#até lá me vejo na obrigação de fazer meu próprio conteúdo.

[kakagowork]

Setthwei headcanons

Apesar de Hwei ser mais reservado ele é alguém que sente muito profundamente tudo e ama grandes demonstrações de amor. Serenatas, flashmobs, nomes escritos no céu por avião.

Hwei prefere que seus amantes sejam expressivos e Sett com certeza é alguém assim.

Sett seria do tipo que no aniversario de namoro cantaria esse musica numa noite de karaokê. Hwei morreria um pouco por dentro de vergonha, mas amaria cada segundo.

[aquinojr]

Escrever na minha vida

Faz muito tempo que não escrevo um texto sem obrigação de nada. Lembro que quando eu era moleque gostava de escrever. Era bom em redação. Cheguei até a fazer livros de RPG sozinho no caderno. Nunca joguei nenhum, mas o prazer que tinha de construir minhas ideias dentro do caderno era mágico. Quando mais jovem, passei a colocar no papel as histórias dos personagens que eu criava para jogar.

A que me lembro melhor daquela época era sobre um vampiro Gangrel (não lembro mais o nome que lhe dei). Ele era japonês. Filho de um oficial norte-americano com uma japonesa. Se conheceram no país natal dela no final da segunda guerra e lá viveram. Na minha história uma mulher em trajes vitorianos o salvara de um vampiro com vestes de samurai que havia matado toda sua família. A mulher (também uma vampira) decidiu transformar meu personagem em sua cria.

Cheguei a mostrar esse texto para meu professor de filosofia no ensino médio:

- Escreva mais. Você tem potencial nisso - Era sempre isso que o professor Rodolfo dizia. Não sei se por preguiça ou outras prioridades mas nunca continuei aquela história.

O Demônio e o Anjo

Nessa mesma época eu gostei muito de duas meninas (cada uma em tempos diferentes). Para a primeira eu escrevia coisas românticas (arriscava até alguns poemas) ela dizia que achava legal, mas nada demais. Mostrei a alguns colegas na época e eles falavam que meu texto lembrava o filme “Cidade dos Anjos” (até hoje nunca vi). Essa garota pedia para eu comprar várias coisas. No final só queria me explorar. Com o tempo fui me afastando dela e com isso conheci a segunda menina.

Essa sim era muito legal. Inteligente, bonita, gostava de um monte de coisas que eu gostava. Parecia perfeita. Ela sabia dos meus sentimentos por ela. Cheguei a escrever uma carta realçando-os. Entreguei o texto a ela que curiosa leu na minha frente.

- Desculpe minha frieza, mas não gosto de cartas românticas. Prefiro que a pessoa seja direta. - Foi o que ela respondeu. Andamos juntos por bastante tempo e por erros que admito ter cometido ela se afastou. Na época senti raiva, mas depois me conformei. Eu não merecia alguém como ela (e provavelmente nunca merecerei). Sobre a atitude dela, descobri uns anos depois, ouvindo a conversa de uma amiga, que algumas mulheres não gostam de homens que se expressam por texto por acharem estes frouxos e sem atitude (algo que não entendo o significado até hoje, pois várias pessoas me dizem que sou assim).

A Chegada do Cachorro Preto

Lembro também que foi nesse período que passei a me tornar uma pessoa pessimista e negativa. Os motivos podem ser vários: rebeldia da adolescência, problemas com meus pais, um efeito colateral de uma combinação de sistema nervoso delicado com um longo período sofrendo bully no ginásio,  ou até por me dar conta que não tinha nenhum talento especial e ser apenas mais um na “fila do pão”.

Talvez o verdadeiro motivo seja uma carência insaciável. Uma vontade descomunal de ter alguém para chamar de cara metade, de meu anjo, de minha mulher, minha vida, de “mozão”. Uma pessoa que quisesse trocar experiências comigo, dividir sua vida, chorar comigo, trepar comigo, um amor. Hoje em dia vejo que isso é uma mera utopia e uma visão de amor egoísta que muito provavelmente não saciaria meus desejos (mas se quiser tentar me provar o contrário mande uma mensagem no meu Instagram, kkk brincadeira).

Umas das coisas que fazia para amenizar (além de encher os ouvidos do Beto e outros colegas com meus sentimentos) era descarregar essa raiva, tristeza e frustração em textos. As vezes escrevia com tanta raiva que chegava a rasgar a folha do caderno com a caneta. Isso me conformava de alguma forma. Para mim era como se eu pudesse gritar sem precisar incomodar ninguém.

Sete Anos entre Calabouços e Dragões

O tempo passou e no período em que prestei meu serviço militar obrigatório comecei a jogar RPG com meus amigos Beto, Diego e Gui. Para essa aventura tinha escrito também uma introdução para a personagem que criei.

Seu nome era Vish’nu (se fala Vixnu como o deus hindu). Uma jovem humana (sim, interpretei uma personagem feminina e não restrinjo o gênero na hora de criar um novo) que fora misteriosamente abandonada no meio da floresta quando recém nascida. Sendo encontrada com um estranho arco ao seu lado por um grupo de elfos negros que cultuavam uma deusa boa. Foi treinada nos caminhos da natureza e acreditava que tinha adquirido poderes mágicos pelo tempo que ficou vivendo com eles. Um dia, foi enviada para representa-los em um encontro de grupos que viviam na floresta... bem, poderia descrever mais dessa aventura, mas isso estenderia demais esse texto pois tive sete anos de muitas histórias ao lado dos meus amigos.

Todos nós tínhamos vontade de escrever mais sobre nossos personagens. Eu com Vish’nu, Beto com Alad, o halfling druida e Diego com Nathanael, o Paladino. Com o tempo, outras coisas foram tomando prioridade. Mas em mim (e imagino que neles também) esses personagens continuam vivos.

O Blog e a Faculdade

Durante essa campanha de RPG, eu resolvi criar um blog chamado “Taverna do Jão”. Nele eu escrevia sobre as coisas que gostava (nerdices), replicava notícias, compartilhava link’s para download. Escrevi semanalmente por quase três anos. Claro que tive meus períodos de hiato, mas até que não eram muito longos. Não compartilhava minhas tristezas nele. Foquei em informação e entretenimento.

Logo depois disso eu cai de paraquedas (graças ao PROUNI) na faculdade de jornalismo. Escolhi essa graduação pois ela me parecia ter uma variedade maior de conhecimentos em relação a outras. Pensava que, se eu me tornasse um jornalista teria chance de conhecer sobre o máximo de coisas que pudesse decorar (e escrever) . Estava certo nesse ponto.

Na faculdade aprendi as técnicas para montar um texto jornalístico: Os seis “Q”, pergunta regente, simetria de texto, uso de palavras ambíguas, linha editorial, angulação. Acabei ficando, sem modéstia,  muito bom. Na época eu não tinha percebido (apesar das pessoas sempre falarem). Só vim me dar conta disso recentemente quando algumas pessoas me pediram para revisar seus textos.

Tive noções de fotografia, criação de publicações impressas, produção de programas de rádio e televisão (com foco no jornalismo). Também foi nesse período que ocorreu meu primeiro contato com edição de vídeo (o que viria a se tornar atualmente minha principal fonte de renda).

Foi nesse tempo que minhas conversas com o Beto, Diego e Gui começaram a tomar pontos mais acadêmicos, sociais e até políticos. Nos tornamos mais questionadores, debatíamos sobre um monte de coisas além de continuar falando sobre as nerdices de sempre.

Fiz colegas na faculdade (que me arrependo profundamente de não ter ficado mais próximo) e cheguei a gostar de uma colega de classe (que não deu em nada novamente por meus erros).

Outro Blog, Um Estágio de Verdade e a Síndrome do Impostor

Mais próximo ao fim da faculdade uma colega me convidou para escrever em um blog/site que ela estava criando com a irmã e mais algumas pessoas. Escrevi bastante no início mas com o tempo fui de dedicando cada vez menos a ele. Cada semana que não conseguia ter vontade de escrever uma matéria, me enchia de uma culpa que me sufoca até hoje. O site ainda existe mas, obviamente, não foi por meu mérito.

Ao mesmo tempo, consegui um estágio em uma central sindical. Antes deste tinha conseguido outros. Mas estes eram na verdade trabalhos de telemarketing. A verdade é que as empresas se aproveitavam (e continuam fazendo até hoje) a lei do estágio para conseguir mão de hora muito abaixo ao valor do mercado.

Na central sindical eu estagiei durante um ano. Após isso fui efetivado. Lá eu realizei muitas funções: social media, cobertura foto-jornalística, cobertura de eventos sindicais, escrevia para o site, adicionava conteúdo, auxiliava em coisas internas. Até monitoramento por redes sociais eu fiz. Cheguei a viajar a trabalho para São Paulo (SP), Teresópolis (RJ) e Luziânia (GO). Graças a esse ultimo que fiz minha primeira (e única até o momento) viagem de avião. Mesmo tendo acontecido muitas coisas chatas, gostei muito do tempo que trabalhei lá.

Mas aí chegou o último período da faculdade e o maligno TCC. Eu sabia qual seria meu tema, já tinha boa parte da bibliografia, já estava lendo um pouco sobre...mas empaquei. Por algum motivo eu não consegui desenvolver o texto no papel. E para piorar, o pouco que conseguia escrever apagava pois achava muito ruim. Me bateu uma síndrome do impostor. Parecia que durante todos os quase quatro anos da faculdade tinha conseguido enganar professores, família, amigos e principalmente a mim próprio. Resolvi trancar a matrícula para colocar as ideias no lugar. Pensei que seria só por um período. Já fazem 3 anos (ou mais).

Brave New World

Muito tempo passou e muitas coisas aconteceram (boas e ruins). Não consigo ver meus amigos na frequência que gostaria. Seja por falta de tempo ou um impulso incontrolável que adquiri de querer ficar em casa. Estou desempregado a um bom tempo e graças a uma pessoa que trabalhou comigo na central sindical consigo alguns freelas com filmagem e edição vídeo. Apesar de ser bem diferente desta pessoa, eu a respeito e sou grato pela ajuda dela. Também realizei um pequeno sonho de ter um canal no YouTube e tenho postado coisas com uma certa frequência.

Tem algumas coisas em vista mas nada cem porcento confirmado. Tomara Deus, ou Oxalá, ou Buda, ou Krishna, ou Odin (ou até meus Arceus) que algo se concretize. Mas apesar do cachorro preto ser muito pesado, eu ainda consigo puxar a coleira. Estou cheio de dívidas e não gosto de me sentir um peso para ninguém, muito menos para minha família que tem me ajudado bastante nesse período e com a qual tenho me dado melhor (mas não o quanto eles merecem).Até algumas horas atrás não tinha vontade de escrever. Mas parece que me empolguei um pouco. 

[pipocacompequi]

[Em set] “Ela só quer ser Maria” de Victor Vinícius

Apesar do aumento da visibilidade, as representações de pessoas transexuais em telas grandes e pequenas têm um longo caminho a percorrer. O diretor goiano Victor Vinícius finalizou no mês passado, o curta-metragem “Ela só quer ser Maria”, um filme que se propõe a tensionar a fronteira entre o real e o imaginário, partindo de uma construção visual dos medos, sonhos e desejos de Maria, uma personagem trans.

Maria encontra um cara com quem ela sonha todos os dias, há bastante tempo. A partir desse encontro, ela imagina diferentes cenários para o  que vem depois. Partindo dessa premissa, Victor Vinícius deu forma a um roteiro que teve seu primeiro tratamento em 2015, sendo que, até o momento da filmagem, havia passado por mais cinco revisões e alterações até chegar num estado consistente que agradou o jovem roteirista, que é Mestre em Comunicação, Mídia e Cultura, pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Audiovisual, pela Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Assim que finalizou as gravações de seu segunda curta-metragem, Victor topou falar com a gente sobre o processo de construção do filme.

Entrevista

Victor Vinícius é escritor, roteirista e ator. É criador do blog Estoriatos, onde escreve poesias e outros textos. Trabalhou na área de produção em diversos projetos audiovisuais, entre curtas, cursos de formação e festivais. Foi diretor e roteirista de dois curta-metragens: o documentário "{DES}Conectada", onde também foi editor, e a ficção "Quando você está aqui". Atuou nos curtas-metragens "Infrutífero" e "Cavaleiros da Vergonha", além do espetáculo "A Megera Domada". É pesquisador da área de roteiros, tendo realizado no mestrado e na graduação trabalhos de conclusão nessa área de estudo.

Pipoca com Pequi: Conta pra gente sobre a preparação dos atores. Como foi o processo e como foram escolhidos?

Victor Vinícius: A escolha dos atores foi feita a partir de testes. Inicialmente eu mandei várias opções de pessoas para a Taynara (nossa produtora de elenco) e escolhas que fiz com base no perfil físico dos personagens. Mandei tanto atores quanto não atores, porque meu plano “A” para o filme era trabalhar com quem ainda não tivesse muita experiência com o cinema. Felizmente conseguimos isso.

Especificamente pra Maria, a protagonista, eu tinha um desejo muito grande que fosse interpretada por uma atriz trans que estivesse passando pelo processo de transição. Se a gente não achasse, a segunda opção era mudar o perfil da personagem e aí abrir mão dela ser trans, provavelmente afetaria o roteiro em alguma medida. Novamente, deu tudo certo e encontramos a pessoa certa pra Maria. Trabalhar com a Alê, o Luís e o Zé foi muito bom, os nossos encontros, presenciais e virtuais, sempre renderam bastante.

O processo de preparação foi pensado pra uma construção conjunta desses personagens (a Maria, o Kevin e o B). Entender quem eles são, como eles agem, como eles falam e relacionam entre si. Essa foi a nossa base. A partir disso, fomos para as cenas de fato e aí pudemos trabalhar melhor os sentimentos e ações que estavam no roteiro. Foi bem prazeroso, principalmente porque os meninos souberam responder bem às minhas orientações e captaram rapidamente à essência dos personagens, sem contar as contribuições que eles davam no meio do processo. Foi importante também a maneira como os testes de elenco aconteceram, pois eu aproveitei esse momento para dar informações importantes sobre os personagens, o que fez com que durante os ensaios a gente acabasse relembrando de coisas que foram feitas ainda nos testes. Outro ponto positivo foi a abertura que eles tinham pra mudança física, o que fez total diferença pro filme. E aí pensando nesse processo de preparação. Não dá pra deixar de comentar a diferença que faz ter uma equipe entrosada par o filme desde a pré-produção. Tenho total certeza de que a Taynara (produção de elenco), a Wilma (diretora de arte e figurinista) e a Ana (maquiadora e cabeleireira) têm uma parcela significativa no auxílio da construção desses personagens.

Pipoca com Pequi: E a fase das gravações, conta um pouco sobre esse processo.

Victor Vinícius: Eu gosto muito de estar em set. De todas as experiências, em diferentes funções, sempre saio com a certeza de que uma equipe bem entrosada faz uma enorme diferença pro resultado do filme. A direção é algo novo pra mim, eu sou muito mais da escrita e da atuação. Então, vez ou outra bate a insegurança de "será que é isso mesmo?", principalmente durante a pré-produção. Aos poucos essa sensação vai passando, em grande parte porque sinto que a equipe vai entendendo melhor o filme e na mesma medida eu vou me sentindo mais confiante. As gravações do "Ela só quer ser Maria" aconteceram em dois dias, cada um numa locação diferente. As coisas fluíram muito bem e acho que isso só foi possível porque a equipe esteve ali, entregue, de maneira criativa e eficiente. Essa coisa do entrosamento realmente faz muita diferença no cinema e talvez por isso eu tenha ficado com a impressão de que foi um set muito bonito, tranquilo e bom de trabalhar. Em alguma medida, pode ser um reflexo da própria proposta do que é o filme, mas aí já não passa mesmo de uma vaga ideia que acabou de surgir na minha cabeça. (risos)

Pipoca com Pequi: Esse é seu segundo curta, o roteiro do primeiro "Quando você está aqui" percorre pelo difícil caminho do tema solidão e suas lacunas na vida de um casal. O "Ela quer ser Maria" pode-se dizer, que é sobre desejos inalcançáveis? Quão desafiante é para você, enquanto roteirista, transpor para um conjunto de ações e cenas, sentimentos e abstrações, como os de seus personagens?

Victor Vinícius:  Acho que o centro do "Ela só quer ser Maria" é a oposição entre liberdade e prisão, além dos demais sentimentos e sensações que permeiam esses dois pontos. O principal objetivo da Maria, é poder ser quem ela é, sem que isso incomode alguém, sem que isso interfira nos seus sonhos e desejos ou que a faça se sentir ameaçada. O filme é sobre isso: ela tentando lidar com seus próprios fantasmas. Essa parte da escrita, de construir esses sentimentos nas cenas, é uma das mais complicadas e prazerosas pra mim. Isso é uma das coisas que mais me motiva a escrever, porque sinto que o roteiro tem que ter essa obrigação de entregar não apenas sons e imagens, mas também sentimentos e sensações que surjam a partir desses elementos. Acredito que a linguagem do roteiro e, consequentemente, do filme, nasce aí. 

Eu também costumo pensar muito enquanto ator, "quais informações eu gostaria de ter já no roteiro?". Sempre lembro de um trecho de uma entrevista que li do William H. Macy, em que ele diz que a preparação do personagem está na página, está no roteiro. E aí pra completar, de um outro ponto de vista, tem o Brett Ratner que é diretor e diz, que se não está no papel ele não pode criar, ele não pode fazer isso. Claro, são duas opiniões no meio de várias outras, mas eu sinto que o roteiro tem esse papel importante pra tudo o que vem depois. Mesmo que o produto final seja bastante diferente do que é o roteiro (e quase sempre é), foi dele que nasceram as imagens. Então eu tento pensar que cada cena, cada ação, constrói quem esses personagens são e quem eles se tornam ao longo da narrativa. Sinto que além de um funcionamento objetivo, o roteiro precisa ter essa capacidade de fornecer informações que abram margem pra que a equipe do filme consiga pensar criativamente essa estória.  Pipoca com Pequi: Com as filmagens encerradas, quais serão as próximas fases do curta?

Victor Vinícius: Nesse momento estamos indo pro segundo corte do filme. Depois que a gente fechar a montagem, aí partimos pra finalização de cor e som. E por fim, com o curta já pronto, distribuímos ele para os festivais. De qualquer maneira, creio que o filme fique pronto até o final do ano.

A atriz Alê Alves em cena.

Pipoca com Pequi: Ainda sobre roteiro, para quem deseja aprender a escrita de roteiros, o que é preciso saber?

Victor Vinícius: Não vou negar que é importante conhecer a linguagem de um roteiro cinematográfico e ler os manuais ajuda bastante pra quem tá começando. Mas eu acho que quem quer ser roteirista, quem quer trabalhar com a escrita, precisa escrever. É fundamental que se escreva, mesmo que seja algo simples, pequeno ou até ruim. Outra coisa importante é ler roteiros, conhecer mais e mais sobre o funcionamento desses textos. Consumir audiovisual também ajuda muito (ver filmes, séries, novelas, webséries...). E, acho que além dos manuais, que precisam ser lidos com cuidado pra que não se tornem regras máximas do roteirista, é bom ter outros tipos de leitura que poderão ajudar a pensar a sua narrativa, seus personagens e inclusive podem dar boas ideias. Vejo também como uma atividade necessária ter uma noção de como as pessoas agem, como elas falam, porque não dá pra fugir do fato de que nosso material de trabalho é humano. A gente conta sobre a vida dos nossos personagens e acho que observar o mundo que te rodeia pode ajudar bastante nesse sentido.

Pipoca com Pequi: E para quem deseja gravar um primeiro curta, o que você teria a dizer?

Victor Vinícius: Não sei se sou muito bom em dar dicas, mas vamos lá. Diferente da escrita de roteiros, fazer um filme não é algo que depende exclusivamente de uma única pessoa. Antes de qualquer coisa, acho que é bom você ter uma equipe que acredite no seu projeto. Sei lá, se o curta for feito sem grana, por exemplo, não tem outra maneira dele ser realizado se não houverem pessoas que estejam dispostas a doar seu tempo e sua mão de obra pra isso. Caso o curta tenha algum tipo de incentivo financeiro, aí o esquema muda um pouco. É importante também que você saiba o que quer fazer e que esse projeto seja consistente, porque assim pode ser mais fácil conseguir essa equipe e possíveis apoios (financeiros ou não). E acho que é bom começar por coisas simples também. O clássico ditado do menos é mais. Claro, se você tiver uma ideia de ficção científica, que seja consistente e que não dependa de muito dinheiro, vá em frente! Pode ser bom um pouco de ousadia também. 

Ficha técnica:

Roteiro e direção - Victor Vinícius Assistente de direção - Gabriel Newton Produção de elenco - Taynara Ferreira Borges Maria - Alê AlvesKevin - Luis Fernando B - José Guilherme Direção de fotografia - Antônio Henrique Lopes Queiroz Assistente de câmera - Michely Ascari Maquinista/Eletricista - Thiago Nícolas Direção de arte - Wilma Morais Assistente de arte - Ana Carolina Mendes Maquiadora e cabeleireira - Ana Paula Simiema Técnica de Som - Thaís Oliveira Microfonista - Nara Karolyne Sodré Direção de produção - Yasmin Lima Assistente de produção - Elton Santos Produção executiva - Nivia Neves Storyboard: Paulo Henrique Morais Estagiário: O. Juliano Gomez

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Dividimos apartamento por seis meses e também, durante todo aquele temporada, ela acordava às 3h30 da manhã para preparar monitorias que dava na universidade. Mais do que nunca, na faculdade ela precisava se diferenciar dos milhões de alunos chineses. As monitorias rendiam um dinheirinho extra. Além disso, ela traduzia para inglês os cardápios dos restaurantes da cidade, que lhe rendia outra renda extra. De tempos em tempos, fazia fainas para consultorias financeiras de Xangai, para vigiar mais quantia. Bom, mas a veras é que uma uma parte do seu moeda ela investiu em ações - que atualmente estão derretendo.