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Anjo Caído - Elizabeth Thompson
Atualmente
Coldwater
Eu estava indo para Coldwater. O avião partiu de manhã e já estávamos sobrevoando a pequena cidade em direção ao seu aeroporto. Era tão estranho que alguns séculos atrás eu tinha asas e com elas viajava mundos nunca antes explorados e agora eu tinha que ir para outro lugar com a ajuda de uma máquina criada pelo homem. Dois dias atrás eu estava na Alemanha quando recebi a informação de que três flechas celestiais permaneciam em uma pequena cidade esquecida da América. Essa informação, pelo que eu entendi, já havia chegado em muitos companheiros anjos caídos e nos ouvidos dos nossos inimigos. Me prontifiquei de procurar essas flechas e cá estava eu.
O ar estava gélido e a respiração saía como se fosse fumaça. Vesti três blusas de frio com um sobretudo por cima, duas calças, uma bota marrom e uma touca rosa. Carreguei o máximo de roupas possíveis dentro de duas malas, não queria prolongar a estadia. Quando desci do avião coloquei um fone de ouvido para tentar abafar as conversas humanas e me dirigi para a área externa em busca de um táxi. O lugar era pequeno e a movimentação baixa. Não havia muitos turistas indo para aquele lugar frio. Chamei um táxi e um senhor de idade que mascava chiclete me ajudou a colocar as malas no bagajeiro, mesmo eu insistindo que não precisava.
– Para onde senhorita?
– O hotel mais aconchegante possível, por favor.
– O Hotel Coldwater é o melhor que temos, com fogo na lareira e camas de linho quentinhas. É pra já. Muitos turistas estão chegando nesse mês – o táxista tirou o carro da vaga e começou o caminho. Devo ter aparentado uma cara de interrogação, pois ele acrescentou – Sim. De uns dias para cá estamos recebendo muitos jovens.
– E por qual motivo? – meu instinto dizia que essa imigração não era ocasional.
– Pra falar a verdade, não sabemos. Talvez a Coldwater High School esteja bem chamativa. O importante é que isso vai elevar os nossos negócios – ele começou a rir e ligou o som.
– Sim, deve ser.
Mas eu sabia que não era. Se várias pessoas estavam indo para Coldwater, isso queria dizer que muita gente já sabia das flechas. Observei a paisagem, desejando chegar logo no hotel e fazer uma reserva pra colocar o plano em ação. Estávamos literalmente em uma cidade de interior, não havia prédios e tudo parecia muito abandonado, com estradas entre florestas e comércios pequenos. A noite já estava chegando e o sol se pondo era uma grande imagem. Eu já estava acostumada com grandes imagens, mas a natureza sempre tinha um show para mostrar. A corrida não demorou muito e o preço foi baixo. O hotel parecia ser simples, mas era muito chamativo e atrativo. Tinha um restaurante ao lado, o estacionamento era em frente e o lobby também já estava na faixada. Agradeci ao motorista e lhe paguei com dólares, peguei minhas duas malas com a facilidade que um ser humano não teria e me direcionei ao lobby. Não havia nenhuma movimentação do lado de fora, o vento castigava as árvores e o frio era cortante. Um sino tocou quando eu abri a porta e lá dentro na recepção uma senhora de idade lia um panfleto. Ela logo se aprumou e sorriu.
– Olá! Gostaria de reservar um quarto? – é claro que eu gostaria. Sorri de volta.
– Sim. Devo ficar por duas semanas, tenho alguns assuntos a tratar e creio que não precisarei estender a estadia.
– Claro, claro. Para a sua sorte, temos ainda cinco quartos disponíveis.
Paguei á vista todo o preço da estadia. A senhora ficou surpreendida, seu nome era Margareth e ela era a dona do lugar. Eu tinha muito mais dinheiro, mas mantinha tudo em uma conta no banco. Só andava com o necessário e o necessário era o suficiente pra comprar dois continentes. Recebi a chave e fui direto para o quarto que ficava no segundo andar. Era bem simples, tinha uma cama de casal, uma lareira apagada, uma televisão de tela plana, uma escrivaninha e uma varanda que dava para a vista de toda a Coldwater. Joguei as malas em cima da cama e peguei notebook, pois precisava saber um pouco mais sobre a cidade. O céu estava escuro e milhares de estrelas desabrocharam no céu, alguns grilos começaram a cantar e tudo parecia calmo, mas eu sabia que se vampiros e anjos caídos viessem procurar as três flechas perdidas, essa paz acabaria. Entrei em uma página de notícias da cidade e a primeira manchete me alarmou.
"Motorista de táxi morto por animal"
A notícia dizia que as investigações estavam acontecendo, mas a morte tinha ocorrido por causa de uma mordida que fez o homem agonizar até a morte. Isso não era obra de animais. Anos de experiência me diziam que aquilo era um vampiro e todos os fatos voltavam para essa certeza. Lembrei de Marcus e meu coração acelerou de ódio. É claro que não era ele, devia ser algum infectado imprudente pra cometer um crime desses em uma cidade pequena como Coldwater. Segundo a notícia, não havia provas para confirmar as suspeitas. Suspirei. É claro que não havia, eles não deixavam ser pegos.
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