#começou o caos tragédia sofrimento tristeza
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:・ Sigrid Briarsthorn point of view | the dying sun — III.
Pov I.
Pov II.
As pesquisas de Sigrid, junto a uma piora de condição de saúde, a levam a crer que algo de ruim está acontecendo: Rá está a rejeitando como hospedeira.
"Os seons são criaturas mágicas que representam a conexão de um khajol e a divindade, nascidas na dimensão divina no momento em que a relação é estabelecida. Os seons seguem os khajols no mundo humano como um símbolo soberano, representando tal elo. Quando um seon se apaga, significa que a conexão foi perdida e a conexão foi cortada. Caso aconteça, é uma tragédia de consequências desastrosas." — Trecho do livro Khajols e a conexão divina, por Marquês Andrev Aksei.
Sigrid desviou a atenção do livro que estava lendo com um pânico gelado percorrendo as veias. Ela se ergueu para fechar as janelas do quarto, sentindo um pouco mais de frio do que o comum. A pele de arrepio por completo e ela fechou o roupão, procurando se esquentar nas peles. Tinha faltado as aulas do dia para se concentrar na leitura dos livros da biblioteca, que pareciam promissores em explicar o que estava acontecendo consigo. Há duas noites tinha febres e sono profundo e inquieto, embora sem pesadelo ou sonhos. Sempre que adormecia, parecia estar diante de uma parede fria e escura; a mesma sensação com a qual se deparava ao tentar acessar sua conexão com Rá. Era como se as portas do subconsciente estivessem fechadas, restando apenas um corpo cada vez mais fraco... assim como Trevo. O seon, ao invés de flutuar, muitas vezes apenas repousava no chão, a luz fraca demais ou piscando. Naquele momento estava assim, repousado na cama, piscando de forma irregular e preocupante. Se não estivesse tão cansada, Sigrid poderia chorar.
"Os deuses, podendo existir apenas em sua própria dimensão, escolhem humanos dotados para habitar a a terra mortal. É na nossa dimensão que eles podem sentir, por isso buscam sempre por receptáculos dignos. Nos últimos anos tem sido raro um deus falar através de seu hospedeiro, mas ano após eles as milhares de divindades continuam a escolher khajols para tal objetivo. A conexão entre deus e khajol é forte e costuma ser para toda a vida." — Trecho do livro Deuses no mundo humano, por Duquesa Freida Sinnot.
Para Sigrid, uma coisa estava claro: Rá não a queria mais. Por algum tempo tinha evitado o pensamento, mas ao refletir sobre a conexão com o deus e a falta de resposta, seu pesadelo parecia se tornar realidade. Por muito tempo o deus tinha sido apenas silencioso, falando diretamente com ela apenas duas vezes, mas sempre enviando sinais de sua graciosa presença: um escaravelho ao seu redor, sonhos relacionados aos seus símbolos, a presença quente que aquecia o coração e a fazia ter certeza de que o deus do sol estava consigo. No entanto, há algumas semanas não sentia mais nada. Nada. Sentia apenas uma fraqueza constante que a princípio relacionou ao cansaço e estresse. Sigrid respirou fundo, tentando engolir o pânico que se formava na garganta ao sentar-se na cama. Apesar do medo, não desejava se permitir ser dominada por eles. Precisava alcançar Rá de alguma forma, qualquer forma e tentar compreender o que estava acontecendo e como reverter a rejeição. O sangue, que parecia gelado e sem o costumeiro calor provindo do deus do sol, parecia tornar gelada a pele. Estava com tanto frio!
"Existem poucos relatos e casos sobre a rejeição de uma deus à um khajol. Sabe-se que acontece quando o humano desagrada a divindade de alguma maneira e o deus não o considera mais digno. É tudo o que sabemos, uma vez que deuses não costumam e não devem justificar suas ações: certamente os khajols são os culpados quando acontece. Muitos adoecem ou morrem após acontecer, porque a carne, muito acostumada com a essência divina, torna-se fraca para viver sozinha novamente." — Trecho do livro Hospedeiros: uma história, por Visconde Alaor Nestheys.
Jogou o corpo na cama ao lado de Trevo, a cabeça doendo pela leitura do dia inteiro e os membros cansados pelo tempo na mesma posição em uma cadeira, curvada sobre sua escrivaninha. Geralmente não conseguiria ficar tanto tempo na mesma posição; sempre fora enérgica demais, mas estava sem tão cansada que via-se sem disposição para os movimentos mínimos. As noites de nada pareciam adiantar. Mais um claro sinal de rejeição de Rá, Sigrid percebia. Seu corpo já estava sentindo a ausência do deus e a chegada do inverno em nada facilitava. Antes ao menos era capaz de ver e sentir o sol, mas agora sentia-se cada vez mais distante do deus de todas as maneiras. Não era capaz de vê-lo, senti-lo, sequer falar com ele. Nunca sua relação com um homem fora tão complicada. Sigrid, que sempre se orgulhou de ter sido escolhida por um rei dos deuses - achava que isso significava que realmente estava destinada à grandes coisas -, via-se cada vez mais... triste. Um tanto humilhada. Cansada. A determinação desejava percorrer sua essência, mas encontrava obstáculo na tristeza e indisposição. Se via partida em duas vontades opostas, reagir e sofrer, mas sabendo que nada poderia apagar a cruel verdade: Rá estava a rejeitando. Cansada, deitou a cabeça no travesseiro ao lado de Rá, uma lágrima teimosa deixando os olhos antes de cair em um sono inquieto e sem sonhos.
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