#SORRISO LINDO DO TRINCAS
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"E onde existir alegria e diversão, força e vitalidade sobre suas essências se ampliarão. Dou a vocês, meus travessos e sábios duendes, a minha Comarca, para que em momentos de necessidade ou de auxílio a outras raças, todos tenham mais uma dimensão como reduto. Vivam em prol da vida em sua felicidade plena, da trinca dos destinos, do reparo de aprestos cósmicos e do provimento da beleza dos sorrisos, pois em vocês, meus moldes álacres, sempre estará a imagem imorredoura da júbilo íntegro."
Disse o filântrus Ermeryndar do Bastonete do Destino, ao moldar a Massa Vida dos duendes, as criaturas mais divertidas e sapecas de Onomote. Também devemos agradecer a @manoelacosta, por mais este trabalho lindo de ilustração. Arrasou Manú!
Vamos as 10 curiosidades sobre essa raça:
1 - Também são conhecidos como "Dullen-Dinns", "Cetrossinas" e "Álacres de Ryndar";
2 - Possuem acesso ao plano Onomoteal e a Comarca de Ermeryndar, esta última que é considerada uma dimensão tangente aos Pilares de Âmago;
3 - São grandes artífices de adornos incrustados com gemas de Páramo, além possuir habilidades para criação e conserto de astroartefatos, que são objetos que contém uma pedra-alma;
4 - Utilizam a comunicação de outras raças ou sua própria linguagem, que embasa-se na repetição do próprio nome, do nome de outros duendes ou de seu moldarraça;
5 - Alimentam-se da energia da diversão, pregando peças e armando travessuras com qualquer criatura;
6 - São invocadores de portais dimensionais, que utilizam a Comarca de Ermeryndar como passagem ou direcionamento energético;
7 - Despertaram no reino de Endrilgadott;
8 - São grandes manipuladores de poções e criadores de bombas fedorentas, as famosas “cheiretes de Dûn-Dûn” e “pelotas fede-fede”;
9 - Podem regenerar qualquer membro perdido após o próximo espirro;
10 - Já nascem adultos, provindos do interior de árvores antigas e permanecem com as mesmas características físicas até o dia de sua morte.
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Capítulo 32 - O Que Houve?
P.O.V Camila
Desligo o despertador e vou até o banheiro tomar banho, se eu tivesse sorte minha mãe fingiria que nada havia acontecido.
Escutei a noite toda meus pais gritando e discutindo um com o outro, fiz questão de ouvir cada palavras que disseram e não pude evitar de chorar enquanto escutava cada palavra de ódio de que minha mãe dizia em alto e bom som, como se –no fundo- quisesse que eu escutasse o que ela realmente achava do meu namoro.
Confesso que nunca esperava aquela reação vindo dela, ainda mais alguém que sempre aceitou tão abertamente pessoas homossexuais. Acho que minha mãe era daquelas que “pode ser homossexual desde que não seja minha filha”. E, por mais triste que aquilo soasse, pela primeira vez –em uma fração de segundo- desejei não ser sua filha para que ela me aceitasse.
Meu banho foi rápido por eu ter lavado meu cabelo na noite anterior, sai do banheiro e me troquei rapidamente, pegando minha mochila e descendo as escadas para esperar Lauren me buscar para que fossemos até a escola, como acontecia todas as manhãs.
- Você ficou louca? – Escuto a voz do meu pai – Nós não vamos fazer isso, esqueça.
- Nós vamos, não quero Camila nem mais um segundo com aquela garota. – Não precisei ouvir mais nada, apareci na porta da cozinha, meus pais me encararam.
- O que está havendo? – Ajeito melhor minha mochila.
- Você não vai para a escola hoje, Camila. – Responde curta e grossa – Pode subir, você ainda está de castigo.
- Castigo por que? – Meu pai intervém – Por amar outra pessoa? – Sinto meu coração apertar.
- Alejandro, apenas pare. – Trinca o maxilar, irritada - Mais tarde irei pessoalmente a sua escola pedir sua transferência.
- Transferência? – Questiono confusa – Por que me transferir de escola?
- Não quero você perto dela ou de qualquer uma das influencias que ela arrastou para a sua vida durante esse tempo. – Abro a boca, surpresa com suas palavras – E fiz questão de informar Anne e Patricia ontem à noite das influências que Harry e Ally estão sofrendo ao estarem na companhia de Lauren Jauregui e seu grupinho.
- NÃO SÃO INFLUENCIAS. – Grito, me irritando – É QUEM EU SOU. – Sinto meus olhos ficarem marejados – ESSA SOU EU E ELA É A PESSOA QUE EU ESCOLHI AMAR, QUER VOCÊ GOSTE OU NÃO. – Meu pai entra na minha frente, me lançando um olhar triste – NINGUÉM ME FORÇOU A AMAR ELA, OU ME SENTIR ATRAÍDA POR MULHERES, EU APENAS SINTO ATRAÇÃO POR ELAS.
- Está tudo bem, querida, apenas vamos fazer o que ela disse por hoje. – Acaricia meus braços e me empurra levemente para trás – Prometo que não deixarei ela te transferir de escola, venha, vamos subir.
Chorando de raiva caminhei ao lado do meu pai escada a cima, ele abriu a porta do quarto e eu me sentei na cama, sentindo mais vontade ainda de chorar. Após limpar as lágrimas que rolavam pelo meu rosto, meu pai fez questão de distribuir beijos por todo o meu rosto e então me abraçar apertado.
Aquele havia sido o primeiro abraço desde que toda aquela confusão havia começado, e eu me deixei ser acolhida por ele, chorando em seu ombro. Meu pai me apertava contra seu peito e acariciava meus cabelos, confidenciando que me amava ainda mais agora e que tudo ficaria bem.
Após mais beijos e mais alguns minutos abraçado comigo, se afastou cuidadosamente e limpou mais uma vez minhas lágrimas, levando a mão até o bolso da calça para pegar algo. Meu celular foi estendido e ele pediu para que eu enviasse uma rápida mensagem para Lauren –antes que minha mãe desse falta do celular- informando que ela não precisava me buscar hoje, com o coração apertado, foi o que eu fiz.
P.O.V Lauren
Saio da cama, esfregando meus olhos e bocejando sem parar. Mesmo dormindo cedo, logo após dormir de exaustão, não havia descansado o suficiente para estar de volta a minha rotina chata. Entrei no banheiro e retirei meu pijama, jogando no cesto junto com todas as roupas sujas da viagem, ligando o chuveiro e entrando debaixo do mesmo.
Havia ficado acordada o mais tarde que consegui aguardando um sinal de vida da minha namorada me contando sobre como havia sido dar a notícia a sua mãe, mas ela não apareceu e o aperto em meu peito me deixava bem ciente de que algo ruim estava acontecendo e eu apenas não tinha conhecimento ainda.
Não demorei muito para sair dele, me enrolei em uma toalha e sai do banheiro bem na hora que escutei meu celular apitando, solto a toalha sobre a cama e sorrio ao ver que era uma notificação da minha namorada.
Camz: Não vou na escola hoje, não precisa vir me buscar.
Lauren: O que houve? Por que você sumiu?
Camz: Sem tempo para explicar, pergunte ao Harry, eu amo você.
Lauren: Eu também te amo.
Vesti o primeiro par de roupa intima que encontrei na minha frente, sequei meu cabelo de qualquer jeito e sai correndo para vestir uma calça jeans e uma das minhas blusas pretas –optando por pegar uma com estampa de banda-, calcei meu All Star e peguei minha mochila, descendo as escadas correndo.
Enquanto colocava um pouco de cereal e leite em uma tigela acabei ligando para Harry, que não me atendeu em momento algum. Meus pais notaram o quanto eu estava inquieta, assim como meus irmãos, e todos fizeram questão de me questionar sobre, mas acabei deixando de lado. Me despedi de todo mundo depois de terminar de comer e entrei no meu carro para finalmente ir à escola.
Foi o tempo de eu estacionar e pegar minhas coisas, pude ver Harry olhando atentamente para todos os lados a procura de algo ou alguém, que eu descobri ser eu assim que ele se virou e arrastou Ally para perto de mim.
- A Camila desapareceu depois que chegou na casa dela, ela nunca dorme sem me ligar ou sem ao menos me mandar uma mensagem de boa noite. – Falo em um fôlego só – Hoje de manhã ela me mandou uma mensagem curta e grossa dizendo que não iria vir para a escola, o que houve? – Sentia meu coração bater tão acelerado que me sufocava.
- Sinuhe. – Falam ao mesmo tempo.
- Camila contou, não é? – Assentem – E o que houve? Deu tudo errado?
- Sinu ligou lá em casa. – Ally começa – Perguntou para a minha mãe se ela tinha consciência que Camila e eu estamos andando com ‘más influências’ e coisas do tipo, minha mãe não soube o que dizer e apenas informou que iria conversar comigo. – A encaro atentamente, tentando descobrir aonde ela iria com tudo aquilo – Sinu quer tirar Camila da escola, Lauren e ela não quer vocês andando juntas. – Sinto meu coração parar.
- O que mais? Ela disse mais alguma coisa para a sua mãe?
- Disse. – Fala receosa – Mas eu não quero dizer, são coisas feias...
- Apenas diga, Ally. – Resmungo brava.
- Ela não quer uma filha ‘sapatão’ e não admite que você obrigue Camila a ser o que ela nunca foi, então vai fazer o que estiver ao seu alcance para mantê-la longe de você.
- Mila conversou comigo antes de falar com a mãe, Laur... – Sinto um bolo se formar em minha garganta – Ela disse que éramos para ignorar qualquer coisa que Sinuhe dissesse, ela te ama e vai ficar tudo bem, é apenas o primeiro impacto. – Comprimo os lábios.
- E-Ela... – Sinto minha voz falhar, respiro fundo – Vão muda-la de escola?
- Ela quer, mas duvido que Alejandro irá deixar. – Ally fala honestamente – Lembre-se, o pai dela está do lado de vocês. – Concordo roboticamente com a cabeça – Você precisa de algo?
- Hey, gente. – Niall chega exibindo um lindo sorriso, que morre ao notar nossas expressões tristes – O que houve? – Harry nega com a cabeça.
- E-Eu... eu preciso-o ir... – Passo a mão pelos cabelos, abaixando a cabeça e começando a andar.
- Laur... – Eles me chamam – LAUREN. – Aperto o passo e me afasto de vez deles.
Sentia meu peito arder e a tristeza me consumir, estava enjoada e com raiva daquela situação. As coisas estavam finalmente dando certo, por que algo precisava acontecer e estragar todo o resto?
Empurro a porta destrancada do vestiário e passo a mão pelos cabelos, sentindo meus olhos arderem ainda mais, queria gritar e foi o que fiz assim que o sinal tocou. Não conseguia acreditar que depois que tudo que havíamos feito para conseguirmos ter um espaço na escola e conseguirmos aceitar os sentimentos que uma tinha pela outra, iriam encontrar uma maneira de nos afastar.
Com raiva soquei a porta do meu armário, sentindo minha mão latejar logo em seguida, gemo de dor e com a mão que não doía pressiono a outra. Irritada e com muita dor me sento no banco que ficava entre os armários, fungando diversas vezes ao lembrar que a ideia de ter minha namorada longe doía muito mais do que a dor física naquele momento.
Então aquilo significava amar uma pessoa? A simples ideia de não poder tê-la mais queimava como o inferno? Lembro que havia ficado triste com todas as mancadas que Veronica havia dado comigo e com a maneira que ela havia terminado, mas aquilo não se chegava nem aos pés dos sentimentos que me dominavam naquele momento.
Desviei o olhar assustada ao escutar o barulho de passos, passei as mãos em minhas bochechas, limpando os vestígios de lágrimas. Não pude evitar de sentir mais raiva tomar conta de mim quando me deparei com Beatrice me encarando com aquele sorrisinho debochado.
- Já está chorando, perdedora? Ainda nem fizemos nada com você hoje.
- Hoje não, Beatrice. – Respondo entre dentes, pegando minha mochila do chão.
- Por que? Não descansou o suficiente nesse feriado? Ficou fodendo aquela rata latina o feriado inteiro? – Sem conseguir me conter a empurro com tudo contra o armário, a erguendo pelo colarinho.
Pela primeira vez notei seu olhar surpreso e assustado.
Odiava quando ela me provocava, mas saía de mim quando ela tocava no nome de Camila.
- Lave muito bem sua boca antes de falar sobre a minha namorada, sua imbecil. – Ela se solta e me encara ainda de olhos arregalados – Hoje não ouse me irritar, Beatrice, hoje não.
- Isso mesmo... – Resmunga quando eu começo me afastar – Vá embora. – Suas amigas escrotas entram no vestiário e eu faço questão de passar antes, esbarrando em ambas.
Com passos apressados caminhei para o meu carro, ficaria ali até a próxima aula começar.
As duas longas que eu tive antes do intervalo foram como dois borrões, não consegui prestar atenção em absolutamente nada e me limitei a encarar meu celular, como se encara-lo fizesse uma mensagem de minha namorada magicamente aparecesse informando que tudo não havia passado de uma piada de mau gosto.
No intervalo passei bastante tempo encarando meu armário –mais precisamente- o desenho que Sofia havia feito depois do poema sem graça pichado no muro e a foto que eu havia revelado de Camila e eu em uma das nossas tardes no nosso lugar especial. Aquela foto era tão linda: Camila vestia meu moletom do time de Softball, exibia um lindo sorriso enquanto eu encaixava nossos pescoços e sorria para a foto; no momento que minha namorada tirou a foto o Sol estava se pondo, o que trouxe uma luz alaranjada para a foto.
Escutei passos e pessoas começando a cochichar, me viro e vejo Harry.
Aparentemente nosso amigo havia sido o motivo de comentários naquele dia. Confesso que o novo corte de cabelo realmente havia deixado Harry mais bonito, e a escolha das roupas daquele dia –calça jeans justa, uma blusa cinza com a estampa dos Ramones e o Converse preto- haviam contribuído para deixa-lo ainda mais charmoso.
- Você não vai comer? – Questiona interessado – Dinah pegou seu lanche.
- Não estou com fome, honestamente. – Ele suspira – Acho que vou pegar meus livros e esperar na frente da sala do Jordan, assim posso pegar meu dever e o de Camila antes.
- Tem certeza? – Concordo com a cabeça – Niall estava fazendo graça com a gelatina quando eu sai. – Sorrio sem muita vontade, ele sempre fazia isso e nós nos matávamos de rir – Vamos, vai ser divertido... – Me cutuca e eu suspiro.
- Tudo bem, eu vou, mas só um pouco.
- Como você quiser. – Me abraça pelos ombros, me guiando até o refeitório.
As pessoas nos encarávamos, mas Harry fez questão de me fazer ignorar todas elas.
Durante todo o intervalo meus amigos tentaram distrair minha cabeça, Niall realmente conseguiu me fazer rir quando gelatina saiu de seu nariz e ele começou a resmungar que estava ardendo. Dinah e Normani estavam falando sobre os próximos jogos de Softball e como o time estava indo bem, o que conseguiu prender minha atenção. Ally e Harry combinavam mais reuniões entre todo mundo para que pudéssemos sair mais.
No final do intervalo acabamos todos saindo junto e cada um indo para a sua sala para termos mais aulas chatas. Niall tinha as duas próximas aulas comigo, então foi bem legal ter alguém com quem conversar e consequentemente me distrair. Em momento algum meu amigo me perguntou sobre como eu estava perante o assunto e o que eu achava que iria acontecer, guardou sua curiosidade para si mesmo para não me machucar ainda mais, e eu só conseguia agradecer mentalmente.
Foi surpreendente a maneira que a aula passou voando e o final dela finalmente chegou.
Saindo da última sala pude ver Cece e Diamond impedindo a passagem de Ally, que tinha o corpo completamente encolhido e encarava ambas amedrontada. Me aproximei calmamente e assim que me viu minha amiga relaxou os ombros e pareceu sentir-se mais segura, segurei sua mão e a puxei para longe delas.
- Não acha que Allyson está grande o suficiente para resolver os próprios problemas?
- Não acha que vocês são grandes o suficiente para deixarem de serem babacas? – Devolvo a pergunta, irritada – Nos deixem em paz, parem com essa brincadeiras estúpidas.
- O que está acontecendo aqui? – Beatrice questiona interessada.
- Jauregui está dando um showzinho porque estamos conversando com uma amiga dela, ou será que é a nova namorada? – Cece ri divertida.
- Vamos embora, Laur... – Ally começa a me puxar.
- Ela acha que ficar nessa pose vai ajudar alguma coisa, espere a rata latina dela aparecer na escola para ela ver o que irá acontecer. – Me viro no mesmo momento, me aproximando rapidamente de Beatrice, que arregala os olhos.
- Você tem muita sorte de estarmos na escola, porque senão eu já teria acertado um murro nessa sua cara escrota. – Passo a língua pelos lábios, respirando pesadamente e me controlando muito para não soca-la.
- Lauren, não faça isso. – Niall aparece – Venha, vamos embora.
- É isso mesmo, vai embora, sapatão. – Beatrice ri divertida – Ninguém quer pegar seus germes aqui, muito menos conviver com você. – Ajeito minha mochila – Vai ser questão até sua namorada ter que sair dessa escola acompanhada da polícia por estar ilegalmente aqui.
- Cale a boca, Miller. – Rosno, me virando – Cale a merda da sua boca. – Aponto o dedo e Niall me empurra levemente, impedindo que eu me aproxime – Você vive falando de Camila e fica gritando para todo mundo que tem medo de pegar nossos germes, isso significa o que? Que sua sexualidade é tão frágil que ao ver duas meninas que se amam se beijando te de vontade de fazer o mesmo? – Ela trinca o maxilar e me fuzila com o olhar, sorrio sacana, Niall me solta ao ver que eu estava controlada.
Todo mundo ria baixinho e encarava Beatrice, pela primeira vez me senti muito bem estar falando coisas maldosas para alguém.
- Você pode nos xingar, nos empurrar contra armários, nos jogar em latões de lixos e pichar um poema muito merda no muro da escola, mas isso jamais mais mudar quem somos e quem amamos. – Ela tremia de raiva – Adivinha? Eu não posso deixar de ser lésbica e você não pode deixar de ser escrota.
- Cale a boca. – Rosna entre dentes.
- Dói ouvir a verdade? – Rio sem qualquer humor – O que você vai fazer, Miller? Me xingar de sapatão de novo só porque está doida para ter a mesma coragem de ser como eu? Ou vai preferir xingar a minha namorada por ela não dar uma chance para alguém escrota como você?
Não deu tempo de eu sequer raciocinar, quando dei conta sua mão estava contra o meu rosto e seu corpo sobre o meu. A gritaria no meio do corredor começou e eu apenas cobri meu rosto com os meus braços, sentindo ela acertar mais socos contra mim enquanto Niall berrava para ela sair de cima. Eu não tinha forças para sequer pensar em revidar, apenas deixei que ela me socasse e que mais tarde aquilo fosse usado contra ela.
Estava cansada de todas as coisas que ela, e todos os seus amigos babacas, diziam para meus amigos e eu. Aquilo acabaria hoje, nem que eu precisasse ser usado como isca para tal coisa, levaria uma pelo time, pela primeira e última vez.
- SAÍA DE CIMA DELA. – Eu conhecia aquela voz, e não era de Niall – PARE DE MACHUCA-LA!
Quando tiraram uma Beatrice raivosa e irritada de cima de mim pude sentir meu corpo relaxar, Normani e Ally choravam enquanto se aproximavam de mim, ficando na frente do meu campo de visão. Meu rosto todo latejava de dor e eu sentia tudo queimar, inclusive minha costela que Miller havia feito questão de pressionar seu joelho contra.
Senti meu coração acelerar quando vi minha sogra ficar na minha frente, eu piscava tentando manter meus olhos abertos e podia vê-la chorando enquanto tinha o celular em mãos, parecendo apavorada com toda a situação. As vozes se misturavam, podia ouvir a voz de Kellen mandando todos os alunos circularem e Jordan chamando a enfermeira enquanto Kelly falava ao fundo que o diretor já estava vindo.
Com a ajuda de Jordan, Harry e Niall a enfermeira conseguiu me levar até a enfermaria, mesmo contra a vontade dos meus amigos eles tiveram que sair da pequena sala para que ela pudesse cuidar melhor de mim. Um dos socos havia cortado meu rosto e os outros ficariam apenas machucados superficiais, a mulher fez questão de limpar machucado por machucado e então começar a cuidar dos mesmos.
Permaneci em silencio até a minha mãe chegar, dona Clara ficou horrorizada ao me ver no estado que eu estava, a enfermeira informou que eu deveria ir até um hospital para fazer alguns exames e garantir que nenhum dos socos havia sido prejudicial para a minha cabeça. Com a ajuda da minha mãe e de Dinah fui até o carro dela, entreguei minhas chaves para Ally e pedi para que ela deixasse meu carro em casa –aproveitando que ela não tinha que ir embora com o seu carro naquele dia-.
- Quem te ligou?
- Sinuhe. – Minha mãe fecha a porta do carro – Estavam batendo em você por que?
- Não quero falar sobre isso ainda, podemos apenas ir ao hospital? – Sua mão quente cobre a minha e eu suspiro, sentindo vontade de chorar.
- Prometo cuidar de você, Lauren, mas para isso você precisa me dizer o que está acontecendo, querida. – Sinto minha respiração ficar mais pesada, era agora.
- Eu sou lésbica, mãe. – Rio sarcástica – Quer motivo melhor? – Sinto meus olhos ficarem marejados e meu rosto todo doer ainda mais – Elas me batem e me provocam por eu amar Camila e não esconder isso.
- Querida... – Suspira, se curvando – Eles podem fazer o que quiserem, mas isso não vai mudar quem você e quem você ama, muito menos quem ama você. – Me abraça da melhor maneira que consegue – E eu prometo que irei te proteger, nós vamos resolver isso, ninguém mais vai te machucar. Eu te amo, Laur, e o que todas essas pessoas acham de vocês não importa, porque elas são pessoas fúteis e que não compreendem o verdadeiro significado de amor.
- Obrigada por me amar do jeito que eu sou.
- Impossível seria fazer o contrário disso. – Beija minha testa – Agora vamos, você precisa se cuidar. – Da partida no carro – Sei que eu disse para você não revidar, mas você podia ao menos ter dado um soco nela, para igualar as coisas. – Dou uma risada baixa e ela também, conseguindo aquecer meu coração – Não diga a seu pai que eu falei isso.
- Seu segredo está seguro comigo.
Minha mãe, mesmo sendo uma pessoa muito cabeça dura e difícil de lidar na maior parte do tempo, ainda conseguia ser uma das melhores pessoas do mundo.
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