olhei para Toby, que assentiu para mim, e pensei “tanto faz”, eu também poderia entrar na brincadeira. Então eu disse que sim. Sim, eu o queria morto. E, mais do que isso, eu queria que ele sofresse. Angela sorriu quando eu disse isso, um sorriso caloroso que combinava com seu rosto redondo, e disse que aquilo não seria um problema. Comecei a explicar a situação, mas ela negou e me disse que Toby havia lhe contado todos os detalhes e que havia apenas uma coisa que ela precisava de mim, algo que ele não podia fornecer. Comecei a dizer a ela que não iria pagar para que uma avó resolvesse um caso difícil como Noriega, mas ela disse que não, que não estava procurando dinheiro. Ela disse que era "bem compensada" pelo serviço prestado e que tudo o que precisava de mim era um objeto, qualquer coisa que eu tivesse pego de Noriega. Não um presente, ela disse, me encarando com um olhar eu que reconheci de anos trabalhando com pessoas muito desagradáveis. Não funcionaria se fosse um presente.
Nesse ponto, eu estava começando a me sentir desconfortável. Não medo, tá bom, eu não estava com medo daquela velha, mas estar perto dela era… ruim. Não sei mais como dizer isso, ela era ruim. Você precisa entender, eu conheço o perigo, eu entendo perigo, inferno, eu sou perigoso. Aquilo era outra coisa. Mas eu queria tanto Paul Noriega morto. Cinco anos atrás, pouco antes de sermos pegos pela polícia, eu peguei seu isqueiro emprestado. Era um Zippo antigo, que costumava ter uma foto de uma mulher com os peitos de fora, mas que agora estava quase desgastado. Depois que ele armou contra mim no interrogatório, não tive muita vontade de devolvê-lo àquele traíra, então peguei para mim. Eu não tinha pensado muito nisso, mas ali estava, ainda no bolso da minha jaqueta todos aqueles anos depois. Entreguei-o a Angela e ela me deu aquele olhar de novo, e disse que funcionaria.
E então nós fomos embora. Angela nos disse para não nos preocuparmos, que Paul Noriega não iria nos incomodar por muito mais tempo; nós apenas tínhamos que esperar até que ela terminasse. Terminar com o que exatamente ela não disse; ela não precisava. Nós sabíamos que, independente do que fosse, provavelmente seria melhor não sabermos.
A espera foi difícil, no entanto. Depois que ele me quebrou, parecia que Noriega tinha decidido que eu não valia a preocupação. Eu o via andando pelas ruas como ele fosse dono delas, seus brutamontes acompanhando ao lado, e eu sabia que não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Ele sabia disso também. Então eu esperei. E eu esperei. Eu esperei pelo tiro, ou pela facada, ou o veneno ou o... o que quer que fosse acabar com ele para sempre. Isso nunca aconteceu. Os dias se transformaram em semanas e ele ainda estava, tão cheio de si quanto sempre.
Eu fui paciente. Deus, eu fui paciente, mas depois de três semanas eu tinha quase descartado aquela velha como desperdício de tempo e um trabalho mentiroso. Eu daria a ela mais uma semana, apenas uma, mas então surgiu algo que eu não podia ignorar. Ouvi a fofoca de que Noriega estava encontrando alguém nas docas, algum vendedor chamado Salesa. O homem lidava principalmente com arte e objetos roubados, coisas valiosas e era paranoico como o inferno, o que significava que Noriega estaria lá sozinho. Poderia ter sido uma armadilha, claro, mas eu estava sentado de pernas cruzadas, esperando que ele magicamente caísse morto por tanto tempo que, se houvesse alguma chance de ser verdade, eu tinha que tentar.
Acontece que era verdade, e foi mais tranquilo do que eu poderia ter esperado. Eu encontrei o armazém algumas horas antes do encontro e marquei um bom local. Então eu esperei. Salesa apareceu primeiro, um homem grande samoano com cabelos raspados, acompanhado por quatro homens de ternos escuros que carregavam uma caixa quadrada de madeira entre eles. Eles entraram no armazém e, cinco minutos depois, lá estava ele, aquela cobra. Ele estava sozinho e parecia estar mancando um pouco. Ele entrou pela mesma porta, deixando-a destrancada. Perfeito. Não havia sentido em entrar ainda. Eu não estava afim de ter minha cabeça chutada pelos capangas de Salesa, então apenas assisti, minha mão segurando o punho da faca de combate que eu comprei em uma loja de artigos militares que eu sei que faria muito bem o seu trabalho.
Demorou quase uma hora para que Salesa e seus homens fossem embora, ainda carregando a caixa. Eles não pareciam felizes, mas eu não dei a mínima. Assim que eles viraram a esquina eu entrei o mais silenciosamente que pude e lá estava ele, encostado a uma pilha de tijolos, fumando. Comecei a me aproximar dele, mas quando cheguei perto ele deve ter me ouvido e se virou. Ele começou a dizer algo sobre reconsiderar e diminuir o preço quando percebeu que eu não era Salesa. Então um olhar que eu nunca vou esquecer passou pelo rosto de Paul Noriega. Não importa o que aconteça comigo, a lembrança daquele olhar de terror e pânico ficará comigo para sempre.
Ele se virou para correr, mas o que seja que havia de errado com sua perna o fez tropeçar nos tijolos. Eu o agarrei pela gola, minha faca já preparada, e o arrastei. Eu sempre fui o mais forte de nós dois e ele sabia que não podia lutar comigo. Levantando a mão, ele me pediu para esperar, para ouvir. Percebi que sua mão estava com alguns dedos faltando, feridas antigas que haviam cicatrizado há muito tempo, embora eu não me lembrasse de tê-las visto antes. Não importava; eu podia ouvir o sangue bombeando na minha cabeça e nada ia me impedir de ter minha vingança. Ele implorou por misericórdia enquanto eu mergulhava a faca nele uma, duas, três vezes. De novo e de novo e de novo eu apunhalei aquele traidor até que, finalmente, eu o soltei. Ele caiu no chão com força, um peso morto, sua cabeça fazendo um som pesado e estalado ao atingir os tijolos, e o sangue começou a formar uma poça no chão ao redor de seu corpo.
Quando a raiva começou a diminuir e minha respiração voltou ao normal, eu levei um segundo para examinar o pobre Paul Noriega morto e vi que algo parecia ter soltado quando sua cabeça bateu nos tijolos. Pegando, vi que era um olho de vidro. Eu olhei de volta para o cadáver, e com certeza havia um buraco onde o olho esquerdo deveria estar. Quando aquilo aconteceu? Ele certamente tinha os dois olhos quando trabalhávamos juntos e todos os dez dedos também. Ele também tinha todos os dentes, onde agora eu via lacunas em todo aquele rosto morto e sorridente. Estremeci, embora não saiba o porquê.
Não entrarei em detalhes sobre como eu me livrei do corpo. Acredite em mim quando digo que, mesmo que os policiais encontrassem algum pedaço do cadáver de Noriega, eles não seriam capazes de ligá-lo a mim. E a vida continuou. Os caras dele vieram me procurar quando o chefe deles não voltou, mas eu sei como ficar na minha por um tempo e logo eles perceberam que, se ele tinha sumido, eles não seriam pagos de qualquer maneira e seguiram em frente. E então eu tive minha vingança, e esse deveria ter sido o fim da história. Mas não foi.
Foi cinco dias depois que matei Noriega que eu encontrei o primeiro pacote. Eu estava no Tottenham Marshes, perto do reservatório, em negócios que vocês não precisam saber, e cheguei a uma ponte de metal sobre uma das correntes de lá. Agora, aquele não era um lugar que eu ia com frequência e acho que nunca cruzei aquela ponte antes na minha vida, mas lá, no centro dela, havia uma pequena caixa. Estava embrulhado em papel pardo e barbante, como um presente de Natal antiquado, e tinha meu nome impresso em letras legíveis: LEE RENTOUL, PARA CONSIDERAÇÃO IMEDIATA.
Obviamente, eu fiquei um pouco aterrorizado com isso, mas não tão aterrorizado como quando a abri. Dentro havia uma caixa de papelão preta, cheia de algodão, e um único dedo cortado. Era obviamente algum tipo de ameaça; algum babaca devia ter achado que poderia me assustar. Sem chance. Joguei o dedo em um dos canais e coloquei fogo na caixa antes de jogá-la em uma lixeira. Fui para casa rapidamente, prestando atenção ao meu redor e com a mão na minha faca. Eu estava tão ocupado olhando para trás que não vi o buraco na minha frente e tropecei. Quando caí para frente, senti uma dor queimar na mão em que estava a minha faca. Você adivinhou. Cair fez a lâmina atravessar e arrancar o meu mindinho.
Não me orgulho de admitir que gritei com isso. Eu rasguei minha camisa, tentando fazer um curativo para parar o sangramento pelo menos até chegar a um hospital. Mas, quando comecei a enrolá-lo, eu percebi que não estava realmente sangrando. A ferida estava fechada. Estava curado, como se tivesse acontecido anos atrás. Eu não sabia o que pensar. Eu não sabia o que fazer. Então eu só fui para casa. Eu não iria recuperar meu dedo, então imaginei que poderia tentar lidar com isso depois de uma noite de sono decente.
Havia outra caixa no meu apartamento. A mesma de antes. Essa continha dois dedos de pé. Eu tentei ignorar e manter meu pé bem longe de qualquer faca, mas... eu estava tentando ajustar as configurações da minha televisão quando ela caiu da parede. Ela bateu no meu pé direito e, bem, você já adivinhou? Isso foi há duas semanas. Desde então, perdi mais quatro dedos da mão em acidentes, a maioria dos meus dedos dos pés, e esse olho que consegui furar em uma maldita cerca. Perdi a conta do número de dentes que caíram e acredite em mim quando digo que você não quer saber como perdi a mão. Toda vez, uma caixa embrulhada em papel pardo: LEE RENTOUL, PARA CONSIDERAÇÃO IMEDIATA.
Eu tentei de tudo. Uma vez eu pensei que conseguia ser mais esperto. Passei o dia no meu quarto – nada afiado, nada pontiagudo. Tirei tudo, exceto o colchão. Não adiantou de nada, eu acordei na manhã seguinte com uma dor no pé muito mais afiada do que qualquer faca poderia cortar e o dedão estava faltando, exatamente como o que recebi na manhã anterior.
Eu sabia que era Angela. Claro que sabia, não sou estúpido. Qualquer maldição que ela tenha lançado sobre Noriega deve ter passado para mim. Eu fui lá, sabe. Fui confrontar aquela velha... e você sabe o que aconteceu? Ela me deixou entrar. Ela foi gentil, civilizada. Me ofereceu outra xícara de café! Eu disse a ela onde enfiá-la. Eu exigi, pedi e implorei que ela parasse o que estava acontecendo comigo. Você sabe o que ela fez? Ela deu de ombros. Ela só deu de ombros! Me disse que "algumas fomes são fortes demais para serem negadas", seja lá o que isso signifique. Então eu decidi que ia ser ela. Eu ia estrangular e tirar a vida daquele saco amaldiçoado de ossos. Mas quando a alcancei, eu... eu não sei. Não sei o que aconteceu. Eu sei que foi assim que perdi a mão. Eu sei que eu a mastiguei.
Olha, isso não importa. Eu só preciso da sua ajuda. Eu preciso que isso pare. Não sei como, mas essa é a especialidade de vocês, certo? Isso é o que vocês fazem. Vocês investigam essa coisa bizarra de fantasmas, não é? Bem, esta é a definição de coisa bizarra de fantasmas, e preciso que vocês me ajudem. Eu preciso que vocês me salvem do que está acontecendo.
Eu não tenho muito tempo. Eu recebi uma caixa hoje de manhã, algumas horas antes de vir aqui. Era uma língua.
ARQUIVISTA
Fim do depoimento.
Parece que esse caso nunca foi devidamente acompanhado. Segundo as notas complementares, logo após fazer seu depoimento o Sr. Rentoul ficou violento com os funcionários do Instituto e, em incidente que se seguiu, houve... um acidente. Nenhum detalhe é dado, mas aparentemente Rentoul precisou ser hospitalizado. Isso faz eu me lembrar de uma piada. Ela está quase na ponta da minha língua… Algo sobre línguas soltas. Ele não voltou ao Instituto posteriormente e seu depoimento foi arquivado.
De acordo com os registros de prisão que Sasha encontrou, o Sr. Rentoul estava dizendo a verdade sobre seu passado um tanto quanto conturbado com seu sócio Paul Noriega, com extensos arquivos sobre os dois. A última interação listada entre a polícia e Noriega é dois meses antes do depoimento de Rentoul e, desde então, nenhum sinal pode ser encontrado nos registros policiais ou em qualquer outro lugar.
Enviei Martin para investigar a tal “Angela” – não que eu queira que ele seja feito em picadinho, é claro, mas alguém precisava ir. Aparentemente, ele passou três dias examinando todas as mulheres chamadas Angela em Bexley com mais de 50 anos. Ele não conseguiu encontrar ninguém que correspondesse à descrição vaga dada aqui, embora ele tenha me informado que teve algumas conversas muito agradáveis sobre quebra-cabeças. Idiota inútil.
Tim fez o possível para procurar o Sr. Rentoul e ver se podemos contatá-lo para uma nova entrevista ou evolução, mas parece que ele desapareceu pouco depois de dar esse depoimento. Nós conseguimos encontrar o dono de seu antigo apartamento, que disse que o Sr. Rentoul desapareceu no início de abril de 2011, deixando muitas contas não pagas e nenhum endereço de encaminhamento. Ele disse que, quando foi limpar o apartamento, ficou surpreso ao descobrir que não havia mais móveis. Tudo o que restava na casa, disse ele, eram centenas e centenas de pequenas caixas de papelão.
Fim da gravação.
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𝐏𝐎𝐋𝐈𝐂𝐄 𝐒𝐄𝐂𝐎𝐔𝐑𝐒, 𝐂𝐀𝐍𝐍𝐄𝐒.
13 de setembro de 2020.
𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜𝑔𝑎𝑡𝑜𝑖𝑟𝑒 𝑑'𝑖𝑠𝑎𝑏𝑒𝑙𝑙𝑒 ━━ 𝒑𝒐𝒗.
depois de meses turbulentos e nem de perto superados, isabelle acreditou que teria alguns dias de paz. as aulas haviam voltado e, apesar da tensão ainda pairar sob as cabeças dos envolvidos na fatídica noite, não queria que o acontecido atrapalhasse seu último ano na escola — como se aquilo fosse mesmo a coisa mais importante. no entanto, quando recebeu a intimação, seu coração afundou dentro do peito. mesmo sem o seu apoio de sempre, chegou na delegacia de cannes com uma expressão confiante, pouquíssimo condizente com seus reais sentimentos, e um sorriso terno no rosto; eles não sabiam de nada e sequer tinham algo incriminatório sobre si. ou, pelo menos, foi o mantra repetido em sua mente. filha de uma advogada talentosa, ela sabia o que fazer e como agir.
foi recebida por duas pessoas, um homem e uma mulher, e murmurou um pequeno “bonjour” educado antes de fechar a porta, obedecendo suas ordens. tentou não pensar no quanto suas mãos tremiam ou se suas pernas parariam de funcionar e acabaria caindo. sentou-se no local indicado pelos mais velhos e alternou os olhares entre os dois, endireitando a postura ao notificar a câmera tão perto de si. a mulher foi a primeira a falar. “bonjour, mademoiselle stuyvesant. essa conversa está sendo gravada, lembre-se que o conteúdo pode e será usado durante o processo investigativo.” concluiu, ao ligar a câmera e separar alguns papéis. isabelle engoliu em seco ao ver a foto de eloise, a culpa intensificando-se em seu âmago. lembrou-se das palavras da mãe, na noite do acidente, quando chegou em casa aos prantos: não importa o que aconteceu, aja como se você fosse inocente. o detetive pigarreou e a mais nova desviou o olhar da fotografia para fitá-lo. “primeiro, diga seu nome completo, sua idade e o que você faz da vida.” pediu, sem tom mais suave que o de sua parceira. “meu nome é isabelle colette wattenberg stuyvesant, tenho dezoito anos recém completados e estou no último ano na academie internationale françois truffaut.” respondeu, fitando a câmera, e os outros dois assentiram. seu tom foi suave e inocente: estava acostumada a fingir ser quem não é.
“a senhorita sabe o motivo de ter sido convocada?” o homem tornou a falar e recebeu um acenar de cabeça em afirmativa. claro que sabia. “é a sua primeira vez prestando depoimento numa delegacia?” ele continuou e o coração da stuyvesant apertou-se contra o peito ao ter memórias desagradáveis sendo reativadas; preferia esquecer que aquilo lhe aconteceu. “non, monsieur. não é a primeira vez.” respondeu com simplicidade, sua respiração pesando ao ver a mulher sussurrar algo no ouvido do detetive e sua expressão anuviar. “me perdoe, senhorita. não precisamos falar sobre o ocorrido do ano passado, tudo já foi resolvido. você foi convocada aqui porque é testemunha da morte de eloise girard-dampierre. gostaríamos que fosse a mais objetiva que pudesse nas respostas. quão bem você conhecia a srta. girard-dampierre?”
não havia nada de suave nas expressões ou na entonação da mulher e, por isso, foi inevitável que isabelle tivesse uma reação autoprotetora. “eu conheci a eloise no início do ano, quando eu e meus amigos mudamos de escola, após o fechamento da nossa antiga escola, l'institute notre-dame toulouse. assim que chegamos, fomos recebidos com uma hostilidade severa. nunca nos incluíram em nada e, veja bem, tudo que eu queria era ser aceita, que meus amigos fossem amados. não pedimos muito, entende? e, mesmo assim, não aceitaram nossas tentativas de inclusão...” respirou fundo propositalmente, sua voz falhando, como se falar sobre aquilo fosse doloroso. não era. era tudo parte de um fingimento, considerado, por ela, crucial naquele momento. “eloise nunca quis ser minha amiga, mas minha teoria é que a culpa não é bem dela, se quer saber. geneviève d’harcourt, ela é a culpada por não termos sido próximas. tudo culpa de uma rivalidade que só existe na cabeça dela, é até triste. tentei uma amizade e não consegui, ela tem inveja, foi o que me disseram. então, é. é basicamente isso: não éramos próximas, além das vezes que fizemos um projeto de química juntas, mas sempre nos tratamos com polidez. de desprezo, já bastava o que recebi de @evreuxdharcourt.” quem a conhecia, saberia identificar a mentira. isabelle não portava nem metade dessa diplomacia que alegava e tampouco desejava. “e qual a relação de eloise girard-dampierre e a senhorita d’harcourt?” insistiram no assunto e a parisiense precisou se segurar para não suspirar, exasperada. piscou algumas vezes, dando a impressão que aquilo era incômodo para ela. “não sou de fazer fofoca, monsieur, deus é testemunha que fui ensinada a cuidar da minha vida apenas. mas, se é relevante ao caso, não posso omitir, certo?” questionou, mordiscou o lábio ínfero antes de continuar. sua intenção não era prejudicar a rival, longe disso. só queria proteger quem gostava. “eloise e geneviève pareciam ser grandes amigas, inseparáveis, mas estavam um pouco afastadas. não tem como eu saber com detalhes, não fui atrás da história e tampouco temos muitos amigos em comum. acho que geneviève estava muito focada nas traições do ex para que prestasse atenção na amiga, which is fair, i suppose.”
“entendo. você estava na ilha de saint-marguerite quando da morte da srta. girard-dampierre?” a mulher perguntou e belle precisou resistir à tentação de assentir, sem usar palavras. “sim, eu estava.” afirmou, olhando nos olhos da detetive. mesmo que estivesse amedrontada, não deixaria que aquela fraqueza transparecesse em seu rosto ou em sua voz. precisava fazer aquilo por todos os seus amigos que poderiam sair prejudicados. “a senhorita estava na festa de passagem realizada pelos alunos da truffaut françois?” foi a vez da voz masculina se fazer presente. “oui, eu estava. não gostei da qualidade da festa, então avisei a todos que queria ir embora. saí por volta das onze e vinte.” mentiu outra vez, sem quebrar o contato visual. “você se lembra da srta. girard-dampierre lá naquela noite, então?” ele continuou, sua voz suavizando. “eu só a vi por períodos curtos, mas sequer a cumprimentei. passei a festa inteira na companhia do meu namorado — desculpe, ex-namorado — ou com meus outros amigos. ah, claro, também tive um leve desentendimento com a geneviève, mas foi breve e no início da festa. acredito que alimentar discussões desenfreadamente faz mal para a alma e o corpo.” respondeu, pensando em quantas mentiras havia proferido naquela noite. muitas.
“qual foi a última vez que você viu a srta. girard-dampierre naquela noite? antes ou depois de sua discussão com a senhorita d’harcourt?” a detetive questionou, uma sobrancelha erguida. “a última vez deve ter sido perto de ir embora. ela estava conversando com leonardo borgia-odescalchi... bom, se é aquilo pode ser considerado uma conversa, claro. ela parecia odiar o garoto e a briga deles foi a primeira vez que a vi exasperada, irritada, mas não fiquei para ver o que era, porque estava na hora de ir embora e meu pai não gosta que eu chegue tarde em casa.” deu de ombros, como se não fosse nada demais. estava contando os minutos para que fosse liberada e pudesse, enfim, esboçar uma emoção real. “você viu a srta. girard-dampierre na companhia de alguém naquela noite?” inquiriu ela, outra vez, inclinando o corpo morosamente para frente. em resposta, isabelle balançou os ombros. “ela não era meu foco naquela noite, então não prestei atenção.” balançou a cabeça, dessa vez. não era mentira, mas não pelos motivos certos. “e quem era seu foco?” a voz do homem exalava curiosidade, mas isabelle sabia que era parte do protocolo. policial bom, policial ruim — todos eram iguais, no fim. desviou o olhar do rosto deles, franzindo o nariz ao fitar o chão. “estava numa crise em meu relacionamento e achei que essa festa seria uma boa oportunidade de ajudar, mas não funcionou, obviamente.” isabelle estava, sim, triste pelo fim de seu relacionamento, mas não havia nada de genuíno em como seus ombros inclinaram e desviou o olhar do rosto das figuras de autoridade para fitar as próprias mãos.
“você consegue pensar em algum motivo para a srta. girard-dampierre ter morrido além de suicídio? ela tinha inimigos, desavenças?” a pergunta final, a que sabia ser importante, veio e ela estremeceu. não sabia a resposta para aquela pergunta e gostaria de ficar sem saber, não tinha interesse em se aprofundar na vida da falecida. “eloise era amada por todos que a conheciam, parecia ser muito querida e, apesar de ter comprado as brigas da amiga, geneviève, ela nunca foi mal educada comigo, me tratou com simpatia. não consigo imaginar alguém fazendo algo para machucá-la, que dirá matá-la...?” falou num tom inconformado, quase confuso, e estava sendo sincera. “não disse que ela odiava aquele garoto, leonardo?” a mulher insistiu e pôde ver a vontade dela para que culpasse alguém; bem, não entregaria seu dealer de graça. “e geneviève d’harcourt me odeia, quer dizer que ela vai me matar? não. nossa turma pode não ser unida, mas não somos assassinos. se ela sequer cogitou ir até lá, deve ter tido seus motivos, mas não faço ideia de quais foram.” foi firme em seu tom de voz, ao finalizar. “muito obrigado pela participação e compreensão, mademoiselle stuyvesant. terminamos por aqui, está liberada.” a voz feminina proferiu a sentença, ao fechar a pasta, e isabelle levantou-se morosamente, estendendo as mãos para que eles apertassem antes de sair. seu sorriso portava um sorriso gentil, porém triste. estava exausta.
#* ⠀⠀⠀❪⠀⠀♡⠀⠀❫⠀⠀ » ⠀ it’s where my demons hide⠀⠀ –– ⠀⠀⠀pov .#* ⠀⠀⠀❪⠀⠀♡⠀⠀❫⠀⠀ » ⠀ there's something tragic about you⠀⠀ –– ⠀⠀⠀development .#g&g:pontos
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DOS AMORES, OS MEUS. part I
Tá chegando o dia dos namorados e lembrei do primeiro pedido, era uma carta escrita a mão numa letra feia, mas a intenção era boa, vinha junto um coração de pelúcia e talvez o perfume junto, ou isso foi a minha imaginação. A segunda vez não lembro muito bem de existir um pedido oficial, já estávamos juntos antes de estarmos, a convivência era todos os dias então a gente consolidou aquilo como namoro. Minha mãe não gostou, queria "namoro em casa" e assim foi, foi ele e mais um amigo nosso, no sofá amarelo queimado do lado direito da porta do meu antigo apartamento oficializar o namoro, que nos já tínhamos oficializado de outros modos. A ideia de levar o amigo foi minha. minha mão não ia muito com a cara dele. Não com a cara do amigo. A do namorado. Errada não tava, sempre demoro falando dele.
Depois lembro de ter namoricos que rapidamente levaram o nome de namoro. No falecido Orkut, aquilo na verdade era o começo do status sobre tudo, troquei aquele status algumas vezes, do meu namoro e dos orkut, recebi alguns depoimentos de amor e outros de ódio, desses mesmos meninos de antes, dos namoricos.
Lembro depois de começar a namorar, terminar e por vezes voltar com algum desses de antes, que minhas amigas costumavam dizer que "tinhamos tudo haver" talvez tivéssemos. Mas ele broxou e eu não... ainda tenho um carinho enorme por ele, e por alguns outros. Depois dele tive mais uns beijos e mãos dadas em públicos com meninos que talvez até me faltem a memória.. "adolescência vazia e eu tinha quase 16" diz a música, mas eu já tinha alguns anos a mais.
Depois de um tempo tive um relacionamento de mais ou menos oito meses com um amigo de uma amigo meu. E aquilo por mais que não tivesse nome e nós nunca nem cogitamos falar a palavra namoro foi o mais parecido com um namoro adulto e saudável que eu tive (até então), talvez porque nunca amei ele, como talvez amei esses outros.
Amei amigos, amei meninos, amei ex e também amei a ideia de amar alguém, depois descobri que amava até meninas, mas esse assunto é depois. Antes dele, que eu chamei de o mais saudável, teve o menos saudável, deveria primeiros fazer a lista dos menos saudáveis.
1- 2° namorado
2- 1° namorado
3- 3° namorado.
Talvez nos outros relacionamentos a não saudável fui eu.
Abrindo um parenteses pra falar dessa nova história, sempre faço isso, abro outros assuntos antes de falar daquilo, ou daquele. O parênteses começa agora, lembro bem de nunca me achar bonita o suficiente pra esses namorados, ou pra qualquer menino, mas não posso reclamar, sempre fiquei com quem eu quis, nem que fosse no cansaço; agora isso me fez lembrar do primeiro amor, o nome amaldiçoado, tive alguns nomes e fonemas parecidos nesses anos todos, mas o nome do primeiro amor é um tanto quando perseguidor, enfim, abri o segundo parenteses em outro, mas esse primeiro amor ele era realmente bonito, todas as meninas achavam ele bonito etc e no fim depois de alguns anos ele realmente gostou de mim, foi meu primeiro beijo, amor e namorico escolar, por mais libertária que eu fosse sempre tive primeiras vezes com pessoas importantes pra mim, tirando a segunda perda da minha virgindade, mas isso é assunto pra depois também... terminando o parênteses, quase esqueci o assunto, na verdade sempre fui na média da beleza porém sempre mto boa de papo, talvez por isso ganhava o que queria, fecha parênteses.
Talvez até precisei falar sobre isso pra chegar no 3° da lista dos não saudáveis, não lembro muito bem de sempre ter alguém que estava atrás de mim para ficarmos, sempre gostei de saber quem tava afim e assim escolhia (( ou dentro do meu cérebro e da minha calcinha decidimos de quem eu ia gostar )) depois de algumas decepções amorosas, me fechei em algum pedacinho de mim e não botava tanto o amor em jogo, como fiz com o boy não saudável número 1 da lista. Até que então em um dia de verão. Mentira não lembro se era verão. e nem lembro muito bem como tudo aconteceu.. tudo aconteceu, recebi informações o suficiente sobre alguém ser completamente apaixonado por mim e me provar isso de tantas formas, falas e jeitos que não consegui, me apaixonei de novo, perdidamente devo confessar, não foi tão rápido, depois conto com calma. E eu tava ali, com o talvez karma que eu tenha que pagar nas próximas vidas, mas com a pessoa que me ajudou a crescer em tantos sentidos que até hoje não sei expresar. Enfim, por mais que eu faça lista e relembre de histórias, a maioria lembro com carinho, me formaram a pessoa de hoje, provavelmente eu não seria assim. Mas comecei esse capítulo falando dos pedidos de namoro, esse último me pediu tantas vezes, que valeu pelos pedidos que não tive.
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AS DIFICULDADES DE SER UMA MULHER DESABRIGADA
Carlos Xavier Mendes*
Júlia Müller**
Márcio da Silva Rodrigues*
Luma Costa***
Pelotas possui quase 100 pessoas vivendo nas ruas e avenidas da cidade. O número é um levantamento da Secretaria de Assistência Social (SAS), mas fica o alerta: É uma inconstância. A rua é incerta, ora uns chegam, ora outros desaparecem. Amanda****, 32 anos, vive entre esquinas e fachadas de casas no centro do município há 5 anos; já Morena****, 28 anos,teve de se acostumar com as noites à céu aberto há um mês.
Cada mulher tem a própria história com a rua, a maior parte escrita entre linhas de violência e abusos. De acordo com a última edição da Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua, realizada em 2009 pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, as mulheres representam 18% das pessoas em situação de rua no Brasil. Em contrapartida 56% das vítimas de violência são do gênero feminino, segundo os registros do Ministério da Saúde.
Morena
Morena, como prefere ser chamada, tem 28 anos, está sem lar há cerca de um mês. A vida dela, e de seu marido, tem sido em torno da casa de passagem da cidade de Pelotas, onde os dois têm passado as noites desde que se viram sem lar. Morena sonha em ter uma casa novamente e com coisas cotidianas, como lavar as próprias roupas da maneira que preferir. “É estranho, né?! Acostumada a ter a casa da gente”. O casal é dependente químico e perdeu a casa em que morava por brigas familiares e por conta do vício.
Morena não tem contato com sua família há algum tempo, pois prefere não visitá-los para dar notícias ruins, por conta disso sua família não sabe que ela está em situação de rua. Ela conta que desde que tinha 14 anos não depende mais dos pais, e conta isso com certo orgulho. “Eu sou maior de idade, eu tenho que me virar, já foi o tempo [eles, a família], já me ajudaram demais. […] Eu não quero ficar dando notícia ruim pra eles, quando eu estiver bem de novo eu vou lá […] digo que estava viajando”.
Morena tem quatro filhos, duas meninas do primeiro casamento, um menino do segundo relacionamento e uma terceira menina, fruto de sua relação atual. As três crianças mais velhas moram com seus respectivos pais, Morena diz que acha melhor assim, que as crianças até já pediram para ficar com ela algumas vezes, mas que por achar que a vida dos filhos seria melhor morando com os pais ela não permitiu. A filha mais nova, que é também de seu atual companheiro, mora em Santa Catarina com uma prima de Morena. Ela diz que a decisão também se deu pelas condições financeiras dessa prima, que ela julga poder dar uma vida bem melhor para a criança.
Quanto ao momento em que se percebeu em situação de rua, Morena diz não ter sentido medo, pois estava com seu marido. “Eu me senti perdida, se eu estivesse sozinha, sentiria medo”. Atualmente suas expectativas de voltar a ter um casa se baseiam em uma promessa da sogra, que se comprometeu a alugar uma casa para o casal no próximo mês. Morena também espera conseguir um emprego com ajuda das assistência social da casa de acolhida.
Amanda
Amanda tem 34 anos, cresceu na praia do Laranjal em Pelotas. Estudou no Colégio Gonzaga, uma escola particular prestigiada na cidade, e cursou enfermagem por cerca de dois anos. Se tornou uma pessoa em situação de rua há cerca de cinco anos, quando a pessoa a quem chamava de pai acabou por falecer. Amanda é dependente química e já foi internada em um hospital psiquiátrico 19 vezes para desintoxicação, segundo o que se lembra. Há algum tempo tem a prostituição como sua fonte de renda.
Há cerca de duas semanas Amanda não dorme mais na rua, ela conta que recentemente conseguiu alugar um “quartinho”, como ela mesma se refere, e está empolgada com a possibilidade de decorar esse espaço. “Tenho caminha, minhas roupinhas, estou evoluindo […] está coisa mais bonitinha, até florzinha já tem”. Amanda foi criada pela avó materna e seu segundo marido, com quem Amanda não tinha laços sanguíneos, mas a quem ela chamava de pai e por quem nutria grande carinho. Desde a morte dessa figura paterna, Amanda não tem mais contato com a família. Sua mãe biológica faleceu muito jovem, já seu pai ainda está vivo, sabe de sua situação, mas se nega a ajudá-la. “De vez em quando ele passa por mim na rua e me atira dez pila, como se fosse resolver alguma coisa. Muitas vezes eu pedi pra ele me ajudar a pagar um quarto para mim não ficar na rua e ele nunca ajudou”.
Quanto à dependência química, Amanda conta que começou a usar drogas com dezoito anos. No início fazia uso recreativo de maconha e cocaína com seu primeiro marido. Diz que seu erro foi ter experimentado crack pela primeira vez, desde então não conseguiu parar. Diz que ultimamente tem tentado diminuir a frequência com que usa a droga, para quem sabe um dia conseguir parar. “É uma doença né, todo mundo julga, mas é uma doença”.
Amanda é mãe de cinco filhos, os dois mais velhos são meninos, e moram com seus respectivos pais, duas meninas que foram levadas pelo conselho tutelar e de quem ela não tem notícias, e um bebê que está sendo criado por um casal de amigas e que ela visita sempre que sente vontade. Ela disse que a decisão de deixar o bebê com essas amigas se deu por medo que ele também fosse levado pelo conselho tutelar. Ela ainda conta que teria mais um filho, mas que acabou sofrendo um aborto ao ser agredida em uma briga com outra moradora de rua.
Cerca de dois meses atrás, Amanda quase morreu ao levar duas facadas no pescoço. O autor das facadas foi o, na época, namorado, desde então ele está preso por tentativa de homicídio. Ela conta a história do relacionamento e diz que ainda sente o “olho brilhar” ao falar do ex-namorado. Diz que não quer mais se relacionar com essa pessoa, mas que ele ainda é o amor da sua vida.
Quando perguntada sobre morar na rua, Amanda diz que se sentiu horrível em todas as vezes em que precisou voltar a dormir na rua ao longo desses cinco anos. “Porque tu te sente uma pessoa horrorosa [..] muitas vezes não dormia com medo que acontecesse alguma coisa”. Terminamos nossa conversa quando Amanda pede licença para almoçar pela segunda vez naquele dia, foi convidada por um conhecido que passou enquanto a entrevistávamos, já com o gravador desligado Amanda nos confessa que se o cardápio for bife de fígado não irá comer, ela não gosta, pois era obrigada a comer na infância por conta da anemia.
Filhas, mães e esposas… por mais que nos esforcemos para não limitar mulheres ao papel que a sociedade as impõem, é difícil encontrar outras maneiras que humanizá-las. Por que só não vê-las como pessoas? Por que animalizar pessoas em situação de rua se tornou cotidiano? Conversando com Morena e Amanda pudemos enxergar as pessoas por trás das estatísticas, os seres com histórias, famílias e vivências, que a maioria de nós talvez nunca possa compreender, mas que todos podem ouvir.
A assistência social é direito
É um dever do Estado assegurar a assistência social à população, independente de raça, classe social ou moradia. Em Pelotas, por dia, o Centro Pop recebe em média 65 pessoas em situação de rua para o café da manhã. O espaço é uma casa de acolhida, com computadores, banheiros para banho, lavanderia, guarda pertences e pátios internos, além de oferecer periodicamente oficinas com o objetivo de reinserção desse público no mercado de trabalho.
Por meio da Secretaria de Assistência Social (SAS), o espaço já promoveu cursos de capacitação nas áreas de eletricista, instalação de alarme e cabeleireiro. “É para que eles se capacitem e voltem ao mercado de trabalho, nem que seja de maneira informal”, afirma o titular da pasta, Luiz Eduardo Longaray.
A SAS realiza um mapeamento na cidade a fim de quantificar o número de pessoas em situação de rua. Além da quantidade que passa diariamente no Centro Pop e Casa de Passagem, outras cerca de 25 dormem nas ruas e não acessam os serviços. Isso se dá por diversos motivos, seja pelo uso de drogas e álcool - substâncias que não são aceitas dentro dos espaços - ou por escolha própria.
As características desse público, assim como o número quantificado pela secretaria, é inconstante. A cada dia a rua muda. No verão, por exemplo, o número é maior, moradores de outras cidades e países próximos de Pelotas viajam para cá, seja de passagem, enquanto fazem mochilões pelo país, seja por necessidade.
No inverno, o trabalho é voltado para as frequentes rondas nas ruas a fim de chamar os moradores para as casas de assistência. O contingente, às vezes, chega a ser maior que as 30 vagas disponibilizadas na Casa de Passagem. Nestes casos, os moradores são encaminhados para o albergue noturno, que possui convênio com a SAS.
Entre 2007 e 2008, o então Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome realizou uma pesquisa para mapear os moradores de rua de todo o país. Para realizar a pesquisa, foram consideradas as cidades com mais de 300 mil habitantes. Ao todo, 31.722 pessoas em situação de rua foram encontradas.
Para utilizar os serviços em Pelotas é preciso ser pontual. A Casa de Passagem possui 30 vagas que são ocupadas até às 19h de cada dia. Quem ingressa ao local recebe toalhas, materiais de higiene para banho, lençóis limpos e uma refeição para o jantar. No dia seguinte os abrigados tomam café da manhã, e podem passar o tempo livre, até o horário do almoço, no Centro Pop, que abre diariamente das 9h às 17h. A fila para o almoço começa a se formar na porta do Restaurante Popular por volta das 11h, a refeição custa R$2,00, mas quem não tem condições de pagar pode solicitar um ticket que dá direito a gratuidade. Os três serviços ficam na mesma calçada, na rua Três de Maio, entre Marechal Deodoro e General Osório.
* Pesquisa de dados
** Redação, infografia e edição de áudio
*** Redação e revisão final
***** Os nomes das mulheres que deram seus depoimentos para esta reportagem são fictícios
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Vídeo mostra mecânico armado antes de assassinar ex-namorada: 'Já matei o seu pai, agora é você'. VEJA AS IMAGENS
Esposa e mãe das vítimas testemunhou o crime em Miracatu (SP). Ela contou à polícia que o autor dos disparos foi o ex-namorado da filha. João Carlos foi encontrado por PMs e prestou depoimento na delegacia. Um vídeo, nesta terça-feira (14), que mostra o mecânico João Carlos, de 29 anos, indiciado por matar a ex-namorada e o pai dela a tiros em Miracatu (SP), empurrando a jovem e pedindo desculpas antes de disparar contra a vítima, que pediu para não matá-la. O atirador respondeu: "Já matei o seu pai, agora é você". Em depoimento na delegacia, o suspeito disse não lembrar do crime. A Polícia Civil pediu a prisão temporária dele. Yasmin Santos de Queiroz, de 25 anos, e o pai dela, o funcionário público Francisco Xavier Marques de Queiroz, de 60, foram mortos na casa da família, na Rua Joaquim Pedroso, na noite de sábado (11). A esposa e mãe das vítimas testemunhou o crime. A Polícia Civil pediu a prisão temporária de João Carlos, que foi encontrado por PMs que estavam próximo a um sítio no bairro Pascoval, na madrugada de segunda-feira (13). Ele foi conduzido à delegacia para depoimento. A arma usada nos assassinatos não foi encontrada. Yasmin Santos de Queiroz, de 25 anos, e o pai dela, o funcionário público Francisco Xavier Marques de Queiroz, de 60, foram mortos na casa da família, na Rua Joaquim Pedroso, na noite de sábado (11). A esposa e mãe das vítimas testemunhou o crime. A Polícia Civil pediu a prisão temporária de João Carlos, que foi encontrado por PMs que estavam próximo a um sítio no bairro Pascoval, na madrugada de segunda-feira (13). Ele foi conduzido à delegacia para depoimento. A arma usada nos assassinatos não foi encontrada. VEJA VÍDEO: Fonte: G1 Read the full article
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AS DIFICULDADES DE SER UMA MULHER DESABRIGADA
Júlia Müller* Luma Costa**
Pelotas possui quase 100 pessoas vivendo nas ruas e avenidas da cidade. O número é um levantamento da Secretaria de Assistência Social (SAS), mas fica o alerta: É uma inconstância. A rua é incerta, ora uns chegam, ora outros desaparecem. Amanda***, 32 anos, vive entre esquinas e fachadas de casas no centro do município há 5 anos; já Morena***, 28 anos,teve de se acostumar com as noites à céu aberto há um mês.
Cada mulher tem a própria história com a rua, a maior parte escrita entre linhas de violência e abusos. De acordo com a última edição da Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua, realizada em 2009 pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, as mulheres representam 18% das pessoas em situação de rua no Brasil. Em contrapartida 56% das vítimas de violência são do gênero feminino, segundo os registros do Ministério da Saúde.
Morena
Morena, como prefere ser chamada, tem 28 anos, está sem lar há cerca de um mês. A vida dela, e de seu marido, tem sido em torno da casa de passagem da cidade de Pelotas, onde os dois têm passado as noites desde que se viram sem lar. Morena sonha em ter uma casa novamente e com coisas cotidianas, como lavar as próprias roupas da maneira que preferir. “É estranho, né?! Acostumada a ter a casa da gente”. O casal é dependente químico e perdeu a casa em que morava por brigas familiares e por conta do vício.
Morena não tem contato com sua família há algum tempo, pois prefere não visitá-los para dar notícias ruins, por conta disso sua família não sabe que ela está em situação de rua. Ela conta que desde que tinha 14 anos não depende mais dos pais, e conta isso com certo orgulho. “Eu sou maior de idade, eu tenho que me virar, já foi o tempo [eles, a família], já me ajudaram demais. [...] Eu não quero ficar dando notícia ruim pra eles, quando eu estiver bem de novo eu vou lá [...] digo que estava viajando”.
Morena tem quatro filhos, duas meninas do primeiro casamento, um menino do segundo relacionamento e uma terceira menina, fruto de sua relação atual. As três crianças mais velhas moram com seus respectivos pais, Morena diz que acha melhor assim, que as crianças até já pediram para ficar com ela algumas vezes, mas que por achar que a vida dos filhos seria melhor morando com os pais ela não permitiu. A filha mais nova, que é também de seu atual companheiro, mora em Santa Catarina com uma prima de Morena. Ela diz que a decisão também se deu pelas condições financeiras dessa prima, que ela julga poder dar uma vida bem melhor para a criança.
Quanto ao momento em que se percebeu em situação de rua, Morena diz não ter sentido medo, pois estava com seu marido. “Eu me senti perdida, se eu estivesse sozinha, sentiria medo”. Atualmente suas expectativas de voltar a ter um casa se baseiam em uma promessa da sogra, que se comprometeu a alugar uma casa para o casal no próximo mês. Morena também espera conseguir um emprego com ajuda das assistência social da casa de acolhida.
Amanda
Amanda tem 34 anos, cresceu na praia do Laranjal em Pelotas. Estudou no Colégio Gonzaga, uma escola particular prestigiada na cidade, e cursou enfermagem por cerca de dois anos. Se tornou uma pessoa em situação de rua há cerca de cinco anos, quando a pessoa a quem chamava de pai acabou por falecer. Amanda é dependente química e já foi internada em um hospital psiquiátrico 19 vezes para desintoxicação, segundo o que se lembra. Há algum tempo tem a prostituição como sua fonte de renda.
Há cerca de duas semanas Amanda não dorme mais na rua, ela conta que recentemente conseguiu alugar um “quartinho”, como ela mesma se refere, e está empolgada com a possibilidade de decorar esse espaço. “Tenho caminha, minhas roupinhas, estou evoluindo [...] está coisa mais bonitinha, até florzinha já tem”. Amanda foi criada pela avó materna e seu segundo marido, com quem Amanda não tinha laços sanguíneos, mas a quem ela chamava de pai e por quem nutria grande carinho. Desde a morte dessa figura paterna, Amanda não tem mais contato com a família. Sua mãe biológica faleceu muito jovem, já seu pai ainda está vivo, sabe de sua situação, mas se nega a ajudá-la. “De vez em quando ele passa por mim na rua e me atira dez pila, como se fosse resolver alguma coisa. Muitas vezes eu pedi pra ele me ajudar a pagar um quarto para mim não ficar na rua e ele nunca ajudou”.
Quanto à dependência química, Amanda conta que começou a usar drogas com dezoito anos. No início fazia uso recreativo de maconha e cocaína com seu primeiro marido. Diz que seu erro foi ter experimentado crack pela primeira vez, desde então não conseguiu parar. Diz que ultimamente tem tentado diminuir a frequência com que usa a droga, para quem sabe um dia conseguir parar. “É uma doença né, todo mundo julga, mas é uma doença”.
Amanda é mãe de cinco filhos, os dois mais velhos são meninos, e moram com seus respectivos pais, duas meninas que foram levadas pelo conselho tutelar e de quem ela não tem notícias, e um bebê que está sendo criado por um casal de amigas e que ela visita sempre que sente vontade. Ela disse que a decisão de deixar o bebê com essas amigas se deu por medo que ele também fosse levado pelo conselho tutelar. Ela ainda conta que teria mais um filho, mas que acabou sofrendo um aborto ao ser agredida em uma briga com outra moradora de rua.
Cerca de dois meses atrás, Amanda quase morreu ao levar duas facadas no pescoço. O autor das facadas foi o, na época, namorado, desde então ele está preso por tentativa de homicídio. Ela conta a história do relacionamento e diz que ainda sente o “olho brilhar” ao falar do ex-namorado. Diz que não quer mais se relacionar com essa pessoa, mas que ele ainda é o amor da sua vida.
Quando perguntada sobre morar na rua, Amanda diz que se sentiu horrível em todas as vezes em que precisou voltar a dormir na rua ao longo desses cinco anos. “Porque tu te sente uma pessoa horrorosa [..] muitas vezes não dormia com medo que acontecesse alguma coisa”. Terminamos nossa conversa quando Amanda pede licença para almoçar pela segunda vez naquele dia, foi convidada por um conhecido que passou enquanto a entrevistávamos. Já com o gravador desligado Amanda nos confessa que se o cardápio for bife de fígado não irá comer, ela não gosta, pois era obrigada a comer na infância por conta da anemia.
Filhas, mães e esposas… por mais que nos esforcemos para não limitar mulheres ao papel que a sociedade as impõem, é difícil encontrar outras maneiras que humanizá-las. Por que só não vê-las como pessoas? Por que animalizar pessoas em situação de rua se tornou cotidiano? Conversando com Morena e Amanda pudemos enxergar as pessoas por trás das estatísticas, os seres com histórias, famílias e vivências, que a maioria de nós talvez nunca possa compreender, mas que todos podem ouvir.
A assistência social é direito
É um dever do Estado assegurar a assistência social à população, independente de raça, classe social ou moradia. Em Pelotas, por dia, o Centro Pop recebe em média 65 pessoas em situação de rua para o café da manhã. O espaço é uma casa de acolhida, com computadores, banheiros para banho, lavanderia, guarda pertences e pátios internos, além de oferecer periodicamente oficinas com o objetivo de reinserção desse público no mercado de trabalho.
Por meio da Secretaria de Assistência Social (SAS), o espaço já promoveu cursos de capacitação nas áreas de eletricista, instalação de alarme e cabeleireiro. “É para que eles se capacitem e voltem ao mercado de trabalho, nem que seja de maneira informal”, afirma o titular da pasta, Luiz Eduardo Longaray.
A SAS realiza um mapeamento na cidade a fim de quantificar o número de pessoas em situação de rua. Além da quantidade que passa diariamente no Centro Pop e Casa de Passagem, outras cerca de 25 dormem nas ruas e não acessam os serviços. Isso se dá por diversos motivos, seja pelo uso de drogas e álcool - substâncias que não são aceitas dentro dos espaços - ou por escolha própria.
As características desse público, assim como o número quantificado pela secretaria, é inconstante. A cada dia a rua muda. No verão, por exemplo, o número é maior, moradores de outras cidades e países próximos de Pelotas viajam para cá, seja de passagem, enquanto fazem mochilões pelo país, seja por necessidade.
No inverno, o trabalho é voltado para as frequentes rondas nas ruas a fim de chamar os moradores para as casas de assistência. O contingente, às vezes, chega a ser maior que as 30 vagas disponibilizadas na Casa de Passagem. Nestes casos, os moradores são encaminhados para o albergue noturno, que possui convênio com a SAS.
Entre 2007 e 2008, o então Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome realizou uma pesquisa para mapear os moradores de rua de todo o país. Para realizar a pesquisa, foram consideradas as cidades com mais de 300 mil habitantes. Ao todo, 31.722 pessoas em situação de rua foram encontradas.
Para utilizar os serviços em Pelotas é preciso ser pontual. A Casa de Passagem possui 30 vagas que são ocupadas até às 19h de cada dia. Quem ingressa ao local recebe toalhas, materiais de higiene para banho, lençóis limpos e uma refeição para o jantar. No dia seguinte os abrigados tomam café da manhã, e podem passar o tempo livre, até o horário do almoço, no Centro Pop, que abre diariamente das 9h às 17h. A fila para o almoço começa a se formar na porta do Restaurante Popular por volta das 11h, a refeição custa R$2,00, mas quem não tem condições de pagar pode solicitar um ticket que dá direito a gratuidade. Os três serviços ficam na mesma calçada, na rua Três de Maio, entre Marechal Deodoro e General Osório.
* Redação, infografia e edição de áudio
** Redação e revisão final
*** Os nomes das mulheres que deram seus depoimentos para esta reportagem são fictícios
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𝐂𝐀𝐒𝐎 𝐂𝐀𝐌𝐈𝐋𝐋𝐄: 𝐈𝐍𝐓𝐄𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐓𝐎𝐑𝐈𝐎 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝐈𝐈
Wolfgang se dirigiu à delegacia com as palmas suando. Sabia que sua situação era muito mais favorável agora que sua ex namorada não estava morta e não tinha nada naquele mundo que pudesse ligar-lhe à Camille Martin, porém mesmo assim não deixou de se sentir criminoso por estar ali. O pior de tudo é que teve que manter segredo do seu avô que ainda estava hospitalizado desde o “acidente” na sua última viagem à Cannes. Felizmente, pudera contar com o apoio dos amigos e estava um pouco mais confiante; mesmo assim, ainda sentia que o estômago estava virado do avesso.
Sentou-se à frente dos dois detetives conhecidos. Algo se acendeu nos olhos deles — sabiam quem ele era, se lembravam dele. Imaginou que adoraram ter especulado que o Mateschitz era o motivo por trás da morte de Girard-Dampierre. Agora se quisessem o pintar de vilão teriam que fazer muita força. “Boa tarde, senhor Mateschitz, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação”, deu início a policial Lucille Fortier-Marceau. ❝ — Meu nome é Wolfgang Dietrich Glock-Mateschitz, tenho 19 anos. Sou estudante da Truffaut e nasci no dia 10 de abril de 2002.❞ — falou de forma calma enquanto seguia a orientação policial de mirar a câmera.
“Obrigada. Agora...”, continuou a detetive, tirando uma foto de uma pasta para lhe mostrar. Era aquela garota, Camille Martin. Reconheceu-a da foto do jornal na semana passada e devia dizer que a semelhança com Eloise era assombrosa. "Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?”, questionou. Ficou feliz que a primeira pergunta não precisava envolver mentira nenhuma. ❝ — A primeira vez que eu tomei conhecimento dela foi no jornal semana passada, onde divulgaram que o corpo foi reconhecido. Nunca a vi por aí, nem na escola ou lugar nenhum.❞ — respondeu honestamente.
“Certo. E como aluno da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?”, foi o homem quem perguntou dessa vez. Teria dito algo do tipo: “a festa era tão privada para o pessoal da Truffaut que nem os alunos novos eram chamados, senhor”. Só que já haviam combinado que essa parte ficaria de fora, porque a presença dos amigos ser questionada traria à tona a briga ocorrida e isso ia incriminar todo mundo. Portanto, só disse: ❝ — Não sei. Eu sou aluno da Truffaut há pouco tempo se comparado aos outros. Estudava na antiga Notre-Dame e me mudei para o colégio com um grupo de amigos no começo de 2020. Não sou parte do comitê de festas e essa foi a primeira festa dessas que participei, então não sei dizer os detalhes sobre ela.❞ — disse. “Mas como aluno da Notre-Dame nunca foi convidado para essa festa?”, adicionou Lucille. Wolf sacudiu a cabeça. ❝ — Não. Truffaut e Notre-Dame não se misturam muito bem, detetive. A gente até sabia que rolava essa festa e que tinha uns rituais, mas nunca soube do que se tratava isso, essa seria a primeira vez.❞ — comentou, dando de ombros.
“Entendo. O senhor, portanto, estava lá naquela noite do dia 4 de julho. Pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?”, Lucille Fortier-Marceau pressionou. Wolfgang assentiu. ❝ — Sim, estava. Fui com meus amigos um pouco mais tarde do escrito no convite. Cheguei lá na presença deles... Uh, Chloé Beauchamp ( @ambitchiiious ), Casper Kane ( @casskane ), Maya de Rojas ( @astramaya ), Amelia Sauveterre ( @ameliasauveterre ), William Fitzgerald ( @willfitz ), Marie Hypatie Love-Hauet ( @patiepatata ), Gaspard Dubois ( @gaspdubouis ), Faheera Al Hosseinzadeh ( @ohfaheera ) e Jeanne Leblanc ( @anneblnc ). Acho que é isso... Mas não vi Camille Martin por lá, a princípio.❞ — respondeu. Os dois detetives fixavam-lhe o olhar de uma forma desconfortável. Se ajeitou na cadeira. “É um grupo bem grande”, comentou a mulher, uma sobrancelha erguida. ❝ — Me orgulho de felizmente ter bastante amigos próximos, senhora.❞ — falou de forma simples e deu de ombros, não devia explicações sobre isso à eles.
“O senhor é o ex-namorado de Eloise Girard-Dampierre, não é? Estava na companhia da senhorita naquela noite?”, perguntou Bernard. O Mateschitz franziu o cenho. ❝ — O caso não se trata mais do assassinato dela, se trata?❞ — rebateu, porque não podia deixar de se sentir inquirido, como se fosse um réu. Se não discutia sua ex relação nem com os amigos, com certeza não queria fazer aquilo com a polícia. “Pergunto isso, senhor Mateschitz, porque as duas moças, como pode ter percebido, se parecem bastante. O senhor teve contato com Eloise ou acha possível que de longe possa ter visto Camille em seu lugar?”, reformulou o homem, o que lhe deixou um pouco mais aliviado. ❝ — Como falei em meu primeiro depoimento, minha relação com Eloise era segredo absoluto. Nas festas da escola a gente precisava inventar desculpa para nos encontrar às escondidas.❞ — falou friamente, porque não gostava de tocar naquele assunto. Por que precisavam ficar abrindo a ferida? ❝ — Eu não tive chance de ficar com ela à sós. Ela parecia bem ocupada com os amigos, me disse antes de tudo que tinha uma questão para resolver com uma amiga, algo assim. Sei lá, não dei bola, é coisa normal, né? Eu posso ter visto a Camille no lugar da Eloise sim... Na época eu ficava procurando ela com o olhar em todos os cantos e podia fixar o olho em qualquer uma que remotamente parecesse ela... Eu...❞ — se interrompeu, notando que a face esquentou e provavelmente estava escarlate. Não falou mais nada, não precisava relatar como fora trouxa na sua relação com a ex. Os dois pareceram entender o suficiente.
“Onde o senhor estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?”, perguntou Lucille. A hora era agora. Precisava falar o que combinou com Chloé. ❝ — Meia noite, é? Bom...❞ — ficou pensativo de verdade, porque precisava se lembrar como começava a narrativa, já que o nervosismo o fez ter branco. Concentre-se!, pensou. Escutou a voz da Beauchamp na sua cabeça. ❝ — Para ser sincero, policiais, essa noite é meio confusa. Eu cheguei com meus amigos e fiquei na maior parte do tempo bebendo. Era uma festa, né. Fomos de iate para lá, o capitão de confiança do meu avô que nos levou, ele mora na cidade mesmo. Não sei dizer em que momento, mas eu fiquei bem bêbado, Chloé deu o grande azar de estar comigo antes disso e precisou ficar cuidando de mim. Quando eu fico bêbado quero fazer umas coisas meio idiotas, disse ‘pra ela que ia voltar nadando ‘pra casa e besteiras desse tipo. Enfim... Não sei que horário foi, mas fomos embora. Eu, Chloé e Faheera. Me lembro dela lá, algo sobre ela também estar passando mal, porque Koko disse assim: ‘onde vocês estariam sem mim agora?’. Isso eu lembro.❞ — narrou. Não podia embelezar muito sua fala porque não era um garoto que prestava atenção nos detalhes e sabia que eles sabiam disso. “Sabe nos dizer um horário aproximado que isso tudo aconteceu? Antes ou depois da meia-noite?”, pressionou Lucille. ❝ — Uh... Não, me desculpa, eu realmente não olho ‘pra hora ou vejo ela passar quando fico bêbado. Em todo caso, acho que a Chloé vai saber dizer melhor, ela estava sóbria, ou sóbria o suficiente para me carregar de lá. Só sei que não vimos polícia nenhuma e nem pessoas caindo, se não duvido que íamos sair dali na boa, né? Posso dizer com certeza que foi antes, porque mesmo bêbado eu acho que lembraria de alguém morrendo, ainda mais a minha namorada na época, né...❞ — disse, cruzando os braços sobre a mesa. O par de detetives escrevia bastante.
“O senhor esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?”, perguntou Bernard Chateaubriand. Wolfgang estava prestes a pôr a mão no cabelo em sinal de nervosismo, mas se conteve. Não podia deixar eles observarem aqueles sinais, isso se lembrava de Koko e Cass o orientar. ❝ — Não estive no penhasco. Na verdade nem sabia que isso era uma tradição deles, acho que na hora eu soube... É, lembro de ter dito para Koko que ia pular sozinho, esse foi um dos motivos dela me levar embora.❞ — mentiu deslavadamente, porém não tinha como eles saberem disso, a menos que Chloé o incriminasse e sabia que a chance de isso acontecer era maior do que negativa. “Então o senhor viu os alunos se dirigirem ao penhasco e disse que iria pular antes deles, é isso? Sabe dizer quem eram esses alunos e o horário que isso aconteceu?”, perguntou Bernard com o tom ansioso. Sabia que essa era uma parte crucial para a polícia e conseguir nomes de pessoas que subiram seria crucial. ❝ — Não! Não foi isso que eu disse! Lembro que me contaram que logo ia acontecer o famoso rito de passagem, então perguntei o que era isso, porque afinal das contas né, era o nome da festa, e me explicaram. Foi daí que tirei a ideia, mas não vi ninguém subindo não, senhor. Nem sei se fizeram isso com a confusão de encontrar o corpo e nem fiquei sabendo. Depois que achei que Eloise tinha morrido, não gostava de pensar ou mencionar essa noite.❞ — falou, e essa parte realmente era verdade. Sabia que estava apelando para o emocional dos dois ao falar daquela forma e soube que funcionou, porque o olhar de decepção deles foi visível.
“O senhor saberia dizer por que as pessoas pensaram que... Bom, desculpe falar assim levando em conta que eram próximos e foi um evento traumático para o senhor, mas como souberam que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?”, falou Lucille e de fato o austríaco esboçou uma careta. Não estava mais namorando a garota e agora que sabia que ela nunca morreu era um alívio, mas mesmo assim aquele foi um período sombrio na vida de Wolfgang e não gostava de relembrá-lo. ❝ — Não sei, senhora. Não lembro de ter presenciado isso e nem sei como isso aconteceu.❞ — falou com honestidade, depois que os amigos o levou arrastado penhasco abaixo, não lembrava e nem sabia o que as pessoas fizeram lá do outro lado. “A sua amiga, a senhorita Marie Hypatie Love-Hauet, foi quem acionou a polícia. Ela não te falou nada sobre como aconteceu e por que ela chamou a polícia? Não falaram sobre isso no grupo de amigos?”, adicionou Bernard. ❝ — Como eu disse antes, nunca discuti os detalhes daquela noite com ninguém, só queria esquecer que ela aconteceu totalmente. Meus amigos depois disso começaram a não falar mais sobre o assunto na minha presença por respeito e sempre preferi assim. Mas Patie é uma garota muito inteligente e tenho certeza que não fez isso por impulso, se chamou a polícia é porque identificou uma confusão ou alguém passou a informação e ela, que é corajosa, ligou para vocês. Mas não sei como foi, já estava longe.❞ — adicionou tentando manter a paciência. Até mesmo uma pessoa bem intencionada fazendo atos de cidadania não escapava dos olhos inquisitoriais da polícia.
“Bem, obrigado pelas suas respostas e honestidade, senhor Mateschitz. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado”, falou finalmente Lucille Marceau e Wolf não precisou que dissessem duas vezes, simplesmente assentiu e levantou sem falar mais nada, querendo e desejando nunca mais repetir aquela experiência.
#g&g:casocamille#g&g:task8#i’m meaner than my demons ; i’m bigger than these bones. 𝘿𝙀𝙑𝙀𝙇𝙊𝙋𝙈𝙀𝙉𝙏#task
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Envelhecer com estilo e saúde
E por que não?
Vamos pensar a respeito?
Palavras de Martha Medeiros
Um namorado a essa altura?
Quem é que tem namorado, namorada? Garotada. Antes de casar, de constituir família e cumprir com toda a formalidade, namora-se, e o verbo é de uma delícia de matar de inveja, namorar, experimentar, entrar em alfa, curtir, viajar, brigar, voltar, se vestir pra ele, se exibir pra ela, telefonar, enviar torpedos, dar presentinhos, apresentar mãe, pai, amigos, ocultar ex-ficantes, declarar-se, agarrar-se no cinema, não ter grana para morar junto, ausência dolorosa, ver-se de vez em quando, um dia tem faculdade, no outro se trabalha até mais tarde, quando então? Amanhã à noite, marca-se, aguarda-se. Namorados. Que fase.
* * *
Depois vem o casamento, os filhos, as bodas e aquela coisa toda. Dia dos namorados vira pretexto para mais um jantar num restaurante chique, onde se pagará uma nota pelo vinho. Depois dos 3.782 “te amo” já trocados, mais um, menos um, o coração já não se exalta. Deita-se na mesma cama, o colchão já afundado, transa-se no automático, renovam-se os votos e segue o baile, amanhã estaremos de novo juntos, e depois de amanhã, e depois de depois, até os 100 anos. Casados. Bem casados.
Mas namorado, não. Namorar tem frescor, é amor estreado, o choro trancado no quarto, o presente comprado com os trocados, os porta-retratos, os malfadados bichinhos de pelúcia, as camisinhas e todos os cuidados, os “pra sempre” diariamente renovados, namorados. Cada qual no seu quadrado.
Pois outro dia vi uma mulher de 56 anos dar um depoimento engraçado. Disse ela: “Já fui casada, hoje tenho filhos adultos, um netinho e um namorado, e me sinto quase retardada. Difícil nessa idade dizer que o que se tem não é um marido, nem mesmo um amante. Que outro nome posso dar a esse homem que vejo três vezes por semana, que me deixa bilhetinhos apaixonados e me liga para dar boa noite quando não está ao meu lado?”
Minha senhora, é um namorado. Por mais fora de esquadro.
Como apresentá-lo, ela que já não usa minissaia, nem meia três quartos, e que já possui um imóvel quitado? Ele grisalho, ex-surfista, hoje meio alquebrado: um namorado?
Pois é o que se vê por aí: namorados de 47, 53, 62 anos, todos veteranos no papel de novatos. Começando tudo de novo, depois de tanto já terem quebrado os pratos. Eles, livres como pássaros. Elas, coração aos pulos, depilação em dia, sem tempo pros netos: vovó tem direito a uma volta ao passado.
O que poderia ser constrangedor agora é um fato. Namora-se antes do casamento, e depois. Com a vantagem de os namoros da meia-idade dispensarem ultimatos.
Jornal de Sta Catarina-13/06/2010
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