#clãs escravocratas
Explore tagged Tumblr posts
multipolar-online · 1 month ago
Text
0 notes
mylittlealbadon · 2 years ago
Text
A HISTÓRIA
Tumblr media
A história desse mundo começou bem antes de qualquer mortal caminhar sobre a Terra. No início haviam deuses, seres de energia e poder inigualáveis, com tantos anos de existência quanto seria impossível descrever. Por diversão ou tédio, criaram os primeiros habitantes daquele planetinha azul; seres imortais, dotados de magia e incríveis habilidades, além de um vasto conhecimento e sabedoria sobre a natureza e a vida que era natural. Eles coexistiam com os deuses, formavam impérios e clãs, cultuavam seus mestres e viviam em harmonia. Essa harmonia era tanta, que em determinado momento, chegou-se a hora de finalmente liberar as rédeas do faz de conta para que as criaturas pudessem exercer seu livre arbítrio. As entidades passariam a observar de longe, em um pacto mudo de que não incidiriam sobre a vida na Terra. Entretanto, num momento de insanidade do Deus da guerra, outras criaturas passaram a povoar o planeta; humanos, que eram mortais e falhos. Durante muito tempo, a ignorância e a fraqueza acabaram os tornando perfeitos escravos para os poderosos seres mágicos, que acreditavam fielmente se tratar de um tipo de presente dos céus. Entretanto, com o passar dos anos, eventuais misturas de espécie e relacionamentos interraciais começaram a vir a tona, tal como motins e revoltas, que forçaram os escravocratas a abrir mão do controle sobre seus cativos. Os humanos foram libertos, mas não obtiveram nenhuma ajuda depois disso. Passaram a constituir aldeias, vilas e cidades. Eles se especializavam ano após ano, prosperando em silêncio, como uma doença. E quando a caçada selvagem começou, não foram os imortais que procuraram novos monstros para suas coleções, e sim os mortais que passaram a conservar troféus vivos e mortos como parte de uma reparação histórica. Por fim, alcançou-se um novo acordo, visando evitar a baixa de mais pessoas em ambos os lados; os imortais não poderiam deixar o seu lado do muro, e os mortais também não poderiam invadir as muralhas. Agora, a magia é como uma lenda entre os mais velhos e uma fábula encantada para as crianças, que temem seres de orelhas pontudas, dentes afiados ou asas brilhantes.
1 note · View note
grupo-demode · 5 years ago
Text
Um capitão, os generais... e o golpe
Jaime Cesar Coelho
Tumblr media
[Alberto Giacometti]
As pesquisas mostram um dado importante, que contradiz opiniões que para mim sempre foram autocentradas e equivocadas. Equívocos, aliás, que nos levaram à grande derrota histórica que sofremos recentemente para a extrema-direita. As pesquisas mostram um bolsonarismo vitorioso na batalha da comunicação, mostram que as crises e ataques contra Bolsonaro foram revertidos em números positivos para ele, o que faz crer que a velocidade e a abrangência das respostas das redes bolsonaristas tem sido efetivas e eficazes. As pesquisas desdizem as afirmações reiteradas dos institutos próximos ao petismo de que o bolsonarismo estava crescentemente isolado e que o antipetismo era residual, que não passava de algo como 10% da população.
Tremendo erro de avaliação. O antipetismo é amplo e tem matizes. Parte dele pode ser revertido e parte não. O que não podemos é aceitar a cômoda ideia de que o antipetismo se confunde com a parte que não será revertida, ou seja, com aquele núcleo de extrema-direita que se organiza em torno do bolsonarismo, mas não só, também dos setores hoje dominantes nas forças armadas e na sociedade civil. Aliás, é bom não subestimar estes setores, pois muitos dos seus membros estão em postos de autoridade no aparato estatal: polícias, judiciário e carreiras típicas de Estado como fiscalização fazendária. Embora minoritário em termos estat��sticos, este setor não pode ser confundido com as figuras irracionais e bizarras que muitas vezes os representam. Basta olhar para Moro, para Heleno. Longe de representarem figuras bizarras, são representativos de uma extrema-direita com poder de mando, e, no primeiro caso, com grande apoio popular.
As pesquisas nos d��o pistas que a tática do bolsonarismo e da extrema-direita de um modo geral é, além da óbvia missão estratégica de forças auxiliares do imperialismo na destruição completa da esquerda, desacreditar dois poderes que podem impor contrapesos: STF e Congresso. Quando o governo está acuado, sofrendo ataques, eles apontam o dedo para o STF e o Congresso, bem como para o sistema de imprensa corporativo não-alinhado, e os acusam de sabotar o governo. Esta tática está dando certo, porque ambos poderes são anti-povo, elitistas e corruptos em sua essência e prática, ou alguém da esquerda vai dizer o contrário. Ficar para a esquerda a tarefa de defender estes poderes não é uma tarefa fácil. Além destes aspectos, a vitória bolsonarista conta com a proscrição factual, embora não formal, dos meios de comunicação de massa da única força capaz de contrapor uma oposição popular ao governo, o PT. Folha, Estadão, Globo e assemelhados fazem sim um ataque seletivo ao Bolsonaro e clã e ao grupo terraplanista/olavista, mas compactuam com o governo no desmonte do estado e nas políticas neoliberais. Folha, Estadão, Globo e assemelhados trabalharam e trabalham pela destruição da esquerda e não conseguem, juntos, aglutinar o povo em torno do projeto excludente que ela e seus políticos preferenciais, como o príncipe do entreguismo, FHC, defendem.
Para mim a questão militar continua sendo chave. Os militares sem o bolsonarismo teriam que encontrar uma figura com representação popular, já que não parece que eles venham a assumir o governo por uma via clássica de golpe de estado. Seria Moro, mas para isto seria preciso criar condições populares para um impeachment, coisa que no momento não aparece nas pesquisas e qualquer movimento em falso poderia abrir as portas para um avanço da esquerda e tudo poderia cair por terra. A economia não vai bem e Guedes é o homem certo para provocar uma fuga de capitais, aliás, esta é trajetória padrão dos ultraliberais em governos periféricos.
Isto nos coloca diante de um governo que ao contrário do padrão do discurso mercadista, que defende que governos devem produzir ambientes de estabilidade, produz instabilidade constante, seja pela postura beligerante de Bolsonaro, seja pelas políticas pró-cíclicas e seja pelo falastronismo de Guedes. É o paraíso do especulador. Guedes aponta para onde o cambio vai (pra cima), e o mercado chuta pra cima. Tem sido uma constante.
Ao que me parece Bolsonaro não tem compromisso com nada, a não ser com os interesses rasteiros de seu submundo de cupinchas e milicianos, que habitam momentaneamente o palácio do Planalto. Os militares sabem disso.
Chama a atenção, neste momento em que o Brasil aparece desnudo, como duas forças fundamentais do poder no Brasil, a corporação militar e a burguesia interna, aparecem sem projeto, sem perspectiva estratégica de país. As estratégias que carregam são individualistas, subordinadas aos interesses externos e que terão impacto regressivo do ponto de vista da renda e da riqueza, além de colocar o país na vanguarda do atraso em termos de inserção internacional. É uma repetição da lógica da servidão voluntária. São representações de um Brasil pequeno, patrimonialista, rentista e curto-prazista. Tudo isto somado ao total, aviltante e deplorável servilismo aos EUA. Parece um país em fim de ciclo, um país sem nação, com representações falsas de sua própria identidade, aliás, que está em profunda transformação com o ataque ao sincretismo religioso e o avanço do neopentecostalismo, que se converte em componente importantíssimo da formação do consenso em torno da atual coalizão de poder, em função do enraizamento popular que possui.
Estruturalmente hoje somos, desde uma perspectiva econômico setorial e classista: serviços, agronegócio, extrativismo e desigualdade de classes numa escala onde qualquer tipo de republicanismo é pura hipocrisia discursiva.
Nossa burguesia é de rendas, seja a renda que deita sobre a concentração da propriedade no campo e na cidade, seja as rendas obtidas nos empregos mais vantajosos do serviço público, seja na posse de dívidas contra o estado, ou na especulação financeira. Temos uma burguesia comercial, outra agrária, outra extrativista, outra bancária e financeira, e porque não dizer que temos uma pequena burguesia que vive como se aristocracia fosse, composta por altos funcionários do estado e prestadores de serviço especializados, por exemplo médicos.
Esta burguesia está contida no Congresso e contém de certa forma o poder legislativo. Há contradições entre suas frações e também há algumas que se misturam, pois banqueiros também são fazendeiros, participam de grandes projetos de extração mineral, detém patrimônio comercial (participação em ações ou controle direto), para citar o exemplo mais eloquente do sistema de intersecções do capital.  É uma burguesia antinacional, entreguista. Ela se irmana na corporação militar que parece enxergar no Brasil um país atrasado por razões raciais, que odeia qualquer projeto de inclusão popular, e ao que tudo indica, desistiu de uma perspectiva de construção nacional autônoma, se é que em algum momento já teve este projeto.
Os militares dão demonstrações de que já embarcaram no que seria a terceira guerra fria, optando em nome de todo o povo brasileiro por uma submissão total ao projeto imperialista estadunidense no cone sul. Ressuscitam velhas antinomias regionais com a Argentina, demonizam a perspectiva autonomista bolivariana e fazem na prática uma aliança com os EUA ao entregarem a base de Alcântara, a Embraer e se submeterem à ressuscitada quarta frota dos EUA no Atlântico Sul. Neste projeto está a entrega total do controle sobre a cadeia de hidrocarbonetos, com destaque para o pré-sal. É preciso estar atento ao que me parece ser o surgimento de um novo ciclo de expansão do complexo-industrial militar, que se estruturou nos anos 1970 e teve sua interrupção a partir da crise fiscal dos anos 1980 e do fim do ciclo ditatorial. Pelas informações que nos chegam pela imprensa, os militares estão muito ativos no fechamento de acordos com os EUA e na expansão de projetos para a produção de equipamentos de guerra.
A atual coalizão de poder encarna o velho sonho dos liberais pré-industrialização, que enxergavam o Brasil como vocacionado a ser uma grande fazenda. São os herdeiros de Eugenio Gudin. Aliás, é interessante observar como filhos, netos e parentes das velhas elites golpistas e oligárquicas estão assumindo postos-chave no comando das agências do Estado. Se parte das oligarquias nunca deixaram de abocanhar os melhores cargos do serviço, outra parte retorna com força ao topo do comando de decisão.
Temos aí uma combinação de castas, como o exército que se converteu numa força corporativa com interesses mesquinhos de elevação de soldos e privilégios, privilegiados por herança, gente que acede aos postos do Estado com maior remuneração e poder (autoridade), e uma burguesia rentista e parasitaria. É uma pátria cuja principal característica de suas elites dominantes é o parasitismo e o rentismo. Não nos esqueçamos: o rentismo á patrimonialismo, no sentido de que há um capitalismo patrimonial predominante. Este rentismo concentra propriedade nas mais diversas formas e compromete ainda mais a histórica desigualdade de riqueza. Concentra patrimônio na urbe e no campo e se converte em força política tentando barrar todas as formas de atenuação da desigualdade por meio da regulação da propriedade e da regulação sobre a distribuição do excedente.
Juntemos a isto um ingrediente novo, que é o poder do Estado “marginal”, ou seja, de grupos que dentro e fora do Estado exercem o poder à margem da lei ou deturpando a autoridade conferida, no caso as milícias. Perigosamente o parasitismo colocou no poder um ser do limbo da política e da vida social, Jair Messias Bolsonaro. É com este representante do “inferno”, das baixas hostes do substrato putrefato da sociedade brasileira, que a “elite”, os parasitas e rentistas, salvaram-se do progressismo light do PT, que num país campeão em desigualdade e violência, representava um perigo imenso aos olhos da mentalidade colonizada e escravocrata dos “bem-nascidos”.
Neste momento, em que Helenos e Jaires, que gorilas e fanfarrões, tentam espalhar o medo, chamar o golpe, convocar a plebe ignorante e interesseira das viúvas dos quarteis contra o Congresso Nacional, é que se aproxima a hora da verdade para as forças armadas. Qual o passo que elas tomarem, será o nosso destino imediato. Pode ser que Bolsonaro seja o cavalo de Tróia para elas tomarem o poder e dele se livrarem logo em seguida.
Pode ser... Mas uma coisa é certa, dificilmente os militares tomarão o poder sem uma aliança com o Congresso, levando adiante um impeachment ou forçando a renúncia do miliciano em chefe. Moro é a carta popular, porém ele é o tipo de figura que não resiste a um bom e duro debate, é uma figura sem carisma, cuja aura está intacta porque tem uma máquina midiática de proteção que pouco explora suas inconsistências. Quem tem carisma é o miliciano e quem tem liderança moral institucional é o exército, como apontam as pesquisas. Não parece que esta aliança possa se desfazer sem que haja alto risco para os interesses corporativos das forças armadas, ou mesmo, sem que isto possa representar um importante risco para o projeto proto-imperialista que está em execução pelo exército de ocupação em que se converteu o exército brasileiro.
Uma saída à francesa por parte da corporação militar teria que contar com uma enorme conciliação com as forças progressistas e ao mesmo tempo levaria estas forças a assumir como ganhos as prebendas já conquistadas pelos militares, a entrega estratégica do Brasil aos EUA e a destruição dos direitos da classe trabalhadora. Seria possivelmente abraçar um projeto semi-parlamentarista, sonho de FHC, mas nem tanto dos militares, que não toleram o Congresso e a ideia de um poder executivo sem mando. A ver, pois há quem na esquerda e no campo progressista se apresse em abraçar este projeto aliancista, que é sobretudo uma forma travestida de rendição a qualquer projeto nacional e popular.
O sonho do Messias é dar uma quartelada e botar para debaixo do tapete seus crimes, e provocar um estado de exceção com forte e ampla perseguição à esquerda. A realidade pode impor freios a esta sanha, mas por enquanto as pesquisas são favoráveis aos gorilas e fanfarrões, é por isto que temos que nos preparar para uma resistência de longa duração, que implica mais que o jus sperniandi. Esta resistência precisa ser pensada com o PT, mas para além do PT e do projeto que fez 40 anos. Para já, é preciso mobilizar forças que exponham claramente, nas ruas, a contrariedade contra o fechamento do regime. Fazer isto com sindicatos em frangalhos, com trabalhadores acuados, com a maior parte do mundo do trabalho dispersa no setor de serviços e em trabalhos eventuais e precários, não será fácil. Uma grande liderança se impõe, como a de Lula, mas a sua exposição é difícil, por razões óbvias. É alguém que está livre sob o “favor” das elites no jogo de contrapesos contra o Miliciano. Lula só saiu da cadeia não foi pela reação popular, mas porque era necessário ao Congresso e ao STF colocar Lula como uma carta na manga contra os excessos de Bolsonaro.
O que fazer? Resistir, mas resistir com mais vigor, pela via civil, sempre, pois não resta a mínima possibilidade de outra forma de resistência. Cercar o bicho bolsonarista pela exposição internacional. Criar mídia, muita mídia alternativa e construir uma frente, uma verdadeira frente, que possa rearticular práticas desde a base, sem o mandonismo de burocracias ossificadas e carcomidas. Sem trazer a juventude, os movimentos sociais, e dar oxigênio para um movimento de massas com uma simbologia nova, ficará difícil. Uma frente com identidade renovada, que traga os guetos para a praça e que não leve a praça para o gueto, é isto que precisaríamos. Os projetos partidários, tal qual se colocam hoje, com sentido de sobrevivência, sobrevivência de suas burocracias, não ajudam. Os projetos partidários que nascem à sombra do PT não conseguem afirmar-se, pois em certa medida repetem algumas falhas do petismo, com a desvantagem de não contarem com a base popular que fez emergir o PT. Contudo, simplesmente desconsiderar os partidos do campo progressista é um equívoco e uma impossibilidade. É preciso reconhecer que o PT é o partido que encontra maior base popular, que isto é fundamental, mas não é suficiente.
Em termos concretos, é preciso que Lula priorize o diálogo com os Gomes, que os setores não isolacionistas do PSOL sejam também protagonistas de um projeto de frente e que haja um projeto programático e não só pragmático. No PSOL se organizam algumas bandeiras contemporâneas da luta anti-capitalista, portadores de um significado fundamental para a construção de uma nova sociabilidade, e movimentos sociais com forte penetração da juventude que tratam da questão da mulher, da diversidade e da multiplicidade expressiva da sexualidade, do racismo e da questão ambiental. Neste projeto o MST e MTST tem muito a ensinar, muito a organizar. Um projeto nacional, anti-imperialista e popular, que coloque de forma firme a perspectiva socialista no horizonte concreto, da práxis. Em termos efetivos, este projeto deveria espalhar círculos populares de convivência por todo o país, em defesa dos direitos dos trabalhadores e de propagação de práticas anti-capitalistas. Verdadeiras oficinas de práticas alternativas, de difusão de ideias, por meio de cursos, de apresentações culturais. Também espaços de convivência, de festa, de convívio. Círculos autogeridos, como bases para um projeto coletivo na prática.
Encerro esta reflexão dizendo que só quebraremos o cerco que nos foi imposto se conseguirmos romper com nossos próprios aprisionamentos no campo da esquerda.
(9 de março de 2020.)
1 note · View note
pneumostelos · 3 years ago
Text
Ligação Direta
Seu mundinhos são rígidos, obscuros, tacanhos, estreitos, rasos, limitados, atrasados, hierárquicos, circunscritos, feudais, autoritários, escravocratas, intolerantes, misântropos, intensamente misóginos, com forte ênfase anti-intelectual, anti-empática (exceto em determinados aspectos da casta, tribo, feudo, clã).   (2012)
Digo mais, estão atacando a própria Nação. Alem do País. Tentam minar e desagregar a população, destruindo, e corrompendo a imagem e conceito – os ideais – que fazem de suas instituições, alem das mesmas. E, dos aspectos próprios ou positivos que fazem de si mesmos, enquanto população. De novo. Não é a primeira vez que vemos esse filme aí.
Costumo observar que, sendo os efeitos iguais, é como se conspiração houvesse. No mínimo, a conspiração de anomia, descaso, inépcia, acomodação automática. A “conspiração” do atraso e da ignorância. E o genocídio decorrente. 
Todos tão “espertos”, tão inteligentes, tão “alfa”. Mas, deslizam sorrindo pelo caldeirão de veneno fervente adentro. Jogando à frente, ou arrastando pela mão, a quem puderem. Patifaria, mesquinharia, conchavos, panelinhas, pilhagem administrativa, desvios, etc…. com certeza há. Comprovadamente. Na mídia semanal, semanalmente. Agora, tambem nas investigações, comissões e tribunais.
0 notes
alvaromatias1000 · 5 years ago
Text
Patrimonialismo
Tumblr media
Lilia Moritz Schwarcz, no livro “Sobre o autoritarismo brasileiro”, lembra a predominância no Brasil de várias formas de compadrio, a moeda de troca dos favores, o recurso a pistolões, o famoso hábito de furar fila, de levar vantagem, ou a utilização de intermediários se enraizaram nesta terra do uso abusivo do Estado para fins privados. Persiste, no Brasil, um sério déficit republicano enquanto práticas patrimoniais e clientelistas continuarem a imperar no interior do nosso sistema político e no coração de nossas instituições públicas.
“República” significa “coisa pública” — bem comum —, em oposição ao bem particular: a res privata. Pensada nesses termos, “nossa República nunca foi republicana”. Não pode haver república sem valores republicanos, e por aqui sempre fez falta o interesse pelo coletivo, a virtude cívica e os princípios próprios ao exercício da vida pública.
Nos falta, ainda mais, o exercício dos direitos sociais, qual seja, a participação na riqueza coletiva: o direito, ou melhor, o pleno exercício do direito à saúde, à educação, ao emprego, à moradia, ao transporte e ao lazer.
Diante desses impedimentos, ficam expostas a cidadania precária de certos grupos sociais brasileiros e as práticas de segregação às quais são sujeitos. Sobretudo para os setores vulneráveis da sociedade, a regra democrática permanece muitas vezes suspensa no país. Nosso presente, ainda muito marcado pelo passado escravocrata, é autoritário e controlado pelos mandonismos locais.
Como nossa República é frágil, ela se torna particularmente vulnerável ao ataque de seus dois principais inimigos:
o patrimonialismo e
a corrupção.
O primeiro deles, o patrimonialismo, é resultado da relação viciada estabelecida entre a sociedade e o Estado, quando o bem público é apropriado privadamente. Trata-se do entendimento, equivocado, de o Estado ser bem pessoal, “patrimônio” de quem detém o poder eventualmente.
Apesar de o conceito de patrimonialismo parecer velho e em desuso, até superado, ele nunca se mostrou tão atual. A prática atravessa diferentes classes, não sendo monopólio de um grupo ou estrato social.
A palavra “patrimônio” deriva de “pai”, enquanto o termo em si evoca o sentido de propriedade privada. O conceito também sugere a importância do lugar patrimonial; isto é, do espaço individual constantemente imposto diante das causas públicas e comuns.
Remete a uma forma de poder onde as fronteiras entre as esferas públicas e privadas se tornam tão nebulosas a ponto de acabarem por se confundir. Patrimonialismo passou a designar, então, a utilização de interesses pessoais, destituídos de ética ou moral, por meio de mecanismos públicos. Não vale, porém, o seu contrário: o uso de bens privados em prol da vontade pública. Nesse caso, a ordem dos fatores altera, e muito, o produto.
Quando o Estado faz uso desse tipo de expediente patrimonial e passa a ser entendido como mera extensão dos desejos daqueles ocupantes do poder, a máquina política acaba por se revelar, ela própria, ineficiente. Isto é, o Estado perde em racionalidade quando os interesses públicos deixam de ditar as normas de governo, e, ainda mais, quando se afirma o personalismo político: essa verdadeira colcha de arranjos pessoais alimenta práticas de conchavo, de apadrinhamento, de mandonismo e de clientelismo, as quais se sobrepõem à regra pública.
No caso brasileiro, não foram poucos os autores que lidaram com o conceito de patrimonialismo ao resumir práticas políticas reincidentes no país. A despeito de vivermos em um longo período de redemocratização, firmado desde a Carta Magna de 1988, tornando mais robustas as instituições brasileiras, o certo é o conceito continua operante no Brasil.
Aqui, a prática política é ainda muito afeita à mistura entre afetos públicos e privados. Essa contaminação de esferas leva, por sua vez, ao fortalecimento dos pequenos e grandes poderes pessoais, ampliando as possibilidades de suas ações nas esferas do Estado.
A propósito, a persistência dos mandonismos locais acaba por produzir outra espécie de patrimonialismo, quando interesses regionais passam a afetar diretamente a lógica pública. O Estado não deve ser imune às demandas setoriais, mas o problema se apresenta quando um certo tipo de corporativismo político favorece alguns cidadãos, em detrimento de muitos.
No Brasil, por imperar um tipo de família patriarcal, levou o Estado a ser encarado como um prolongamento e uma extensão do ambiente doméstico. Os detentores das posições públicas de responsabilidade, formados no interior dessa sorte de ambiente, logo aprenderam a manipular e misturar os domínios do privado e do público.
Como a burocracia administrativa era exercida diretamente por essa aristocracia, e a partir de uma autarquia agrária, reforçava-se, ainda mais, o caráter hoje chamado de patrimonialista do aparato estatal então existente no país.
A proporção de bacharéis em direito foi sempre alta, atingindo quase 40% no final do Império. A concorrência com profissionais liberais, como os médicos, só tendeu a se elevar nos tempos da República.
Com a chegada da República, o fortalecimento de setores urbanos, a diversificação dos grupos de reivindicação e o funcionamento mais regular das instituições públicas, esse tipo de expediente político poderia até parecer superado. Não obstante, práticas patrimonialistas continuaram a residir no seio do Estado, sendo políticos e chefes de Estado acusados de fazer uso pessoal das verbas públicas.
O legado do poder privado sobrevive dentro da máquina governamental. O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) apresenta dados muito reveladores acerca da chamada “bancada de parentes”, que continua crescendo no Congresso Nacional. Na Câmara, em 2014, foram eleitos 113 deputados com sobrenomes oligárquicos, sendo parentes de políticos estabelecidos. Nas eleições de 2018, o número de parlamentares com vínculos familiares aumentou para 172.
A Paraíba é o estado que possui o maior número, proporcional, de parlamentares eleitos com laços familiares. Dos doze deputados eleitos pelo estado, dez têm relação de parentesco com outros políticos. No Senado, os dois estreantes chegam ao poder por conta de sua ascendência familiar. Completa a bancada um senador do MDB, com mandato até 2023, e que também se enquadra perfeitamente nos critérios da “bancada de parentes”.
Dentre os partidos que mais elegeram parentes na Câmara o destaque fica para PP e PSD, com dezoito representantes cada. Eles são seguidos pelo MDB com dezessete, PR com dezesseis, PSDB com treze, e DEM e PT com doze cada. O PSB conta com onze deputados, PDT e PTB têm nove, e PRB oito. O SD tem seis e o partido do presidente-capitão, o PSL, tem quatro deputados. O PCdoB conta com quatro, e PROS e PPS com três cada. O Pode tem dois, enquanto PSOL, PSC, Avante, PTC, PPL, PRP e Patri têm um deputado cada.
No Senado, em 2018, a “bancada de parentes” caiu de 39 para 24 senadores, incluindo-se os suplentes, número ainda grande quando se sabe que o Senado Federal possui 81 representantes.
Em um levantamento preliminar do Diap, foram identificados, entre os 567 novos parlamentares, 138 deputados e senadores que pertencem a clãs políticos — um aumento de 22% em relação a 2014. O número de membros da “bancada dos parentes”, no entanto, é seguramente muito mais alto, já que a pesquisa ainda está em andamento e considerou apenas relações de primeiro grau.
No ano de 2018, houve até mesmo casos de “dinastias” que fizeram campanha com um discurso antissistema, aproveitando a onda em voga contra a política tradicional. Esse é o caso de Eduardo e Flávio Bolsonaro (ambos no PSL), eleitos para a Câmara e o Senado, respectivamente, e que já fazem carreira na política estadual e nacional.
Outra franja do sistema que possibilita a prática do patrimonialismo faz parte do Orçamento Federal brasileiro, no qual se determina como será gasto o dinheiro público definido de forma conjunta pelo Palácio do Planalto e pelo Congresso Nacional. Se o governo formula a proposta, deputados e senadores a modificam e aprovam.
Há, porém, um tipo de “atalho” no Orçamento. Ele permite aos políticos o acesso a uma parte da verba sem a necessidade de submetê-la à aprovação dos colegas. São as “emendas parlamentares”. Emendas correspondem aos pedidos que deputados e senadores realizam com o objetivo de incluir no Orçamento despesas específicas, ligadas à saúde e ao transporte, por exemplo. Elas costumam ser destinadas às cidades e demais localidades onde se encontram os eleitores do parlamentar em questão, o qual, por sua vez, as utiliza para fortalecer laços políticos.
Patrimonialismo publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
0 notes