#NOSPrimaveraSound19
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headlinerportugal · 5 years ago
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Dia 3 - ‘New Normal’: a pluralidade musical | Reportagem
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Chegamos ao último dia do festival, dia em que a pluralidade de todos os seus intervenientes era gigante, desde o indie feminino de Lucy Dacus, Big Thief, Snail Mail, ao noise/punk de Viagra Boys e de Amyl And The Sniffers, ou viajando até ao país vizinho pela nova sensação pop flamengo da Rosalía, navegando ao outro lado do oceano pela voz da colombiana Erykah Badu ou do brasileiro Jorge Ben Jor ou até mesmo pela dance club de Nina Kraviz e dos Modeselektor.
Foi uma odisseia musical intensa, este último longo dia do Primavera Sound, e talvez o melhor reflexo que poderíamos ter desta nova imagem que o festival quer transmitir com o seu novo slogan: ‘New Normal’.
Chegar cedo ao festival pode ser fantástico. Não tínhamos visto os Shellac no dia anterior, pelo que o seu concerto surpresa ali bem ao lado da zona de restauração tornou-se num miminho para todos nós que madrugamos na chegada ao recinto. Durante cerca de 45 minutos, não se negaram pedidos e tocaram-se canções do seu repertório. Foi um incrível início de sábado. 
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Shellac em concerto surpresa [Mais fotos do concerto aqui]  
E o “Oscar” vai para… Amyl And The Sniffers
Cada vez sou mais fã da música noise, da cena punk, pós-punk, do fuzz, por isso a banda australiana entrou diretamente para as minhas escolhas para este último dia. Uma banda que já andou em tour e a abrir os concertos para os King Gizzard? Tinha tudo para dar bem.
A escolha foi difícil entre os suecos Viagra Boys e Amyl And The Sniffers, mas por toda a envolvência do concerto da banda australiana, a escolha foi feita.
A banda começou bem ao lado da danceteria que Jorge Ben Jor trouxe ao parque da cidade, ainda num começo morno trazido pela luz que se ia desvanecendo por detrás das árvores que delimitavam o recinto, e pelas poucas pessoas que estavam a assistir na linha da frente ao concerto da Amyl And The Sniffers.
A hiperativa Amy Taylor, a jovem (23 anos) desbocada que não tem medo de dizer o que quer que seja, abanou com o palco Super Bock, levando aquele pequeno anfiteatro natural para a cena punk do final dos anos 70. Estão a imaginar aquele corte mullet dos anos 80 que já ninguém usa? Bem, os elementos da banda australiana trouxeram de volta essa moda e todo o seu outfit de um tempo já longínquo.
Pouco faltou para o pó levantar, as vozes começarem a ecoar e o mosh pit rebentar. Com o sol cada vez mais para lá do que para cá, o ambiente começou a aquecer. A constante irreverência da vocalista durante o concerto, facilmente acabou por fazer explodir um vulcão que se encontrava adormecido há pouco tempo - o público, que por esta altura já enchia por completo o pequeno anfiteatro.
Amyl And The Sniffers vieram agitar as águas bem calmas que se têm visto este ano dizendo: Punk’s Not Dead.
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Amyl And The Sniffers em palco [Mais fotos do concerto aqui]
‘Surprise Motherfucker’!!! Yves Tumor
Com o final do dia e do festival a aproximarem-se, a escolha entre Erykah Badu e Yves Tumor teve de ser feita. Devido a um atraso considerável no concerto da artista colombiana, a escolha ficou fácil, e ainda bem que assim foi. 
Não conhecia muito o trabalho do artista norte-americano, mas, pela irreverência que fomos tirando do que dele ouvíamos, sabíamos que íamos ter show. Aliás, show não é a palavra correta, mas sim FREAKSHOW!!!
Chegámos ao palco Pull & Bear (claramente o palco que mais cartas deu neste festival), não com muita gente, talvez pela hora tardia, talvez pela enchente no palco principal, mas isso pouco importou para o que vimos.
Só uma palavra para Sean Bowie aka Yves Tumor: selvagem! Veio apresentar ‘Safe in The Hands Of Love’, álbum editado no ano passado, em que toca músicas imprescindíveis como ‘Licking An Orchid’, ‘Lifetime’ ou ‘Noid’. Esta última veio soltar a primeira e ��nica moche de um concerto que foi consumido pelo seu glam e luxo. Uma “diva” de mil e um pseudónimos, que mesmo surfando pelo público adentro não deixou de o ser. 
Muitos concertos já vimos por esse território fora, mas nenhum como este. Já tinham visto algum concerto onde os seguranças raramente olhavam para o público, mas, em vez disso, para o artista a atuar? Uma exigência dele, quem sabe, mas a verdade é que por onde Yves Tumor ia, os seguranças faziam sprints para acompanhar aquele monstro de palco, algo insólito e só visto no concerto do artista americano.
Muitas vezes, sem percebermos se o artista estaria a fazer playback, quer pela quantidade de vozes infinitas sobrepostas, quer pelo facto de nunca ter perdido o fôlego sobre os seus longos saltos altos (mesmo após kms percorridos no palco), a verdade é que isso pouco importou. Viver, assistir e presenciar um concerto de tal animal de palco, valeu praticamente o bilhete de todo aquele festival. 
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’Dance marks the Spot’: Jorge Ben Jor
Não sei quem faz os horários do festival NOS Primavera Sound, mas para essa pessoa um beijinho, por ter posto Jorge Ben Jor sob o pôr-de-sol mais bonito de todos.
Foi assim, numa tarde solarenga, em que o verde das árvores e da manta natural que se estendia sob os nossos pés se fundia com o céu azul do Porto, que o calor e o samba do Brasil chegaram a Portugal.
Se calhar até muita gente desconhecia o nome de Jorge Ben Jor, mas quando este começou a tocar, “Mas, Que Nada!”, o seu maior clássico, não houve ninguém que não batesse um pé, esboçasse um sorriso ou uma voz a acompanhar um dos grandes embaixadores dos sons mais tropicais.
Toda a banda de Jorge Duilio Lima Menezes transmitia a boa onda e a alegria da cena brasileira, através dos seus sorrisos rasgados e dos passos de dança que os milhares de pessoas reproduziam, transformando o palco NOS numa danceteria.
Não importa a idade que o artista brasileiro tem (74 anos!!) mas a verdade é que ele está aí e consegue pôr um festival inteiro a dançar como aconteceu em “Take It Easy My Brother Charles”, “Mais Que Nada” ou “Bebete Vãobora”. Uma força da natureza trazida para o anfiteatro que fez toda a gente sambar com o “nosso irmão de cor”.
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E o derrotado do dia é… 
Este dia claramente não teve um derrotado, aliás, ter teve, mas desta vez não foi um artista ou uma música.
Quando estás perante tantas e tão boas escolhas, num leque que dá a volta ao mundo musical vezes sem conta, e te deparas com este rótulo de “derrotado” que decidimos atribuir, a escolha não é nada fácil. Por isso, o título teve de recair sobre as condições que este ano o festival ofereceu ao seu mais recente e ampliado palco Bits.
Após ter vivido intensamente o palco Bits nos dois dias anteriores, apenas saindo já com o sol a raiar, este palco veio a mostrar as suas fraquezas no último dia.
Um dos grandes momentos deste festival, e deste último dia, que levou centenas de pessoas a ficar até mais tarde no recinto, mesmo depois de todos os concertos já terem terminado nos restantes palcos, foi Nina Kraviz.
A artista russa deparou-se com uma enchente brutal que não se tinha visto nem de perto nos dias anteriores e o tráfego num palco fechado tornou-se tão difícil quanto respirar lá dentro. Não fosse este o único problema, também a qualidade do som que se fez sentir por quem se encontrava à frente das colunas que tentavam formar uma arena 360º stereo.
Apesar disso, quando a música sai a vencer no seu todo, todos ficamos a ganhar, e o ’New Normal’ ficou a ganhar neste dia, em que a pluralidade musical foi a grande vencedora.
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O Terno
O trio brasileiro O Terno, composto por Tim Bernardes, Guilherme D'Almeida e Gabriel Basile, apresentou-se no Palco Seat. Antes da sua presença em palco já Tim se passeava pelo NOS Primavera Sound, no dia anterior, aproveitando também ele para ver algumas das performances. Aquele som, com a típica pegada brasileira, foi a opção perfeita para nos imbuirmos ainda mais no espírito festivaleiro. Os raios de sol, ao som do belíssimo tema “Pegando Leve” (logo a segunda a ser tocada), proporcionaram momentos perfeitos de pura intimidade quer com a banda, quer com o festival e o ambiente circundante.
Enquanto alguns elementos do HeadLiner optaram por Viagra Boys, outros fizeram o caminho até ao Palco NOS para Hop Along. Quem fez esta opção decididamente não se terá arrependido, mesmo que ao fundo se fizessem ouvir os Viagra Boys, que tocavam no palco ao lado da entrada. Aquele timbre rouco de Frances Quinlan não deixa ninguém indiferente, é mesmo uma daquelas vozes bem sensuais e irresistíveis. “Well Dressed” e “How Simple” não faltaram à chamada e foram cantaroladas pelos fãs lá bem na frente.
Lucy Dacus
Com um cartaz de sábado devidamente recheado de grandes vozes femininas, tínhamos em Lucy Dacus uma curiosidade acrescida. O seu concerto decorreu no Palco Super Bock, perante bastante gente. Do cimo da encosta, a vista até ao palco estava repleta de gente sentada, a piscar um olho ao palco. O concerto não desiludiu, e ficamos com vontade de a rever num futuro próximo.
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Big Thief
Não contávamos com aquela mini multidão para Big Thief, cujo concerto arrancou às 19:15h, ainda relativamente cedo. Não teve em nós o impacto avassalador da performance do ano passado no Festival Vodafone Paredes de Coura, porém, foi também bastante emocionante. Desta vez, Buck Meek veio com a banda, pelo que surgiu um motivo extra de interesse. Esta, que foi a última data da sua digressão europeia, deu para tudo. Buck Meek rebentou as cordas da sua guitarra tendo inclusive saído de palco. No último tema interpretado, “Masterpiece”, chamaram todos os seus roadies ao palco para celebrarem a ocasião. Sem dúvida um momento muito bonito. “Paul” e Mythological Beauty” foram outras das canções essenciais na sua performance.
Snail Mail
A estreia de Lindsey Jordan em Portugal deu-se nesta edição do NOS Primavera Sound. O seu grande êxito como Snail Mail foi logo tocado de início, falamos de “Heat Wave”. Não teve uma prestação vocal assim tão agradável, certo é que a sua voz foi melhorando com o passar das canções. No Palco Pull & Bear, deparámo-nos com muita gente nova a seguir o seu concerto, algo natural pois a própria artista norte-americana é também muito nova. Nota de registo para a sua banda cuja performance teve devidamente à altura.
Todas as fotos do terceiro dia: clicar aqui
Além de fotos do ambiente deste terceiro dia inclui fotos dos concertos de: - Shellac - O Terno - Lena D'Água e Primeira Dama - Hop Along - Viagra Boys - Lucy Dacus - Big Thief - Snail Mail - Jorge Ben Jor - Amyl & The Sniffers - Rosalía - LOW - Erykah Badu
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Texto: Luís Silva e Edgar Silva
Fotografia: João Machado
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headlinerportugal · 5 years ago
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Dia 2 - 'Jazz, The New Normal’ | Reportagem
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Nubya Garcia o grande destaque do dia [Mais fotos do concerto aqui]
- Sexta-feira, dia 7 de junho -
Depois da tempestade que se fez sentir no primeiro do dia do festival, o sol e a multidão deram conta do NOS Primavera Sound.
Quando os nomes começaram a sair daquele já tão característico vídeo que leva milhares de pessoas à Internet à mesma hora, começamos logo a fazer as nossas rezas para que aqueles nomes fiquem no mesmo dia. Que nomes falamos? Interpol, James Blake, Courtney Barnett, Aldous Harding, Men I Trust. Mas quem acabou por nos surpreender foram outros... 
E o ‘Oscar’ vai para… Sons Of Kemet XL
A marca Primavera Sound, acima de ser um ‘New Normal’, é uma referência para aquilo que iremos ouvir e gostar amanhã. 
Este segundo dia era claramente aquele que por muitos anos o festival foi realmente conhecido. Nomes consagrados do rock, nomes em ascendente do rock, um dos artistas do momento, mas quem realmente brilhou foram os nomes de letras pequenas que muitas das vezes passam despercebidos em cartazes desta dimensão. Pouco tivemos de ouvir para incluir imediatamente os Sons of Kemet, banda que já passou pelo palco do Milhões de Festa ou pelo palco da FMM Sines.
Porque o XL? Pois então conseguem imaginar 4 baterias a tocar ao mesmo tempo? É isso. Nunca tinha visto tal coisa até chegar ao bonito e florescido novo palco Pull & Bear. 
O jazz livre e sem fronteiras de 1 saxofone, 1 trompete/tuba e a genialidade de 4 baterias puseram o palco mais pequeno a parecer gigante. Olhei à minha volta e a certo momento não havia ninguém parado, era impossível não nos deixarmos contagiar pelos sorrisos e energia que saia disparado daquele palco. 
‘Your Queen Is a Reptile’, o álbum de 2018 de banda gravada pela Impulse!, discográfica e casa de génios como John Coltrane ou Mingus foi apresentado e celebrado por todos que sentiram aquele jazz com amoras vindos do continente Africano.
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Sons Of Kemet, um dos inevitáveis destaques [Mais fotos do concerto aqui]
‘Surprise Motherfucker’!!! Nubya Garcia
O grande vencedor do segundo dia foi a cena jazz. Antes dos britânicos, arrecadares do ‘Oscar’, navegamos para o palco Pull & Bear para ver e admirar a lindíssima Nubya Garcia.
O sorriso sincero e consentido da saxofonista londrina, uma das promessas da cena atual do jazz, mostraram o quanto cada vez mais o género musical tem saído dos clubes intimistas para abraçar as pistas de dança. Isso foi presenciado pelas muitas pessoas que passaram pela delicadeza do sopro do seu saxofone e pela incansável banda que a acompanhou.
Houve solos de piano, ouve solos intermináveis (e podiam muito bem nunca mais acabar) do saxofone da Nubya, o de leve do contrabaixo e a subtileza da bateria que delimitava o ritmo da festa. 
Ela estava feliz, era percetivel a cada final de sopro, nós estávamos felizes por presenciar tal ode ao free jazz.
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Nubya Garcia em palco [Mais fotos do concerto aqui] 
’Dance marks the Spot’: James Blake
James Blake, intimista, poderoso, vanguardista e discretamente arrojado. Nem toda a dança se faz de forma exuberante, esta dança fez-se de forma producente, introspectiva. Dançamos connosco próprios. 
1h da manhã marcou o inicio do concertos sob a pouca luz a oferecer um ambiente intimo e seguro. Um contraste bem marcado pelo "concerto” anterior no mesmo palco. 
“Assume Form” foi o ponto de partida para esta viagem um pouco estranha para quem conhecia o James Blake dos três primeiros álbuns editados. Um ponto de partida e de viragem também, mostrando neste trabalho uma outra faceta no qual conta com colaborações de Rosalía ou Travis Scott. mas sem nunca deixar o seu dramatismo e melancolismo de que tanto gostamos.
O artista reviveu as suas memórias mais antigas com as inevitáveis “Retrograde”, “Life Round Here” ou a versão de “The Limit To Your Love” da canadiana Feist, trazendo momentos de puro silencio e de viagens com o nosso ser, as tais danças connosco próprios. 
O mais recente ‘Assume Form’ é uma miscelânea de sabores e, durante o concerto essa miscelânea foi saboreada, interrompendo os momentos mais íntimos para dar lugar aos beats e a fazer jus à hora que tinha começado.
Houve danças melancólicas, houve danças contidas mas dançamos muito.
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James Blake numa das boas performances da noite [Mais fotos do concerto aqui]
E o derrotado do dia é… J Balvin
Uma das grandes surpresas no cartaz deste ano, acima da diversidade musical que o ‘New Normal’ trouxe, foi a integração de J Balvin.
O Primavera Sound,  cima do que tem trazido musicalmente, é uma celebração da música. Este ano, ainda mais visível, o festival quer-se deslargar de apenas ser uma cena indie para alargar a todo o mundo. Este ano esse mundo chegou à Colômbia e ao reggaeton. 
O artista colombiano deu um dos concertos mais extravagantes e a que quase  tudo tinha direito neste festival, um concerto cheio de luz, cor, pessoas vestidas de marshmallows (???) e com parte da sua atuação marcada pela marca “Reggaeton” escrita na tela bem grande para toda a gente ver, que esta nova tendência vinda diretamente do outro lado do oceano, veio para ficar.
Então por quê o derrotado do dia? Bem, como dizia o outro, "cada macaco no seu galho", passo à expressão... Nem todos temos de gostar de tudo o que se ouve, tal como não temos de gostar daquilo que está em voga. A celebração da música é para todos, mas nesta festa eu fico de fora.
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Surma
Às 17 horas certas já estávamos em frente ao Palco Seat para o debute do dia musical. Aconteceu com uma artista da qual temos as melhores referências e da qual somos seguidores há alguns anos a esta parte. Estamos a falar de Surma, o alter-ego de Débora Umbelino. Normalmente a solo, nesta ocasião aproveitou para encher o enorme palco do Primavera com boa companhia do músico João Hasselberg e ainda de dois bailarinos cuja performance cénica iniciou-se por entre o público (presente em bom número pese a hora e sendo a abertura) tendo ambos galgado as barreiras e trepado até alcançarem o palco. 
Jambinai
Novamente de volta ao palco Seat foi a vez de prestar atenção devida aos Jambinai. Oriundos da Coreia do Sul já tinham dado nas vistas (e nos ouvidos) no Vodafone Paredes de Coura em 2018. Este quinteto munido de instrumentos tradicionais e incomuns numa banda com este tipo de sonoridade rock. Com 4 horas de atraso, subiram ao palco com uma ligeira pontinha de stress. Fizeram o soundcheck à hora do início do concerto em tempo recorde (cerca de 5 minutos) e em frente de uma pequena multidão já ansiosa por escutar os seus temas. Apresentaram algumas novas composições do seu mais recente trabalho chamado ‘ONDA’ tendo a canção que dá o título ao álbum uma das tocadas. Lee Il-woo, o elemento da banda que esteve comunicativo fez questão de agradecer ao público no final das músicas com um ”obrigado” irrepreensível. Excluíram à performance uma canção, porém não foi por ter sido mais curto que a aposta no concerto deles deixou de ser totalmente certeira.
Nilüfer Yanya
A britânica foi igualmente outra das nossas apostas. ‘Miss Universe’ é o seu álbum de debute cuja atenção surgiu-nos semanas antes desta atuação no NOS Primavera Sound. O seu indie rock (com uma pontinha de rock alternativo) aliado ao seu timbre vocal fazem com que canções como “In Your Head” ou "Heavyweight Champion of the Year" ecoem nas nossas cabeças durante longos momentos. 
Courtney Barnett
A australiana (uma das nossas rock stars preferidas) proporcionou-nos um dos pontos altos deste dia 7 de junho. Que incrível performance! Vai ficar-nos na memória termos ouvido ao vivo aqueles hinos do  rock como: “Avant Gardener” ; “Nameless, Faceless” ; Depreston” ; “Everybody Here Hates You” ou “Pedestrian at Best”, esta última a que encerrou o concerto. O imenso público diante o Palco NOS vibrou intensamente com esta performance num final de tarde lindíssimo com um pôr de sol a condizer. A simbiose foi muito boa com toda a gente, sobretudo com os fãs que soletravam as letras amiúde. Não podíamos ter pedido muito melhor, dizendo-o sinceramente!
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Fucked Up
O punk agressivo e poderoso em estilo da festa popular mais “hardcore à la punk”, sempre com uma energia cintilante de Damian Abraham fez do concerto dos Fucked Up um dos bons momentos da noite. A colaboração com a Escola do Rock de Paredes de Coura abriu o seu concerto com imensos miúdos em palco a dizerem SIM ao estilo e à punk-rock mostrando as suas qualidades vocais e musicais fluírem. O melhor a dizer sobre o resto do concerto pode-se resumir à força do mosh-pit formado bem lá na frente junto ao gradeamento. Com a cerveja, os encontrões e sorrisos da cara a fluírem praticamente com a mesma intensidade certamente quem lá esteve saiu desta performance com mais uma boa recordação.
Interpol
Paul Banks, viu uns longos minutos o concerto dos Fucked Up junto do público e o vocalista dos Interpol pareceu ter apreciado. Foram os norte-americanos os seguintes no Palco Seat. Provavelmente a maior enchente naquele recinto em todo o festival. À mesma hora “tocava” Branko em substituição de Kali Uchis por isso não foi surpresa para ninguém a massiva adesão. Realmente ainda não entendemos porque não foram os Interpol escalados para o maior palco do recinto… Já se sabe que não são propriamente comunicativos porém isso não arrefeceu os ânimos. Para gáudio de fãs mais “hardcore” e de outros nem tanto foi um mimo escutarmos canções como a “Evil”, soa tão incrível como em 2004 ou a “Leif Erikson”. Tal como outras bem recentes como “If You Really Love Nothing” (segunda a ser tocada) ou “The Rover” ambas do álbum Marauder do ano passado. Assistimos a uma viagem musical por praticamente todos os álbuns da banda desde 2002. A aterragem foi suave e bem-sucedida e soube bastante bem aquele feeling “indiezinho rockeiro” a que alguns querem dar por extinto.
Todas as fotos do segundo dia: clicar aqui
Além de fotos do ambiente deste segundo dia inclui fotos dos concertos de: - Surma
- Aldous Harding - Jambinai
- Nilufer Yanya
- Nubya Garcia
- Courtney Barnett
- Sons Of Kemet XL
- Fucked Up
- J Balvin
- Interpol
- James Blake
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Texto: Luís Silva e Edgar Silva
Fotografia: João Machado
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headlinerportugal · 5 years ago
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Dia 1 - Furacão Jarvis fez frente à depressão “Miguel” | Reportagem
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Jarvis Cocker apresentando Jarv Is [Mais fotos do concerto aqui] Sempre fomos fãs incondicionais dos cartazes que o (NOS) Primavera Sound tem conseguido montar ao longo destes anos, cartazes que nem sempre apenas trouxeram a cena Alternativa ou o Rock à tona. Em 2014 estreei-me no parque da cidade, e já nessa altura se viam cartazes diferentes dos anos anteriores com nomes como o hip-hop de Kendrick Lamar (um então desconhecido para muita gente) às subtis guitarras e samba na voz de Caetano Veloso e de Rodrigo Amarante ou à soul inconfundível de um então não muito conhecido Charles Bradley. Era um cartaz eclético... diferente, com personalidade e que navegava por vários estilos musicais. Era do caraças!!
Passados 5 anos, a marca Primavera Sound trouxe o lema ‘New Normal’. Só eles provavelmente saberão o que isso quererá dizer, mas a verdade é que não caiu em boas graças. Os cartazes iam cada vez mais entrando na cena do R&B, hip-hop, mas as várias variantes do rock sempre foram o grande HeadLiner. Este ano a conversa foi outra.
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Ambiente junto ao palco Super Bock [Mais fotos do concerto aqui]
- Quinta-feira, dia 6 de junho -
O recinto da versão portuguesa do Primavera Sound tem sofrido pequenas alterações ao longo dos anos, e a adição do palco Seat tem trazido alguma controvérsia. Isto porque a marca de automóveis espanhola trouxe com ela o slogan ‘Created In Barcelona’, como se já não soubéssemos... Um statement desnecessário e que apenas serve para subir o ego da cidade vizinha. 
Mas foi precisamente desse palco (que por vezes poderá ter sido confundido com o palco principal pelas bandas que o pisaram) que saíram as melhores atuações do 1º dia.
O dia foi chuvoso, muito, e o impermeável amarelo acabou por se tornar inútil nas horas mais tardias mas, nada nos iria demover dos longos tapetes verdejantes e do alcatrão que se estendia ao longo daquele palco.
E o ‘Oscar’ vai para... Jarvis Cocker Introducing Jarv Is... 
Foi de rajada que entramos no recinto, já um pouco tarde, para virar imediatamente à esquerda em direção ao carismático Jarvis Cocker.
O frontmen dos super Pulp, banda grande da cena do Britpop, foi um furacão que fez frente à depressão “Miguel” que ameaçava a noite do primeiro dia. Pela sua voz inconfundível e a imagem que tem mantido imaculada ao longo dos anos através dos seus expressivos óculos e cabelos longos, quem olhava para o palco meio distraído poderia por momentos ver/ouvir o icónico Nick Cave. Sempre imparável em palco apesar dos seus 55 anos, contagiava quem lhe seguia com o olhar e com o coração.
O artista que em 2017 formou a banda pelo nome “Jarv Is”, lançou este ano o seu single de estreia “Must I Evolve?”, mas foi com “His ‘N’ Hers” que viajou no tempo para os anos de ouro dos seus ex. Pulp.
De entre chocolates e chuva, Jarvis fez ainda uma dura crítica aos hooligans que no próprio dia tinham causado distúrbios na Avenida dos Aliados: “They are a bunch of a fucking cunts”, sendo o mote perfeito para a sua “Cunts Are Still Running the World”.
Um concertão cheio de carisma e emoção na teatralidade e nas palavras. Muito se suspeitava do sucesso a nível musical deste Primavera, mas Jarvis Cocker veio desmentir essa ideia.
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Jarvis Cocker a dar show no Palco NOS [Mais fotos do concerto aqui]
‘Surprise Motherfucker’!!! Tommy Cash 
Este é daqueles nomes que se não fossem por um festival, não pagaria para ver, nunca. 
Um rapper vindo diretamente da Estónia? de nada conseguiamos prever o que estava prestes a acontecer... electrizante e controversa foi a atuação do artista.
Tommy Cash (TOMM¥ €A$H) de 27 anos começou a ser falado por esse mundo fora após uma colaboração com os Modeselektor para “Who”. A sua aparência inocente, de um miúdo mais novo do que aparenta e com o seu bigode que mais parece de um rapaz na puberdade, pode ser facilmente mudado para a criatura mais bizarra e inesperada que poderão ver. 
Em palco, com uma t-shirt completamente rasgada nas costas, com o microfone na mão e a fazer maratonas em cima do palco Super Bock . De fundo?... querem mesmo saber? Porno. A pornografia mais bizarra que poderiam ver naquele dia, Tommy Cash tinha. Sem pudor nem preconceitos, o artista arrojado nas imagens pregou muitos queixos caídos mas também muitas ancas a dançar.
Músicas como “Little Molly”, “Pussy Money Weed” ou “X-RAY”, onde aquele sotaque russo bem característico foi bem audível, levaram ao êxtase as pessoas que enchiam o pequeno anfiteatro. 
Tommy Cash é irreverente, é provocante, é psy trance, é rap, é pornografia. Surpreendeu todos que o puderam provar.
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Tommy Cash em palco [Mais fotos do concerto aqui]
’Dance marks the Spot’: Stereolab 
Sabes que é bom quando danças mesmo sem perceber parte da letra que ouves. Stereolab é muita coisa. É pop, é jazzy, é rock.
A banda franco-britânica liderada pela francesa Lætitia Sadier, encheu o palco Seat e um pouco das bancadas laterais. Seria impossível encher todo aquele recinto, pois este dia 6 foi provavelmente dos dias que menos gente levou dos últimos anos.
Sem editar nada desde 2010 com o álbum ‘Not Music’, a banda veio apresentar muitos dos seus clássicos. É subtil e apaixonante a sua música. Faz querer abraçar a pessoa mais próxima e dançar noite dentro como é o caso de “Brankhage”, ou dançar ao ritmo da pandeireta e da voz delicada de “Metronomic Underground” ou tirar o pé do chão e saltar com o francês de “French Discko”.
OK que não é um dançar arrojado com aquele beat sem fim à vista e em loop, mas é aquele dançar de gerações, dançar de forma livre e apaixonada pela língua do amor. Foi Stereolab.
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Lætitia Sadier  com os Stereolab [Mais fotos do concerto aqui]
E o derrotado do dia é... Solange
Não estou aqui para agradar às massas mas sim apenas para dar o meu testemunho e cunho pessoal. O nome grande do dia e um dos nomes mais sonantes do cartaz era, sem dúvida, Solange.
A verdade é que a artista, que muito recentemente lançou o seu ‘When I Get Home’, nem se encontrava na nossa lista de concertos para esta noite. Preconceitos da cena pop de que fomos alimentados? Talvez, mas a verdade é que no final do dia fomos lá parar. 
A curiosidade e o interesse acabaram por se instalar para ver a diva, e, antes do concerto começar, reservámos os nossos metros quadrados à frente do palco NOS, na maior enchente do dia. A primeira impressão que tivemos pela montagem cénica que se formou em cima do maior palco subiu-nos a espectativas. Muitos intrumentos, a bateria por debaixo de uma plataforma minimalista mas majestosa. Tudo para dar bem, portanto.
Por volta da meia noite e meia entra a grande armada de Solange Knowles composta por 7 músicos e 6 bailarinos, que foram subindo o palco e, aí, o êxtase se instalou. Tudo muito bonito, tudo muito harmonioso, tudo muito rigoroso. Cada movimento parecia ter saído de um laboratório, e talvez isso possa ter sido a ‘morte do artista’.
O concerto tornou-se algo repetitivo, sem nuances, demasiado monótono. Nem mesmo o vozeirão de Solange dava para fazer acordar, naquela noite fria. A soul e R&B de Solange não eram definitivamente para aquelas horas, e definitivamente não para um palco tão grande. A verdade é que a única coisa que conseguia puxar por maiores aplausos foram os bailaricos da artista e o twerk sem medo de uma das bailarinas. Um pouco descontextualizado com toda a sonoridade envolvente, sim, mas talvez sem isso, o público se tivesse mantido em silêncio praticamente todo o concerto. 
Tentar fazer da simplicdade e do íntimo um “santuário” (como a própria lhe chamou) à 1h da manhã daquela quinta-feira fria e chuvosa, não deu o brilho que a diva precisava.
Todas as fotos do primeiro dia: clicar aqui
Além de fotos do ambiente deste primeiro dia inclui fotos dos concertos de: - Dino D' Santiago - Men I Trust - Mai Kino - Built To Spill - Jarvis Cocker - Stereolab - Tommy Cash
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Texto: Luís Silva
Fotografia: João Machado
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