#brasão da república
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saopauloantiga · 1 year ago
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Em sete passos veja como é feito o Brasão da República, em ferro fundido, dos postes de iluminação antigos da cidade de São Paulo
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ocombatente · 6 months ago
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Moraes libera denúncia do caso Marielle para julgamento no STF
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  Agência Brasil Moraes libera denúncia do caso Marielle para julgamento no STF O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) , liberou nesta terça-feira (11) para julgamento a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os acusados de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. O caso será julgado pela Primeira Turma do Supremo. A data ainda não foi divulgada. Em maio deste ano, a PGR denunciou Domingos Brasão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Chiquinho Brazão, deputado federal (União-RJ) e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa por homicídio e organização criminosa. De acordo com a procuradoria, o assassinato ocorreu a mando dos irmãos Brazão e motivado para proteger interesses econômicos de milícias e desencorajar atos de oposição política de Marielle, filiada ao Psol. A base da acusação é a delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, réu confesso da execução dos homicídios. Defesa A denúncia foi liberada para julgamento após o fim do prazo para a defesa dos acusados se manifestar sobre as acusações. Os advogados de Domingos Brazão defenderam nesta segunda-feira (10) no Supremo a rejeição da denúncia por falta de provas e afirmaram que a Corte não pode julgar o caso em função da presença do deputado Chiquinho Brazão nas investigações. “Os crimes imputados na exordial não possuem qualquer pertinência temática com a função de deputado federal de Francisco Brazão . Os delitos são todos anteriores ao seu primeiro mandato federal, não havendo o que se falar em competência originária desta Suprema Corte para supervisionar investigação por homicídio, supostamente ordenado por vereador”, afirmou a defesa. A defesa de Chiquinho Brazão também alegou que as acusações não têm ligação com seu mandato parlamentar e disse que não há provas da ligação dos irmãos com ocupação ilegal de terrenos no Rio de Janeiro. “Se a execução da vereadora Marielle tinha por finalidade viabilizar a construção do empreendimento, chama a atenção o fato de jamais ter existido qualquer movimento nesse sentido ao longo de 6 seis anos”, completou a defesa. The post Moraes libera denúncia do caso Marielle para julgamento no STF first appeared on GPS Brasília - Portal de Notícias do DF . Fonte: Nacional   Read the full article
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blogsports10 · 1 year ago
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O Dia da Bandeira é uma data comemorativa em que se homenageia a bandeira de um país. No caso do Brasil, o Dia da Bandeira é celebrado em 19 de novembro. Essa data foi escolhida em referência à instituição da bandeira nacional em 1889.
A bandeira brasileira foi criada pelo positivista Raimundo Teixeira Mendes, pelo astrônomo Manuel Pereira Reis e pelo pintor Décio Vilares. Ela foi apresentada pela primeira vez em 19 de novembro de 1889, quatro dias após a Proclamação da República, e oficialmente adotada em 19 de novembro de 1889. O desenho atual da bandeira foi modificado ao longo dos anos, mas a essência e os símbolos principais permanecem os mesmos.
No Dia da Bandeira, é comum realizar cerimônias cívicas, hastear a bandeira em diversos locais públicos e promover atividades que ressaltem o respeito e a importância desse símbolo nacional.
A bandeira brasileira é um dos símbolos nacionais do Brasil e possui diversos elementos que carregam significados históricos, culturais e representativos. Abaixo estão os principais elementos da bandeira brasileira e seus significados:
Cores:
Verde: Representa as matas e florestas do país.
Amarelo: Simboliza as riquezas minerais do Brasil.
Brasão da República:
O brasão está localizado no centro da bandeira e representa as armas do Brasil. Ele contém:
Um losango azul, que simboliza o céu estrelado do Rio de Janeiro na manhã da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889.
Uma esfera celeste azul, com uma faixa branca representando a eclíptica e as constelações do Zodíaco.
Uma faixa branca com a inscrição "Ordem e Progresso", lema positivista de Auguste Comte.
Estrelas:
Na parte azul da esfera, há 27 estrelas brancas que representam os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. As estrelas estão dispostas de forma a reproduzir a posição das estrelas no céu do Rio de Janeiro na manhã de 15 de novembro de 1889.
Faixa Ondulada:
Representa o rio Amazonas. É azul, com uma faixa branca no meio, simbolizando o equador.
Fundo Branco:
Simboliza a paz.
A bandeira brasileira foi adotada oficialmente em 19 de novembro de 1889, apenas alguns dias após a Proclamação da República. O seu desenho foi modificado ao longo do tempo, mas os elementos fundamentais permanecem, refletindo aspectos importantes da geografia, da história e da filosofia do país.
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oribeirinho · 1 year ago
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O Tejo, a verdade e a propaganda - o caso da Moita e do Barreiro
Até 2011 a grande maioria dos esgotos era despejada directamente no Rio Tejo. A partir de 2011, com a entrada em funcionamento da ETAR Barreiro/Moita, os esgotos dos concelhos do Barreiro e Moita finalmente passaram a ser tratados, e lançados no estuário do Rio Tejo, em condições técnica e ambientalmente adequadas, contribuindo assim para a melhoria substancial que se verifica actualmente nas águas do Tejo.
As melhorias nas águas do Tejo são visíveis e constatadas pela presença de Flamingos e até de golfinhos, para além do retorno de várias espécies pouco tolerantes à poluição.
Apesar de ser uma aspiração dos autarcas da região desde o início do Poder Local Democrático em 1976, foram necessários 35 anos de propostas recusadas pelos Governos de PS, PSD e CDS, para finalmente se concretizar um projecto fundamental para a sustentabilidade ambiental da região. Da parte da CDU, quer ao nível autárquico, quer na Assembleia da República, não faltaram propostas, nem acção, com a estruturação das redes de águas residuais e de águas pluviais, em investimentos que somam largos milhões de euros.
No entanto, o modelo que o governo de então aceitou, e que todos os que lhe sucederam defendem, não só retira capacidade de decisão aos Municípios, como empurra para cima destes os custos de um sistema de tratamento de águas residuais, que depois são legalmente obrigados a fazer recair esses custos na população, entre outros, sob pena de perderem acessos aos fundos comunitários. A consequência é hoje bem visível nas facturas da água dos munícipes.
Simultaneamente, durante estas décadas, a CDU valorizou e promoveu a cultura ribeirinha, protegendo um património que também nos define, e que se estava a perder: as embarcações típicas ou tradicionais do Tejo. Outrora responsáveis pelo tráfego de mercadorias entre as duas margens, foram substituídas com o incremento do transporte rodoviário e perdendo o seu uso perderam também a razão para a sua existência. Resgatadas a esse destino pelas autarquias CDU, desde meados dos anos 80, são recuperadas e reconstruídas, assumindo então uma nova função: o lazer. Se na Moita o trabalho intenso no trabalho com os centros náuticos permitiu que particulares recuperassem dezenas de embarcações, muitas das quais hoje se encontram no museu vivo criado junto ao cais centenário, no Barreiro, deu-se corpo à recuperação da embarcação mais emblemática do concelho.
Hoje em dia, a conjugação da melhoria na qualidade das águas com a preservação do património, permitem um novo modo de fruição, aliando a preservação da natureza à conservação do património cultural, transformando o modo como esta região é reconhecida em Portugal, e não só.
Infelizmente nos últimos anos assistimos a uma desvalorização deste trabalho de décadas. Na Moita, por interesses eleitorais, não se olhou a meios para transformar problemas pontuais na ideia de que os esgotos não são tratados, impregnando na população uma ideia profundamente errada de todo um sistema que atinge cerca de 44 km de emissários e condutas, assim como 18 estações elevatórias.
No Barreiro, após um atraso que nunca foi convenientemente explicado, a Muleta, embarcação típica cuja imagem consta no brasão do município, foi entregue a uma empresa privada, e apesar de pouco servir o Barreiro, apresenta já evidentes sinais de descaracterização.
Estes são sintomas de uma diferença fundamental no modo de fazer política. A CDU planeia e executa a curto, médio e longo prazo, o PS usa a Propaganda.
Nuno Cavaco
#nunocavaco #etar #EstuáriodoTejo #águasresiduais #Moita #Barreiro #investimento #ambiente #valorização #futuro #trabalho #honestidade #competência
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rhenancarvalho · 2 years ago
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TOTEM | Totem significa o símbolo sagrado adotado como emblema por tribos ou clãs por considerarem como seus ancestrais e protetores. O totem costuma ser um poste ou coluna e pode ser representado por um animal, uma planta ou outro objeto. Totem é uma palavra derivada de "odoodem" que significa "marca da família", na linguagem indígena Ojibwe dos índios da América do Norte. Os totens são vistos como talismã, objetos de veneração e de culto entre o grupo. Em algumas tribos, o totem pode ser simbolizado por um desenho do brasão do grupo, utilizado em diversos objetos como identidade da família à qual pertence. Um totem poderia ser um animal, planta, objeto ou fenômeno considerado sagrado por uma determinada sociedade. Consiste em um símbolo familiar com poderes sobrenaturais e com características protetoras. Os totems eram rodeados por uma aura de medo, superstição e magia. Entre os índios da América do Norte, o totem é geralmente um desenho meticulosamente trabalhado em madeira formando uma enorme escultura. Totens originais construídos no século XIX podem ser vistos em museus dos Estados Unidos e Canadá. Nos Estados Unidos, o totem é visto como um espírito protetor da pessoa em questão. Totemismo O totemismo é uma crença religiosa que utiliza o totem como elemento espiritual de adoração em que existe uma relação próxima e misteriosa entre um ser humano e um ser natural. Esse relacionamento tem como fundamento uma origem em comum entre os dois seres. Esta religião é muitas vezes associada ao xamanismo por ser também uma religião com origem indígena. Os crentes no totemismo não podiam matar, comer a carne ou mesmo tocar no animal que representa o totem. O totemismo surgiu em comunidades de caçadores, principalmente nos Estados Unidos, no Sul da Ásia, Áustralia, Nova Guiné, República Democrática do Congo e Sudão.
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radiorealnews · 2 years ago
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fortunatelynervousrunaway · 3 years ago
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A bandeira brasileira é a principal representante do país perante as nações estrangeiras. Afinal, é pela bandeira que se reconhece uma nação. Não é à toa que ela é um dos quatro símbolos oficiais da chamada República Federativa do Brasil, em conjunto com as armas nacionais, o hino nacional e o selo nacional. E não tiramos isso da nossa cabeça, não: é a própria Constituição Federal que aborda esse tema. A bandeira como é hoje foi instituída em 1889, quatro dias após a proclamação da República.
Os responsáveis por planejar, pensar e confeccionar a bandeira do Brasil foram os professores Raimundo Teixeira Mendes, então presidente do Apostolado Positivista do Brasil, e Manuel Pereira Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica. Também contribuíram o Dr. Miguel Lemos e o pintor Décio Vilares, que foi o responsável pelo desenho.
Mas, falando em bandeira, você sabe o que cada cor significa? É provável que você já tenha ouvido a teoria de que o verde representam as florestas, o azul o oceano e o amarelo o ouro, não é mesmo? Pois essa é uma das explicações (talvez, a mais difundida). Mas há outras teorias também. Então, vamos a elas! O retângulo verde
Atualmente, o significado mais difundido do retângulo verde que compõe a bandeira do Brasil é, de fato, a representação do verde das florestas e das matas brasileiras. Porém, apesar de essa ser a explicação mais popularizada entre os brasileiros, existe outra que já foi a oficial.
E ela vem lá da época do império. Então, você já deve imaginar que a explicação tem a ver com Portugal, não é mesmo? Antes de ser associada à exuberante natureza do Brasil, a cor verde era uma homenagem à Casa de Bragança e, consequentemente, à família de Dom Pedro I.
A Casa de Bragança foi a casa real da Coroa Portuguesa entre 1641 e 1910. A dinastia de Bragança foi a quarta dinastia de reis e rainhas que reinaram em Portugal, e o brasão dessa dinastia possui dois dragões verdes. Por isso, o retângulo verde da bandeira do Brasil pode ser considerado uma homenagem à Casa de Bragança. O losango amarelo
Assim como o retângulo verde, o losango amarelo também possui um significado mais difundido e popularizado e outro mais ligado às dinastias portuguesas. O significado mais comum do amarelo são as riquezas do Brasil, sobretudo, o ouro e o minério. Mas há também quem diga que o losango e o amarelo representam a mulher nas posições de mãe, filha e esposa. Não é à toa que o losango se encontra no centro da bandeira, entre o retângulo verde e a esfera azul.
Outra explicação para o losango amarelo é a de que o desenho e a cor fazem referência ao amarelo-ouro da Dinastia Habsburgo-Lorena. A Casa dos Habsburgos, também conhecida como Casa da Áustria, foi uma das mais influentes na Europa entre os séculos XIII e XX. Entre seus principais territórios de domínio, estavam o Sacro Império Romano Germânico e o Império Austro Húngaro. Em 1736, com o casamento entre Maria Teresa, da dinastia de Habsburgo, e Francisco III, de Lorena, formou-se a dinastia Habsburgo-Lorena.
Mas, afinal, o que essas dinastias de portugueses e austríacos têm a ver com a bandeira do Brasil? Simples! Maria Leopoldina de Áustria, esposa do imperador Dom Pedro I e mãe de Dom Pedro II, pertenceu à dinastia Habsburgo-Lorena, tanto que seu nome oficial é Carolina Josefa Leopoldina de Habsburgo-Lorena.
Há quem garanta que a cor amarela em homenagem à dinastia Habsburgo-Lorena e o verde em homenagem à dinastia de Bragança estejam registradas em uma carta de Maria Leopoldina à mãe, Maria Teresa. Na carta, Maria Leopoldina teria dito “verde dos Braganças e do amarelo-ouro dos Habsburgos”, em referência às cores da bandeira brasileira. A esfera azul
É claro que também há muitas teorias para a esfera azul da bandeira do Brasil. A explicação mais simples é a de que o azul representaria o céu, os rios e os mares brasileiros. Outra, que também vai nessa linha da cor do céu, diz que a esfera azul simboliza o dia ensolarado e de céu limpo de 15 de novembro de 1889, o dia da proclamação da República. Essa ideia de que a esfera azul representaria o céu fica ainda mais forte se observarmos as estrelas brancas.
Mas os portugueses não ficam de fora da explicação da esfera azul. Esse desenho já representou a esfera armilar, importante elemento do brasão português, que também está na bandeira do país lusitano. A esfera armilar é um instrumento da astronomia que auxilia a navegação, por isso, é tão valorizada pelos portugueses.
Outras teorias dizem que o azul pode ser uma homenagem ao Cristianismo e ao manto de Nossa Senhora, mãe de Jesus e padroeira de Portugal e do Brasil.
As estrelas brancas e a faixa
O significado das estrelas brancas com a esfera azul ao fundo talvez seja o de maior consenso, apesar de também existirem teorias distintas sobre elas. A explicação que a maioria das pessoas concorda é a de que cada estrela representaria um estado brasileiro e o Distrito Federal. Tanto é que, em sua primeira versão, a bandeira brasileira tinha apenas 21 estrelas brancas antes da criação dos novos estados. Hoje são 27 estrelas.
E engana-se quem pensa que a única estrela que fica na parte superior da esfera representa o Distrito Federal. Ela é, na verdade, a representação do Pará, que era o então maior território próximo à linha do Equador.
Há também quem garanta que a disposição das estrelas na bandeira representa a constelação no dia da Proclamação da República — as estrelas daquele dia estariam dispostas de uma maneira próxima à que hoje está na bandeira do Brasil.
Já a faixa escrita “Ordem e Progresso” se refere ao lema positivista, baseado em Augusto Comte, que dizia “o amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim”. Na época da criação da bandeira do Brasil, o positivismo exercia uma grande influência na sociedade. O Dia da Bandeira
A bandeira é um elemento tão importante para o Brasil que existe um dia do ano em sua homenagem. A comemoração do Dia da Bandeira é no dia 19 de novembro, dia em que a bandeira foi criada, 5 dias após a Proclamação da República.
Com a Proclamação da República e uma bandeira própria, não mais vinculada à Portugal, os dias 15 e 19 de novembro passaram a representar um momento de transformação no Brasil com uma mudança de governo. Nesse período, o Brasil passou do regime imperial para uma república federativa, daí a importância do Dia da Bandeira e do dia da Proclamação da República Brasileira.
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escritosdosuldomundo-blog · 5 years ago
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01/01/1969
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Telmo passou a noite toda em claro, com a janela de seu quarto aberta. Era um homem solitário, seus pais haviam morrido logo após a Batalha de Girón, em 1961. Os amigos que nutrira ao longo de sua pacata vida, na grande maioria fugiram, se tornaram gusanos, ou, simplesmente, renegaram seu passado nesta época de vacas gordas. Telmo passou sozinho a virada de 1968 para 1969, sozinho, mas não solitário, ele não gostava de datas especiais, antes de tudo, aquilo havia sido uma escolha e, escolhas, para um homem de Santa Clara são levadas até às últimas consequências, a vida o enrijeceu e um velho camarada o dissera para jamais perder a ternura. Então, manteve os bons modos e, para não desagradar, decidiu voltar para si, olhar o mundo a volta, ouvir aquela cidade pulsar.
E, nessa escolha de quedar-se só em data tão especial, lembrou-se de dos anos passados, de Santa Clara, no coração de Cuba, de seu pai que trabalhava em um posto Texaco e de sua mãe que trabalhava na casa de uns excêntricos estadunidenses. Ele morara na periferia de Reparto Camacho, quando tudo ainda era areia e era possível passar as tardes jogando basebol com Harry e Maria, tão filhos de operários quanto ele, para refrescar, apostavam corrida até o rio Cubanicay. Telmo se lembrava de tudo isso. Mas a única lembrança de seu pai, era dele indo trabalhar em um Jeep Willys de tipo militar dos anos 1940, de capota de lona, a imagem era clara na sua cabeça, o jipe avançando no horizonte, aquela nuvem de poeira meio amarelada, meio alaranjada, voando por de trás e a mão de seu pai acenando, como quem dá um até logo na janela. As rodas se movendo na irregularidade do solo, chacoalhando para lá e para cá, sua mãe na carona, Telmo ficava esfregando sua mão na luva de basebol, como se fosse uma obrigação moral, ficar na frente do seu chalé de madeira, até o jipe de seu pai sumir no horizonte, em direção ao centro da cidade. Seu pai, um espanhol pobre da Catalunha, de nome Santiago, deixava sua mãe em Vigia, rua B, sua mãe, uma cubana filha de ex-escravos, se chamava Carlota. Quando o jipe finalmente sumia no horizonte, Telmo ia correndo até seus amigos para jogar basebol até o meio dia. Sua irmã mais velha, freira fracassada, desempregada, Hortência, o cuidava, e gritava da varanda para Telmo voltar e almoçar. Telmo se lembrou que naquela época, a professora ia até a sua casa, Hortência juntava dinheiro para ir para Havana fazer um curso normal e dar aulas, Telmo aprendeu a ler e a escrever com sua professora, uma estadunidense amiga dos patrões de sua mãe, Telmo não lembrava seu nome, mas sabe que ouviu José Martí pela primeira vez, da boca daquela professora.
Telmo voltou-se para o presente, olhou ao redor, as caixas de charutos e cigarrilhas que havia comprado para passar a noite, todos médios-fortes, pois Telmo gostava de tabaco. Sua máquina de escrever Remington, tomada de um burguês, repousava sobre sua escrivaninha e seu maço de folhas, ele gostava de escrever, alguns livros, A República de Platão, um tomo de obras completas de Lenin e uma bíblia que sua mãe lhe deu e que nunca lera. Mas estava lá, a olhos vistos, como que para o lembrar de um dia ler. Telmo degustou mais um pouco sua cigarrilha, não era um grande fã de charutos, preparou um café com Jägermeister, que ganhou de um alemão oriental que conhecera na embaixada em seu trabalho para o partido. Uma garrafa sem rótulo, a não ser pelo brasão inconfundível e as escritas “D.D.R”, uma bela combinação de café cubano e álcool alemão, com a cigarrilha Cohiba, para amargar o palato e fazer o esôfago queimar. Telmo era um homem duro e vivia e aproveitava o que tinha.
De volta a janela, o seu relógio um Poljot soviético, já marcava quase onze horas, ele havia jantado na sede do partido, cortou um pedaço de bolo que fizera para o café, percebeu o aumento das movimentações, mais crianças, mais pessoas, mais carros. A meia noite se aproximava e todos queriam comemorar. E ele, ao olhar no horizonte, se lembrou que tudo em sua vida foi tardio, aprendeu a ler tardiamente, começou a trabalhar tardiamente, no posto Texaco, o mesmo em que seu pai trabalhara. Os anos 1950 foram agitados, seu pai defendeu com unhas e dentes o assalto ao Moncada, foi preso pela polícia de Batista, por distribuir panfletos revolucionários, eles o deixaram inválido para trabalhar diante de tanta tortura. Foi assim que Telmo conseguiu, com 15 anos, seu primeiro emprego. Lembrou-se que naquele salto no tempo, era ele quem acenava com a mão sumindo no horizonte com seu jipe, era ele quem deixava sua mãe no trabalho. Ele falou consigo mesmo, nesse momento, “agora te entendo, viejo!”. Telmo sorriu, com a cigarrilha ardendo entre os dedos, olhando para o céu estrelado, ouvindo o barulho do mar, sentindo o cheiro salgado, com essas mudanças da vida.
Os tardes da vida. Aprendeu a ler tarde, nunca havia aberto um livro, não era inteligente, nem belo, nem estadunidense e nem europeu. Telmo era um latino que vivia abastecendo aqueles gigantescos carros americanos, um capacho, que trilhava uma vida medíocre em uma colônia na América Central. Lamentava-se que, nem ao menos podia ir ao famoso mar do Caribe. Não conseguia entender o que era tudo aquilo, o que fazia o mundo ser como era, Telmo era um indignado. Mas, Telmo lembrou-se que era tardio. Até sua virgindade perdeu tardiamente, motivo de vergonha e chacota, Telmo sorriu de novo, lembrando das piadas. Telmo era tardio. E, enquanto todos já estavam embriagados naquelas horas da noite, Telmo recém degustava seu segundo gole de café com Jägermeister, para manter-se acordado, para manter-se embriagado e aquecido, embora fosse verão.
Telmo juntou-se à guerrilha tardiamente, quando o Comandante Guevara já havia praticamente tomado a cidade, Batista havia fugido e a revolução estava prestes a triunfar, Telmo apresentou-se à coluna revolucionária. Com uma espingarda de gatilho emperrado, botas furadas, roupas da Texaco, os barbudos viram sinceridade no olhar do jovem Telmo, àquela altura com 17 anos. Lembrou-se que Guevara o perguntou se sabia ler, prontamente disse que sim e o Comandante o mandou estudar, pois seria importante, tomar o poder era a coisa mais fácil. Guevara era um ícone para Telmo.
A revolução estava prestes a completar dez anos, Telmo prestes a completar 27 anos. Ele refletiu e pensou que era muito novo para ter aqueles pensamentos nostálgicos, de um idoso que nada tem de futuro e jacta-se pelo passado. Telmo falou em voz alta, “não temos mais o camarada Che, nem o camarada Camilo”, “não tenho mais meus pais”. Sua irmã fugiu com um advogado viciado em jogatina para Miami, ouvira falar que tinha sido abatido em Girón. Seus amigos de infância perderam-se por Cuba, jamais os encontrou.
Telmo era um homem duro, pouco culto, trabalhava arduamente para o partido, havia deixado de ser militar. Chegou a Havana em 1959 com roupas do trabalho da Texaco, motivo cômico para todos, já que, chegou representando o imperialismo. Seus camaradas brincavam que ele era um espião “gusano”, Telmo ficava sem jeito e, sempre que isso acontecia, achava alguma coisa para mudar os rumos dos assuntos.
Entre suas cigarrilhas, seu café com a bebida alemã, sua janela, seu horizonte e memórias, um pensamento profundo tomou conta dele. Olhou ao redor, sua M1 Garand roubada e emperrada estava recostada ao lado do guarda-roupas, uma bandeira de Cuba e do Movimento 26 de Julho. E concluiu: “fizemos uma revolução no país, ajudei como pude, mudamos nossa ilha, orgulhamos o espírito de José Martí, mas nada mudou dentro de mim”.
Um pensamento profundo de um homem que dá de frente com a contradição, da mudança exterior, do mundo em ebulição, de toda a estética revolucionária e sua árdua dedicação ao longo de dez anos. Mas nada mudou dentro de si, ainda era o mesmo homem, já não andava de jipe, mas a pé, já não acenava para os pais, não tinha sua irmã, seus amigos.
Pensou firme, os festejos do dia primeiro seriam enormes, tinha de estar cedo a postos no Capitólio, com sua farda revolucionária, desfilar como ex-guerrilheiro e membro do partido para os milhões. Ouvir o discurso de Fidel, viva a revolução! Ficou nervoso, mas não pelos festejos, por Fidel, pela revolução, nervoso por si mesmo, de nada ter mudado em essência, Telmo era um interstício entre o antigo e o novo, entre o cubano interiorano e a nova ilha cosmopolita cheia de russos, poloneses, alemães, chineses e mais aqueles técnicos de todos os lados do bloco socialista. Telmo sabia que havia feito o certo, mas o homem não é só material, suas frustrações ainda o acompanhavam.
Nessa divagação, as horas voaram, o sol já nascia e voltamos ao início da narrativa, Telmo não havia dormido e nem ficado embriagado, viajou em sua memória, apoiado em sua janela. Relacionando o horizonte, com seu quarto, o particular com o geral, havia pensado dialeticamente, embora jamais tenha lido O Capital. Percebeu um camarada seu, Gimenez, dedicado a entregar as correspondências dos membros do partido. Chegou em sua bicicleta Iugoslava engraçada, gritando: “Hola, camarada!”, Telmo desceu, estranhou, pegou as cartas e subiu.
Havia ganhado um livro do seu camarada alemão da embaixada, tomo II das obras de Lenin, logo pensou que demonstrava profundo desconhecimento do marxismo e encucou-se. Embaixo, havia uma carta, de Anastácia Salazar.
E a carta dizia:
Continua…
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patriarkka · 2 years ago
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🟡🟡🟡🟡🟡🟡 Amigos, algo bem esquisito está acontecendo no QG daqui. Um cara, usando uma camisa novinha, com o brasão da República (?!), andou se apresentando como porta-voz do Bolsonaro no acampamento. Ele diz se chamar "Michel Winter" e é um grande estelionatário. Verificando os rastros dessa suposta pessoa, foi possível constatar que ele clonou o nome de um novelista americano. Não há nada no Brasil relacionado a esse nome! Ele montou perfis no Facebook e Instagram bem recentes, o último data de fevereiro deste ano. Estou preocupada porque ele está ganhando credibilidade com o pessoal do movimento! *Precisamos expulsar esse impostor de lá urgente!* Peçam a identidade, o número do CPF, o crachá!! Não acreditem em qualquer um!! Estamos num momento perigoso! *Não deixem cobras entrarem no ninho*!! https://www.instagram.com/p/Cln6VMEOKoT/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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thaisrocholi · 2 years ago
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A demolição da história
A demolição da história
Por Thais Rocholi Desde o seu princípio, a República tem sido uma grande inimiga do passado. Quero dizer com isso que o ideal dos revolucionários sempre foi a criação de uma nacionalidade em 15 de novembro de 1889, uma data que não demorou muito para que ostentassem um brasão da República. Não é muito de se estranhar essa disposição de espírito porque a revolta republicana não tinha que vingar…
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ocombatente · 6 months ago
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Moraes libera denúncia do caso Marielle para julgamento no STF
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  Agência Brasil Moraes libera denúncia do caso Marielle para julgamento no STF O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) , liberou nesta terça-feira (11) para julgamento a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os acusados de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. O caso será julgado pela Primeira Turma do Supremo. A data ainda não foi divulgada. Em maio deste ano, a PGR denunciou Domingos Brasão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Chiquinho Brazão, deputado federal (União-RJ) e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa por homicídio e organização criminosa. De acordo com a procuradoria, o assassinato ocorreu a mando dos irmãos Brazão e motivado para proteger interesses econômicos de milícias e desencorajar atos de oposição política de Marielle, filiada ao Psol. A base da acusação é a delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, réu confesso da execução dos homicídios. Defesa A denúncia foi liberada para julgamento após o fim do prazo para a defesa dos acusados se manifestar sobre as acusações. Os advogados de Domingos Brazão defenderam nesta segunda-feira (10) no Supremo a rejeição da denúncia por falta de provas e afirmaram que a Corte não pode julgar o caso em função da presença do deputado Chiquinho Brazão nas investigações. “Os crimes imputados na exordial não possuem qualquer pertinência temática com a função de deputado federal de Francisco Brazão . Os delitos são todos anteriores ao seu primeiro mandato federal, não havendo o que se falar em competência originária desta Suprema Corte para supervisionar investigação por homicídio, supostamente ordenado por vereador”, afirmou a defesa. A defesa de Chiquinho Brazão também alegou que as acusações não têm ligação com seu mandato parlamentar e disse que não há provas da ligação dos irmãos com ocupação ilegal de terrenos no Rio de Janeiro. “Se a execução da vereadora Marielle tinha por finalidade viabilizar a construção do empreendimento, chama a atenção o fato de jamais ter existido qualquer movimento nesse sentido ao longo de 6 seis anos”, completou a defesa. The post Moraes libera denúncia do caso Marielle para julgamento no STF first appeared on GPS Brasília - Portal de Notícias do DF . Fonte: Nacional   Read the full article
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me-encontre-no-museu · 2 years ago
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Coleção e Colecionismo
O texto indicado para essa aula é de autoria de Krzysztof Pomian. O texto apresenta as coleções como precursoras do museu. O primeiro museu, datado de 1675, surge quando Elias Ashmole deixa suas coleções particulares para a Universidade de Oxford.
Para o autor, coleção é o “conjunto de de objetos fora do circuito das atividades econômicas, submetido a uma proteção especial, disposto em local fechado e exposto ao olhar”.
Continuando, estabelece cinco origens diferentes para as coleções: mobiliário funerário, oferendas aos deuses, presentes e despojos, relíquias e objetos sagrados e tesouros principescos. Segue com uma pequena explanação sobre cada uma dessas categorias e é aí que surge a primeira oposição apresentada no texto: a de visível versus invisível. Para Pomian, apenas o mobiliário funerário (de modo total) e as oferendas (de modo parcial) não seriam visíveis. As demais seriam visíveis, mas sua visibilidade condicionada ao dinheiro. Por muito tempo, apenas as relíquias e objetos sagradas estiveram, de maneira mais ampla, visíveis para a maior parte da população.
Um dos aspectos que mais me chamou a atenção foi a oposição entre utilidade e significado, ainda que um objeto possa ter os dois. É aí que se apresenta o conceito de semióforo, que seria, de maneira simplificada, um objeto que tem apenas significado. Um dos exemplos mencionados em aula foi o dos símbolos nacionais: bandeira, hino nacional e brasão da República. Nesse caso, o semióforo atua no forjamento da nação.
Além de apenas semióforos, os objetos podem ter apenas utilidade ou ser, ao mesmo tempo, úteis e semióforos.
Por fim, e no que considerei a parte mais divertida e interativa da aula, apontamos objetos que apresentam diferentes significados de acordo com seu observador, como por exemplo a foice.
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fatoseimagens · 2 years ago
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Brasão da República Brasileira
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journalisminfo · 3 years ago
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COMUNICAÇÃO E POLÍTICA VII
Mecanismo de Controle na Sociedade Industrial e Pós-Industrial
O poder pode ser pensado a partir de 2 perspectivas diferentes: 
Nível Institucional: As relações de poder que as instituições exercem sobre os indivíduos, governo, polícia, leis, religião, pessoas influentes, etc.
O poder pode ser entendido a partir de uma perspectiva “micro” nas relações de poder presentes no interior de nossa sociedade, relações sociais implicam relações de poder.
4 perspectivas críticas da sociedade entram em ascensão no mundo pós-modernidade:
Michel Foucault - Sociedade Disciplinar, nasce nos séculos XVIII e XIX. É o nascimento da modernidade e a racionalização desta como, capitalista, ciência, república e urbano/industrial. Essa elaboração de Foucault explica a configuração da sociedade europeia no período de ascensão do capitalismo e gradativa queda do poder monárquico. Na sociedade disciplinar, as instituições sociais assumem papéis de vigilância, normatização e exame constante dos sujeitos, de tal maneira que o poder, exercido minuciosamente, marca os corpos e lhes impõe condutas. Essa sociedade tende a separar, prender, controlar e punir. Foucault traz uma situação ideal para aplicação do controle social: o autor coloca os momentos de surtos contagiosos no centro da análise através da oposição entre o sonho político existente nos procedimentos de controle da lepra e da peste: a primeira, que implica em exclusão; a segunda, que incita observação e controle.
O leproso é visto dentro de uma prática de rejeição, do exílio-cerca; deixa-se que se perca lá dentro como numa massa que não tem muita importância diferenciar; os pestilentos são considerados num policiamento tático meticuloso onde as diferenciações individuais são os efeitos limitantes de um poder que se multiplica, se articula e se subdivide. O grande fechamento por um lado; o bom treinamento por outro. A lepra e sua divisão; a peste e seus recortes. Uma é marcada; a outra, analisada e repartida. O exílio do leproso e a prisão da peste não trazem consigo o mesmo sonho político. Um é o de uma comunidade pura, o outro, o de uma sociedade disciplinar. Duas maneiras de exercer o poder sobre os homens, de controlar suas relações, de desmanchar suas perigosas misturas. A cidade pestilenta, atravessada inteira pela hierarquia, pela vigilância, pelo olhar, pela documentação, a cidade imobilizada no funcionamento de um poder extensivo que age de maneira diversa sobre todos os corpos individuais – é a utopia da cidade perfeitamente governada.[2]
As instituições da sociedade disciplinar são voltadas para a eficiência na normalização, acontecendo através da constituição de CORPOS DÓCEIS, um corpo docilizado é um corpo útil, que pode ser submetido às diversas intenções do poder, sendo uma ferramenta para a sociedade, através de técnicas minuciosas de controle, de observação e de punição. O corpo dócil é um novo tipo de elemento compreendido pela sociedade capitalista em desenvolvimento, um tipo que remonta aos manuais do século XVII sobre a figura ideal de um soldado.
O soldado é antes de tudo alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia; e se é verdade que deve aprender aos poucos o ofício das armas – essencialmente lutando – as manobras como a marcha, as atitudes como o porte da cabeça se originam, em boa parte, de uma retórica corporal da honra.[1]
É por isso que, segundo a descrição de Louis de Montgommery[2], o soldado está sempre com postura ativa e alerta, cabeça direita, estômago levantado, ombros largos, braços longos, dedos fortes ventre pequeno, coxas grossas, pernas finas e pés secos, tudo para favorecer sua agilidade e força; O soldado deve marchar de acordo com a cadência de passos que lhe dê o máximo de graça e gravidade.  A figura do soldado ilustra o novo tipo de homem que, tempos mais tarde, seria objeto de esperança à tecnologia de poder disciplinar: o homem adestrado, milimetricamente construído, formado a partir de um trabalho minucioso, detalhado, demorado e recorrente. Um corpo dócil.
É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado.
O corpo dócil é um corpo útil e disciplinado, acima de tudo, produtivo. Disciplina é o nome dos métodos que permitem controle minucioso das operações do corpo e o impõe constante assujeitamento a uma relação de docilidade-utilidade. "A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos "dóceis".". A disciplina trabalha os corpos sob o modus operandi de cada indivíduo no seu lugar, e em cada lugar, um indivíduo. Os indivíduos são separados racionalmente para que se comportem, para que não vadiem, não desertem e não aglomerem-se. Sob o domínio das disciplinas, o corpo é um elemento com atividades coordenadas e controladas através de cinco técnicas:
O controle do horário, cada minuto deve ser cronometrado e cada ação deve ser feito em seu respectivo momento. Procura-se também garantir a qualidade do tempo empregado: controle ininterrupto, pressão dos fiscais, anulação de tudo o que possa perturbar e distrair. O controle externo do ritmo através da elaboração temporal do ato : “o ato é decomposto em seus elementos; é definida a posição do corpo, dos membros, das articulações. para cada movimento é determinada uma direção, uma amplitude, uma duração; é prescrita sua ordem de sucessão. O tempo penetra o corpo, e com ele todos os controle minuciosos do poder”. Traduzindo um controle anátomo-cronológico do comportamento. O controle de movimento através do momento em que o corpo e o gesto são postos em correlação, "[...] impõe a melhor relação entre um gesto e a atitude global do corpo, que é sua condição de eficácia e de rapidez”. Resultando num fluxo total de gasto de tempo menor e rapidez maior. A articulação corpo-objeto, é decomposto em duas séries paralelas de elementos do corpo que serão postos em jogo e do objeto manipulado, para depois serem colocadas em correlação uma com a outra segundo um conjunto de gestos simples (como dobrar, apoiar). Princípio da utilização exaustiva, "princípio da não-ociosidade; é proibido perder um tempo que é contado por Deus e pago pelos homens". 
O corpo, tornando-se alvo dos novos mecanismos do poder, oferece-se a novas formas de saber. Corpo do exercício mais que da física especulativa; corpo do treinamento útil e não da mecânica racional, mas no qual por essa mesma razão se anunciará um certo número de exigências de natureza e de limitações funcionais.[23]
Também as TÉCNICAS DE ADESTRAMENTO, que se constituem pela vigilância hierárquica de diferentes níveis que se vigiam, se controlam e se punem, com suas micro penalidades e técnicas de correção, e por fim pelo exame, que permite organizar, separar, juntar, cortar e segmentar através de técnicas de olhar e avaliação. 
E o mais importante, a utilização do PANÓPTICO como modelo arquitetural de aplicação das disciplinas, elemento fundamental para o ápice da sociedade disciplinar, Nasce como uma arquitetura de maximização da eficiência do poder, na medida em que rege a economia de energia, de recursos humanos, além de aumentar as possibilidades acúmulo de saber sobre os indivíduos vigiados, a total vigilância, sempre eficiente é constante, é um requisito básico à total disciplina, ao total assujeitamento e à construção de condutas. Descrever a tecnologia do poder do panóptico e o esquema do panoptismo obrigada Foucault a retornar três séculos e entender o procedimento padrão numa cidade em momentos de disseminação da peste. Percebe-se que cada indivíduo está preso ao seu lugar, separado de todos outros sob o risco de morte por contágio ou punição. Com o trabalho de inspeção constantemente isso garantiria a obediência do povo e a autoridade dos magistrados responsáveis pela organização da quarentena. As instâncias de poder estão, assim, presentes na relação de cada um com sua morte ou com seu contágio, por meio do registro constante e das ações tomadas pelos responsáveis pela inspeção e controle. O efeito também não é só repressivo: o poder que causa o grande fechamento, também é o poder que articula um bom treinamento, afinal, corpos dóceis são corpos aptos ao adestramento. "É a utopia da cidade perfeitamente governada".
Bentham e o panóptico 
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Se a cidade pestilenta é o local perfeito para aplicação de processos disciplinares, é no panóptico de Jeremy Bentham que a disciplina tem sua arquitetura materializada. Ele pode ser definido como uma construção que:
Tem presente em seu centro uma torre de vigia;
Em suas periferias, um anel com cubículos divididos;
A torre é vazada por janelas que se abrem na face interna do anel de celas;
Toda cela tem uma abertura em sua face interna, perfeita para a observação a partir da torre, e uma abertura para fora, de maneira que a luz do sol possa iluminar qualquer atividade em seu interior.
O esquema arquitetural panóptico não é direcionado somente a um tipo de vigilância, mas sim a toda vigilância que atravesse o poder disciplinar, que precise de otimização de olhar que somente as técnicas disciplinares podem permitir, organiza unidades espaciais que permitem ver sem parar e reconhecer imediatamente, a visibilidade é uma armadilha. A arquitetura do panóptico tem em si um efeito extremamente importante: "induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento automático do poder", os vigiados sentem sempre a presença do olhar do vigia e a obediência é, assim, econômica e eficiente, ele só precisa sentir que está sendo vigiado a todo instante. O  dispositivo, com esse mecanismo de olhar permanente e anônimo, automatiza e desindividualiza o poder, mantendo os indivíduos sob seu domínio presos e sempre alerta. É uma máquina de controle e bom adestramento. Se as disciplinas, antes das tecnologias modernas de controle e vigilância, eram abrigadas a reprimir, com o advento da modernidade, “se lhes atribui (pois se tornaram capazes disso) o papel positivo de aumentar a utilidade possível dos indivíduos”[12]. As disciplinas – e o panóptico é um exemplo disso – não só reprimem, mas também marcam os sujeitos para que incorporem uma conduta alinhada aos desígnios do poder. Elas fabricam indivíduos úteis.
GUY DELEUZE - SOCIEDADE DO CONTROLE, >> prisão ao ar livre, “controle invisível” >> é a sociedade um passo à frente da sociedade disciplinar (não que essa tenha deixado de existir, mas foi expandida para o campo social de produção). É a passagem da modernidade para a contemporaneidade. Marcado por máquinas de informação, computadores e novas tecnologias - o controle tornou-se contínuo e aberto. (Atualmente, o controle pode mudar continuamente a cada instante).  Deleuze identificou que novas forças entravam em jogo e que, assim, o conceito de disciplina não dava mais conta da realidade. Longe de ser descartado, o conceito foi superado. Com o colapso das antigas instituições imperialistas, os dispositivos disciplinares tornaram-se menos limitados. As instituições sociais modernas produzem indivíduos sociais muito mais moveis e flexíveis que antes. O indivíduo não pertence a nenhuma identidade e pertence a todas. Mesmo fora do seu local de trabalho, continua a ser intensamente governado pela lógica disciplinar.  A forma cíclica e o recomeço contínuo das sociedades disciplinares modernas dão lugar à modulação das sociedades de controle contemporâneas nas quais nunca se termina nada mas exige-se do homem uma formação permanente. Deleuze percebe que essas instituições que constituíam a sociedade anteriormente citada - escola, família, hospital, prisão, fábrica - estão todas em crise, desmoronando de tal maneira que suas lógicas disciplinares se tornam ineficazes. A sociedade de controle é caracterizada pela invisibilidade e pelo nomandismo que se expande junto às redes de informação, saindo do panóptico e indo para a vigilância rarefeita e virtual. Entre os princípios norteadores desta dinâmica, destaca-se a abolição do confinamento enquanto técnica principal. Há uma vigilância contínua, concretizada pela propagação das câmaras espalhadas por toda a parte, trazendo a dimensão da sociedade autovigiada, podem e querem espiar todos.
GUY DEBORD - SOCIEDADE DO ESPETÁCULO, teoria contemporânea para explicar o mundo após a Revolução Industrial e o mundo que estava se tornando globalizado, um mundo extremamente ligado à imagem. Após o advento da Indústria Cultural, há uma dominação geral, quase que ideológica das pessoas por meio do controle das imagens. Aquilo que se tem na mídia, na comunicação seria instrumento de controle das pessoas. Debord entra no contexto do alto desenvolvimento do capitalismo, visto que ele escreveu na década de 60 e 70, portanto o capitalismo já tinha se desenvolvido ao ponto do capitalismo financeiro, de mercado, superando o industrial. A época da dominação midiática, muito mais complexa no séc. 20, após a Segunda Guerra Mundial com o advento da globalização - como visto na utilização das propagandas utilizadas  pelos regimes totalitários, neonazismo, fascismo, stalinismo, etc. - usado para o controle ideológico das pessoas. O termo cunhado por Adorno e Horkheimer da Escola de Frankfurt - Indústria Cultural - o advento dessa teoria, traz o entendimento que a produção cultural e artística tornaram-se produtos do capitalismo que começaram a ser feitos em escala industrial, distribuídos via técnica de reprodutibilidade e vendido como se fossem produtos, fazendo com que a obra de arte perca sua autenticidade, 'aura', criando uma fusão entre mídia e fazer artístico. Visto que a mídia encontra uma espécie de negócio, um produto a ser vendido, visando o lucro. Para Debord, estamos vivendo uma era de dominação das imagens, porque estas passam a exercer um controle sobre as pessoas, sendo uma sociedade facilmente controlada, por imagem seria entendido, o espetáculo, a grosso modo, a imagem, a utilização de recursos audiovisuais (TV, revistas, jornais (na época)), tornando-se mais facilmente vulnerável, pensando que está agindo por conta própria. Vivendo uma confusão entre ficção e realidade, substituindo sua vida real, colocando-se no mundo fantasioso (como no cinema). O espetáculo de Debord é dividido em Espetáculo Concentrado e Espetáculo Difuso, ambas pelos mesmos processos de dominação através da imagem, porém no primeiro, estaria dentro de um regime mais autoritário, como o totalitarismo,  e em uma sociedade liberal, seria o difuso, onde não concentra somente no centro de poder, mas ainda assim, existe uma indústria midiática, cinemática, pessoas, grupos que estavam por trás de toda a mídia, ainda tendo a possibilidade de concentração. Debord também foi responsável por influenciar os protesto de maio de 1968 na França, fez com que parte da população da época começasse a perceber que da aparente liberdade política, eles estavam na verdade, sendo controlados por todo o lado.
JEAN BAUDRILLARD - SOCIEDADE DO CONSUMO, mostra um mundo atual em que estamos totalmente rodeados por objetos, não de homens. O ser humano, apesar de ser criador de seus utensílios, apesar de ter o poder de criá-los, se sente dominado por eles. Vivemos por e para os objetos. Baudrillard é bastante conhecido por cunhar o termo simulacro. O pós-guerra evidenciou na França a emergência de uma nova configuração social. A sociedade de consumo, resultado dos meios de comunicação de massa e do avanço da técnica estruturou essa nova configuração.  Em seus textos Baudrillard aponta para a abundância dos objetos e para a mudança de enfoque na vivência dos mesmos, ressaltando a sobreposição dos desses sob o próprio homem. “A primeira constatação, que percebemos hoje como banal, é de que homens se encontrem mais rodeados por objetos do que por outros homens. E isso tem repercussão no cotidiano das pessoas, que percebem esses objetos como resultado de um milagre, e não do modo de produção da sociedade capitalista.” (CAJUEIRO). Na visão do mesmo, a publicidade e o design fazem com que os objetos se descaracterizam de sua "alma". Assim, como não são mais revestidos por sua presença simbólica, a nova relação torna-se objetiva. Agora, os "objetos de consumo" tornam-se signos, que adquirem sentido somente quando apresentam uma relação abstrata com outros objetos-signos.  Então, caberia ao consumidor comprar para que a sociedade continue produzindo, a fim de pagar o que foi comprado. O homem torna-se parte da ordem de produção, mas sem relação com o próprio produtor. Nossa sociedade cria novos espaços para os consumidores, tornando o exercício do consumo algo padronizado que molda as relações dos indivíduos, o consumo constrói um sistema de signos. A sociedade de consumo quer a felicidade, o bem estar se mede por objetos e sinais de conforto.
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radiorealnews · 2 years ago
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abombordo · 3 years ago
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Coleção de Inverno - Capitulo 9
Hoje vou fazer um outro pouporri, mas não é de gente, é de empresas, porque tenho certeza que ninguém quer que eu fique listando todas as maiores e melhores empresas do mundo da Alemanha, iria acabar depois da pandemia.
Todo mundo sabe que a Volkswagen é alemã, também a BMW e a Telefunken, mas escolhi algumas empresas que fui descobrindo que eram alemãs conforme comecei a frequentar esse pais, quem sabe vai ser surpresa para alguns de vocês.
Começo pela Beiersdorf. Nome bem alemão... Alguém aí já conhecia essa firma?
Acho difícil conhecer a empresa, mas todo mundo conhece as marcas que ela produz: NIVEA, Eurecin, La Praine e o famoso Labello, que se você pronunciar Labéllo, vai pensar que é uma marca italiana, e se falar Labellô vai achar que é francesa.
A empresa foi criada em Hamburgo, em 1882 e o Labello foi lançado em 1909, antes do creme Nivea, que nasceu em 1911.
Tudo ia super bem, abrindo filiais e escritórios em vários países, até que os nazistas chegaram ao poder, em 1933, e vários membros da diretoria, inclusive seu presidente na época, que eram judeus, tiveram que se desligar do negócio e emigrar. A Beiersdorf tentou se manter afastada do nazismo, mas a guerra deixou suas plantas fabris destruídas e após a rendição alemã, várias subsidiárias haviam sido expropriadas e a empresa havia perdido inclusive o direito da marca Nivea. No pós guerra a empresa se relançou e piano piano, com muita injeção de capital de outras empresas e a criação de novos produtos, foi retomando o caminho do crescimento.
E já que estamos na área da beleza, que tal falarmos da Wella, que eu achava que era brasileira!! Só que não, ela nasceu em 1880 na Alemanha Oriental, na região chamada Saxônia, por um cabeleireiro, o Sr. Ströher, que fazia a rede base de perucas. Na medida que as perucas foram saindo de moda, na década de 20, os filhos do Sr. Ströher, que herdaram a firma, inventaram outra coisa: um produto para ondular o cabelo, de forma permanente, ou seja, a nossa conhecida “permanente” e criou o nome Wella, a partir da palavra “Dauerwellapparat”, que significa "dispositivo de onda permanente", a maquininha de tortura que fazia os rolinhos se encherem daquele produto hiper forte que enrolava as madeixas e lacrimejava os olhos.
Como sempre, na história das empresas alemãs, a gente tem que ler o que foi até 1930, e o que vai ser depois de 1950. Neste caso, os irmãos Ströher eram anti-nazistas e impotentes viram suas instalações se tornarem fábricas para equipamentos de guerra. Depois da guerra, e com a transformação daquele território na República Democrática Alemã, a empresa foi expropriada, mas os irmãos se instalaram no lado ocidental e reabriram uma nova empresa Wella do zero. O resto da história está no google.
Mudando de área, tem uma companhia que eu achava que era norte-americana: Faber Castell. Uma empresa que pertence à mesma família por nove gerações!
Tudo começou com um marceneiro, Kaspar Faber, em 1761, na Alemanha, que resolveu produzir lápis seguindo uma técnica inglesa antiga de prender um pedaço de grafite dentro de uma estrutura de madeira.
Foi passando a empresa de pai para filho e para neto, mas foi o bisneto que teve oportunidade de viajar pela Europa e ter contato com outras empresas, aprender novas técnicas, investir em outros segmentos, ganhar muita grana, contribuir com iniciativas sociais para finalmente ganhar o título nobiliário de Barão e se tornar um VON Faber, Lothar von Faber.
Mas quando sua neta, Ottilie, se casou com o Conde Alexander zu Castell-Rüdenhausen, em 1898, mudou o nome da empresa para Faber-Castell. Isso foi em 1900 e até o brasão da família entrou no logotipo da empresa.
Na lista de seus consumidores está nada menos que Van Gogh, que teria feito uma bela publicidade do material, lá no finalzinho do século XIX
Tenho que fazer um destaque importantíssimo nessa história, que é a ligação da Faber Castell com o Brasil. Na década de 20, foi criada uma fábrica de lápis em São Carlos, cujo proprietário, era o suíço Germano Fehr. Este cara acabou vendendo parte da empresa para Johann Faber, que coincidentemente era irmão do Lothar von Faber. Quando a Faber Castell avisou que ia se instalar no Brasil, Johann Faber resolveu oferecer ao irmão a maior parte da empresa paulista que, comprada, tornou-se a principal filial do Faber Castell e base do seu projeto de reflorestamento e desenvolvimento sustentável. Atualmente a Faber Castell é considerada a maior fabricante de lápis do mundo.
E depois do lápis vem a caneta. Hora de apresentar a outra empresa alemã que eu achava que fosse francesa, ou suíça: a Mont Blanc.
Pois é alemã, nascida em Hamburgo no início do século XX, com o nome de Simplo Filler Pen Co. GmbH, e que produzia as primeiras canetas tinteiro com cartucho de tinta interno. Foi só em 1934 que a empresa assumiu o nome de seu novo lançamento, a chiquetésima Mont Blanc, cujo símbolo, a estrela num fundo branco significa o céu sob o cume nevado da Montanha.
Mas a marca alemã que mais me surpreendeu, porque pelo nome e pelo produto, podia ser italiana ou brasileira, é a Melitta. Sua história é pitoresca, porque escapa dos laboratórios de físicos, químicos e engenheiros, e entra na cozinha da Dona Melitta Benz.
O Sr. Benz reclamava toda manhã que o gosto do café que a Dona Melitta coava na sua velha meia ... brincando .. no seu filtro de pano, era horrível. Cansada desse contínuo nhenhenhe, ela resolveu arrancar uma folha do caderno do seu filho, um tipo de mata-borrão, prender no fundo de uma panela que ela tinha furado com um prego, e coar aí o café daquela manhã. Seu marido, que aposto nunca tinha viajado para a Itália, exclamou: Benhê, o café hoje está delicioso!!
Estava criado o primeiro filtro de papel. E estávamos em 1908.
A criação doméstica foi evoluindo e mudando de forma quando os químicos e os físicos se sentaram para conversar com os engenheiros para descobrir como economizar no papel, sem perder no sabor. Foi assim que ela conquistou a Europa e o mundo, não só com filtros, mas depois com a venda do pó, torrado e moído em diferentes filiais. Hoje a empresa é administrada pelos herdeiros, os bisnetos da Dona Melitta.
Tem uma torrefação deles aqui em Bremen, perto de onde trabalho. No final da tarde o cheiro do café torrando fica pairando no ar de forma perturbadora, reavivando a lembrança do café coado no coador de pano, do pão francês ainda morno, servidos na cozinha de casa, aquela no Pari, umas cinco décadas atrás.
Com essa lembrança vou encerrando a Coleção de Inverno, afinal o céu está clareando, azul royal as 18h00, sinalizando que a estação está mudando.
Esses 9 capítulos me estimularam para ler e estudar sobre o presente e o passado deste país e espero que tenha despertado a curiosidade sobre temas relacionados nas mentes maravilhosas que me leem. Mas o inverno está acabando porque a primavera está chegando. E se esta coleção está acabando, é porque tem outra começando!!!
Não perca minha próxima postagem e descubra o que ando pesquisando!!
Beijosss
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