#aerys:pov
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POV.2 - As várias partes de uma mente
1997
Um pequeno garotinho lhe observa de longe, com receio de se aproximar, e toma seu caminho em uma corrida a passos curtos por um beco, cujos panfletos espalhados pelo chão e cartazes gastos pelo tempo colados nas paredes datam o ano de 1997. Ele continua correndo até o fim onde vira a direita e se esconde. É noite e as ruas estão frias e vazias emanando solidão sob o ar úmido, pois acabou de chover. Os televisores na vitrine de uma loja mostram um rosto pequeno e conhecido, com olhos castanhos e cabelo negro e, no rodapé da tela, um letreiro com os dizeres PROCURA-SE.
Sua mente partida, dividida e misturada em um emaranhado de labirintos e corredores, capazes de fazer se perder qualquer um que tentar adentrar sem convite. Um lugar que veio a se tornar perigoso devido as barreiras psíquicas levantadas e as batalhas travadas. Uma mente machucada e calejada sem condições de cicatrização.
O que antes era apenas um contato mental-visual em momentos de desespero, dor e angústia, em pesadelos e devaneios, agora se torna um confronto cara a cara. A prisão, a não muito criada, fora superada e suas barreiras derrotadas e desfeitas. Ele está mais forte do que jamais esteve, mais feroz, mais voaz, mais... Cruel. Você ter vindo aqui foi o maior presente que já desejei, sua voz soa como um arranhar de unhas em metal. Aerys o encara, indefeso, pois não está ali por intenção. - Vim te colocar no seu lugar... Mais uma vez. - Aerys responde denotando ameaça e convicção, mas vacila. A não ser que tenha vindo aqui propositalmente, ele continua, com um vislumbre de oportunidade, e ignora as palavras proferidas e ouvidas. O lugar é familiar, mas ao mesmo tempo desconhecido... Tudo parece ter mudado, mas... Espere... O que é isso?
O pequeno garotinho corre pela rua deserta, sempre olhando para trás com curiosidade, a passos pequenos e quase aos tropeços nos próprios pés. Está preocupado e apavorado querendo ajuda, querendo ser seguido. Tal curiosidade o tirou de onde deveria estar, de onde precisa estar, do esconderijo que criou para si mesmo perante o perigo que agora o cerca de todos os lados podendo chegar a qualquer momento se ele souber onde está. Entretanto, ao sentir aquela presença incomum, cuja energia é completamente diferente de tudo que ali se cria, precisou fugir e buscar ajuda numa centelha de esperança sentida. Um trovão ecoa pelo céu noturno particularmente tão negro. O par de olhos amarelos se abrem quebrando a escuridão e o garotinho, então, interrompe sua corrida para apontar para o céu e lhe encara profundamente com um olhar pedindo ajuda.
E as coisas s�� melhoram, ele ri. Aerys sente-se preso, novamente. As paredes são frias como metal, e sua visão é enegrecida. - SOCORRO. ME DEIXE SAIR. SOCORRO. SOCORRO. ME DEIXE SAIR. - Suas mãos agridem com voracidade aquilo que o prende, aquilo que parece diminuir apertando-o, fazendo-o encolher-se cada vez mais trazendo à tona o seu maior medo. - SOCORRO. ME DEIXE SAIR. ME DEIXE SAIR. SOCORRO. - Aquela risada, macabra e maquiavélica, é ouvida do lado de fora. Não sabe o quanto esperei por isso.
Visivelmente assustado, o pequeno garotinho volta a correr até irromper porta adentro de uma casa comum, tal como qualquer outra onde uma família normal do subúrbio viveria feliz com filhos e animais de estimação, perdendo-se porta a dentro.
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POV.1 - Pesadelos e devaneios
03:46 da manhã
Noites diferentes, mesmo sonho. Uma forte angústia lhe aflige o peito e a dor o acomete por inteiro, o consome… cada fibra dos seus músculos, cada veia e artéria do seu corpo penetrando-lhe a pele alva que absorve o veneno tal como uma folha deixa-se ser penetrada. Tantas vozes. Tantas pessoas a sua volta gritando, berrando, com tanta raiva e fervor nas palavras que não consegue entender nem mesmo uma única sílaba… Tantas de uma só vez, ao seu redor. As faces cravejadas de muito ódio e rancor. Aerys é, novamente, a criança que costumava ser, mas em seu corpo de vinte e seis anos de idade agachado em meio a multidão com as mãos sobre os ouvidos. Tantas vozes. A claridade branca começa a piscar num tom de vermelho sangue e as pessoas mudam suas formas humanas para formas cadavéricas e em meio a elas ele o vê.
Aperta os olhos, os comprime fechando-os em seu máximo “saia daqui. Saia, por favor”, ele resmunga sem querer sobressair-se das vozes que o rodeia. O cenário muda. Aerys se vê, em pé, defronte um campo a perder-se no horizonte tão verde, tão vívido, mas tanta beleza não dura. Uma explosão, tão longínqua, leva tudo à terra árida salpicada com fogo e destruição a toda volta. No céu olhos amarelos se abrem junto de um sorriso aterrador. Aerys corre para o lado contrário, corre para uma luz em um corredor que parece não querer terminar. O corredor se alonga cada vez mais e seus passos desaceleram contra sua vontade.
O lençol e roupa de cama estão empapados de suor assim como ele por inteiro. Os fios negros estão colados na testa cuja face é de dor e medo. A sua volta os móveis estão arrastados, caídos, jogados, empurrados, puxados… De todas as formas sobre o chão. Ele bufa de cima da sua cama. A janela aberta deixa uma suave brisa fria preencher todo o quarto enquanto as cortinas venezianas batem e chacoalham em movimentos arrítmicos com o barulho das janelas se chocando com seus batentes. As vozes ainda o atormenta. “Faça elas pararem”, sussurrou em um estado entre o sono e o despertar.
Os corredores tornam-se longos e com curvas sinuosas, portas vem e vão, bifurcações, curvas para a direita, curvas para a esquerda, escadas que sobem e descem. Já cansado Aerys desiste de correr e encontrar uma saída - Mas eu estava dormindo. - Diz para si mesmo. Estava?… Estava… estava?… Tava… Es… estava? - ME DEIXA EM PAZ. - Ele vocifera para o alto rodando no próprio lugar a procura dos olhos e sorriso malignos. O silêncio é tomado por uma risada estrondosa e tão aterrorizante que suas pernas tremem. - Eu preciso sair daqui. - Crianças rirem a sua volta, muitas delas, risadas de desdém, de desgosto como se estivessem deleitando-se pelo que vêem. Seu corpo inteiro arrepia. Obrigado, ele diz, com a voz diferente e macabra e elas começam a rir de novo. Obrigado, ele sussurra. Um sussurro que ecoa por todos os lados.
As lágrimas irrompem a barragem que as seguravam. Seus olhos, vermelhos e marejados, derramam o líquido salgado que escorre pelas maçãs do rosto. - Não… Você nunca vai ter o controle? - Ele diz. Não?… Não… ão… Não? Bloodraven sussurra de volta com seus ecos e logo vem o silêncio. EU JÁ O TENHO, este, aprisionado, grita a plenos pulmões levando a mente de Aerys ao limite, então se vê preso, novamente, na cela em que passou anos da sua vida. Seu maior pesadelo, o laboratório. Todavia o pior disso tudo é estar preso. A visão, único sinal que tinha para saber que não é real, que era um sonho e estava em sua própria mente, lhe é tirada e o desespero arromba a porta que o mantinha do lado de fora.
Ele desperta. O lençol e roupa de cama estão empapados de suor assim como ele por inteiro. As mechas negras coladas na testa são afastadas pela mão de dedos finos e esguios. A sua volta os móveis estão arrastados, caídos, jogados, empurrados, puxados… De todas as formas sobre o chão. Ele bufa de cima da sua cama. A janela aberta deixa uma suave brisa fria preencher todo o quarto, esta, que parece leva-lo até o batente e se curvar sobre o espaço vazio e apoiar a cabeça nas mãos. As vozes o deixaram. As vozes não mais o atormentam.
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