#assim como explicar a atual situação da pata (ou anja ou ser alado)
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eroscandy · 6 months ago
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I'M NOT THE GIRL I WAS OR USED TO BE
˖ BITCH, I MIGHT BE BETTER ˖
ou as rosas explosivas se tornam rosas mágicas
disclaimer: esse é um POV sobre a evolução de poder de Candace Sunshine Lovegood, filha de Eros. Passagem do nível II para o nível III. (@silencehq)
mencionados: @ncstya, @pips-plants, @mcdameb, @kittybt, @thecampbellowl.
A cabeça de Candace pendia para trás em exaustão, os cabelos alvíssimos balançando ao sabor do vento. Os olhos fechados impediam que as inúmeras estrelas dançassem além de sua capacidade, a que enjoava e torcia sua concepção da realidade. Deuses, como ela estava exausta. Meio jogada naquela clareia mais afastada, cercada de árvores assustadas com a presença da filha de Eros. Ela e a de Afrodite, que cruzava os braços e esperava-a descansar alguns segundos.
E se ela só levantasse e fosse embora?
Não seria a primeira vez que fazia com Anastasia. A de ignorar toda aquela lição sem sentido e tomar um bom banho em seu chalé. Quantas rosas precisava criar para que nenhuma fosse diferente da vermelha escarlate? Sua única e principal, tão bem estudada que tinha timer e concentração de dano. Candace podia viver com aquele poder. Era salva por aquele poder. Rosas mágicas que não pesavam nada e se enroscavam às flechas, explodindo monstros da existência terrena.
Mas era diferente.
Aquela vez era diferente e ela não sabia explicar o porquê. Com certeza, não era o surgimento milagroso de medo da instrutora. Muito menos o de que o dia tinha nascido lindo e belo, sem o preço das últimas semanas manchando o imaculado espaço abaixo dos olhos. Candace sabia que tinha algo diferente e o porquê ainda não saía dos seus lábios com facilidade.
Ergueu a mão e viu os dedos. As pontas rosadas de esforço, a palma arranhada pelo rolar de último minuto. Sim, as explosões não a machucavam. Porém, agitava o solo e as plantinhas minúsculas. Formavam uma bagunça tão grande que ela precisava se proteger dos detritos. E Anastasia girava os olhos e fazia aquele som com a boca. Um que a enervava e trazia aquele calor do fundo do estômago. Tão incandescente quanto aquele tom de escarlate.
Por que era diferente?
Por que aquela vez era diferente dos treinamentos passados? Dos jeitos mais mirabolantes de mudar a percepção do seu poder? Eros a instruiu no início, explicando o básico de algo tão desconhecido quanto... Incrível. O que a tinha salvado da fúria, sedenta por um pedaço seu. A voz de veludo contando sobre algo mais, que ele não podia dizer. Ora, que graça teria isso? De contar o fim da história perfeita de contos de fadas? E Candace se atinha àquelas palavras de acalento... Parando antes de atingir seu verdadeiro potencial.
Não tinha ficado decepcionada quando a colocaram no nível II. Sua cabeça estava mais preocupada em assuntos mortais. Sobre a carreira como modelo, seus projetos humanitários, os investimentos na bolsa de valores. Deuses, até acompanhar todas as corridas de Fórmula! Aquela parte da vida... Não já estava suficiente? Não parecia tão bom quanto possível?
E os segredos voltavam à tona, certo? Não eram feitos para ficar tanto tempo escondidos e, nunca, esquecidos. Foi durante a missão de resgate que sentiu a fisgada pela primeira vez. Candace acho que fosse pedras batendo contra as costas depois de explodir aquela rosa enorme no centro da hidra. Uma dorzinha chata, uma coceira insuportável. Coceira é sinal de recuperação de pele e ela tinha se arranhado. Fim. Mas, no dia seguinte, quando conseguiu deixar Pietra e Brook, encontrou uma pena branca em suas roupas.
Segurar aquela alvura em mãos, percorrer o dedo pelo centro firme e alisar as pontas rosadas, de um tom pálido e esmaecido. O que significava? Seria um toque do pai? Um empurrão dele para correr mais rápido e chegar a tempo de salvar os amigos? Seria um sinal de que ela ainda a via mesmo preso no Silêncio no Olimpo? Candace sustentou as dúvidas, percebendo que só as carregava por tanto tempo quando correu de Kitty no estande de tatuagem em Waterland.
Por que estava tão assustada? Por que precisa escondê-las? Por que tinha vergonha?
As perguntas enchendo sua cabeça, promovendo uma tempestade tão grande... Que desaparecia. Mãos gigantes envolvendo aquele caos e acalentando, acalmando até reduzir num pequena pérola. Porém, antes que finalizasse naquela joia perfeita, Eros a interceptou. Bonbon, a promessa que fiz aos seus pais prescreveu. Já é hora de você assumir a minha herança, dominar o que eu te dei de presente. Bonbon, é sua hora de enxergar. Aquela pérola, que ela achava ser a única, rolou para o centro. E mais uma. E mais três. E uma dezenas delas.
Redondas. Brilhantes. Coloridas.
O vermelho predominante perdia o poder ao lado de amarelas e laranjas, um pôr do sol que só melhorava ao acrescentar as brancas e rosas. Cinzentas fechavam aquele brilho, tudo rodeado por uma onda azul. O roxo brincava com o verde ali, ao lado da violeta e uma bege. Essa bege estava muito confusa. Eram tantas pérolas, tantas cores... Tantas lembranças recolhidas, armazenadas, que ela mais ou menos lembrava.
Candace gemeu do lugar onde estava sentada, as mãos forçando-a a se levantar mais uma vez. Mais uma vez. Tinha sido ela ou Anastasia? Tinha sido o pai ou a consciência?
As mãos estendidas estavam juntas formando uma concha. O brilho suave da magia pincelado pétalas gordas e vistosas, criando a mais bela rosa entre os dedos. Mas não tinha cor. O rosada salpicado de estrelas esperava alguma coisa. Algum comando? Agitando-se, flutuando, preguiça e ansiedade misturadas.
Oh. As pérolas em sua cabeça zumbiam com a mesma frequência daquela rosa. Ansiando, gritando, implorando. E ela não sabia como responder. Não sem se lembrar...
Eros passando a mão em seu rosto, afastando os cabelos e depositando um beijo em sua testa. Enxergar, ele dissera. Mas ela não estava cega. O que não enxergava? Seriam as pérolas? Candace pegou a laranja em mãos e a apertou, sentiu a resistência e textura.
Quando chegou ao chalé de Eros para se arrumar, foi que percebeu. As costas ainda pinicavam e coçavam, as asas escondidas se faziam presentes. Consciente. Candace não tinha essa percepção. Não. Toda vez que sem querer as colocava para fora, uma calma abatia em si e tudo se resolvia rapidamente. Não era um esquecimento, só... Uma mudança de prioridade. Como desfilar e sentir seu salto quebrar. Tire o sapato e continue, oras! Esquecer o problema para depois, ou sequer lidar com ele.
Enxergar, tinha dito Eros. Enxergar como pare e conserte o salto. Ou, como fazia ao segurar a rosa crescendo em suas mãos, eleve-se ainda mais e abrace o salto quebrado.
Vamos combinar, era bem mais impressionante.
Candace percebeu o padrão daquelas pérolas conforme segurava, um vislumbre do que estava nelas passando como um filme e ela lembrando. Cada uma delas... A esfera esfarelou em seus dedos ao ser quebrada e ela soube... Ela soube...
Quando descobriu que tinha asas, sua mãe correu para segurá-la nos braços e clamar por seu pai. Quando produziu a primeira rosa, a governanta a pegou imediatamente e colocou-a dentro de uma caixa. Quando dançava pela casa e flutuava, sem querer, no grande salão. Quando tudo a irritava tanto que a visão escurecia e ela via pétalas verdes por baixo dos pés. Quando sonhava acordada, abraçada a uma almofada, e uma flor rosa surgia atrás da orelha.
Cada um desses eventos... Cada uma dessas evoluções... Forçadamente empurrada para o fundo de seus pensamentos, números enormes numa fila de espera que não se movia.
E ela tinha que admitir que era fácil cair naquele ciclo. Uma mulher que crescia com tamanhas responsabilidades? Tão grandes ambições? Era apenas uma! Uma para abraçar duas vidas tão díspares. Conseguir uma vida dupla assim, Hannah Montana?
Eros tinha acabado com essa facilidade, mas não para a tristeza de sua filha.
Oh, porque ela agora enxergava. Enxergava que sempre soube do caminho a seguir e se poupava, se reprimia para comportar uma faceta da sua vida. Enxergava porque, mesmo assim, se submetia às horas de treino com Anastasia e sucumbia ao cansaço no esforço que parecia vão. Enxergava a necessidade de correr para Charlie e revelar suas asas. A primeira, a mais importante, antes de desfilar com elas onde fosse.
Candace lançou um olhar irritado para Anastasia, um que ameaçava arremessar outra rosa explosiva em sua direção. Daquelas bem ruinzinhas, imediatistas. A rosa vacilava com aquelas quebras de concentração e ela precisava manter estável.
Lembre-se do treino e da respiração. Lembre-se da intenção por trás da criação. Lembre-se de não deixar pontas soltas. Molde como quiser. Dê asas à sua imaginação. Controle os impulsos. Isole uma emoção. Não confunda os detalhes!
De longe parecia muita coisa para pensar, mas a instrutora tinha a deixado tão acostumada (para não dizer, dolorida) que era como respirar.
Porque ela sabia agora... Sabia o que podia fazer...
E era só focar para conseguir o resultado.
A filha de Eros fechou os olhos com medo de produzir mais uma rosa vermelha e explosiva. O nível II estampado em sua testa (metaforicamente) conforme ela criava existência, saindo do reino mágico de seus dons. A maciez acariciou as palmas arranhadas. O perfume a envolveu num abraço.
E quando ela abriu os olhos...
Um azul profundo e rico enfeitou sua visão marejada.
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