#céu azul borrado de branco e cinza!
Explore tagged Tumblr posts
gabinete63 · 10 months ago
Text
Tumblr media
2 notes · View notes
tresreismagos · 7 years ago
Text
Era fim de tarde em um outro país. Sentada na beira de uma janela de vidro transparente em uma recepção de hotel, eu observava tranquilamente os carros que passavam do lado de fora, as pessoas que estavam trabalhando desde a madrugada para garantirem o sustento de suas famílias, a correria cotiadiana e eu me encantava com o ipê cor de rosa que estava do outro lado da rua mas no quarteirão vizinho, e o mesmo arrancava-me inspirações com as suas flores em demasia, podia sentir o vento que as folhas emanavam chegando até o meu rosto vermelho e frio no parapeito da janela. Sentia-me em paz. Sentia-me viva. Apesar de umas nuvens pequenas e cinzentas no céu, o fim de tarde apresentava um sol escaldante que causava um gostoso contraste, e em um súbito uivar dos ventos de inverno, tudo escureceu. De azul intenso, o céu ficou azul marinho, quase que negro. De cinzas, as nuvens camuflaram-se naquela negritude. Saí até a entrada do hotel, podia ouvir o vento gritar de forma melancólica transmitindo a sua solidão, implorando por ajuda enquanto o mundo continuava girando sem o escutar. Antes de me deparar com as belezas daquela rua, começou a nevar. Me encantou a forma como a neve caia: lenta e delicada. Arrastava consigo o frio e esquentava os corações com a sua leveza acolhedora. Eu certamente estava em um sonho. Pegava em minhas mãos os flocos de neve que caíam sobre a calça de veludo de cor bordô e blusa de cor caramelo tecida a linho que alcançava as minhas pernas e cobria os meus braços. Cada floco era uma descoberta e, foi então que eu olhei ao meu redor para ver a cidade pintada de branco. Do meu lado direito, uma arquitetura antiga, construções vastas de palácios e bibliotecas, no interior desses salões as vozes ecoavam mostrando os meus rumos, tinham suas cores desbotadas pelo tempo e bandeiras em sintonia com o vento. Do meu lado esquerdo, construções modernas, altos prédios com extensas janelas de vidros espelhados que refletiam aquele show perolado como se fosse uma tela de cinema. Um globo congelado, quando na verdade congelado ficou o momento que eu vi através da vidraça embaçada de uma pequena casa de férias que eu encontrei durante a minha expedição na neve. Uma jovem parada, vestindo um vestido branco de tecido leve que dançava em sintonia com a sua dor. O batom vermelho borrado e o rímel enlameado. Seus pulsos gotejavam, pintando de vermelho a neve que suas galochas azuis trouxeram para dentro da casa. Aquele era o reflexo da dor. Cada gota de sangue que pingava e rompia com força no chão, era uma linha torta das páginas daquela vida que tentava se extinguir. Enquanto ele, um homem alto, barbudo e de fisionomia conhecida, dentro da casa, assistia tudo com um sorriso no rosto, em negação, fingindo estar tendo alucinações e acreditanto que o que via não era real. Em fúria, por ele nada fazer, eu esmurrei a porta de madeira e entrei naquela casa com vontade de chorar, de gritar e xingar. Como seria possível assistir um suicídio calado? Ao me aproximar da sacada a qual ele estava de costas e debruçado na grade observando a extensa imensidão embaixo de si, estendi o braço querendo tocar os seus ombros, querendo que ele virasse e me desse uma explicação satisfatória. Tudo congelou naquele nevoeiro. As pessoas no térreo estavam paralisadas, a neve que caía pairava no ar, eu o chamava e ele não escutava. Foi quando percebi que estava sendo blindada em uma pedra de gelo, a minha voz não saia e eu comecei a perder os sentidos. Até que recuperei o fôlego de forma devastadora, parecia que meus pulmões iam explodir de dor, tudo ardia de frio, eu trincava e definhava. Na verdade, o gelo que me prendia estava derretendo. A neve parada no ar voltou a cair de forma harmoniosa até que o último floco tocou o chão e as minhas roupas estavam pesadas demais para suportar o calor. Como uma alucinação, eu fui parar na Cidade da Paz. Agora a sacada era vasta e em meia lua e o alto homem barbado já não estava debruçado na grade, ele sequer existia. Eu, sem nada entender, desci ao térreo procurando por respostas. Caminhei por ruas calorosas até entrar em uma casa onde moravam várias pessoas desconhecidas. Mas por algum motivo eu estava lá com essas pessoas e começamos a ficar cada vez mais proximos ao centro da casa. A anfitriã carregava um rádio movido a pilha e a trilha sonora era Pink Floyd, mais precisamente o álbum Atom Heart Mother. Tudo parecia cadavérico ao meu redor. As pessoas desconhecidas, a enorme casa com este longo corredor levando-me ao desconhecido, as músicas, o ranger do carpete de madeira a cada passo que dávamos e a escuridão local que não permitia sequer a luz do dia. No rádio começou a soar um barulho estranho. Ao fundo da nossa trilha sonora, começou a surgir ruídos na tentativa de trocar a música que tocava e chamar a nossa atenção. Agora eu podia entender. Aquelas pessoas estavam morando em uma casa sobrenatural e aquela era uma expedição para encontrar as respostas. As respostas vieram junto com os ruídos que o rádio emitia, havia um espírito das trevas tentando se comunicar com nós. Este espírito sentia muita dor e implorava por ajuda, ajuda que nunca chegava. Pedia tanta ajuda que foi capaz de levar consigo a jovem do vestido branco, na tentativa de aliviar a sua dor dividindo-a com os mais frágeis. E eu estava ali para ser levada também, juntamente com as pessoas daquela casa. Inocente, eu não sabia. Mas fui entrando cada vez mais na casa até encontrar de onde vinha o ruído. Do porão. Parei na frente da porta do porão e ouvi muitos gritos, os mesmos gritos que eu pensei ser do vento, mas na verdade eram gritos de almas doentes. Por uns minutos fiquei petrificada e os pensamentos esvaiaram-se. Abduzida, a minha única sangria era girar a maçaneta. Fiz. Aquele barulho de trevas me ensurdeceu, minha cabeça girava e eu fui tomada pela dor. Pude sentir todo o sangue que derramava internamente naquelas pessoas desesperadas e silenciosas. Era mais doloroso do que qualquer dor física que existe no mundo. Eu vi rostos felizes por estarem aliviando suas dores dividindo-as comigo. E então, as imagens ficaram distorcidas, eu dei um passo e deixei com que a escada me levasse, até bater de cabeça no assoalho do porão. O chão pintou-se de vermelho, revivi todos os meus anos em poucos segundo, até os meus olhos se fecharem lentamente e eu não saber o fim dessa história.
0 notes