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Valeu o “sambinha bom” de Luca Argel e a SENSOcional Rita Vian - Sonoridades 2024 (2ª parte) | Reportagem Completa
Rita Vian, a cereja no topo do bolo, teve casa lotada // © Foto de Alexandra Fernandes A Câmara Municipal de Santo Tirso em parceria com a produtora 1Bigo realizaram mais uma edição do Sonoridades, neste ano aconteceu a sétima edição. Tal como nas edições anteriores os concertos realizaram-se no Centro Cultural Municipal de Vila das Aves.
A programação iniciou-se com a pop-eletrónica de Manuel Fúria & Os Perdedores na última quinta-feira, 2 de maio.
Na sexta-feira, 3 de maio, atuou o duo Bicho Carpinteiro e tiveram a companhia de alguns elementos do Grupo Etnográfico de Vila das Aves.
Já no sábado, 4 de maio, foi a vez do brasileiro Luca Argel. Este ano coube a Rita Vian, no domingo 5 de maio, a performance de encerramento deste evento.
Pela primeira vez marquei presença em todos os concertos. Em 2023 assisti a dois concertos: de O Gajo e André Henriques cuja reportagem pode ser lida aqui. Na sequência de ter sido uma experiência muito positiva, foram dois belíssimos concertos, decidi repetir a ida ao acolhedor Centro Cultural Municipal de Vila das Aves e replicar a experiência por quatro.
A 1ª parte da reportagem deste ‘Sonoridades’ 2024 pode ser vista aqui.
Dia 3 – Luca Argel
Neste sábado, 4 de maio, percebi logo que seria uma noite com uma casa bem preenchida devido às pessoas em modo de espera pelo momento de abertura das portas do auditório. Efetivamente foram poucos os lugares vazios, a lotação esteve pertíssimo de totalmente esgotada.
À terceira noite no cardápio tivemos Luca Argel, artista oriundo do Brasil, radicado em Portugal já há alguns anos a esta parte, mais de 10 para situar com mais precisão. Uma estreia nesta vila pertencente ao concelho de Santo Tirso, já tinha atuado na sede no concelho nomeadamente na Fábrica de Santo Thyrso.
Luca Argel muito interventivo // © Foto do Município de Santo Tirso Entrada no cenário registada pelas 22:11h. Luca deu logo bem nas vistas pelo seu outfit vistoso: camisa curta laranja ornamentada de bolas azuis e calças brancas. Este foi um concerto em versão trio pelo que o brasileiro teve o auxílio de conterrâneos seus: de Pri Azevedo (teclas e voz) e de Carlos César Motta (bateria), este último atuou muitos anos ao lado de Maria Bethânia, um dos ícones do Brasil conhecida como “Rainha da MPB”.
A setlist selecionada para esta atuação navegou por quatro álbuns do artista: ‘Bandeira’ de 2017; ‘Conversa de Fila’ de 2019; ‘Samba de Guerrilha’ de 2021 e ‘Sabina’ de 2023. Além de ter sido bastante abrangente houve ainda lugar a uma ou outra surpresa…
“Vila Cosmos”, “Anos Doze” e “Acanalhado” proporcionaram o tom certo. Ao quarto tema surge “Peito Banguela”, um dos momentos especiais, já que Argel fez questão de introduzir a canção explicando como surgiu. A letra é uma adaptação de um poema do seu poeta preferido, o conterrâneo Aldir Blanco, o qual infelizmente faleceu durante a pandemia porém deu o seu consentimento à edição da canção depois de tê-la escutado em 2019. Nela o músico teve ainda a colaboração de Keso.
Pri Azevedo (teclas e voz) // © Foto do Município de Santo Tirso Lá ia cantarolando Luca em ritmo alegre “A cidade vai virar só hotel para turista” durante a interpretação de “Gentrificasamba” e é neste momento que “acordamos” para o carácter interventivo e socialmente desperto que faz parte da sua personalidade.
Luca Argel esteve muito interventivo nos interlúdios das canções, de registar o seu foco bastante assertivo e lúcido quanto baste.
"O que espanta a miséria é a festa" (frase de Beto Sem-Braço) e por isso existe a canção "Ninguém faz festa", um samba de timbre bastante festivo.
Uma das surpresas foi a interpretação de “Mãe Preta” tema que surgiu em Portugal na década de 50 vindo do outro lado do Atlântico, cá em formato fado, tendo sido censurado. Conhecido também por cá como “Barco Negro”.
Carlos César Motta (bateria) // © Foto do Município de Santo Tirso “Peça Desculpas, Senhor Presidente” teve uma interpretação incrível em mais um momento inspirado e bem conseguido. Nesta fase as canções de protesto, provocação e de alerta social iam-se sucedendo como "Samba do operário" e "O Almirante Negro".
Depois de uma fase mais virada para ‘Samba de Guerrilha’, no qual fez questão de mostrar o jornal ilustrado no qual estão textos e letras do álbum, veio a última fase voltada para 'Sabina'. A inspiração para esse trabalho discográfico é uma mulher negra, vendedora de laranjas do século XIX, cuja história Luca fez questão de dar umas pinceladas gerais.
Outra das surpresas surgiu antes da interpretação de "Lampedusa", dedicada às vítimas do recente incidente portuense com emigrantes. “Se não estivesse cá estaria no Campo 24 de Agosto” referindo-se à manifestação solidária ocorrida durante esta mesma noite.
Luca Argel e o seu "sambinha bom" // © Foto do Município de Santo Tirso De surpresa em surpresa surgiu José Afonso pela voz de Argel: “Eles comem tudo e não deixam nada… Eles comem tudo e não deixam nada”. Um momento delicioso e inesperada esta interpretação de “Vampiros”.
Para o encore ficou guardado um momento a solo com “Países Que Ninguém Invade”, para a irresistível “Tanto Mar” já novamente em formato trio e remate com “Ponto Final”.
As intensas palmas finais surgiram naturalmente em reação a uma performance calorosa e bastante agradável. Registei, com agrado, ter visto músicos bem-dispostos, sorridentes e a colaborarem de forma bem competente. Nem sempre é o caso e tal significa que estiveram de corpo e alma!
O merecido aplauso a Luca Argel e acompanhantes // © Foto do Município de Santo Tirso Luca Argel transborda, com toda a naturalidade, sua alma sambista misturada com outros sons de inspiração brasileira como o funk. Transforma o seu concerto numa realidade festiva na qual as suas intensas e sérias mensagens/preocupações passam sem que o público se sinta constrangido.
Já seguia o artista há algum tempo e a oportunidade demonstrou-se a ideal para concretizar o desejo de o ver e ouvir ao vivo. Para meu ponto final resta afirmar a ampla positividade desta experiência.
Dia 4 – Rita Vian
Com algum tempo de antecedência, no decurso da tarde de domingo, a sala alcançou lotação esgotada para a atuação de Rita Vian. Um ambiente efervescente nos momentos antecedentes à abertura de portas antevia aquilo que viria a suceder: um fecho de ‘Sonoridades’ em 2024 em nota bastante elevada. Ao fim dos 4 dias, o evento merecia este desfecho aprazível.
Pouco depois das 18:30h, hora certa para o debute do concerto, surgiu em palco João Pimenta Gomes (eletrónica), um dos dois acompanhantes de Rita. A cantora e compositora portuguesa fez igualmente a sua entrada vestida totalmente de branco, poucos instantes depois.
Rita Vian sempre bastante enérgica // © Alexandra Fernandes - mais fotos aqui “Animais” e “Água” foram os primeiros temas que o público escutou. Ambos fazem parte de ‘SENSOREAL’, álbum lançado de outubro de 2023. Como Rita explicou foi um trabalho no qual tentou fazer várias coisas: produzir, escrever, trabalhar com outros artistas entre outras coisas. "A música é um espaço onde nós encontramos todos" afirmou para explicar o facto de as pessoas partirem de pontos diferentes e têm o seu ponto comum na música, que une as pessoas.
À terceira interpretação com “Ir Embora” conhecemos Manuel Ferreira, o elemento que completou o trio, que foi participando em diversos temas ao longo do concerto dedilhando a sua guitarra clássica.
Rita Vian em formato trio // © Alexandra Fernandes - mais fotos aqui Em "Podes ficar" o primeiro momento mais responsivo por parte da audiência, o aquecimento estava já devidamente concluído. As letras das canções iam sendo cantaroladas e os corpos nas cadeiras iam-se mexendo de forma dançante pedindo outra posição. O público estava a fruir da atuação, notava-se bem pelas expressões de alegria.
Tal como é apanágio de Rita Vian, durante a performance, foi deambulando pelo palco sobretudo na parte frontal. Em algumas ocasiões também sentou-se em interpretações específicas. Ela que não mastiga as palavras, não recorre a efeitos eletrónicos vocais, o que facilita na perceção fácil das palavras debitadas e respetivas histórias.
Em "Deixa-me" fomos brindados com uma versão do tema em registo de fado eletrónico, ao vivo perde o som do teclado tendo uma roupagem menos trabalhada.
Depois de "Trago", "Eu Deixo" (com Manuel) e "Purga" surgiu "Temos Tempo", um tema que teve explicação personalizada: foi escrita na noite anterior à artista ir para estúdio aonde acabou por gravar o tema.
Já na fase final, em “Sereia”, tivemos o único momento em que a voz uniu-se à viola de Manuel Ferreira sem a introdução de elementos eletrónicos. Vian passou a canção toda sentada/ajoelhada num momento tocante e introspetivo.
Rita Vian num momento mais introspetivo // © Alexandra Fernandes - mais fotos aqui Apesar dos refrões serem repetitivos, são interpretados com uma cadência bem delineada, ficam na cabeça e amplificam as canções. Nesta mescla de batidas eletrónicas com a voz límpida de Rita e a claríssima inspiração no Fado temos uma artista diferenciada de enorme valor musical.
“Tua Mão”, “Caos’a” e “Tentar Sempre” (com Manuel) foram as últimas tocadas antes de uma merecida salva de palmas por um público com muitos fãs a interiorizar tema após tema.
O encore surgiu naturalmente. A “Vida a Dois” com Vian sentada no meio do palco numa interpretação muito sentida e bonita seguiu-se “Tudo Vira” para fecho perfeito de final de tarde.
Rita Vian e seus acompanhantes nos agradecimentos da praxe // © Alexandra Fernandes - mais fotos aqui
A Rita Vian atua agora em Gouveia no próximo dia 25 e encerra o mês, dia 31, com atuação no evento gigante que é Primavera Sound de Barcelona. Ela é a única lusitana a fazer parte do cartaz espanhol em 2024. À sua 7ª edição o ‘Sonoridades’ merece, pelas 4 excelentes atuações bem como das condições proporcionadas no auditório, elogios pelo alto nível da produção e da respetiva organização. A boa adesão de público teve o ponto alto com casa esgotada em Rita Vian, efetivamente foi a cereja no topo do bolo.
Agora resta-me guardar as boas memórias deste ano e aguardar por mais em 2025.
Reportagem fotográfica de Rita Vian: Clicar Aqui
Rita Vian // © Alexandra Fernandes - mais fotos aqui Texto: Edgar Silva Fotografia: As de Luca Argel: Município de Santo Tirso As de Rita Vian: Alexandra Fernandes - @alexandra.fernandes.ph
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