Como prometido, trago agora o tão esperado NOS BASTIDORES DOS ATAQUES. Aqui, vocês ficarão por dentro de tudo o que aconteceu por trás dos ataques. Para que esse plot inteiro desse certo, contamos não apenas com a discrição dos três players dos traidores, mas também com os players dos outros Filhos da Magia e dos Aprendizes da Magia, que apesar de não terem conhecimento de quem eram os Traidores ou mesmo que havia mais de um traidor, ainda estavam recebendo informações sobre consequências para seus personagens. Também atuamos junto com alguns filhos de: Morfeu e Hipnos! Então o nosso muito obrigado a vocês!
O SHQ existe com o propósito de tornar os personagens de vocês os protagonistas de nossas histórias. Não vamos trabalhar com NPCs para papéis importantes, exceto Petrus. No mais, serão vocês que irão construir todos os nossos arcos de desenvolvimento. O plot do Traidor da Magia foi o primeiro inteiramente pensado para ser desenvolvido apenas por vocês com a central trabalhando em cima do que vocês nos dão. Minha ideia é que todas as EQUIPES tenham seu destaque na história ao longo do jogo, mas quem não faz parte de alguma equipe, também terá destaque.
Ao fim de todo ciclo com arco desenvolvido por vocês, as informações oficiais serão divulgadas desse mesmo jeitinho, com tudo explicado para que ninguém fique de fora sem entender o que se passa.
O PRIMEIRO TRAIDOR: ESTELLE SAWYER
Tendo sido a primeira vítima de Hécate, Estelle foi escolhida pela deusa para dar início ao seu plano por ter sido uma das mais suscetíveis a magia de seu grimório. O treino com o grimório possibilitou que a semideusa se tornasse um canal ativo para que a deusa da magia pudesse usá-la para a realização de seus propósitos. Mas foi o uso da BOLA DE CRISTAL que de fato abriu as portas da mente de Estelle para que a Consciência de Hécate tivesse espaço. A bola de cristal foi conquistada por Estelle como recompensa na Cerimônia de Glória e Honra; foi um presente de Hécate para o arsenal do Acampamento.
O PRIMEIRO ATAQUE
No baile, Hécate tomou a mente de Estelle antes do caos ser iniciado. A teve sua mente roubada pelos instantes em que o ataque ocorreu. Hécate utilizou o corpo da garota para que o serviço fosse feito, mas a própria Estelle não fazia ideia sobre o que estava acontecendo. Ela foi apenas uma ferramenta, a morte do semideus, o caos do baile não foi culpa dela, mas sim de Hécate, vale ressaltar. Estelle foi usada sem seu conhecimento e sem consentimento.
CONSEQUÊNCIAS PARA ESTELLE DEVIDO AO PRIMEIRO ATAQUE
Essas consequências foram dadas à player através do chat ao longo do desenvolvimento do plot do traidor.
Falta de memória sobre o ocorrido.
Pesadelos
Confusão mental
Fraqueza física e mental
Magia dela estava fraca, não conseguia realizar a maioria dos feitiços
SEGUNDO ATAQUE
Estelle foi usada por Hécate para que a magia da semideusa fosse extraída e canalizada para o segundo Traidor. Ela estava desaparecida no momento do ataque pois Hécate a conduziu para um local onde a semideusa não seria encontrada enquanto sua magia estava sendo sugada e usada. As principais consequências pós segundo ataque foram as fraquezas aumentarem.
A POÇÃO
A poção encontrada por Mary Ann Bishop, filha de Fobos, ajudou Estelle a se recuperar. Tendo suas forças renovadas, escapou de ser considerada uma suspeita. A semideusa apenas escapou porque a magia de Hécate estava mais fraca nela devido a distância da influência direta da deusa com a data da prova da poção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante frisar que, apesar de ter sido uma parte importante do plano de Hécate, Estelle não sabia sobre a situação a que estava sendo submetida até o momento final do plot. Ela é uma vítima tanto quanto o semideus morto, quanto os semideuses feridos no baile e nos drop que se seguiram. Estelle foi usada por Hécate e Quíron não irá responsabilizá-la por nada; a única coisa que a semideusa irá receber é um tratamento na enfermaria com curandeiros para a restauração da força.
O SEGUNDO TRAIDOR: MAXIME DUBOIS
Tendo sido a segunda vítima de Hécate, Maxime foi escolhido pela deusa para fazer parte de seu plano por causa de seu envolvimento direto com venenos e poções, assim como também por seu convívio contínuo com os Filhos da Magia como Aprendiz da Magia. O treino com o grimório possibilitou que os Filhos da Magia se tornassem um canal ativo para que a deusa e a proximidade de Maxime com eles, facilitou para que Hécate o escolhesse para a realização de seus propósitos.
Seu domínio sobre poções, porém, foi o que fez a deusa lhe escolher. Hécate precisava de uma poção do grimório de venenos de Maxime para causar as visões do segundo ataque.
O PRIMEIRO ATAQUE
Apesar de não ter magia, Maxime tem energia vital e isso já foi o suficiente para que a deusa se aproveitasse do semideus durante o primeiro ataque. O filho de Afrodite serviu como “banco de energia” para a deusa expandir a magia de Estelle. Max, assim como Estelle e o terceiro Traidor, foram os primeiros a se sentirem mal. Antes das estrelas caírem do céu mágico, os três já estavam desaparecidos do pavilhão mas o caos impediu que a ausência deles fosse notada. Maxime e o terceiro Traidor foram conduzidos para um local onde não seriam encontrados enquanto a energia deles era utilizada para a expansão da magia da primeira Traidora.
CONSEQUÊNCIAS PARA MAXIME DEVIDO AO PRIMEIRO ATAQUE
Essas consequências foram dadas à player através do chat ao longo do desenvolvimento do plot do traidor.
Falta de memória sobre o ocorrido.
Confusão mental
Fraqueza física e mental
Pesadelos, apesar da poção que posteriormente Maxime descobriu estar adulterada.
POÇÃO PARA DORMIR
Maxime toma uma poção para aliviar sua maldição e Hécate, tendo conhecimento disso, fez de seu primeiro ato ao possuir a mente do semideus uma adulteração na fórmula de sua poção especial para o sono. A quantidade dos ingredientes foi alterada, gerando assim uma poção ineficaz que permitiu os pesadelos incomuns acontecerem.
O SEGUNDO ATAQUE
Este foi o ataque que Maxime foi usado diretamente. Por não ter magia própria, a magia de Estelle e do terceiro Traidor estavam alimentando a figura do filho de Afrodite. Para possuir a mente e o corpo de uma pessoa é preciso muita magia e isso se torna extremamente perigoso, as chances da vítima morrer são altíssimas e por isso Hécate escolheu dividir a magia em três, representando sua energia tríplice. Com Maxime, a ausência de magia era compensada com energia de sobra; as magias dos dois outros traidores foram combinadas e espalhadas pelo acampamento.
O que permitiu a visão do Defeito Fatal acontecer, porém, foi uma mistura de venenos que Hécate utilizou o semideus para fazer durante uma madrugada; a mistura foi solta no ar e os semideuses inalaram uma versão fraca do veneno que apenas permitia a deusa entrar em suas mentes para expandir o terror em forma de visões. Um dos venenos do grimório de Maxime, na verdade.
Inicialmente a mente de Maxime estava adormecida por causa da poção do sono, mas ao ser tomada pela visão, o semideus foi transportado para uma parte semi consciente onde experimentou a tortura de ficar preso em sua própria mente enquanto algo sombrio tomava conta de si.
A POÇÃO
A poção de restauração foi tomada e isso expôs a influência de Hécate sobre Maxime. Enquanto para os Filhos da Magia, a poção servia para restaurar as energias e a magia, para um simples aprendiz que não tem magia própria, a poção não é eficaz. Além de dificultar a retomada das forças, por causa da proximidade da data de maior uso de Hécate em si com a prova da poção, Maxime se tornou vulnerável demais. A magia de Hécate acabou por ser exposta.
As consequências foram: tonturas, náuseas, sangramento nasal e a revelação da Marca de Hécate.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante frisar que, apesar de ter sido uma parte importante do plano de Hécate, Maxime não sabia sobre a situação a que estava sendo submetido até o momento final do plot. Ele é uma vítima tanto quanto o semideus morto, quanto os semideuses feridos no baile e nos drops que se seguiram. Maxime foi usado por Hécate e Quíron não irá responsabilizá-lo mais por nada; a única coisa que o semideus irá receber é um tratamento na enfermaria com curandeiros para a restauração da força.
O TERCEIRO TRAIDOR: HÉKTOR
Tendo sido a terceira vítima de Hécate, Héktor foi escolhido pela deusa para dar a conclusão ao seu plano por ter sido um dos mais suscetíveis a magia de seu grimório. O treino com o grimório possibilitou que o semideus se tornasse um canal ativo para que a deusa da magia pudesse usá-lo para a realização de seus propósitos. Héktor utilizou o grimório para fins que não deveria ter sido utilizado e apesar de ter sido o último Traidor, foi também a partir dele que tudo se iniciou. A partir do Feitiço Proibido lido com Pietra Venâncio, a magia antiga do grimório acabou ativando a última defesa contra invasores, a última armadilha. Armadilha esta que os semideuses que o recuperaram não faziam ideia que estava ativa: O chamado de Hécate.
O CHAMADO DE HÉCATE
O chamado de Hécate nada mais é do que uma espécie de “anti-vírus” do grimório. Se um dos Feitiços Proibidos fosse lido, o chamado seria ativado e a consciência da deusa seria atraída para onde os ladrões estivessem. A consciência da deusa iria se apegar ao invasor que estivesse com a mente mais receptiva a sua entrada e por isso o próprio Feitiço Proibido escolheu Héktor. A partir daí, a consciência só precisava se espalhar e assumir novas formas, tomar novas mentes.
O PRIMEIRO ATAQUE
Assim como o segundo Traidor, Héktor serviu apenas para canalizar energia para Estelle. Sua única participação foi fornecer energia para a semideusa para que a consciência de Hécate não consumisse por inteiro a mente da jovem. Assim como Maxime, Héktor também foi retirado do local do baile antes mesmo das coroas darem errado e das estrelas caírem do céu.
CONSEQUÊNCIAS PARA HEKTOR DEVIDO AO PRIMEIRO ATAQUE
Essas consequências foram dadas ao player através do chat ao longo do desenvolvimento do plot do traidor.
Falta de memória sobre o ocorrido.
Confusão mental
Fraqueza física e mental
Pesadelos.
Sua magia, assim como a de Estelle, estava mais fraca e mais sensível.
SEGUNDO ATAQUE
Héktor foi usado por Hécate para que a magia do semideus fosse extraída e canalizada para o segundo Traidor. Ele estava desaparecido no momento do ataque pois Hécate o conduziu para um local onde o semideus não seria encontrado enquanto sua magia estava sendo sugada e usada. As principais consequências pós segundo ataque foram as fraquezas aumentarem.
A POÇÃO
A poção ajudou Héktor a se recuperar. Tendo suas forças renovadas, escapou de ser considerado um suspeito, pois a consciência de Hécate precisava de seu filho com as forças a todo vapor para sua jogada final. Como um portador de magia, a poção não tinha efeitos colaterais e apenas cumpriu seu propósito fortalecendo a magia do semideus e também da consciência de Hécate que se alimentava de tudo o que tem a ver com a magia do rapaz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante frisar que, apesar de ter sido uma parte importante do plano de Hécate, Héktor não sabia sobre a situação a que estava sendo submetido até o momento final do plot. Ele é uma vítima tanto quanto o semideus morto, quanto os semideuses feridos no baile e nos drops que se seguiram. Héktor foi usado por Hécate e Quíron não irá responsabilizá-lo por isso; a única coisa que semideus irá receber é um tratamento na enfermaria com curandeiros para a restauração da força. O Feitiço Proibido atraiu tanto ele quanto Pietra Venâncio, então a culpa não foi de um deles, mas sim da própria Hécate.
LINKS GERAIS DE EXTREMA IMPORTÂNCIA
TRAIDORES:
Estelle: POV 1 + POV 2 + POV 3
Maxime: Menu de links
Héktor: POV 1 + POV 2 + POV 3 + POV 4
EXTRAS
Pietra Venancio e o Grimório de Hécate: POV 1 + POV 2
Bishop e a poção: POV 1 + INTERAÇÃO 1 + INTERAÇÃO 2
PARA LER OUTRAS COISAS RELACIONADAS AO PLOT DO TRAIDOR, CLIQUE AQUI.
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❀°• Proibida pra Mimᴶᴼᴱᴸ •°❀
AVISO: esse capítulo é um pouco diferente dos outros. Ele é uma mini fic compactada e conta com 7k de palavras, superior a minha média por capítulos - e também o porque demorei tanto pra postar. A personagem dispõe de personalidade, conhecimentos específicos e backstory (mesmo que não muito longa), o que pode ser difícil de encaixa-la inteiramente como uma S/N.
“Por que não faz uma fic especifica pro Joel?” Resposta rápida: não tenho tempo. Minhas aulas da faculdade voltam segunda feira e será impossível de conciliar os dois. A minha criação de imagines provavelmente decairá também.
Sᴜᴍᴍᴀʀʏ: Jᴏᴇʟ ᴛᴇᴍ ᴜᴍ ᴄʀᴜsʜ ɴᴀ ɢᴀʀᴏᴛᴀ ᴍᴀɪs ɪᴍᴘʀᴏᴠᴀ́ᴠᴇʟ ᴅᴏ ᴄᴏʟᴇ́ɢɪᴏ.
"Sᴇ ɴᴀ̃ᴏ ᴇᴜ, ϙᴜᴇᴍ ᴠᴀɪ ғᴀᴢᴇʀ ᴠᴏᴄᴇ̂ ғᴇʟɪᴢ?"
Tᴀɢs: ғʟᴜғғ, sʟᴏᴡʙᴜʀɴ ᴅᴀ ᴍᴀɴᴇɪʀᴀ ᴍᴀɪs ʀᴀᴘɪᴅᴀ ᴘᴏssɪᴠᴇʟ KKKKKK, sᴛʀᴀɴɢᴇʀs ᴛᴏ ғʀɪᴇɴᴅs ᴛᴏ ʟᴏᴠᴇʀs, ᴛᴇ ᴀᴍᴏ ᴘɪʀɪɢᴜᴇᴛᴇs ɢʟᴏʙᴏ 2010, ᴀssᴇ́ᴅɪᴏ, ᴀɢʀᴇssᴀ̃ᴏ, ᴀ́ʟᴄᴏᴏʟ, ᴏ ɪᴍᴀɢɪɴᴇ ᴅᴏ ᴛᴀᴍᴀɴʜᴏ ᴅᴇ ᴜᴍᴀ ғᴀɴғɪᴄ ᴍᴇ́ᴅɪᴀ, ᴜsᴏ ᴅᴇ S/N ɴᴏ ɴɪᴄᴋ ᴅᴏ ᴍsɴ, ᴅᴇʙᴀᴛᴇs sᴏʙʀᴇ ɢᴇ̂ɴᴇʀᴏ ᴇ sᴇxᴜᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ, ᴅᴇʙᴀᴛᴇ sᴏʙʀᴇ ɪᴅᴇᴏʟᴏɢɪᴀ, ᴀᴘᴇʟɪᴅᴏ ᴅᴇᴘʀᴇᴄɪᴀᴛɪᴠᴏ ᴜsᴀᴅᴏ ᴄᴏɴᴛʀᴀ ᴀ ᴘᴇʀsᴏɴᴀɢᴇᴍ, ᴘɪᴀᴅᴀs sᴇxɪsᴛᴀs, ʙᴇɪᴊᴏ
Wᴏʀᴅ Cᴏᴜɴᴛ: 7ᴋ
(ᴅɪᴠɪᴅᴇʀ ʙʏ ᴀɴɪᴛᴀʟᴇɴɪᴀ)
Nunca conheci os pais de Lucão, mesmo tendo estudado com ele desde o sexto ano. Tinha duas teorias sobre eles: poderiam ser as pessoas mais legais do mundo com o filho, ou não eram capazes de colocar limites na relação. Quase todo mês tinha uma festa em sua casa, com o quintal cheio de alunos dos mais diferentes colégios de Imperatriz. Poderia indagar como ele conhecia tanta gente mas, de certa maneira, eu também conhecia.
Estávamos sempre nas mesmas festas, ou melhor, em todas as festas da cidade. Ele jogava sinuca e conversava com os meninos, enquanto eu ficava na pista de dança. Jogava o cabelo, mordia o dedo e rebolava até o chão, no ritmo do Bonde do Tigrão. A música dizia "Vai descendo com o dedinho na boquinha. Agora sobe com a mão na cinturinha. Levante o pé de uma rodadinha" e eu segui tudo à risca, com um sorriso no rosto.
Meu Orkut estaria cheio de depoimentos na manhã seguinte, falando sobre como me viram dançando na festa e como gostariam de me adicionar no MSN – a qual era extremamente privado. Não gosto de ficar aceitando "qualquer um" já que as chances de ser um homem bizarro de 40 anos são grandes, tenho medo da internet.
Duelo 2 começou a tocar e eu segurei na mão de uma amiga, dando alguns pulinhos. Interpretei o papel da Mc Katia (fiel) e ela, da Mc Nem (amante); cantávamos nossas partes e atuamos como nossas personagens, dando gargalhadas dessas mesmas. A felicidade durou pouco, quando percebi que um garoto parecia estar tirando foto debaixo da minha mini saia.
Segurei seu pulso com a minha mão e, talvez por estar convencido de que eu não faria nada demais, ficaria sem graça com o acontecimento ou até mesmo poderia estar em choque por ter sido pego, apenas ficou parado. Usei sua atitude e a mão agarrada em seu pulso para mantê-lo no lugar, principalmente quando girei meu corpo e aceitei minha mão inteira com tudo em seu rosto.
Ele caiu alguns passos para trás e deixou com que o celular atingisse a grama do chão. Peguei o celular do chão e apaguei as últimas fotos – na época, ninguém sabia que dava para recuperar essas fotos. Joguei o celular em cima dele.
– Você se veste fácil assim porque quer – ele disse, como uma cuspida de veneno. Dei um passo para frente, ficando cara a cara com ele. Percebi em sua linguagem corporal um certo afastamento, o soco havia doído e mesmo tentando manter a pose de machão, estava nervoso.
– Fácil é eu te dar outro soco – fingi que ia armar a defesa para atacá-lo novamente e ele deu um passo para trás.
Os garotos à volta fecharam a boca de surpresa e desviaram o olhar, sempre muito orgulhosos para traírem alguém do próprio gênero, mesmo que isso significasse continuar uma agressão incessante as mulheres. Na verdade, até algumas garotas poderiam dizer que ela estava "pedindo" ou que se não quisesse poderia usar roupas maiores e dançar menos. Um comentário mais pútrido que o outro.
– MINHA ROUPA NÃO É UM CONVITE. NÃO É O JEITO QUE EU ME VISTO QUE DETERMINA MEU VALOR OU QUE EU NÃO MEREÇO RESPEITO. – gritei, rodando lentamente para encarar todos os presentes. Até quem estava jogando sinuca parou para ver o que estava acontecendo. – ISSO SERVE DE AVISO PRA QUALQUER OUTRO CARA QUE TENTE MEXER COMIGO OU COM QUALQUER OUTRA MENINA NA FESTA.
Era um comentário feminista basico, ams algumas pessoas em 2006 ainda precisavam ouvi-lo. Balancei a cabeça e fui para a área de bebida, procurar alguma coisa forte para acabar comigo.
Joel.
Ela estava lá, como em todas as festas, mas foi no momento que ela deu um soco no rapaz que tudo mudou para mim. Nunca tinha prestado muita atenção nela, mesmo que estudássemos no mesmo colégio, mas agora não conseguia desviar meu olhar.
– Uma puta de uma barraqueira, né? – Eduardo comentou.
Revirei os olhos. Por que Fabrício não havia aparecido na festa? Havia saído com Luiza novamente? Poderia ter avisado, pelo menos. Quando nós três saímos juntos é mais fácil de aguentar os comentários de Eduardo diluídos com os pensamentos de Fabrício, fazendo com que eu normalmente fique no canto sem precisar falar muito. Era uma merda estar com ele, sozinho.
– Ainda tá puto que ela não quis ficar com você? – comentei.
– Cala a boca – ele disse, virando o copo na boca.
Um sorriso sarcástico apareceu no canto da minha boca, era isso mesmo. Assim, em menos de 30 segundos depois de sua fala, quando virei para encará-lo, ele estava beijando uma outra garota aleatória. Fazia parte de sua identidade de "macho-man" não gostar quando demonstravam uma fraqueza sua, como a incapacidade de ficar com qualquer mulher que queria. Por isso, precisava se mostrar machão logo em seguida.
Ele participava de um ciclo machista sem fim a qual sempre tive pena, mas não iria ficar ao seu lado enquanto devorava o rosto de alguém que eu nem conhecia. Me aproximei da área de bebidas e ela estava lá, misturando limão, cachaça, água e açúcar para fazer uma caipirinha da pior qualidade – mas festa jovem era assim mesmo. Fiquei frente a frente com ela, do outro lado da mesa.
– Meio merda o que ele tentou fazer – comentei, ainda incerto do que estava fazendo.
– Não é novidade, são todos uns moleques – ela disse e eu não tive muito o que acrescentar. Ela pareceu não se importar com o silêncio e me esticou o copo – aceita?
Não ia beber – quase nunca bebia – mas aceitei. Não sei porque aceitei. Já tinha 17 anos e todos meus amigos bebiam, alguma hora iria começar também… mas talvez porque tinha sido ela a me oferecer. Bebi um pouco do canudo e percebi o quão forte estava, me esforçando o máximo para não fazer nenhuma careta na sua frente. Ela sorriu um pouco.
Quando abri a boca para falar algo, sua amiga apareceu e a puxou para longe, perto da mesa de sinuca para que pudessem jogar como par contra Lucão e outro cara que eu desconhecia. Voltei em passos miúdos para perto de Eduardo, não querendo ficar sozinho mas sabendo que odiaria estar perto dele. Estava abraçado com a menina e dançavam no ritmo da música.
– Você foi dar em cima dela? – perguntou, com aquela risada asquerosa. Não respondi. Ele me zoaria de qualquer maneira. – Até parece que você iria conseguir ficar com ela – abaixou um pouco a cabeça para sussurrar pra mim: – acho que ela curte uns caras mais experientes, não um virjão.
Revirei os olhos novamente. Como se ele soubesse onde ficava um clitóris – ele nem sabia pronunciar a palavra direito, na verdade.
A festa aconteceu pouco antes da volta às aulas. Desde o primeiro dia, apareci com o uniforme um número menor, de modo que a blusa ficasse entre o umbigo e a linha da calça de cintura baixa, como uma baby tee. Professora Beth quase espumava quando me via passar perto dela, mas eu seguia com um sorriso no rosto.
No intervalo entre aulas, fui à videoteca procurar por Joel. Ele estava sentado em uma das cadeiras mais ao fundo, mexendo em um dos computadores. Ele não me parecia muito estranho. Já tínhamos conversado antes? Ele estava no 3A, sim, mas… sei lá, tinha algo a mais.
– Joel – chamei.
Ele pausou rapidamente o que estava assistindo, como se eu o tivesse pego no meio de um crime. Quando olhei para tela, era apenas um vídeo qualquer do Youtube. Voltei a encará-lo e ele já estava me encarando.
– O Douglas disse que você sabe baixar música no celular. Será que você pode fazer isso pra mim? – perguntei, enrolando os fones no celular e estendendo para ele.
Ele segurou o celular e balançou a cabeça em afirmativo. Devolvi com um sorriso. Queria ter músicas no celular, mas mal sabia como lidar com os arquivos. Se me perguntassem o que era 4shared, eu jamais iria saber que era um site para troca de arquivos e muito menos como conseguiria passar os arquivos pro celular.
– Você tem uma lista de músicas pra eu baixar? – respondi com um "sim!" empolgante e procurei nos dois bolsos, retirando um papel com algumas músicas. Estendi para ele e ele abriu as dobraduras. – Não posso prometer que consigo baixar todas, mas eu vou tentar.
– Obrigada! – Abri um sorriso de orelha a orelha. Aquilo era demais! – Cê cobra quanto?
Ele balançou a cabeça em negativo e disse: – Não precisa, isso é fácil de fazer.
– Douglas disse que você cobrou dele – tombei a cabeça, sabendo que ele não estava sendo justo.
Se havia cobrado de outra pessoa, por que não de mim? Ele queria algo? Franzi o cenho. Porém, a recompensa maliciosa a qual eu estava esperando surgir na conversa não apareceu. Ao invés disso, ele abriu um sorriso simpático e disse:
– Douglas é rico.
Soltei uma risada, ele era rico mesmo e não faria falta alguma um pouco de dinheiro no seu bolso, principalmente depois de Joel gastar tempo e habilidade. Porém, para mim, ele apenas ficou parado com um sorriso no rosto. Ele até que era um nerd bonitinho, não? Poderia arrumar ele pra alguma amiga minha.
Peguei uma caneta e uma folha sulfite de cima da bancada. Escrevi meu user e rasguei aquela parte do papel. Entreguei em sua mão e o vi encarar o escrito por alguns segundos.
– Me adiciona no MSN, ai você vai me falando – sorri. – Obrigada.
Não sei porque dei meu MSN para ele. Acho que isso significava que éramos amigos. Quer dizer, com certeza éramos amigos agora. Ele estava baixando musica no meu celular, isso era a mais pura prova de amizade.
Joel.
No segundo intervalo do dia, estávamos no pátio, sentados na arquibancada. Eu e Fabricio ficamos como dupla no truco, enquanto Eduardo e Douglas eram nossos rivais. Nos sentamos de acordo e eu distribuí as cartas. Era um jogo rápido antes de voltarmos pra sala, jogando conversa fora.
– Vai sair com a menina da festa de novo? – Douglas perguntou para Eduardo, no momento em que jogou sua carta.
– Menina da Festa? – Fabricio indagou.
– Ele tava se pegando com uma menina na festa – respondi. – Qual era o nome dela mesmo?
Encaramos Eduardo, esperando por uma resposta. Ele deu de ombro e desviou o olhar, um "não pergunte para mim" em gestos. Cerrei o cenho. Como aquilo era possível?
– Você nem sabe o nome dela? – perguntei, mesmo que já soubesse a resposta.
– Fiz – Eduardo respondeu e recolheu as cartas para si.
Botei a primeira carta no monte e comecei a rodada.
– Não acredito – Fabricio riu.
– Eu gosto de variedade – deu de ombros novamente e eu revirei os olhos. O problema não era ele beijar várias, mas tratá-las como sub-humanos que nem mereciam o direito de terem nome no seu imaginário.
– Não perguntar o nome é falta de educação – Douglas disse e eu arquei a sobrancelha. Alguém entende.
– Você só beija uma pessoa, não sabe mais das etiquetas – respondeu em referência a ter recentemente assumido o namoro com Luiza.
Fabrício desviou o olhar.
– E ela nem beijava tão bem, não preciso do nome.
– Fiz – respondi e puxei as cartas para perto de mim.
– Joel que tava tentando flertar com a boca de pelo – Eduardo disse, envolvendo um assunto que eu não queria trazer para a conversa.
– Não chama ela assim – respondi, o tom da voz já um pouco mais agressivo que o normal.
– Por que? Ta apaixonado? – riu com aquela risada pútrida.
– Bem que eu vi vocês conversando mais cedo, né – Fabricio disse.
– Ela só pediu pra eu baixar umas músicas pra ela – balancei a cabeça. Não era nada demais e queria que eles esquecessem esse assunto.
– E você não pediu uma sentada em troca? – Eduardo me deu um tapão nas costas, que me fez arquear as costas.
– Ai Joel, não para Joel – Douglas fingiu um gemido, imitando como ela faria, apenas para me irritar.
– Mano, cê é bv demais, papo reto – Fabricio riu. – Truco.
– Seis – respondi.
Douglas fez a rodada e nós ganhamos.
Quando finalmente abri o computador, a solicitação de amizade dele estava lá. Aceitei. Seu ícone demonstrava disponível – o que significava que queria conversar, com quem quer que fosse, caso contrário colocaria ocupado ou ausente, como eram as normas sociais do aplicativo. Mandei aquele wink do cara gordo para tremer a tela dele e chamar atenção para o meu perfil. Sempre ria quando ele aparecia na tela.
»»-(¯`·.·´¯)-> ک/N <-(¯`·.·´¯)-««: Oi. Tá livre pra tc?
_Joel: To
_Joel: Terminei de baixar as musicas no seu cel
_Joel: Tem mais alguma que vc queira?
»»-(¯`·.·´¯)-> ک/N <-(¯`·.·´¯)-««: O que vc costuma ouvir?
_Joel: N sei se vc vai curtir
»»-(¯`·.·´¯)-> ک/N <-(¯`·.·´¯)-««: Tenta
_Joel: Olha meu subnick
Procurei com os olhos o seu subnick e joguei no google a frase. Estava em inglês e eu não fazia ideia do que significava. "I Still Haven't Found What I'm Looking For" era uma música do U2. Coloquei no youtube e a música começou a sair nas caixas de som de trás do computador.
»»-(¯`·.·´¯)-> ک/N <-(¯`·.·´¯)-««: Curti
»»-(¯`·.·´¯)-> ک/N <-(¯`·.·´¯)-««: Normalmente gosto mais de músicas animadas
»»-(¯`·.·´¯)-> ک/N <-(¯`·.·´¯)-««: Tipo pagode
_Joel: Pagode?
_Joel: Acho que n tava esperando por isso
_Joel: N conheço quase nenhuma
»»-(¯`·.·´¯)-> ک/N <-(¯`·.·´¯)-««: Vou te mostrar uns pagodes
»»-(¯`·.·´¯)-> ک/N <-(¯`·.·´¯)-««: Vc me mostra outros que vc gosta
_Joel: Fechado
No dia seguinte, nos encontramos na casa de Joel com uma pilha de CDs para colocar no mini system de sua sala. Seus pais não estavam em casa e pudemos ficar horas apenas ouvindo as músicas, conversando sobre coisas aleatórias do dia a dia, quando um forró apareceu, não exitei em levantar rapidamente do sofá. Estendi a mão pra ele.
– Não – ele disse.
– Ai Joel, para de graça.
– Não sei dançar – ele balançou a cabeça mas segurou minha mão e levantou a cabeça
– Eu te ensino – sorri e ele sorriu de volta. – Tá, segura na minha mão aqui – demos as mãos – e coloca a mão na minha cintura – guiei sua mão até a minha cintura e depois coloquei a minha em seu ombro.
Eu não sabia dançar só funk, gostava de todos os tipos de dança. Ensinei passos básicos, "dois pra lá, dois pra cá", "pra frente e pra trás", "abertura" e algumas demonstrações de giro, mesmo que Joel acabasse confundindo esquerda e direita, às vezes.
– Você não é tão ruim – eu disse, rindo.
– Eu fui ótimo – respondeu sarcástico, como se minha fala fosse quase insultante.
Eu ri. Nos sentamos novamente no sofá e continuamos escutando as músicas. Ele tinha vários CDs do U2, The Strokes, The Smiths e alguns rocks mais clássicos, como Led Zeppelin, Van Halen e The Clash.
As conversas sobre o significado das músicas se estenderam para um debate sobre significado de amor, morte, vida e linguagem, sobre como os componentes musicais podiam indicar coisas específicas; pausas mais demoradas no meio da música, saxofones estridentes e mudanças de oitavos. A história de certos tipos musicais eram incríveis e explicavam muito sobre a sonoridade escolhida em cada música, conversamos o que sabíamos e aprendiamos o que o outro queria ensinar.
Eu tinha colocado "Siririca (Vai Danada)" da Gaiola das Popozudas quando Joel perguntou:
– Você não acha que esses funks são meio baixos…? – ele parecia um pouco sensibilizado pela letra, mas eu não estava nenhum pouco retraído com a letra. A pergunta parece normal, mas aponta uma estrutura de pensamento composta por uma classe dominante.
– E qual o problema? – perguntei, com as sobrancelhas juntas. Ele tentou balançar a cabeça como um pedido de "desculpa", como se tivesse dito algo errado. – É que esse discurso tem sido feito desde sempre, por exemplo, quando Madame Bovary lançou, o autor foi rechaçado de crítica pelos "distúrbios morais" – fiz aspas com a mão –
– Madame Bovary… do romantismo? – perguntou, meio confuso. Havíamos visto rapidamente a obra citada nas aulas de literatura, mas eu havia lido o livro no primeiro colégio.
– É, o livro chegou a ser proibido pela Igreja Católica simplesmente por demonstrar que a mulher pode também seguir atrás de prazer sexual, coisa que até então era uma atividade "exclusiva" dos homens nessa sociedade europeia que passa suas ideias colonizadas pro ocidente. Foi a primeira obra a tratar a visão da mulher sobre o ato de maneira "obscena" pra burguesia que consumia, igual esses funks "baixos" em que a mulher diz que sente prazer no que está fazendo.
Ele tombou a cabeça e me encarou por alguns segundos e eu levei seu olhar como um incentivo para continuar falando.
– Eu gosto de ver a cultura, seja por música ou por livro, como uma forma de entender a ideologia que está tentando ser passada. Se reprovam, por que reprovam? Quem tem medo de falar sobre sexualidade? Quem se beneficia com a repressão sexual das mulheres? Com o padrão de expressao de sexo e genero?
– Os homens? – ele respondeu, meio sem confiança da própria resposta.
– Sim, mas um pouco mais que isso porque mulheres também são capazes de reproduzir esses pensamentos machistas, mesmo que acabem sendo vítimas da mesma violência – desviei o olhar, me lembrando de comentarios pertinentes de amigos meus. – É toda a sociedade colonial patriarcalista que cria um conjunto de discursos, técnicas e percepções que constroem e nomeiam, nomear na qualidade de "criar sentido" – fiz aspas – pro que é sexo e sexualidade. E se há necessidade de disciplinar a maneira que esses corpos devem agir, então não é algo natural, faz parte do mecanismo de dominação. O que você acha que é "ser mulher?"
– Eu não tenho nem ideia agora – ele riu. Foi sincero, estava levando a sério o que eu estava falando. – Quero saber o que você acha que seria.
Não pensei muito em seu interesse na hora, mas dormiria pensando no que havia falado. Ele estava se importando, queria saber o que eu falava, porque falava.
– Eu ainda não terminei de ler o livro – admiti, com um sorriso invertido de "foi mal" –, mas a Simone de Beauvoir fala que não se nasce mulher, se torna. Por que? Vagina e pau não constrói gênero, porque gênero não é natural. Gênero é um processo de socialização que se cria baseado no que a sociedade manda se desempenhar. Tipo, o que seria ser homem na época da Maria Antonieta? Eles tinham cabelo grande, andavam de salto e passavam maquiagem. Isso seria visto como "masculinidade" hoje? “A Porra da Buceta é Minha”, outra musica da Gaiola das Popozudas, começa logo falando que um cara ta difamando ela depois de ela ter rejeitado ficar com ele. Quando a mulher não serve simplesmente para ser objeto de satisfação e afastar de si os seus desejos próprios para ser esposa e cuidar dos filhos, ela é vista como mulher plena na sociedade? Além disso, quando se começa a pensar no controle de prazer de uma nação, você na verdade interfere no domínio da mulher poder falar que gosta de transar e obtém essa "sagracidade" no sexo como apenas para concepcao de individuos… mas eu ainda preciso estudar mais antes de falar sobre.
Dei de ombros. Poderia falar dos estudos de sexo e temperamento de Margaret Mead, sobre como mulheres samoanas adolescentes tinham uma vida sexual ampla antes de decidirem ficar com um mesmo parceiro pelo resto da vida, ainda nos anos 20, mas decidi interromper a linha de raciocinio.
– Eu gosto bastante desse assunto – completei. Não pediria desculpas por falar de algo que gostava, mesmo que tivesse falado muito.
– Você me passa os livros que você leu? Eu acho que preciso estudar muito antes de conversar de igual pra você – ele riu e eu balancei a cabeça em afirmativo freneticamente.
– Acho que você é a primeira pessoa além dos meus pais que não me xinga por esse discurso – revelei. Não sei porque o fiz, as palavras apenas saíram da minha boca.
– Seus pais concordam, então? – perguntou, mais por curiosidade do que por julgamento. Qualquer outra pessoa diria que eles eram "desnaturados" e por isso teriam criado uma filha tão "puta", como modo de colocar pessoas que não pensam igual ao sistema à margem da sociedade.
– Algumas partes sim, outras não – tombei o rosto, tentando lembrar das nossas conversas. – Eles gostam que eu pense, esse lance de se desprender do que precisa ser pensado e passar a pensar por mim mesma.
Ele arqueou os olhos, parecia ser algo novo para ele que país pudessem pensar assim.
– Só encontro meus pais no horário da janta e eles perguntam como foi a escola – admitiu.
– Mas você pode falar com seus amigos também.
– Eles são uns babacas, sei lá – deu de ombros. – Acho que sempre tô fazendo coisas pra tentar agradar eles, aguentando umas merdas que eles falam pra continuar sendo amigo de gente que nem liga pro que eu penso ou pra como eu me sinto.
Senti que era a primeira vez que ele falava isso em voz alta, que admitia para si mesmo que não gostava deles. Esse tipo de percepção doía quando feita verdadeiramente.
– E você quer continuar assim? – perguntei. – Você é um cara legal, um dos poucos na cidade. Sei lá, eu acho que você merece ficar perto de pessoas que te tratem bem.
Ele me encarou por algum tempo, antes de mudar de assunto.
Joel.
Quase não consegui dormir depois daquela conversa. Era recorrentemente zoado por acreditar que o governo estava nos espionando, na existência de uma ideologia estadunidense disfarçada na cultura que consumimos e os garotos distorciam minhas palavras quando eu falava sobre ETs. Ela entendia, ou pelo menos falava coisas parecidas. Era incrível.
Pensei muito sobre o que havia dito sobre minha amizade com os meninos, passei quase a evitá-los. Parei de ir no half, preferia ficar com ela na minha casa ouvindo música, ou assistindo um filme, ou fazendo qualquer coisa separada desde que estivéssemos juntos. Não sabia que ela lia tanto – não parecia e, talvez tudo seja obra realmente dessa percepção criada para que, se o adjetivo "inteligente" é bom, pessoas mal faladas nunca tenham a possibilidade de acessá-las. Ela sempre seria vista como "fácil", "puta" e "vazia", mesmo que eu não tenha visto ela sair com nenhum menino desde que ficamos amigos.
Ela jantou algumas vezes na minha casa, conheceu a minha família e acho que meus pais gostaram dela. Também fui jantar com sua família e nunca imaginei que teria um debate tão legal quanto o cinema como meio e produto da indústria cultural – consegui ver debates que jamais haviam sido discutidos na escola, na minha casa ou no meu grupo de amigos. Sair da minha zona de conforto estava sendo uma experiência como nenhuma outra.
Porém, em algum momento, eu precisei ver os meninos novamente.
– Cê sumiu, ein Joel – Fabrício comentou, andando com o skate a minha volta.
– Ele só anda com a piranha. Eai, já comeu ela? – Eduardo se sentou ao meu lado.
Revirei os olhos. Tive que respirar fundo para não desferir um soco em sua face.
– Ainda não? Véi, nem sei porque você tá insistindo tanto, é só comer e meter o pé – ele continuou falando.
Me levantei do lugar em que estávamos sentados.
– Você é a pessoa mais asquerosa que eu já conheci – admiti e ele cerrou o cenho, sem acreditar que aquelas palavras estavam saindo da minha boca, sempre havia sido tão compassivo… – Você é inseguro e usa essa pose de machão pegador para se colocar numa posição de superioridade quando na verdade é só um filhinho de mamãe desesperado por aprovação que vai ver que é um merda quando tiver 30 anos e perceber que não teve um relacionamento saudável e duradouro na vida porque ninguém te atura.
Respirei fundo. Poderia xingar sua risada, mas não era algo que ele poderia mudar – já a personalidade, era necessário que mudasse. Saí da pista de skate e deixei os dois se encarando quase boquiabertos.
No período da noite, chamei Joel para uma festa organizada por um colega meu de outra escola – era a poucas quadras da minha casa e fomos andando juntos. Quando comecei a ouvir a música, mesmo de longe, já comecei a mexer o corpo e ele riu.
– Hoje eu vou te ver dançando? – perguntei.
– Eu? Nossa, só se eu estiver louco de bebida – ele riu e eu arquei a sobrancelha. – Não!
– Eu nem falei nada – respondi com um sorriso, desviando o olhar.
– Mas pensou!
Eu sorri. Claro que eu não o embebedaria de propósito, mas seria realmente muito legal vê-lo na pista de dança imitando os passinhos dos outros garotos. Tinham tantos garotos que gostavam de dançar, talvez ele descobrisse um dom que não sabia que tinha!
Ao adentrarmos a festa, comecei a comprimentar meus conhecidos com beijinhos no rosto e conversar com as meninas que havia combinado de encontrar na festa.
Segui Joel com o olhar, mesmo longe. Fabrício e Eduardo passaram ao seu lado, mas nenhum deles se cumprimentou. Estranho. O que havia acontecido? Ele não havia me dito nada. Poderiam ter brigado, mas não me envolveria nisso. Ele poderia me contar sobre quando se sentisse à vontade.
Ele conseguiu conversar com Leonardo, mas por pouco tempo, antes que esse se juntasse aos amigos da nova escola. Me senti mal. Joel parecia um pouco deslocado, não conhecia metade daquelas pessoas. Era pra estar sendo uma festa legal pra ele…
Puxei uma amiga minha para o lado
– Lembra do menino gatinho que eu tinha falado que era super legal e que daria super certo com você? – perguntei.
– Sei.
– O que você acha? – apontei com a cabeça para Joel pegando um pouco de bebida.
– Bonitinho.
– Vocês podiam conversar… – eu disse e dei um sorriso.
Ela sorriu, indicando que era uma possibilidade positiva.
Me aproximei de Joel, trazendo-a com os braços dados. Dei dois toques em seu ombro, para chamar sua atenção, e ele se virou em nossa direção. A apresentei com nome e interesses em comum, aquele velho "conhece minha amiga?" que nunca falhava nas festas e os deixei conversando. Formariam um casal bonito.
Voltei para a pista de dança, a qual passei a noite inteira requebrando ao som de Mr. Catra. Quando passei perto de Eduardo, percebi que ele não tirava os olhos de Joel, mesmo a distância, e decidi ouvir a conversa que ele estava tendo.
– Até que ele tá se dando bem sendo amigo daquela vagabundinha, né? Ela até arranjou umas minas pra ele pegar – ele disse, bebendo um gole da bebida, sem tirar o olhar de Joel. Estava tão
– Quem você chamou de vagabundinha? – eu disse.
– Não foi isso, gata – ele tentou reverter sua fala.
Não era ele que vivia tentando me mandar depoimento no orkut pra ficar comigo? Joguei o resto da bebida barata que estava em minha mão e joguei em seu rosto. Foi um ato sem barulho e poucas pessoas chegaram a presencia-lo. Puxei sua blusa para que abaixasse um pouco a postura, ficando mais perto de mim, encarei-lhe nos olhos.
– Eu vou fazer com que você nunca mais fique com uma garota em Imperatriz, seu merda – sussurrei. Empurrei-o com força bruta, fazendo com que desse um passo para trás.
Joel chegou poucos segundos depois, tendo deixado seu posto da festa no segundo em que percebeu que eu estava falando com Eduardo.
– O que 'tá acontecendo aqui? – perguntou.
– Eu e Eduardo estávamos conversando, não estávamos? – encarei o mais alto, como se desse permissão para que falasse algo.
Eduardo afirmou com a cabeça, os cachos caiam molhados na sua testa e seu olhar era de profundo ressentimento. Me virei para Joel, agora fingindo que Eduardo nem ao menos estava presente. Ele era um rato pestilento do esgoto e não merecia muito de minha atenção; já havia lidado com homens piores.
– Vou falar tchau pro pessoal e a gente já vai – disse, com um sorriso.
Não sabia se deveria deixar Joel ali, mas ele já era um homem grandinho que sabia se defender. Rodei a festa falando tchau pros meus amigos e pros conhecidos que estavam junto desses, inclusive a amiga que eu havia introduzido a Joel. Será que eles chegaram a ficar naquela noite? Se bem que Joel não parecia ser do tipo que simplesmente beijava as pessoas que havia acabado de conhecer.
Ele estava me esperando perto da porta.
Estava tarde, mas voltamos andando pelas quadras, do mesmo jeito que fomos para a festa.
– O que achou dela? – perguntei, em relação a amiga que havia lhe apresentado.
– Legal – cerrou o cenho, meio sem entender a pergunta.
– Poxa, so "legal"? Eu tava tentando arranjar ela pra você – admiti.
– Como assim "arranjar"?
– Vocês dois são legais, bonitos… eu achei que poderiam se dar bem – dei de ombros.
– Não viaja – ele riu.
Continuamos andando, mas sem falar muito mais coisa. Estávamos um pouco afetados ainda com aquela última conversa com Eduardo. Não sabia o que ele poderia ter dito para Joel depois que eu saí, assim como Joel podia não saber o que havia acontecido antes de eu jogar bebida em Eduardo. Acho que não estávamos com coragem de perguntar sobre isso, mas em algum momento tínhamos que falar algo.
– Você brigou com os meninos porque eles tavam me xingando? – perguntei.
– Briguei com eles porque são uns imbecis –
– Eu não preciso que qualquer homem me defenda
– Eu não fiz isso pensando em te defender, eu fiz isso porque eles são imbecis… – reforçou seu comentário anterior – mas eu te defenderia, se quisesse. Somos amigos, não somos?
Afirmei com a cabeça. Éramos amigos e isso era algo que os amigos faziam. Andamos mais um pouco, até que eu chegasse em casa – a dele não era muito longe da minha. Abracei-o, firme.
– Boa noite, Joel – eu disse, num tom muito mais de "obrigada" do de que despedida.
Obrigada por que? Por ter me levado em casa? Por ser meu amigo? Por ter me defendido? Por estar comigo, independente de qualquer coisa? Não sabia dizer, mas ele entendeu o que eu havia dito. Deu um sorriso leve e eu o retribui.
Entrei em casa e tomei um banho. Entrei no Floguinho para ver se haviam postado alguma foto minha na festa e comentei em todas. Entrei no MSN e, instantaneamente, minha amiga me mandou mensagem.
*®*´¯`*.¸¸.*´¯`*AMIGA*´¯`*.¸¸.*´¯`*: Tem certeza que ele tava querendo ficar cmg na festa?
»»-(¯`·.·´¯)-> ک/N <-(¯`·.·´¯)-««: Joel é desse jeito msm
»»-(¯`·.·´¯)-> ک/N <-(¯`·.·´¯)-««: Ele é meio na dele, quietão assim mas eu acho que vcs iam combinar super
*®*´¯`*.¸¸.*´¯`*AMIGA*´¯`*.¸¸.*´¯`*: N amg
*®*´¯`*.¸¸.*´¯`*AMIGA*´¯`*.¸¸.*´¯`*: To falando que ele ficou te observando a festa inteira
*®*´¯`*.¸¸.*´¯`*AMIGA*´¯`*.¸¸.*´¯`*: Acho q era com vc q ele queria estar ficando
»»-(¯`·.·´¯)-> ک/N <-(¯`·.·´¯)-««: Claro q n
Mas, no fundo, acho que estava agradecendo por eles não terem se dado tão bem quanto eu imaginava que dariam.
Na semana seguinte, estávamos entrando no ônibus em direção a um evento de livros em São Paulo. A excursão destinada ao ensino médio do IECET fez com que dezenas de alunos se mobilizassem para a Bienal, mesmo que não tivessem o mínimo de interesse no motivo real da viagem. Gostavam dessas viagens escolares apenas pelo prazer de perderem um dia de aula enquanto passavam o tempo inteiro com seus amigos.
Eu me sentei do lado de uma colega, enquanto Joel estava mais ao fundo, sentado ao lado de Douglas. Me perguntei porque esse não estava sentado com a namorada, mas isso não era realmente um problema meu. Luiza não passava de uma conhecida que estava na mesma sala que eu, jamais perguntaria diretamente sobre sua vida privada; não tínhamos uma inimizade, mas ela de certo me olhava como uma meretriz pelas roupas que usava ou pela minha postura em festas.
Não ligava. Ela era a "princesinha de imperatriz", sabia que não havia pensado realmente o quanto de lavagem cerebral o apelido era capaz de fazer em seu cérebro. Ela detinha o título ou o título detinha ela?
Quando descemos do ônibus, fui procurar algumas editoras específicas. Enquanto alguns deles foram para as editoras mais famosas, com as histórias fictícias do momento, segui o caminho reverso. Joel chegou ao meu lado e me viu segurando um pedaço de papel.
– Você fez uma lista? – perguntou.
– Você não? – rebati.
– Tava pensando em decidir o que queria por aqui mesmo.
Ele sorriu e gesticulou para mostrar o "em volta". Quando abaixou o braço, sua mão roçou levemente na minha. Meu coração disparou por um momento e eu o encarei, assim como ele fez. Não era nada demais, encostar nas pessoas não era nada demais. Já tínhamos até dançando juntos. Não era nada demais. Desviei o olhar e continuei andando.
Ele me seguiu por toda a feira, enquanto me via comprar alguns livros de autores já consagrados e outros de autoras brasileiras ascendentes, a qual consegui um ou dois autógrafos. Fabrício nos encontrou em algum momento; eu sabia que ele não era tão má pessoa assim, mas andava tanto com Eduardo que não sabia que falas eram suas e quais eram copiadas da mentalidade que ele e o amigo construíram para encher o saco de Joel.
– Joel tá até convencendo você a ler agora? – ele disse, tentando começar uma conversa amigável mas falhando imediatamente.
– Cala a boca, Fabrício – Joel revirou os olhos.
– Eu nem sabia que você era alfabetizado pra estar aqui – comentei.
No meio desses comentários inoportunos, Joel pegou um livro de astrofísica e pagou no caixa, para que pudéssemos sair dali rápido. Não sabia que ele tinha interesse nisso. Na verdade, acho que nem ele sabia que tinha, apenas queria sair logo do lugar.
Quando voltamos ao ônibus, Douglas e Luiza se sentaram juntos, – talvez tivessem feito as pazes do que quer que tenha acontecido entre os dois. Minha amiga foi se sentar ao lado de Fernanda, que acompanhava Luiza na ida, e Joel veio se sentar ao meu lado. Já era noite e estavam todos cansados, o que resultou em todos dormindo ou com fones de ouvido em seus MP3 para não incomodarem os outros.
Tinha conseguido pegar no sono, mas quando Joel se mexeu, acabei acordando. Ele também estava com os olhos meio abertos, indicando que também havia acabado de acordar; nos encaramos pelo que pareceu alguns minutos, mas podiam ter sido segundos ou horas.
– Eu não consigo parar de pensar em você – ele sussurrou.
Não sei se disse isso por causa do sono, se achou que estava sonhando ou qualquer outra coisa. Na verdade, eu nem pensei direito – poderia estar sonhando também. Meus movimentos foram quase involuntários, sem questionamentos ínfimos das minhas partes cerebrais com mais ansiedade. Me coloquei um pouco ao lado, ainda apoiando minha cabeça na poltrona, e o beijei suavemente.
Foi um selinho. Um pouco demorado demais para caracterizar apenas como um encontro de lábios, mas estávamos muito sonolentos para pensar em aumentar o beijo – e aquele com certeza não era o ambiente ideal.
Demos um sorriso leve e eu encostei minha cabeça em seu ombro, voltamos a dormir.
Depois da viagem, não nos falamos mais. Trocávamos alguns olhares no corredor e, quando percebia que ele estava vindo conversar comigo, eu fazia questão de começar a conversar com outra pessoa, ou sair do ambiente. A memória passava em minha mente quando tentava dormir, quando acordava, quando estava estudando e parecia um sonho. Não sabia o que dizer, eu tinha estragado a nossa amizade.
Então, quando saí da escola depois da educação física, ele estava na porta da minha casa, me esperando. Não achei que ele quisesse tanto conversar comigo ao ponto de me procurar mesmo quando eu demonstrava claramente que precisava ficar longe dele. Seria demais para nós dois.
– Conversa comigo – ele pediu e se desencostou do muro
Joel carregava um semblante de tristeza, com as sobrancelhas baixas e, por mais que eu não quisesse ter entendido sua postura, tudo indicava que dizia "o que eu fiz?", como se o problema fosse ele. Acho que, quanto mais você convive com alguém, mais vocês criam essa linguagem que apenas os dois conseguem entender.
– Desculpa, Joel – disse, mesmo que não soubesse o porquê.
– Desculpa? – franziu o cenho. – Eu falei sério, eu só consigo pensar em você. Eu quero ficar com você.
Balancei a cabeça negativamente, tão fraco que quase não conseguia sentir meus movimentos. Joel deu um passo para frente, se aproximando, e eu prendi a respiração.
– Eu não quero estragar você – eu disse.
– Como assim "me estragar"?
– Você sabe como eles falam de mim, o que eles vão falar de você…
Franziu o cenho por um minuto. Era isso que eu estava tentando evitar?
– Eu não ligo. Quem são eles? É você que eu quero! – falou, num tom maior, quase bravo. Dei um passo para trás.
– Você não gosta de mim, você gosta da liberdade que eu te ensinei a ter – não sei se realmente acreditava nisso ou se apenas o tinha falado para ele se afastar.
– Por que você não consegue aceitar que eu realmente gosto de você? – deu um passo para frente, um pouco maior do que o passo que eu tinha dado para trás. – Primeiro você tentou me colocar com a sua amiga e agora tá falando que eu não gosto de você. Eu te amo – ele admitiu, mas não parou – e você me ama, porque seu primeiro pensamento foi tentar me proteger das pessoas insuportáveis, ao invés de falar que não sente o mesmo
– Joel… – minha voz saiu num sussurro, não sabia o que dizer.
Ele deu mais um passo para frente e eu dei outro para trás, ficando contra o muro da entrada da minha casa. Ele estava perto e minhas sobrancelhas se uniram ao centro, com um olhar apiedado.
– Você é um sol que queima forte e brilhante, com tanta vontade e paixão que dá pra se ver a quilômetros de distância; que eu preciso pra viver e que talvez tente se destruir à medida que queima, como nas fusões nucleares que mantêm o sol energizado.
Havia aprendido isso lendo o livro de astrofísica? Mas era verdade. Ele me conhecia, nas melhores e nas piores partes. Sabia o que os outros falavam de mim, que eu não tinha o humor mais estável do mundo e que minhas opiniões eram tão fortes que jamais venceria uma discussão. Mesmo assim, me amava – e eu não queria acreditar nisso.
– Joel… – sussurrei novamente e ele balançou a cabeça em negativo.
Não aceitaria uma argumentação da minha parte. Não podíamos argumentar sentimentos. Seus olhos estavam nos meus e sua mão estava à altura do meu cabelo, para colocar uma mecha atrás da orelha. Senti o calor emanando de sua mão quase contra minha pele e quis que ele tocasse minha bochecha, um suspiro deixou os meus lábios.
– Pensa nisso, tá? – ele disse, baixo.
Deu um passo para trás e voltou a andar em direção ao caminho da sua casa. Não. Joguei a mochila no chão e andei com passos rápidos atrás dele. Passei a mão no rosto, como se não acreditasse que iria fazer isso. Mas, afinal, qual era o problema? Eu acreditava que mulheres deveriam seguir o seu próprio prazer, buscar a sua própria felicidade. Achava isso só na teoria? Não. Eu agia conforme queria.
Acho que, no meu subconsciente, ainda estava corroída com a ideologia de que eu precisava apresentar um papel de feminilidade definida pelo patriarcado para conseguir ter um relacionamento heterossexual sério. Esse tipo de ideologia é tão estruturada e internalizada que nos faz acreditar que, se vamos na contramão de seu movimento ou se somos marginalizadas nessa cultura, não teremos relacionamentos duradouros – tudo muito estruturado para sempre obrigar todos a participarem de seu sistema.
Eu quero é que eles se fodam.
– Eu fiquei aliviada por você não ter ficado com a minha amiga – disse e ele parou de andar.
Dei alguns outros passos para ficar mais perto dele. Joel estava me encarando. Ainda não se sentia confortável para me dar um sorriso, um pouco desacreditado da situação. Me aproximei mais e passei a mão levemente pelo seu antebraço, subindo até a linha de seu ombro e pelo seu pescoço. Meu olhar foi para sua boca e eu sabia que o dele também estava na minha. Passei meu dedão por sua bochecha e por cima dos seus lábios, pareciam macios.
– Eu também gosto de você – admiti.
Me aproximei de forma lenta, aproveitando o momento, e novamente selei o beijo. Dessa vez, havia muito mais vontade e força em nossos movimentos, querendo explorar todas as oportunidades que não havíamos feito antes. Sua língua na minha e suas mãos na minha cintura, não conseguia fazer mais nada além de bagunçar todo o seu cabelo. Não sabia que precisava tanto daquele beijo, agora se tratava de uma necessidade. Eu precisava devolvê-lo e ele, a mim.
Separamos o beijo mas mantivemos nosso corpo colado, com o rosto separado apenas o suficiente para que conseguíssemos trocar algumas palavras.
– Acho que não deveríamos estar beijando assim no meio da rua.
– Eu não ligo – respondi e voltei a beijá-lo.
Aᴏ3
Wᴀᴛᴛᴘᴀᴅ
𝙲𝚄𝚁𝙸𝙾𝚂𝙸𝙳𝙰𝙳𝙴𝚂
Essa festa do Lucão é referenciada pelo Douglas na primeira temporada, quando ele tá falando com a Luiza. Tô usando até personagem que não aparece aqui, vai vendo.
O nick do Joel canonicamente é _Joel e o subnick é a música do U2. Eu estou em todos os detalhes KKKKKKKK
Meu desejo de menina era poder voltar a usar o msn
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