#btaiss

[moi-taiss]

Parágrafo

De frente para o mar, onde o horizonte se funde com o céu, sou uma viajante perdida em devaneios, envolta nas notas de ‘beauty and the beast’. Em um mundo de encontros e desencontros, permaneço à deriva, buscando respostas nas conchas da areia e no eco do vento. O tempo flui como a maré, levando consigo reflexos de um enigma profundo. Talvez o horizonte guarde todos os meus segredos que só os olhos atentos possam desvendar.

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Se você quer, a gente larga tudo aqui, deixa tudo e vai, faz as malas e vai sem pensar, tão longe que nem o grito alcança. Se for pra te ver sorrir, esqueço até quem fui e sou e me recrio em outro personagem e DDI. Se for por você eu largo tudo e saio de mãos dadas nesse escuro contigo.

- disse ela pra menina do quarto escuro.

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- Você está tão silenciosa hoje.

- Estou gritando, não me ouve?

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Não que eu seja um robô, como já me definiram, é que criei uma barreira espinhosa que me espreme, me erradia quimicamente, me sufoca, me modifica de dentro pra fora. Então, quando você enxerga o fim é porque já foi corroída a pele que sustenta meus sentimentos e já se fez luto o campo outrora florido. Uma pedra se fincou e me fez estranha de nós, me calou aos poucos, me roubou os abraços que eu amava dar, me retraiu nas vezes que pensei em ligar, me fez desistir de uma luta invencível, me fez ver que não me cabia o lugar que sozinha desenhei em teu ser, me fez ver que sou bem melhor só, que quando estou com você.

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Ás vezes sinto que no Tumblr estão os melhores amigos para os momentos em que acho que não me cabe mais ter ninguém. Impressionante como cada pessoa aqui fala comigo sem precisar me dizer um oi ou mesmo saber meu nome. Sinto ser o meu lugar de refúgio para alimentar minha dor em dias nublados e solitários.

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Eu me posturo externamente como uma pessoa que muito se ama, mas meu espelho me revela a contradição pelas tantas vezes que desejei meu mal para não desejar o mal a quem, com as mãos empunhando a faca, me fazia sangrar por inteiro.

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Aquela necessidade absurda de chorar para esvaziar um pouco a tensão absurda que sufoca o peito

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É como uma lâmpada defeituosa, piscando, que por breves segundos a revela no canto do quarto, sentada no chão, triste, de cabeça baixa.

Assim, sinaliza sua chegada:

- Olá.

#ameninadoquartoescuro

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Escrevendo um artigo, chego numa parte crítica, a parte da dor e me ponho a chorar... O genocídio em Ruanda me atravessa com muita força, cada nova leitura uma representação diferente, um fator forte e uma escrita difícil. Como transcrever a espera da morte? Como colocar em palavras alguém que tem o alívio de saber que a morte está no seu caminho e não precisará mais ficar angustiado com sua espera?... A chegada da morte, uma libertação? Aaaaai que triste ser porta voz dessas dores.

Às vezes acho que não estou preparada para atravessar ainda mais esse mundo, memória pós-trauma, pós-guerra, memórias de dores.

Eu choro, Ruanda

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Hoje não queria muita coisa. Só queria gritar a ponto de ensurdecer esse mundo, colocar minhas entranhas à mostra e arrancar todo esse caos que eu estou.

Só queria me trancar por fora e me afogar no interior de mim. Queria a liberdade de refazer meus passos, apagar meus borrados e aniquilar a dor. Queria olhar dentro de mim e me enxergar como sou.

[moi-taiss]

Quando a encontrei pela rua, caída ao chão, meu coração apertou. Aquela cena não foi escrita para ela: suja, arranhada, desolada, sem brilho, sem cor, sem vida. O destino parecia cruel e o seu autor perdera a mão da caneta. Não, definitivamente não era para ela aquele fim.

Ei moça, ei! Com muita força a sacudia, mas envergonhada baixava sua cabeça e desfalecia. O peso da sua face e a distância do teu olhar me rasgava a pele e me jogava cada mais em teu chão, lá éramos nós, naquele cenário sujo e intimidador, joias dispersas em amontoado de lixo.

Ei moça, essa não é você, como chegastes aqui?

Sacudindo-a com veemência lhe atirava os gritos: Qual o seu nome? Repita seu nome! Repita seu nome! Reage! Vamos, grite seu nome...

Após um logo silêncio e deitada sobre o teu corpo vazio e sem força, eu a ouvi sussurrar o meu nome, emudeci.

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Chuva e tempestades é uma combinação que maltrata, até às minhas máscaras parecem se desligarem, rejeitando minha face e revelando minha farsa.

[moi-taiss]

De frente para o mar, onde o horizonte se funde com o céu, sou uma viajante perdida em meus próprios sonhos. Enquanto a melodia de ‘Beauty and the beast’ ressoa suavemente, sinto-me como uma personagem sem enredo, vagando por entre os contos de amor que nunca vivi. Em meio a casais que se encontram, permaneço à deriva, numa dança solitária com o tempo.

O desejo de formar uma família, de sentir o calor de um lar e o riso de crianças, parece cada vez mais um eco distante, um sonho que se dissipa como névoa ao amanhecer. Os anos passam, e minha própria imagem no espelho se torna um enigma, uma reflexão de alguém que já não reconheço.

Será que nasci para amar e ser amada? Ou estou fadada a amar as sombras de sonhos não realizados? As perguntas se acumulam como conchas na areia, e a resposta parece sempre além do meu alcance. E assim, enquanto a música toca, permaneço aqui, perdida entre o desejo e a realidade, esperando por um milagre que me encontre e me mostre o caminho para o amor verdadeiro.

[moi-taiss]

Colocaram umas flores artificiais ao meu lado, talvez eu já não esteja tão linda como antes ou mesmo minhas pétalas já não tenham vidas e queiram manter essa minha casa linda e decorada que os desumanos chamam de vaso e me molha com o resto da água que sobrou de sua sede doentia.

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Estação

Na estação de trem existe um leque de possibilidades, mas uma é especial e mereçe atenção, a estação das onze.

Na estação das onze não é permitido olhar para trás e nem adquirir como reserva um bilhete retorno, você segue em frente ao novo e o que ficou para trás é apenas reflexo do passado marcando a partida da Maria fumaça.

Na estação das onze tem sempre uma dúzia de gente a pensar, se é mesmo hora de partir ou aguardar quem vá te salvar e resgatar do calabouço o seu outro eu.

Na estação das onze se vai quem muito sofreu, perdeu, quem não tem lar, quem foi rejeitado ou quem vive de adeus em adeus.

Neste vão localizado no penúltimo andar, são muitos os que seguem em lágrimas, mas também os que seguem sorrindo... Para uns é o vão dos arrojados, para outros dos desenganados. Mas para além, é saber que sempre tem essa opção, dar um passo à frente e mudar de estação

Blém-Blém, de forma estridente sem muito delongue, grita o sonoro da última chamada para estação das onze.

#poemas #btaiss #pormim

[moi-taiss]

Por que vagas minha lua nesta escuridão amargurada? Põe-te sobre minha mesa e divide este drink de solidão comigo

btaiss