#TUMBLR FERRANDO A EDIÇÃO MDS

[saturnrcturns]

❝  will you just slow down a minute!  i’m trying to tell you i love you too.  ❞ (kaito & ronnie)

        ── ⋅ ⋅ ⋅ ──── ❛  𝐧𝐨𝐰 𝐬𝐩𝐞𝐚𝐤𝐢𝐧𝐠 : 𝐕𝐞𝐫𝐨𝐧𝐢𝐜𝐚 𝐌𝐜𝐊𝐢𝐧𝐧𝐞𝐲  ❜ ──── ⋅ ⋅ ⋅ ──

Fugir de Kaito foi sua saída mais covarde, mas a única que evitava a inundar de sentimentos ruins. Eram amigos antes, e lhe doía pensar que perderiam isso, mas, ao mesmo tempo, o quão masoquista conseguia ser em orbitar em volta dele, sendo atraída pelo calor e luz que ele emitia de forma tão natural, sabendo que seus sentimentos eram diferentes? Não queria acreditar em um fim da amizade, a cumplicidade que tinham a fazia correr os olhos procurando por ele no primeiro lugar que entrava e a obrigada a se segurar para não ir mostrar qualquer coisa que novamente lhe empolgasse para o filho de Hefesto. Não fingiria que não sentia falta, sequer achava que alguém acreditaria disso ao ver o estado tão opaco em que esteve nas últimas semanas. Não chorou ou reclamou sobre isso com ninguém além do melhor amigo; Leo calou-se e aceitou enquanto Ronnie molhava sua camiseta com lágrimas, tão sentida como se o mundo ao redor deles não estivesse um caos bem maior do que sua miserável vida amorosa. Porém, ainda assim, não o culpava mais do que a si mesma pelo que acontecera; Kaito lhe acolheu com carinho e proteção, e sua mente delirante e coração romântico demais, se iludiu com uma possibilidade. 

Porém, não era, por mais injusto que fosse a situação, Kaito podia ser exatamente seu número, seu tipo ideal... Isso não a faria igualmente possível para ele. 

      "Eu nunca pensei na gente dessa forma..."

Foram só as palavras que conseguiu processar vindas dele antes de quase poder ouvir o som do seu coração se partindo. A esperança era ingrata, afinal, ainda que racionalmente já esperasse por isso, quando ouviu da boca dele a rejeição, o fôlego que nem sabia que prendia foi solto, a desilusão esmagando uma expectativa que tentou conter, inutilmente.

Distanciamento foi sua única saída, pensando que longe dos olhos e distante do coração, pudesse ser o bastante para aplacar o sentimento. Já havia se desiludido antes, seria só mais um processo doloroso, mas eventualmente, assim como as chamas que a lembravam dele, podia ser sufocado, era apenas parar de alimentar esse sentimento. E, por pior que parecesse, estar perto dele fingindo que nada era diferente, era alimentar sua ilusão de que magicamente as coisas mudariam. 

E estava indo bem nisso, não? O conseguia evitar com muita facilidade no dia a dia, afinal, se não invadisse as atividades diárias de Kaito, nem mesmo tinham compromissos iguais. Então, quando o viu entrar pelas portas de madeira do clube de artesanato, os olhos denunciaram o estranhamento. Já não tinha mais ninguém por ali, então presumiu que fosse apenas um mal-entendido desafortunado. ❝ Já acabou a reunião, se tiver procurando alguém, já devem estar no pavilhão. ❞ Anunciou, tão politicamente quanto podia, não queria ser grossa com ele apenas porque seus sentimentos não eram recíprocos. E, buscando encerrar aquele encontro desajeitado, afastou-se de onde estava, deixando o trabalho do mesmo jeito que estava; inacabado. Dirigiu-se ao canto da sala, onde a pia ficava para lavar a tinta das mãos. 

❛ Eu queria falar com você mesma, Veronica ❜

A frase não encheu seu coração de esperança como provavelmente faria em outro momento, pelo contrário. Verônica fechou os olhos, suspirando baixinho. 

❛ Kaito, não. ❜ Advertiu, e secando as mãos, se preparava para fugir dali, o mais rápido que podia, mais rápido que as lágrimas pudessem se formar. 

❛ Vee, a gente precisa conversar. ❜

Agora pode identificar o tom morno, carinhoso dele. Não era diferente do que recebia nos meses anteriores de amizade, por isso deveria ter sido tão fácil se apaixonar, tão fácil acreditar que era mais do que uma admiração quase fraternal. Pressionou os lábios em um bico consternado antes de se virar para ele, as fissuras em sua paciencia agora deixando escapar a mágoa que sentia.  ❛ Eu não tô pronta pra conversar com você agora, Kaito. Você precisava do seu tempo? Ótimo! Eu preciso do meu tempo agora. Eu não tô no momento de ser sua amiga de novo, de fingir que nada aconteceu. Não é justo comigo, ok? Eu vou esquecer tudo isso, mas não agora. Ainda não consigo. ❜ Queria não ter soado tão frágil, tão sentimental, mas era assim. Ela era assim... O peito subindo e descendo com a respiração pesada, e ela só pensou que era injusto com ela. Que aquele ano estava sendo injusto com ela...

Se ao menos o rio Lete viesse agora... E era uma divagação, novamente, uma fuga. Quase se virou novamente pronta para escapar quando a voz grave a atingiu em cheio, as mãos do filho de Hefesto a seguraram, impedindo de correr para longe. 

 ❝  will you just slow down a minute!  i’m trying to tell you i love you too.  ❞ 

A fala não teve o impacto que esperou, mesmo que, aquele momento, fosse tudo que ela queria há tanto tempo. Não parecia que estava num filme de romance, como buscava tão inconscientemente, ainda não, sua desconfiança tensionado sua reação. 

❛ Porque? ❜ Ela era alguém confiante, quando não estava em um dos seus momentos de vulnerabilidade, mas ali se sentia mais que vulnerável. se sentia exposta, muito mais que nua, se sentia despida de suas defesas. ❛ Porque agora você quer me dizer isso? Kaito... ❜ As sobrancelhas se ergueram, os olhos marejaram porque parecia cruel que ele fizesse isso. ❛ Você tá confuso e não quer perder a nossa amizade. Tarde demais para isso, só... Esquece. ❜ Tentou finalizar, mais que nunca queria chorar, as lágrimas até mesmo romperam todas as suas tentativas. E ao que tentou se desvencilhar, foi impedida. A mão dele a envolveu pela nuca e a puxou em sua direção, os lábios tomaram os seus e seu coração não poderia bater mais forte. Uma demonstração, uma faísca, e como tudo que ele tocava: incendiava. 

                                                                        Amor. 

O amor que queria sufocar sem ar, se alimentou com o toque, e naquele momento a dúvida foi consumida pelas chamas, envolveu-o também, se erguendo na ponta dos pés, incapaz de finalizar o contato ainda. 

Talvez precisasse aceitar que ele não era tão intenso quanto ela, que sempre sentia rápido e exagerado, mas no toque carinhoso, no sorriso brilhante e no afago deixado pelo polegar em seu rosto, pode sentir que apesar das diferenças, ele podia ser sincero com ela. 

  ❛ droga, eu gosto muito de você. ❜ Riu, tentando limpar as lágrimas dramáticas, que pela primeira vez o deixou ver. E o puxou para outro beijo, o primeiro, de muitos.