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#cisgeneridade
orientandoorg · 5 months
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Olá tenho uma pergunta, eu achei um significado em uma Wiki LGBT+ dizendo que termo Cisdissidente tem um significando dizendo que a pessoa pode usar este termo não se identificar com o Téo transgênero.
A posição do Orientando é que cisdissidente é apenas uma versão mais "afirmativa" do termo não-cis, sendo ambos basicamente sinônimos. Portanto, defendemos que quaisquer pessoas ipso, iso, trans ou afins podem se dizer cisdissidentes. Também usamos heterodissidente como sinônimo de não-hétero, sendo que usamos ambos os termos no sentido da orientação hétero hegemônica (alo, periorientada, sem fluidez e sem o uso de sufixos ou termos adicionais que modificam o ideal hegemônico da orientação).
Eu não sou nem conheço quem é responsável por quaisquer definições mais restritas do termo cisdissidente. Lembro de ter conversado sobre ele com Oltiel, de Blogue Alternative, sobre as possíveis origens do termo, e éli disse que não tem certeza se foi a primeira pessoa a usá-lo mas que seu uso tem a ver com outros termos na mesma linha, como monodissidente (que alguns grupos usam no lugar de múlti, mesmo que tecnicamente pessoas variorientadas, de orientações indefinidas, de orientações a-espectrais e afins também não sejam mono-orientadas).
Em geral, eu acho suspeita a opinião de que alguém não pode se identificar com um termo caso se identifique com outro, especialmente se os termos se complementam. Mesmo a definição de cisdissidente que já vi algumas pessoas presumindo, "algo que rompe explicitamente com a cisgeneridade", não contradiz a possibilidade da pessoa poder ser trans, então não compreendo a posição de tal wiki o suficiente para explicar a conclusão de quem escreveu tal opinião, ainda mais sem nem saber qual foi o seu contexto.
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dailyanarchistposts · 1 month
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Bibliography
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WOODCOCK, George. Os grandes escritos anarquistas. São Paulo: L&PM Editores, 1998.
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translatingtradutor · 19 days
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[Entrevista] Escondendo a terapia hormônal masculinizadora com família transfóbica
Entrevista entre o blog e u/Pratical_Word1086
Introdução
A preocupação de se é possivel esconder a TH masculinizadora é compartilhada por muitas pessoas dependentes da família. Fazemos aqui uma entrevista com uma pessoa a qual fez isso com sucesso por muitos anos, Gabee Bezerra, do Brasil, que responde algumas perguntas.
Entrevista
Você gostaria de se introduzir?
Me chamo Gabe Bezerra, tenho 33 anos, pronomes ela/dela, dissidente de gênero. Já me entendi enquanto pessoa transmasculina, mas hoje, após muito estudos de gênero, me afirmo enquanto dissidente de gênero por não me encaixar em nenhuma leitura de gênero e por não validar de nenhuma forma a naturalização da cisgeneridade.
Você é uma pessoa que fez TH masculinizador escondido de sua família. Durante esse periodo, você havia tentado sair do armario alguma hora e teve que esconder depois de rejeitarem? Ou foi completamente escondido?
Mais ou menos. Eu saí do armário pra minha mãe e irmão, mas a minha mãe (narcisista) não me validou. Já para o resto da família eu não disse nada por saber que sofreria violência, inclusive física, então mantive e mantenho segredo deles há 6 anos.
Você morava longe ou na casa de seus pais? Isso afetou a experiencia?
Já morava fora da casa da minha família, mas não era financeiramente independente, então ainda devia alguma satisfação e era obrigada a voltar em casa todo fim de semana, o que, sim, afetou a experiência. Afetou negativamente por ter que dar satisfações das mudanças físicas que estavam rolando e afetou positivamente por, já fora de casa, eu ter mais liberdade de vestir o que quisesse e performar gênero da forma que bem entendia.
Por quanto tempo você escondeu isso? O nível de suspeita foi aumentando com o tempo, ou acredita que conseguiu até o fim?
Escondo até hoje. Sim, o nível de suspeita foi aumentando até o ponto em que desistiram de perguntar por não quererem ouvir a verdade e eu deixei assim, pois sabia que se admitisse qualquer coisa, seria violentada.
Quais coisas foram questionadas, e quais foram suas desculpas para elas?
A primeira coisa que questionaram foi a minha voz rouca, que juravam ser uma gripe mal curada e eu mantive essa desculpa. Quando já não tinha mais cabimento dizer que era gripe, disse que era por conta do trabalho (eu dava aulas na época, falei que era por gritar muito em sala).
A segunda coisa que questionaram foi meu cabelo, que eu cortei bem curto. Apenas disse que gostava dele assim.
Depois o "shape" foi ficando masculino, meu rosto foi mudando, perguntavam coisas como "o que mudou no seu rosto? Você tá tão diferente" e eu me fingia de sonsa, tipo "ué, mas não fiz nada de diferente".
Quando eu avancei ainda mais na hormonização, "confessei" a uma tia fofoqueira (de propósito) que tomei testosterona pra ficar maromba, na esperança de que ela espalhasse essa fofoca pela família e as pessoas se convencessem disso, pois faria sentido com o fato de eu estar realmente malhando na época.
Como foi a reação dos seus familiares? Eles acreditaram em suas desculpas?
Eu sempre fui muito sonsa com minha família e eles nunca acreditaram em mim mesmo quando eu falava a verdade. Eu era sonsa porque se não fosse assim, sofria violência, então quando eu dava essas desculpas, tenho certeza de que não acreditavam, porém não podiam me colocar contra a parede porque eu já era maior de idade.
Em compensação, ouvi MUITOS comentários sobre estar feia, estranha, mal vestida, MUITAS críticas em relação à minha aparência, às espinhas em meu rosto, enfim, foi um período em que fui muito detonada, mas pelo menos eu estava conseguindo seguir com a hormonização sem nem tocar no assunto "trans".
Teve alguma consequencia dessas desculpas, como por exemplo, pedirem exames ou provas? Se sim, como lidou com isso?
Não, não pediram nada e se pedissem, eu teria negado.
Na época estava passando uma novela com um personagem transmasculino e minha vó assistia. Ela chegou a indagar "você é isso aí?", e eu disse "oxe kkkk não é porque não sou menininha que eu sou trans". Naquele momento eu quase confessei, mas eu sabia que as consequências seriam duras, então mantive meu cinismo. Eu sei que ela não acreditou nisso, mas também sei que ela preferia que eu continuasse mentindo.
Quanto a sua experiencia numa instituição cristã, eles explicitamente te deram esses insultos ou foram mais "brandos"?
Eles foram mais "brandos". Primeiro notaram que eu cortei o cabelo, depois faziam comentários como "você não gosta de roupas muito femininas, né?", mas nada explícito pra não caber processo. No fim das contas fui demitida por "corte orçamentário", porém apenas eu fui demitida……. rs
Acha que a família julgou mais que o público geral?
A minha família julgou BEM MAIS que o público geral, afinal família meio que trata a gente como "propriedade da família" e por isso acham que podem nos dizer qualquer coisa, mesmo que machuque.
Qual foi seu maior desafio relacionado a esconder o TH masculinizadora?
Sofrer sozinha. As mudanças são muito grandes e eu não tinha com quem contar. No período da rouquidão, minha garganta doía tanto, eu queria tanto contar com a ajuda de alguém e que alguém quisesse me levar a um médico, mas tive que fingir que não estava preocupada, que não estava sentindo dor etc.
Também foi difícil lidar com tantas perguntas e tantas críticas, eu ouvi com muita frequência (da minha família) que eu estava feia e mal vestida, fui bastante assediada por eles nessa época. Foi difícil no trabalho também porque eu trabalhava numa instituição de ensino cristã e com o avanço da TH, eu ficava mais masculina e eles começaram a torcer a cara pra mim, porque eu tava ficando cada vez mais "sapatão".
Você encorajaria outras pessoas a fazer o mesmo? Oque acha que devem considerar?
Sim, encorajaria, porque sei que muita gente não tem perspectiva de sair de casa tão cedo e está sofrendo com a disforia. O que eu aconselho é que comecem esse plano enquanto procuram formas de sair de casa. Não dá pra esconder pra sempre e chega uma hora em que você não quer mais esconder, então não recomendo começar a TH sem planos de ser independente.
Tem algo a mais que gostaria de falar?
Não sei exatamente para onde vão essas respostas, mas me coloco à disposição pra ajudar no que for preciso. Minha caminhada trans foi muito angustiante e solitária, eu sofri muito, e não quero que outras pessoas passem pelo mesmo. Espero muito ter ajudado em alguma coisa!
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Agradecemos a disposição de Gabee Bezerra para realizar essa entrevista e esclarecer o cenário de transição hormonal masculinizadora escondida.
Essa postagem será categorizada entre as postagens de tratamento transmasculino, porém lembramos que a entrevistada não se identifica mais com o termo.
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dandarabattista · 1 year
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Às vezes me pego refletindo sobre respirar o padrão da cisgeneridade, essa máquina de reproduzir tudo igual ao que já é ou já foi.
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capipardo · 1 month
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Obra: Entre ânsia e o hímeneu, 2024 (Rainha Favelada)
Técnica mista. Coleção da artista, obra comissionada para a exposição.
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"No limiar do compromisso eterno, onde os corações se entrelaçam como folhas dançantes ao vento, ergue-se o altar de casamento. Este santuário de amor, adornado com a tapeçaria das esperanças compartilhadas e sonhos entrelaçados, é o palco onde o amor escreve seus votos em páginas de promessas. Sob um arco de promessas, flores desabrocham como juras de eternidade, cada pétala uma nota na sinfonia do compromisso. Velas lançam seu brilho tênue, iluminando caminhos entrelaçados e testemunhando a chama ardente da paixão que arde nos corações dos amantes. Cadeiras alinhadas, não apenas para acomodar corpos, mas para dar lugar aos sorrisos cúmplices, lágrimas de alegria e olhares que transcendem o tempo. Cada assento é um testemunho silencioso daqueles que compartilham este sagrado momento, onde as almas se unem na jornada da vida. Desmistificar o amor, é o caminho que se pôs sob meus pés desde o entendimento do meu pertencimento no mundo, ou até mesmo, a falta dele. Usarei a falta, já que essa vem se fazendo minha companheira no caminho que encontrei pronto, com sinalizações de siga, onde se aponta a rua do desafeto, solidão e relações descartáveis, na cidade da cisgeneridade e país da brancura. O encontro com o afeto, já é algo que corpos negros não têm fácil acesso, adicionar a este corpo a travestilidade, elucida a solitude que escancaro e que me faz pavimentar caminhos possíveis, onde subverto a ideia universalista do amor romântico como padrão de relacionamento.
A instalação de um matrimônio protagonizado por uma travesti preta estabelece uma nova relação semiótica com a travestilidade. A partir da descrição de Lélia Gonzalez dos locais sociais previstos para as mulheres negras cisgêneras: a ama de leite, a doméstica e a passista de samba, a obra sustenta-se na construção de um sonho, de um local social ainda inexistente. O que se pretende é criar um cenário no qual uma travesti preta tenha a representação visual e material de um cenário do qual é sistematicamente descartada: o matrimônio. Gonzalez debate o casamento como uma instituição na qual mulheres negras são destituídas até mesmo de sua representação visual. Na grande mídia, filmes, músicas e demais instituições responsáveis pela propagação de imagens, não é usual vermos a figura de uma mulher negra com véu e grinalda sendo exaltada e assumida para família e amigos. O local da travestilidade, historicamente protagonizado por feminilidades negras, vem carregado de representações visuais e sociais que evocam a agressividade, a prostituição e a violência. A travestilidade negra não possui representação iconográfica do casamento, sequer existe um lugar de convite como meras espectadoras para cerimônias matrimoniais, uma vez que o ambiente familiar, a possibilidade de fazer parte de uma família, é automaticamente descartada. A interlocução que se pretende com esse trabalho é dialogar diretamente com as travestis negras, para que, deste modo, possamos construir juntas imagens ainda inexistentes de novos imaginários sociais. Interlocução essa que é fielmente inspirada no diálogo que Lélia constrói com mulheres negras cisgêneras em seus textos, esse trabalho é uma conversa, um presságio, um desejo íntimo meu às travestis pretas". - Depoimento da artista sobre sua obra comissionada.
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A primeira obra que nos foi apresentada, é de autoria da artista Rainha F, mulher trans, negra e carioca que teve como inspiração o texto “Racismo e sexismo na cultura brasileira”, escrito por Lélia.
A obra possui como elementos fundamentais: um manequim apenas do torso, vestido com uma roupa de empregada doméstica, no centro; um salto de passista na parte inferior e atrás disso, um móvel com um simpatia característica da cultura popular, várias Imagens de Santo Antônio, colocadas de cabeça para baixo dentro de copos d’água, além da fotografia de uma mulher em um porta-retrato.
Assim, fez-se referências a conceitos abordados no artigo de Lélia, sobre os papéis atribuídos a mulheres negras cisgêneras no Brasil. O papel como empregada doméstica (dado pelo manequim vestido); o mito da democracia racial que se dá durante o rito carnavalesco, em que mulheres negras são postas como “protagonistas” e exaltadas durante essa época do ano, para depois voltarem ao estado de marginalidade (demonstrado pelo salto de passistas ao lado do manequim). Além da ausência do encontro com o afeto imposta a corpos negros (em especial femininos), abordando conceitos como a “mucama” (a mulher negra que trabalha como doméstica), a “mulata” (a mulher negra que é sexualizada) e a “mãe preta” (o papel atribuído a mulheres negra, de não só como doméstica, mas também de responsável pela criação das crianças brancas) denunciando a sexualização do corpo de mulheres negras, o acesso limitado (a essas mulheres) ao amor, os papéis sociais à elas atribuídos e os seus anseios por carinho (dado pelas diversas simpatias feitas com Santo Antônio, santo conhecido por ser casamenteiro, demonstrando o desejo dessas mulheres em encontrarem um espaço de amor e afetuosidade), e por fim, como todas essas questões são recentes (demonstrado pela fotografia, que apresenta a mãe da autora da obra, uma mulher negra cisgênera, doméstica e que nunca se casou).
Dessa maneira, a obra faz intersecção, também, com a questão da travestilidade negra, apresentando o modo como mulheres negras transgêneras têm ainda menor acesso ao amor e ao afeto. Além da pretensão de dialogar com essas mulheres travestis, para a construção de um novo imaginário, em que essas mulheres podem e devem ser amadas.
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zimanzinga · 2 months
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COMPLEXOS FREUDIANOS.
a narrativa do inconsciente sempre estará pronta. num deslize, ela colapsa no mundo em forma de projeção. ele jamais te traiu. gritou-me a consciência num estado pós-gozo. posto que: tu o ama e o conheces bem. e todos os sinais estiveram diante de ti o tempo inteiro, se os negou para si, traindo tua intuição, foste tua escolha a tua sina. ele ama outra pessoa. não da mesma forma que te ama, pois cada sentimento é único. mas ainda assim: ama. e quando o empurras para uma conflito, um caminho, por desconsiderar este afeto justo e verdadeiro, também o empurra sem perceber para uma decisão: A escolha. e isto é tão doloroso para ele, a possibilidade de abandonar qualquer amor que seja, tão quanto tornou-se doloroso para mim tentar partir. igualmente cancerígeno para ti insistir em teu erro: nada se pode exigir do outro. ele não te traiu, eu não fui amante. eu entrei pela porta da frente e inúmeras vezes tu a abriu para mim. tu escolheste esta narrativa: mesmo sabendo que também me beijavas, que se atraia por mim. me disseste uma vez que teus medos afastaram-te de mim. ele foi apenas corajoso e quis sentir. agora, abraçados cada qual em sua narrativas, vejo: só depois de me tornar mágoa é que tornei-me amante. foi quando entrei no apartamento pela última vez que me dei conta de que realmente era ali: a outra. a que entra escondida pela porta da frente, é beijada, roupas tiradas, uma escuta muda, um prazer partilhado e postumamente solitário. aquela que foi a primeira a gemer o nome: Castiel. criando-o, parindo-o, fazendo-o existir em minha boca. e esta narrativa, percebi: não era a minha. nunca foi. eu amo ele. e em algum momento eu também te amei. e tu sabes disso. por isso a mágoa te assolou: por quê ela não me contou também? por quê ela sumiu? fugiu? eu também tive medo, não das tuas reações, mas de magoá-los com a verdade. fugi por saber que Isaac não estava pronto naquele momento. eu preferi me recolher e tentar seguir meu caminho, mesmo que tropeçasse novamente no de vocês. tu permaneceu com ele, sendo indiretamente o escolhido. ele tentou consertar os erros e alimentou-se da culpa todos os dias. ele deu o primeiro golpe de morte em Isaac no meio disso. ruminou o luto e me reservou como uma vertigem do resto de felicidade que o cristianismo não chegou: a falência da instituição monogâmica, a decadência do falocentrismo, a indecência de ser quem é: poliamoroso, não-mono, não-binário.
você escolheu ser uma mágoa para mim a partir do momento que me expôs. tornei-me uma mágoa para você quando precisei me defender. mas eu escolho não alimentar isto, decido seguir em frente, querendo dizer-te tantas coisas, sem saber se as entenderia. se você aceitasse que Castiel ama duas pessoas diferentes seria mais fácil. se entendesse que eu não quero uma disputa monogâmica, onde alguém sai sendo escolhido. se percebesse que não preciso assumir o seu lugar, trocar-de-cuidador, ser a figura materna que sustenta o corpo-filho após as chagas (pietá). ser o controle, a regra, quem ditas as narrativas: seu complexo freudiano na disputa masculinidade versus feminilidade é notável, cansativo, exaustivo. seu apoio na cisgeneridade como tática discursiva é pouco criativo e violento. sua incorporação-movimento de revolta, retorno, revolta: estás perdido, nem posso julgar-te. contudo, sei que sabes: sou uma peça importante no quebra-cabeça 303. e você prefere continuar montando-o sem me perceber no canto da sala, como um fantasma, eternamente refém da sombra abaixo da janela, rendida num colchão-sofá-para-visitas. provavelmente eu estou em suas lembranças tão quanto você está nas minhas. e tudo o que eu queria era que nós três nos resolvêssemos. pois tudo isso começou com nós três na cama. e foi você quem me beijou. foi você que pediu para me comer. o conflito freudiano entre Édipo e Elektra: a briga pela guarda do amor-feto, prematuro, recém-parido num mundo adulto. eu não sou isto. portanto, abandone essa narrativa. aceite a verdade: ele escondeu por medo. por questões dele. por motivos dele. se ele mentiu, ele decidiu por isto, considerou ser mais fácil naquele momento. porém, a verdade o persegue como um cão, rosnando em seus ouvidos, revelando aquilo que já ousou escolher. perdoá-lo, no entanto, é uma escolha sua.
eu não era amante, porém, tornei-me. aceito minha escolha.
e eu continuo o amando pois enxergo tudo isto e outras coisas mais. eu o vejo. eu o entendo. eu o aceito. eu te escolho, Castiel.
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amplidao · 11 months
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"amar e mudar as coisas" tem me interessado tanto
mesmo quando,
no escuro, fecho os olhos,
e sinto as grandes estruturas de poder
dentro de mim
em escala molecular
"amar e mudar as coisas" tem me interessado tanto
que eu tenho amado me recusar à cisgeneridade
e todo dia, nas moléculas da minha escuridão,
descubro mil nomes e sem-nomes
me contemplam muito mais
que apenas "homem" ou "mulher"
não, não é nenhuma questão com o meu corpo físico.
meu desconforto com meu corpo físico não é da ordem da disforia
é da ordem de sentir o Tempo passando sem ter tempo de sentir
eu me recuso às categorias homem-mulher porque elas construíram o patriarcado, e seguem reafirmando ele
e para esse mundo, em que existências que escapam não são bem vindas,
eu desejo amar e mudar as coisas
das moléculas aos prédios inteiros
mar mur
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namoradadoenzo · 11 months
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EuTuEleNósVocêsE eles que se fodamVocês não sabem o q é pronome e por isso continuando errando o meu nome Ele já morreu e agora tem a voz só eu! No pique micdropEu deixo vocês sem entenderTão a frente do meu tempo,bfalando coisas passadas a cisgeneridade continuam sendo uma desgraçada...Branco, hetericosmarivaO homem destruiu o mundo e a minha vida virou uma sinaS-I-N-A
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angelanatel · 1 year
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Os binarismos masculino e feminino, ativo e passivo, homem e mulher são exemplos do mito de complementaridade. Nesse mito, acredita-se que as pessoas só estarão completas em seus opostos, se "preenchidas" por sua cara metade, etc. É, portanto, uma das bases do amor romântico, da monogamia, da heterocisnorma. Como diz a Bíblia, deus teria criado a mulher para o homem, ele deveria ser a cabeça, ela a submissa. Ele ativo, ela na voz passiva, ele o desejante, ela a desejada. A hierarquia pais e filhos, céu e inferno, reino e servos vai sustentando toda essa lógica. Na realidade, no entanto, essa conta não fecha. Muitas pessoas assignadas como mulheres e homens desobedecem a essa fixidez. Apesar disso, ainda há um estranhamento se um homem cis hétero deseja ser apenas "passivo" sexualmente com sua companheira, se gosta de usar cropped, se passa esmate nas unhas. Muitas mulheres hétero dirão que esse não é um "homem de verdade", que ele está tentando ocupar um lugar que é "delas". A cisgeneridade se acha dona e proprietária das expressões de gênero, como se lhes fosse um direito inato. Da mesma forma, se uma mulher cis hetero resolve raspar o cabelo, parar de depilar as axilas, usar roupas largas e não quer mais ser "passiva", rapidamente terá sua heterossexualidade questionada. Isso nos mostra que a cisheterossexualidade é indissociável das noções do que é ser "homem e mulher de verdade". Nesse mito da complementaridade, a gente é ensinado achar estranho duas mulheres juntas, duas pessoas masculinas, se o vínculo é entre mais de duas pessoas, etc. porque supostamente o "certo" é ser um par de opostos. Indo além do binarismo a gente vai entender que não é preciso viver nessa linearidade homem-masculino-ativo/mulher-feminina-passiva como se fosse um destino. Que pode ser que muito disso se misture no nosso desejo, que não precisamos estar por toda a vida presos a um único jeito de ser, de estar, de gozar. E que a própria ideia de masculino/feminino, ativo/passivo é uma ficção que podemos abandonar sem ter de, necessariamente, ressignificá-la. Se desviar desse roteiro é ser "menos homem" e "menos mulher", que possamos dizer: sim, com orgulho.
Nota: como expliquei em outros comentários, dualidades são mesmo presentes em várias culturas, mas binarismo não é a mesma coisa que dualidade. Binarismos (como humano e animal, selvagem e civilizado, feminino e masculino, homem e mulher etc) são hierárquicos, coloniais, violentos. Para quem me perguntou sobre Yang e Yin, eu não sou da Ásia, nem é esse meu tema de estudo, sei que é comum pessoas "ocidentais" se apropriarem, homogeneizarem e distorcerem noções "orientais". Então o que posso afirmar pela minha pesquisa é que aqui em nosso território os binarismos são informados pela colonização cristã. E é essa a referência imposta à população. Acho que é importante não cair em um vício de universalização, de acreditar que visões particulares são, na verdade, universais. Feminino e masculino não são noções universais, são abstratas, arbitrárias e cabe se perguntar porque há tanto incômodo em cogitar que a visão que se tem sobre um tema não é a mesma do mundo todo. Obrigada pela leitura 💛
Geni Nuñez - @genipapos no Instagram Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) - https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s 
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mandinga-pgd · 1 year
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Trechos retirados do livro: Lugar de fala de Djamila Ribeiro - Parte 3
RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Editora Jandaíra, 2021. ISBN 9788598349688.
Spivak concorda com Foucault no que diz respeito a pensar a existência de um sistema de poder que inviabiliza, impede e invalida saberes produzidos por grupos subalternizados.
Spivak nos ensina sobre como grupos subalternos não têm direito a voz, por estarem num lugar no qual suas humanidades não foram reconhecidas. Por pertencerem à categoria "daqueles que não importam", para usar uma expressão da filósofa estadunidense Judith Butler.
Tanto Patricia Hill Collins quanto Grada Kilomba consideram problemática essa afirmação de Spivak do silêncio do subalterno se esta for vista como uma declaração absoluta. Para as duas pensadoras, pensar esse lugar como impossível de transcender é legitimar a norma colonizadora, pois atribuiria poder absoluto ao discurso dominante branco e masculino.
Significaria também acreditar que grupos oprimidos só podem se identificar com o discurso dominante e nunca serem capazes de pensar as próprias condições de opressão a que são submetidos.
Os saberes produzidos pelos indivíduos de grupos historicamente discriminados, para além de serem contradiscursos importantes, são lugares de potência e configuração do mundo por outros olhares e geografias.
Questiona: "Quem pode falar?", "O que acontece quando nós falamos?" e "Sobre o que é nos permitido falar?” Esses questionamentos são fundamentais para que possamos entender lugares de fala.
Kilomba toca num tema essencial quando discutimos lugares de fala: é necessário escutar por parte de quem sempre foi autorizado a falar. A autora coloca essa dificuldade da pessoa branca em ouvir, por conta do incômodo que as vozes silenciadas trazem, do confronto que é gerado quando se rompe com a voz única.
Ainda segundo Kilomba, o medo branco em não ouvir o que o sujeito negro pode eventualmente revelar pode ser articulado com a noção freudiana de repressão, no sentido de afastar algo e mantê-lo à distância da consciência. Ideias e verdades desagradáveis seriam mantidas fora da consciência por conta da extrema ansiedade, culpa e vergonha que elas causam. Mais além: o medo branco ou manter-se "inconsciente" diante dessas verdades e realidades protegeria o sujeito branco de ter que lidar com os conhecimentos dos Outros.
Falar de racismo é visto geralmente como algo chato, "mimimi" ou outras formas de deslegitimação. A tomada de consciência sobre o que significa desestabilizar a norma hegemônica é vista como inapropriada ou agressiva, porque aí se está confrontando o poder.
Um dos equívocos mais recorrentes que vemos acontecer é a confusão entre lugar de fala e representatividade. Uma travesti negra pode não se sentir representada por um homem branco cis, mas esse homem branco cis pode teorizar sobre a realidade das pessoas trans e travestis a partir do lugar que ele ocupa.
Falar a partir de lugares é também romper com essa lógica de que somente os subalternos falem de suas localizações, fazendo com que aqueles inseridos na norma hegemônica nem sequer pensem. Em outras palavras, é preciso cada vez mais que homens brancos cis estudem branquitude, cisgeneridade, masculinos. Como disse Rosane Borges para a matéria "O que é lugar de fala e como ele é aplicado no debate público", pensar lugar de fala é uma postura ética, pois "saber o lugar de onde falamos é fundamental para pensarmos as hierarquias, as questões de desigualdade, pobreza, racismo e sexismo".
O fundamental é que indivíduos pertencentes ao grupo social privilegiado em termos de locus social consigam enxergar as hierarquias produzidas a partir desse lugar, e como esse lugar impacta diretamente a constituição dos lugares de grupos subalternizados.
Numa sociedade como a brasileira, de herança escravocrata, pessoas negras vão experienciar racismo do lugar de quem é objeto dessa opressão, do lugar que restringe oportunidades por conta desse sistema de opressão. Pessoas brancas vão experienciar do lugar de quem se beneficia dessa mesma opressão.
Logo, ambos os grupos podem e devem discutir essas questões, mas falarão de lugares distintos. Estamos dizendo, principalmente, que queremos e reivindicamos que a história sobre a escravidão no Brasil seja contada por nossas perspectivas, e não somente pela perspectiva de quem venceu.
Pensar lugares de fala para essas pensadoras seria desestabilizar e criar fissuras e tensionamentos a fim de fazer emergir não somente contradiscursos, posto que ser contra ainda é ser contrária a alguma coisa.
Pensar lugar de fala seria romper com o silêncio instituído para quem foi subalternizado, um movimento no sentido de romper com a hierarquia, muito bem classificada por Derrida como violenta.
Há pessoas que dizem que o importante é a causa, ou uma possível "voz de ninguém", como se não fôssemos corporificados, marcados e deslegitimados pela norma colonizadora. Mas, comumente, só fala na voz de ninguém quem sempre teve voz e nunca precisou reivindicar sua humanidade. Não à toa iniciamos esse livro com uma citação de Lélia Gonzalez: "o lixo vai falar, e numa boa".
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achadosparticulares · 2 years
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Sororidade
O tema hoje não é sobre mulheridade Mas sobre sororidade Palavra que vocês amam falar Mas quase nunca falam de verdade Pedem sororidade Mas vocês mulheres são sempre a prioridade Para não falar exclusividade E até da vossa irmandade Eu desconfio a veracidade Vejo mulheres atacando mulheres na maior velocidade Principalmente se esta não cumprir o requisito da branquitude ou cisgeneridade Acho que é um pouco de vaidade Pra não dizer ruindade Esse feminismo cheio de achismos E vertentes Que não coloca a feminilidade e transativismo como pautas frequentes Os discursos são incoerentes e inconsequentes E não trata as trava, as trans e não binárias feitas gente como a gente Falta uma luta consciente e que entende Que feminilidade e mulheridade é bem diferente E eu não tô sendo exigente Ao exigir mais respeito com a minha gente Vocês querem sororidade Mas na primeira oportunidade Falam qualquer imbecilidade Sem se importar com o peso das palavras Sem se importar com a limitação das suas falas Vocês vivem numa bolha Pensam que minha identidade é uma escolha Se eu pudesse escolher Escolheria tu viver Sair na rua sem saber Se vão tentar deduzir quem é você Ter medo de quem vai no hospital te atender Porque não se sente confortável a falar sobre quem é você É mais fácil se esconder E mentir sobre não ser mulher Esses versos não são sobre quem sofre mais Até porque gente cis não ganharia jamais É sobre perceber como ser cis te coloca ao lado do opressor É entender que se a pauta fosse racismo Tu seria o "Senhor", digo, a sinhá Mas antes que venha falar Não esqueça que todo oprimido sonha em ser opressor Não é que eu não me importo com a tua dor É que a tua dor não sou eu a culpada Mas nas tuas mãos eu sigo sendo apedrejada Invalidada Intimidada E o teu feminismo radical e liberal pra mim não servem Quantas feministas sobre interseccionalidade escrevem? Espero ter dado uma provocada Mas o que eu queria dizer É que sua sororidade pra mim não vale nada Sigo rompendo com o binarismo na minha caminhada E faço isso sendo muito afeminada Viva as trava e viva as viada
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brasilsa · 2 years
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meggrayaragomesde Em 2018 escrevi o artigo "POR QUE VOCÊ NÃO ME ABRAÇA: reflexões a respeito da invisibilidade de travestis e mulheres transexuais no Movimento Negro". Com esse artigo concorri a um edital em uma revista altamente conceituada, sendo uma das três autoras selecionadas para publicação, entre mais de 800 propostas. Depois da seleção, passei por uma entrevista com 3 pessoas, sendo uma delas considerada referência nos debates sobre feminismo negro no Brasil. Fui apresentada como professora, doutora e ainda assim fui tratada no masculino. Por duas vezes chamei a atenção dessa mulher, negra e doutora como eu, que continuou me chamando de professor. Irritada lenvantei a vóz, exigi que me tratasse no feminino. Assim como essa mulher que me atacou em 2018, estudiosa de gênero e raça, as posições de Djamila Ribeiro não são construídas num vazio, resultado da falta de informações. São posições cuidadosamente construídas e ainda que ressuscitar discursos biológicos possam resultar em algum prejuízo, ainda assim é a artilharia mais eficiente para atingir travestis, mulheres e homens trans. Cada palavra, do texto de Djamila Ribeiro, foi cuidadosamente escolhida e mais que marcar, politicamente, o lugar das mulheres negras cis heterossexuais, a intenção foi desqualificar travestis, mulheres e homens trans, não apenas como pessoas (que já é uma grande violência), mas sobretudo como produtoras e produtores de conhecimento. Descaradamente, Djamila Ribeiro se alia a cisgeneridade hetero branca e faz uso das mesmas teorias biológicas, que no século XIX, foram utilizadas para desumanizar as pessoas negras como um todo.
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lugardefalo · 2 years
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LUGAR DE FALO
Como consequência dos estudos a respeito do ostracismo despejado sobre o âmago negro travesti, assunto abordado na série Enlace de Solitude (2019), busco me aprofundar em compreensões estéticas da cisgeneridade racializada e da solidão lançada - em caráter de condenação - à corporeidades retintas que transmutam a carne, transicionam de gênero, e transfiguram desejos e pensamentos numa direção contrária ao fetiche que nos é projetado.
As relações que experimento com outros homens cisgenero, onde meu corpo torna-se um limite ao alcance do discurso/desejo/demanda da agenda nacional. Investigo a função do matrimônio na ascensão social de pessoas negras cisgêneras, e a posição extraconjugal que travestis retintas ocupam nesses relacionamentos. Minha pesquisa acontece com a investigação das relações sexuais que eu desenvolvo, sendo muitos desses encontros iniciados em rede social ou aplicativo virtual de relacionamentos.
Outro dia estava aqui pensando que já não aguento mais transar por transar. O mínimo que quero é conversar antes de dar. Então no desígnio de uma compreensão mais afinada sobre o meu prazer, tentarei conversar com esses homens negros cisgêneros que me compreendem - sob o regime do fetiche - como uma boneca preta muda, com cavidades que se contraem ao seus comandos.
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rabiscos-rascunhos · 5 years
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Rosa Luz Do Canal Barraco da Rosa
Publicado em 17 de fev de 2016
“De uma maneira simples uma pessoa cisgênero é uma pessoa que se identifica com o gênero qual é imposto com o gênero ao qual é imposto socialmente quando nasce. Então, se você é uma pessoa que tem pinto e se identifica como homem, parabéns, você é uma pessoa cisgênera. Se você é uma pessoa que nasceu de pepeca e se identifica como mulher, parabéns, você também é uma pessoa cisgênera, ou cis. Eu, por exemplo, não sou uma pessoa cisgênero porque eu nasci de pau e me identifico como mulher e não como homem como a sociedade impõe. O que significa que eu sou uma pessoa trans, e não cis. 
Eu sei que as vezes parece chato todas essas rotulações, essas categorias, essas novas palavras parecem existir todos os dias. Parece mas acho que é muito importante a gente falar sobre essas categorizações. Quantas vezes você já ouviu alguém dizer “ai mas não sei pra que tantos rótulos”. Mas você já parou para pensar que talvez esse pensamento vem de pessoas que ocupam privilégios em nossa sociedade?! 
Sociedade funciona de forma hierárquica e desigual.
 Nesse sentido PASMEM pessoas cisgênero têm privilégios em relação a pessoas trans. Uma pessoa que nunca ouviu falar nesse tempo e só prova o quão privilegiado você é.
Você pode ajudar o movimento praticando o máximo respeito à diversidade, desconstruindo pensamentos preconceituosos dos seus amigos privilegiados e apoiando as pessoas marginalizadas até porque como eu dizia a um amigo “Nós não somos minorias, somos marginais” (El Calderón) e nisso há uma grande diferença. Além do que quando começamos a praticar o máximo respeito, nós aprendemos a respeitar não somente o nosso corpo, mas também o corpo e o espaço do próximo” 
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dandarabattista · 3 years
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29 de janeiro
Visibilidade Trans e Travesti
Sinto que essa data não diz nada sobre mim, sinto que esse dia diz ou deveria dizer sobre a cisgeneridade. Nós não idealizamos a transfobia, não colocamos em curso o genocídios dessa população que paulatinamente busca por humanidade. Diz sobre o silêncio de vocês e sobre o abandono. O sangue que cai é o nosso, mas quem nos matam são vocês.
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pnkyg · 3 years
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O deslize cósmico de Linn da Quebrada
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Depois de cair dentro da boca grande do mercado, Linn se pergunta: “Quem soul eu?”
O deslize. Outro dia eu sonhei com ele. Era uma energia. Do tipo viscosa, como se qualquer coisa que o tocasse corresse o risco de escorregar. Tinha a forma de uma salamandra. Mas não tinha forma nenhuma. 
Era liso, esguio & lúbrico. E também não era nada. No sonho, eu dançava com o deslize. Nós nos enrolávamos, como duas fitas de DNA, numa lambada cósmica. Na época, eu ainda não fazia terapia, então não pude compartilhar a cena com meu terapeuta — que claramente se empolga mais com meus sonhos do que com meus dramas gays. Como não tinha orientação, supus que aquele sonho era um prenúncio para a entrevista que eu faria, dias depois, com a Linn da Quebrada (graças à ajuda da Iza, amiga querida e assessora que é uma flor de lótus no cenário da música). A entrevista foi publicada no Yahoo!, em um texto que eu adorei escrever. Mas a conversa não se limitou ao que saiu, então quis publicar uma extensão do papo aqui na PunkYoga. E é isso que estou fazendo agora. O que você vai ver, além das ilustrações belíssimas, inspiradíssimas e exclusivíssimas feitas pelo maravilhoso Basq, é a conversa que eu tive com a Linn, que inspirou essas ilustras hiperbólicas. A conversa girou, basicamente, em torno de um assunto. Ele mesmo. O deslize. Que eu tinha sonhado dias antes.
Pra chegar a essa ideia, primeiro a Linn me explicou que seu primeiro disco, o Pajubá, de 2017, é uma “fissura na própria fissura do mercado”, e eu só consegui imaginar uma rachadura gigante que ameaça demolir uma parede de concreto. “Acho que construí com Pajubá essa fissura dentro do mercado colonial, para que tanto eu quanto outras que têm produzido sobre o seu tempo conseguíssemos nos inserir nesse mercado, conseguindo deslocar essa suposta força e supremacia branca, da masculinidade, da cisgeneridade... A gente coloca essa pauta em xeque”, disse. E ela se inseriu tão bem nessa rachadura que um documentário sobre sua trajetória, o Bixa Travesty, foi premiado no Festival de Berlim; ela também levou discussões sobre gênero para a Globo, na série “Segunda Chamada”; além disso, ao lado de Jup do Bairro, ganhou um programa de entrevistas no Canal Brasil; e ainda foi enaltecida pelo "The Guardian". A sociedade parece ter aceito bem a “bixa travesty”. “O mercado se adapta”, constatou ela, “esse mercado elástico se adapta para nos fazer caber porque percebe que ali, de alguma forma, tem algo que pode ser rentabilizado, se tornar lucro. Então, sinto que dentro do mercado o que acontece é uma inclusão pela exclusão. Dentro de todo o círculo mercatorial há uma inserção para os grupos de representatividade. Dentro do círculo, eles fazem um cercadinho para que os movimentos de representatividade lutem para entrar.” Segundo Linn, Trava línguas, seu álbum de 2021, surgiu depois que ela percebeu ter caído dentro da boca grande do mercado e ter se perguntado: “Quem sou eu, afinal?”. Assim, voltando alguns passos, antes de ser triturada, ela preferiu tomar distância para poder ver melhor quais são os movimentos que ela representa dentro dessa grande besta faminta chamada neoliberalismo.
“Entendo que a grande questão da pergunta ‘Quem sou eu?’ nesse momento tem sido: ‘Quem eu estou sendo dentro desse mercado que faz uma hipermarcação do nosso corpo como pessoas negras, periféricas, marginais, trans, travestis, LGBT+. É uma hipermarcação sobre o meu corpo, não sobre o meu trabalho. Nessa elaboração, entendo que estou num lugar totalmente oposto ao de quando lancei Pajubá. Houve um movimento de comodificação. Aprendi essa palavra há pouco tempo, tenho até a definição dela aqui: ‘A comodificação refere-se ao fenômeno contemporâneo que muitos bens e serviços e ideias que não eram consideradas comerciais passam a ser transformados em mercadorias vendáveis'. Percebo muito isso. Todas as nossas ideias que não eram comerciais, que não interessavam, passam a oferecer a oportunidade de lucro. E a gente passa a ser, de uma certa forma, capturada. Trava Línguas surge como um movimento de desvio, uma esquiva, como um deslize para fugir a essa captura.”
Enfim, o deslize.
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Mas diferente da salamandra dançarina do meu sonho, o deslize da Linn tem som, forma e até uma epistemologia. É a linguagem. Como uma serpente, a artista escorrega pelo sistema através das palavras e tenta “te convencer ao que não te convém”. Foi por isso que, em vez de repetir a rajada sexual de Pajubá, em seu segundo trabalho, ela preferiu depositar essa intensidade no que chama de “elaboração sobre a linguagem”, as quais, ao mesmo tempo que confundem, também revelam a beleza de quem sabe dançar com as palavras. Algo que até pode ser entendido como suavidade. Isso porque, em vez do lirismo anal de versos como “dedo no cu é tão bom”, ela preferiu dar destaque a jogos linguísticos como “entre o fundo do poço, e a profundidade do posso, é no silêncio do passo que eu ouço”. Mas se você olhar de perto não tem nada de suave nisso. “Acho que traduzir esse trabalho de uma forma branda é superficial. Estou falando de coisas muito profundas, densas. E é justamente isso que eu busquei na linguagem, que você me ouça novamente, que você me ouça e veja que eu estou em outro lugar. Eu não estou onde as pessoas esperavam que eu estivesse. Isso é fuga. Esse é o desvio”, diz.
“Eu estou elaborando o mistério, e o mistério não é para todas. Para você entender o que realmente estou falando é preciso que você entre em contato e se relacione com aquelas linguagens para entender as coisas que estão nas entrelinhas. Quando falo ‘divagar mais, divulgar menos’, estou falando desse lugar do mercado que corta, que sangra. Mas canto isso de uma forma supostamente mais doce, mais sutil, que engana. E enganar por si só — forjar na força da farsa — já é uma elaboração estratégica. É justamente aí que eu tenho trabalhado, construindo outras estratégias para encontrar formas de entrar na casa de pessoas com as quais eu não tinha falado, pra estimular um pensamento que me interessa. Busco uma palavra que subverte, que escorrega que seja difícil de ser dita enquanto enunciação, porque isso é um trava-línguas, aquilo que é difícil de ser anunciado, difícil de ser dito. É o mistério.”
Sabendo que palavra é fogo — uma coisa que pode tanto aquecer quanto queimar — Linn não se propõe a cantar, mas a proferir feitiços.
“Me proponho a estabelecer uma disputa na e pela linguagem. Porque se é a linguagem do colonizador que me diz quem sou eu, que elabora uma razão negra, que reduz, limita, compacta, dilui todas as nossas múltiplas existências, então eu vou tentar fazer o que eu posso com aquilo que fizeram de mim. Se fazem de mim um transtorno de identidade de gênero, então eu vou ser um transtorno muito pior para as suas identidades. É entender o que essas palavras que nos prendem fazem com a gente. E como elaborar outras palavras que já existem na linguagem colonial. Isso é feitiço.”
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E é por seu corpo ter uma relação tão íntima com a magia da linguagem que sua fé pode ser tocada com as mãos.
“Tenho me aproximado dessa possibilidade de cultivar o meu espírito de diversas formas. Mas tenho uma forma muito particular de entender o espírito como sendo de carne e osso, e assim entendo como cultivar naturalmente o meu corpo. Dentro disso, tenho me aproximado do candomblé, mas eu sinto que as minhas conexões espirituais vão para além do terreiro. Tenho feito uma aproximação cuidadosa, justamente porque na infância e adolescência a espiritualidade era uma coisa que se afastava do meu corpo, das minhas orientações, um lugar onde meu corpo foi proibido para mim mesma. Na verdade, não acho nem que eu tenha me afastado, mas desloquei a minha espiritualidade a um lugar de egrégora, de encontro com as minhas. Por isso, para mim, a música ‘Oração’ não é uma aproximação com a espiritualidade, mas uma celebração da egrégora que eu vinha construindo há muitos anos. [...] Para onde orientamos o nosso pensamento, onde posicionamos o nosso ori, que tipo de pensamento cultivamos? Isso para mim é material.”
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Ao tornar o subjetivo em algo objetivo, Linn profana a maior das divindades: o amor. O que não é exatamente um pecado quando você já foi condenada ao inferno. Assim, Linn transcende e dissolve a ideia de profanação. E sugere a morte desse sentimento.
“O amor é uma das principais falácias e ferramentas de manutenção desse sistema. Dizem que devemos amar ao próximo, mas e quando a gente percebe quem não é o próximo? Que são justamente aquelas que não são humanas, que não são humanizáveis. Estejam essas pessoas em situação de vulnerabilidade, de rua, travestis, pessoas pretas. Por que o genocídio da população negra não causa uma crise ética global? Por que toda a morte da população de travestis não nos move, não nos comove? Porque essas não são pessoas a quem destinamos o nosso amor, não são pessoas passíveis e merecedoras de serem amadas. Por isso, o amor é uma das principais ferramentas de manutenção desse sistema, ele mantém as coisas como estão. Existe esse discurso de um território sagrado, de onde Deus é amor. Se Deus é amor — e ele representa essa instituição que sustenta esses pilares [do sistema] —, então acho que há algo aí que precisa ser destruído.”
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Eu não tinha entendido muito bem o que era aquela energia deslizante com a qual eu tinha sonhado até ter essa conversa com a Linn. Porque depois que agradeci a ela e a Iza e desliguei a chamada do zoom, fiquei pensando no sentido disso que a gente chama de amor. No amor como ferramenta de ódio. Se a palavra foi cooptada por um bando de escroto que se beneficia com a desgraça, o problema é da palavra, não do sentido. Quer dizer, a palavra pode ter se perdido, mas o sentido continua existindo. Agora no limbo das coisas que ainda não têm nome. Então, se for assim, a gente tem mesmo que matar esse amor que condena um monte de gente à desumanização e inventar um novo termo pra definir a força eletromagnética que nos mantém orbitando as relações de afeto profundo. Essa força que escorrega entre as palavras como uma salamandra sinuosa. Essa força que é o deslize. *Texto por Nathan Elias-Elias As ilustras maravilhosas que você vê nesta págia foram feitas pelo incrível @basq_. Para saber mais sobre o trabalho acesse @punkyoga_
Este texto foi publicado na edição #45 da newsletter PunkYoga. Assine aqui.
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