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Mourão diz que Ustra era "homem de honra que respeitava direitos humanos"
O militar é apontado por dezenas de perseguidos políticos e familiares de vítimas da ditadura militar como responsável pelas perseguições, tortura e morte de opositores do golpe de 64 Valter Campanato/Agência Brasil O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, em entrevista à agência de notícias alemã Deutsche Welle, que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado por tortura na ditadura militar, foi um homem de "honra", "que respeitava os direitos humanos de seus subordinados". O militar, que morreu em 2015, aos 83 anos, é apontado por dezenas de perseguidos políticos e familiares de vítimas do regime militar como responsável pelas perseguições, tortura e morte de opositores do golpe de 64. "O que posso dizer sobre o homem Carlos Alberto Brilhante Ustra, ele foi meu comandante no final dos anos 70 do século passado, e era um homem de honra e um homem que respeitava os direitos humanos de seus subordinados. Então, muitas das coisas que as pessoas falam dele, eu posso te contar, porque eu tinha uma amizade muito próxima com esse homem, isso não é verdade", disse o vice-presidente. Wilson Dias/ABr Mourão afirmou que a tortura não é uma prática que o governo brasileiro concorda ou "simpatize", mas comentou que muitas pessoas que lutaram contra guerrilhas urbanas nos anos 60 e 70 foram "injustamente acusadas de serem torturadoras". "Em primeiro lugar, não estou alinhado com a tortura, e, claro, muitas pessoas ainda estão vivas daquela época, e todas querem colocar as coisas da maneira que viram. É por isso que eu disse antes que temos que esperar que todos esses atores desapareçam para que a história faça sua parte. E, claro, o que realmente aconteceu durante esse período... esse período passou", disse. Mourão afirmou que, durante a ditadura, os militares "fizeram coisas muito boas pelo Brasil e outras coisas não foram tão bem" e disse que a "história só pode ser julgada com o passar do tempo". "Ainda estamos a cerca de 50 anos desse período. Precisamos de mais 50 anos para que esse período seja bem avaliado", acrescentou. O vice-presidente afirmou também que a democracia é um dos objetivos nacionais permanentes e que o governo quer tornar o Brasil a "democracia mais brilhante do hemisfério Sul". Questionado se o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro após o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar operação da Polícia Federal contra aliados do presidente, no âmbito do inquérito das fake news, em que o presidente afirmou que as Forças Armadas "não cumprem ordens absurdas", Mourão disse que não se tratava de uma ameaça. "As Forças Armadas estão alinhadas com sua missão constitucional, e não estão saindo dela. As coisas aqui no Brasil estão tranquilas e indo bem. E deixo bem claro que a democracia é um valor não só para o governo Bolsonaro, mas também para as nossas Forças Armadas. Então não existe nenhuma ameaça ao Supremo Tribunal Federal ou ao sistema Legislativo aqui no Brasil", afirmou. O vice-presidente disse ainda que a participação de Bolsonaro em atos que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo também não eram uma ameaça à democracia. E disse que a afirmação do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que viu "agressões gratuitas à democracia" na ocasião, eram ocasionadas pela "polarização na política". "Não, isso acontece porque há polarização na política. O governo de São Paulo se opôs a Bolsonaro. Isso é muito mais conversa do que, digamos, ação", comentou. Questionado se essa era uma conversa perigosa, o vice-presidente afirmou que não, já que "ninguém tem poder de fazer o que quer aqui no Brasil". "Não, não é perigosa. É perigoso quando você tem poder de fazer o que quer, mas ninguém tem poder de fazer o que quer aqui no Brasil", afirmou. Ustra, conhecido nos porões da ditadura como “Dr. Tibiriçá”, era o único militar brasileiro declarado torturador pela Justiça. O Dossiê Ditadura, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, relaciona o coronel com 60 casos de mortes e desaparecimentos em São Paulo. A Arquidiocese de São Paulo, por meio do projeto Brasil Nunca Mais, denunciou mais de 500 casos de tortura cometidos dentro das dependências do Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) no período em que Ustra era o comandante, de 1970 a 1974. Em 2015, o Ministério Público Federal (MPF), ofereceu denúncia contra Ustra. Ele é apontado como responsável pela morte do militante comunista Carlos Nicolau Danielli, sequestrado e torturado nas dependências do DOI-CODI, em dezembro de 1972. Mourão diz que Ustra era "homem de honra que respeitava direitos humanos"
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Militares defendem a preservação da Amazônia, diz Jungmann
Ex-ministro vê no grupo pontos semelhantes aos defendidos pelos ambientalistas e prega aproximação para mais diálogo O ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública Raul Jungmann afirmou hoje, na Live do Valor, que militares e ambientalistas defendem pontos semelhantes como a preservação da Amazônia e o seu desenvolvimento sustentável. Para ele, é necessário no Brasil que líderes políticos da sociedade civil exerçam essa liderança e façam uma aproximação com os militares, de forma a evitar o distanciamento e o isolamento.
“Se a elite política civil não leva em conta os militares, [eles, da elite política civil] também não serão levados em conta. Não cabe exclusivamente aos militares esse papel [de pensar a defesa do país e da Amazônia], que cabe à liderança política, que tem que estar à frente do processo e não está”, disse Jungmann.
Para o ex-ministro, o distanciamento entre militares e sociedade civil é um erro. “O mundo militar é uma ferramenta da nossa soberania”, afirmou.
Jungmann defendeu o diálogo e a criação de um projeto nacional sobre a área de Defesa e a preservação da Amazônia, com o seu desenvolvimento sustentável. O ex-ministro destacou a preocupação dos militares com questões como a existência de áreas indígenas e regiões de preservação próximas às fronteiras.
Jungmann explicou que os militares veem com preocupação a possibilidade de que no futuro um tribunal internacional possa vir a decidir por algum nível de intervenção caso se considere que populações indígenas em regiões de fronteira estão ameaçadas.
O ex-ministro frisou que esse é o principal temor dos militares quanto ao assunto. “Esse é o entendimento militar”, ponderou. “Preocupação que tem que ser reconhecida e tem que gerar diálogo”, acrescentou.
Para o ex-ministro, as ONGs “são importantíssimas” na Amazônia, embora haja o estereótipo de que elas não querem desenvolvimento da região. “A saída é dialogar e chegar a um consenso”, frisou, acrescentando que sociedade civil e militares querem desenvolver de forma sustentável a Amazônia.
“Mas onde está o Estado?”, questionou, ressaltando que há a necessidade de convergir a preocupação de soberania dos militares com a preservação defendida por ambientalistas. “Enquanto não se construir isso e transformar isso em atividades sustentáveis, vamos estar queimando árvores. E isso é queimar dinheiro”, afirmou. Mourão e Ustra O ex-ministro afirmou que o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi “infeliz” ao citar o ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra na semana passada e afirmar, em entrevista ao jornal alemão “Deutsche Welle”, que Ustra, acusado de torturar opositores durante o regime militar, era um “homem de honra” que “respeitava os direitos humanos de seus subordinados”. Jungmann fez questão de frisar que o importante para o país no momento é “olhar para frente e construir”, mas sem esquecer o passado. O ex-ministro viu inclusive uma crítica velada de Mourão a Ustra, uma vez que, ao dizer que ele respeitava os direitos humanos dos subordinados, diz implicitamente que talvez Ustra não respeitasse os direitos de outras pessoas. Mas Jungmann disse que apenas Mourão poderia ou não confirmar essa crítica.
Reprodução/Youtube
Leia o artigo original em: Valor.com.br
Via: Blog da Fefe
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Militares: Tutela sobre Sociedade Civil Brasileira
Fernanda Canofre(FSP, 19/07/20) entrevistou Daniel Aarão Reis, 74 anos, Professor Titular de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense, autor dos livros “Ditadura militar, esquerdas e sociedade”, “A revolução que mudou o mundo – Rússia, 1917” e “Luís Carlos Prestes, um revolucionário entre dois mundos”
No processo de redemocratização recente, o Brasil deixou passar a chance de discutir a formação das Forças Armadas, que se manteve sem alterações, permitindo que elas seguissem se vendo como anjos tutelares de uma República instaurada por um golpe de caráter militar há 130 anos.
Para ele, faltou aos governos que vieram depois do período militar coragem cívica para enfrentar as questões envolvendo Exército, Marinha e Aeronáutica, como incutir nelas a noção de militares serem, antes de tudo, funcionários públicos uniformizados.
Em entrevista à Folha, por email, Aarão Reis fala sobre a relação das Forças Armadas com o governo e a conjuntura atual e analisa o papel das esquerdas na oposição.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou em nota que as Forças Armadas “não aceitam julgamentos políticos”. Há precedente histórico?
Intervenções e pronunciamentos militares ameaçadores têm muitos precedentes históricos na nossa instável e precária República. Mais recentemente, o bater de sabre do [vice-presidente Hamilton] Mourão, no Rio Grande do Sul, homenageando o notório torturador Brilhante Ustra e o pronunciamento do general Villas Bôas, sobre o habeas corpus em favor de Lula, dissuadindo os ministros do STF a tomar posição favorável ao ex-presidente.
Desde o golpe de estado, de caráter militar, que instaurou a República em 1889, os militares brasileiros compenetraram-se na ideia de que são os mentores do regime, uma distorção que se prolongou no tempo e que precisa ser enfrentada com fortalecimento da democracia.
Celso de Mello, ministro do STF, disse em resposta ao Planalto que “é inconcebível que sobreviva no íntimo do aparelho de Estado brasileiro o resíduo de forte autoritarismo”. Qual sua opinião?
O autoritarismo deve ser repudiado. Agora, impõem-se duas ressalvas: com a eleição de Bolsonaro, tornou-se perfeitamente concebível a existência de “forte autoritarismo” no “íntimo do aparelho de Estado brasileiro”.
Enganaram-se todos os que imaginavam que seriam capazes de domesticarJair Bolsonaro. Ele está sendo o que sempre foi: um líder de extrema-direita totalmente descontrolado. A segunda ressalva diz respeito à caracterização diplomática do autoritarismo como resíduo. O autoritarismo está no cerne do aparelho de Estado brasileiro, encarnado pelo próprio presidente, e não está sendo fácil lidar com este problema.
O senhor fala de correntes autoritárias na sociedade brasileira, que não são exclusividade das elites.
O país tem sólidas tradições autoritárias. Lilia Schwarcz lançou o livro “Sobre o Autoritarismo Brasileiro” (Cia das Letras, 2019), estão lá registradas algumas delas, como a escravidão e o racismo, o patrimonialismo, o machismo. Se [as classes dominantes] são autoritárias até a medula, como não perceber os impactos disso no conjunto da sociedade?
Quando estudei a vida de Luís Carlos Prestes, deparei-me com uma espécie de diário da coluna guerrilheira, que percorreu os interiores do país do Sul ao Norte, entre 1924 e 1927. O livro registra que, dos cerca de 500 municípios pelos quais passaram os revolucionários, raramente encontravam-se escolas ou hospitais, mas em todos eles existiam cadeias e instrumentos de tortura.
Ao suscitar a questão das complexas relações entre ditadura [de 1964] e sociedade, eu chamava a atenção para a necessidade de pesquisas que pudessem esclarecer ambivalências e ambiguidades, para além do colaboracionismo velado ou aberto que marcou a trajetória da ditadura nesse país.
A triste verdade é que a imensa maioria da sociedade brasileira, em relação às ditaduras (Estado Novo e 1964), preferiu fechar os olhos, recusando-se a discutir as suas bases sociais e históricas, caindo no que chamei “as armadilhas da memória”.
O senhor já disse que era preciso disseminar entre os militares a noção de que são funcionários públicos uniformizados. O que significa isso?
Perdemos uma chance histórica, nesses últimos 30 anos (1988-2018), de discutir com a sociedade e as Forças Armadas o papel destas numa democracia. Nossas lideranças civis, ao invés de trazê-las para o debate, preferiram deixá-las num canto, fechadas em seus nichos, cultivando amarguras e ressentimentos.
A ideia era de que o tempo iria curando feridas, diluindo tradições autoritárias. Ocorreu o oposto. Fechados em suas instituições, os militares, salvo exceções, continuaram aferrados a um processo de formação extremamente reacionário, anti-democrático, reiterando-se como anjos tutelares da República.
As últimas declarações de altos chefes militares nos EUA, sobre sua decisão de não intervir na política interna —não reprimir a população civil, não fazer papel de polícia— seriam impensáveis para a grande maioria de chefes militares brasileiros.
Há críticas de que os Poderes têm se limitado a notas de repúdio diante de manifestações pedindo fechamento do Congresso e do STF. A resposta deveria ser mais forte?
O Congresso e o Judiciário têm sido demasiadamente tímidos, embora, considerando-se seu conservadorismo e conciliação básicos, até que têm erguido certas barreiras aos ímpetos golpistas do bolsonarismo.
No momento atual, vivemos uma situação singular: o impasse entre autoritarismo e democracia não deriva de um empate entre forças equivalentes, mas entre fraquezas comparáveis. Nem o bolsonarismo —por enquanto— tem força para concretizar suas bravatas; nem as forças democráticas têm força até o momento —para demovê-lo ou submetê-lo.
Em reunião com ministros, cujo vídeo foi divulgado em maio, Bolsonaro defende armar a população para evitar uma ditadura. O senhor disse recentemente em entrevista que “milícias bolsonaristas não aceitariam derrota em 2022”. O que o leva a pensar isso?
É preciso não esquecer que ele foi eleito. É curioso observar que muitos que denunciaram o impeachment da Dilma como golpe se manifestem, hoje, pelo impeachment de Bolsonaro.
A única forma legítima de remover Bolsonaro é através de um plebiscito revogatório, devolvendo ao povo o direito de dizer se quer, ou não, destituir o presidente. Se não houver força para aprová-lo, esperemos as eleições de 2022.
Em qualquer dos casos, não cultivo ilusões: assim como os extremistas de direita, na virada dos anos 1970/1980, explodiram bombas e mataram gente, fazendo de tudo para evitar a restauração democrática, os de agora, não aceitarão a alternância do poder.
Recorrerão, sem dúvida, às armas. A única forma de lidar, neutralizar ou atenuar o impacto desta fúria de extrema-direita é caminhar com os dois pés no chão pelo caminho democrático. O homem eleito só pode ser removido por uma nova eleição.
O senhor afirma que a ditadura segue moldando a vida política brasileira. A manutenção da Lei de Anistia de 1979 tem peso nisso?
A Lei da Anistia foi uma peça de um quadro mais amplo, da transição da ditadura para a democracia. Chamei esta transição de transicional (por ter sido longa) e transacional (baseada em negociações).
O produto mais acabado deste processo foi a Constituição de 1988, com grandes e significativos avanços, mas, ao mesmo tempo, com importantes legados da ditadura, tudo junto e misturado, consagrado constitucionalmente. Inclusive o artigo 142, tão citado por Bolsonaro, e que atribui às Forças Armadas tarefas policiais, de manter a lei e a ordem, porta de entrada para todo o tipo de indevidas intromissões que podem acabar ferindo de morte a democracia.
Como avalia a posição da esquerda no momento atual? As esquerdas (é sempre necessário pluralizar o termo) encontram-se ainda em modo recuperação, não tendo conseguido superar a perplexidade face à vitória da extrema direita em 2018.
Segundo afirma o professor Carlos Vainer, devemos distinguir as esquerdas de Estado e as esquerdas sociais. Entre as primeiras, aqueles que foram aspirados pelas querelas e jogos institucionais, pelos calendários eleitorais, inaudíveis e cegas ao que se passa na sociedade. Tudo o que se puder fazer nestas alturas em defesa da democracia é válido —frentes, manifestos.
Entretanto, é das segundas, das esquerdas sociais, que devemos esperar ânimo e consequência para deslanchar lutas que defendam a democracia. Uma democracia democratizada, com referências como o foram nos anos 1980, estimulantes, sedutoras, empolgantes. Sem a sociedade em movimento, de forma autônoma e organizada, nas ruas, não será possível manter e salvar a democracia no Brasil.
Militares: Tutela sobre Sociedade Civil Brasileira publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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Partido do Exército aliou o Brasil ao perdedor no jogo mundial
O Exército Brasileiro designou o general de brigada Alcides Valeriano de Faria Júnior para ocupar o cargo de subcomandante de interoperabilidade do Comando Sul.
O Comando Sul, atualmente chefiado pelo almirante Craig Faller, é uma unidade militar dos Estados Unidos responsável por coordenar os interesses estratégicos do país na América do Sul, na América Central e no Caribe.
“É uma coisa tão insólita, tão inusitada, que eu não me lembro de nenhuma situação semelhante, a não ser em tempo de guerra”, alertou o ex-chanceler Celso Amorim.
A participação do militar brasileiro feita por Faller no Congresso dos EUA é o coroamento do processo de militarização do poder no Brasil e, ao mesmo tempo, da tutela norte-americana sobre o governo Bolsonaro.
Por baixo dessa decisão, um batalhão de militares ocupou o primeiro, o segundo e, mesmo, o terceiro escalão do governo, em ministérios, autarquias e estatais.
Interessante observar que os principais cargos foram ocupados por generais oriundos da missão do Haiti, patrocinada pela ONU, atendendo interesses dos Estados Unidos e da França, entre 2004 e 2017.
O processo de militarização que culminou na formação do “Partido do Exército”, no entanto, vem de antes do golpe de Estado, em 2016, que já contou com a participação ativa de setores militares.
É também fruto da retomada de valores antidemocráticos e antinacionais professados por herdeiros do coronel Brilhante Ustra e, principalmente, do general Sylvio Frota, histórico adversário do general Ernesto Geisel, nos anos setenta.
A “parceria” com o “agitador das massas“, como definiu o general Hamilton Mourão, referindo-se ao ex-capitão Jair Bolsonaro, promoveu a aliança entre o “vivandeirismo” político e a conspiração militar intramuros.
Em maio de 2016, a mídia divulgou áudios de conversas entre os personagens que tramavam o golpe de Estado, que resultou no impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
“Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar”, dizia Romero Jucá ao seu interlocutor, o ex-peessedebista e, na época, no PMDB, Sérgio Machado.
Os áudios registravam conversas ocorridas em março entre os articuladores do golpe de Estado, dois meses antes da votação do impeachment no Senado Federal, em 12 de maio.
Em 2 de janeiro de 2019, durante a cerimônia de transmissão de cargo no Ministério da Defesa, o capitão-presidente agradeceu publicamente ao ex-comandante do Exército, general Villas Bôas, por sua eleição.
“O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”, discursou o presidente eleito, emendando que “o que já conversamos morrerá entre nós”.
Agora, nomeado assessor especial do Palácio do Planalto, o general Villas Bôas, por sua vez, afirmou que Bolsonaro “tirou o país da amarra ideológica que sequestrou o livre pensar” e “do pensamento único e nefasto”.
O registro da conversa não deixa dúvidas sobre a participação dos militares, mais exatamente dos “comandantes militares” no processo que terminou afastando ilegalmente a presidente recém-eleita do Brasil.
A partir de então, acelerou-se a conspiração intramuros dos quartéis que evoluiu para a eleição do capitão Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.
Este fato, seguido de uma sequência de outras ocorrências, não deixa qualquer dúvida de que o papel do Exército foi, e segue sendo, maior do que apenas “tutelar” um presidente destrambelhado.
Naquele momento, a conspiração ainda corria em duas frentes, uma linha “oficialista” tendo à frente o general Villas Bôas e, outra, mas não contraditória, liderada pela turma do Haiti, herdeiros do general Silvio Frota e da linha dura.
O grupo do Haiti, sob “comando” do general Augusto Heleno, inicialmente apostou na quartelada, mas em 2017 embarca na campanha do capitão Bolsonaro.
O comandante do Exército, general Villas Bôas investiu na chantagem “democrática”, buscando a construir uma “saída” pelo centro em torno do candidato Geraldo Alckim, mas sucumbiu às ameaças dos generais Heleno e Mourão.
A turma do Haiti começou a operar/conspirar mais efetivamente em setembro de 2017, quando o general Oswaldo Ferreira foi convidado para participar do programa de governo de Bolsonaro.
As reuniões do grupo fechado, formado basicamente por militares do Exército, ocorriam às quartas-feiras, combinando com a agenda parlamentar de Bolsonaro, que assim participava das reuniões.
O caráter “militar” e conspiratório das reuniões foi lembrado em recentes áudios do ex-presidente do PSL, Gustavo Bebianno, no bate-boca travado com o presidente Bolsonaro.
Gustavo Bebianno, ex-presidente do PSL – “O senhor se lembra que, no início, eu não poderia participar das reuniões de quarta-feira, porque os generais teriam restrições contra mim? Eu não entendia que restrições eram aquelas, se eles nem me conheciam. O senhor hoje pergunte para eles qual o conceito que eles têm a meu respeito, sabe, capitão?
A “alternativa” trilhada pelo comandante do Exército, por sua vez, tinha origem “orgânica” no golpe, urdido pelo Departamento de Estado dos EUA e suas agências, iniciado com as escutas telefônicas, depois com a Operação Lava Jato e, por fim, operado pelo PSDB e o PMDB, “com o STF, com tudo”.
Em 25 de Maio de 2017, o general Villas Bôas participou de evento na Fundação Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, onde debateu o papel do Exército, em especial o Artigo 142 da Constituição Federal. Na mesma época, compareceu a um ato público junto do governador Alckmin, com Bolsonaro presente, em que defendeu a volta do “espírito de 1932” para liderar “um processo de resgate, com capacidade de mobilizar as energias nacionais”.
Em 3 de abril de 2018, os dois centros da conspiração convergem definitivamente, em conjunto com o comando da Operação Lava Jato, quando, sob pressão da corrente da quartelada, o comandante do Exército, general Villas Bôas, em parceria com a Rede Globo, afasta Lula da eleição.
Nesse dia, ogeneral Villas Bôas publica dois tweets, com exposição no Jornal Nacional, ameaçando os ministros do STF, em especial a ministra Rosa Weber. Com isso, rompia com um dos preceitos básicos do Artigo 142 da Constituição Federal, ou seja, abandonava os princípios da hierarquia e da disciplina das FFAA, cedendo à pressão dos generais de pijama.
O enquadramento final da aliança militares-Bolsonaro coube à CIA que, em 10 de maio de 2018, disparou suas bombas midiáticas contra a memória do general Ernesto Geisel, com uma extemporânea divulgação de documentos do período da ditadura.
Para bloquear qualquer eventual resistência “nacionalista” no interior das FFAA, investiu contra o general Ernesto Geisel, acusando-o de ter sido o ditador mais radical da ditadura, fraude histórica “comprada” por boa parte da esquerda caipira e amplificada pela mídia subordinada ao Pentágono.
“Em memorando, diretor da CIA diz que Geisel autorizou execução de opositores durante ditadura”, trombetou a Rede Globo, em seu online e no Jornal Nacional.
A contradição histórica com o pensamento do general Ernesto Geisel unifica o Partido do Exército, encabeçado por herdeiros do general Sylvio Frota e do coronel Brilhante Ustra, adversários do ex-presidente, nos anos setenta. Em especial o general Sylvio Frota simboliza a visão superada de um Brasil alinhado servilmente aos Estados Unidos, pautado por uma visão “anticomunista ficcional” e isolacionista.
Ex-combatente ao lado das forças de Getúlio Vargas em 1932, e dono de uma visão ampla do papel do Estado, a memória do general Ernesto Geisel certamente também desagrada ao general Villas Bôas e sua expressa profissão de fé na “locomotiva” quatrocentona.
O então capitão Augusto Heleno, nos anos setenta, foi ajudante de ordens do general Sylvio Frota, segundo o jornalista e escritor Elio Gaspari, em artigo publicado na Folha, em 28 de novembro de 2018. Já o general Hamilton Mourão, em sua despedida do Exército, em fevereiro de 2018, declarou ter sido comandado por Brilhante Ustra, a quem chamou de “herói”.
A turma do Haiti, em resumo, significa um retrocesso não apenas ao passado antidemocrático do Brasil, mas principalmente às teses antinacionais derrotadas durante o governo do general Ernesto Geisel que, além disso, mais tarde, chamou o deputado Bolsonaro de “vivandeira” e “mau militar”.
Em sua biografia, publicada nos anos noventa, o general Ernesto Geisel detalha as disputas políticas em torno de temas como a relação com os Estados Unidos, o “comunismo” e a visão de Estado Nacional.
O estabelecimento de relações diplomáticas do Brasil com a China e com Angola, durante o governo do general Ernesto Geisel, estiveram no centro do embates.
Na época, as mesmas forças que hoje se alinham automaticamente aos EUA posicionaram-se contra a decisão de Geisel – por ser a China e Angola “países comunista”.
General Ernesto Geisel - “O primeiro problema que tive (com a área militar) foi quando se resolveu reatar relações diplomáticas com a China, no começo do meu governo. Silveira tinha conversado sobre o assunto e, após analisá-lo, acabei concordando. O Frota (Silvio Frota) veio a mim, manifestar-se contrário: achava que não era conveniente. Outro que no começo também foi contrário foi o Henning, da Marinha. O Araripe, da Aeronáutica, era mais ou menos contra e chegou a conversar ligeiramente sobre o assunto. Todos traziam opiniões e o pensamento de escalões hierarquicamente inferiores. Reuni os três e lhes perguntei: “Por que nós não vamos reatar relações com a China?”. A resposta foi que a China era um país comunista. “Por que, então, vocês não vêm me propor romper relações com a Rússia?”. “Se vocês querem ser coerentes, então vamos cortar relações com a Rússia também e vamos nos isolar, vamos virar mesmo uma colônia dos Estados Unidos”.
Fiel às origens e ao passado, durante a campanha o general Mourão chamou os países emergentes de “mulambada”, em especial os africanos, asiáticos e latinos.
“Partimos para aquela diplomacia que foi chamada de Sul-Sul, e aí nos ligamos com toda a mulambada do outro lado do oceano e do lado de cá, que não resultou em nada, só em dívidas”, disse o general Mourão. O resultado dessa visão é o afastamento do Mercosul, a estupidez de apoiar uma intervenção militar dos EUA na Venezuela, a ameaça de romper com o Oriente Médio, por conta da mudança da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém e, principalmente, o risco de perder o mercado da China.
General Ernesto Geisel – “O mesmo problema surgiu quando reatei relações com Angola. A mesma história: “É um país comunista, os Estados Unidos estão subsidiando a revolução contra o governo de Angola, e nós somos solidários com os Estados Unidos!”. Respondi: “Não, nesse ponto eu não sou solidário. Acho que os Estados Unidos são têm o direito de fomentar a revolução em outro país. Não concordo com esse posicionamento. E tem mais: Angola é fronteira marítima com o Brasil. Nossa fronteira oriental é toda a costa oeste da África. Então não vamos ter relações com um país fronteiriço? Além disso, Angola é descendente de Portugal, fala como nós, a mesma língua!. E há outro interesse: as perspectivas são de que o litoral angolano tenha petróleo, e nós poderemos obter suprimento em Angola”. Respondiam: “Mas o governo é comunista!” E eu: “É, é subsidiado pela Rússia, mas a revolução que existe em Angola é subsidiada pelo americano. O americano está financiando uma revolução lá dentro!”. A Unita até hoje é subsidiada pelo americano em armamentos, em munição, em dinheiro e tudo mais. “Que direito têm os Estados Unidos de intervir em país e lá provocar uma revolução? Não temos nada com isso, não temos nada com a Unita. No passado, sempre transacionávamos com Angola e agora temos interesse em trazer petróleo de lá.” Foi outra discussão. Eu dizia: “Vocês têm que abrir os olhos, o mundo é outro! Vocês não podem ficar nesse círculo estreito!”. Eles engoliram a solução, mas evidentemente resmungando”.
O resmungo regurgitado por quase meio século ganhou voz ativa em pleno 2019, com a adesão à agenda de Donald Trump de “maneira mecânica e caudatária”, como definiu o diplomata Rubens Ricupero.
“Fica-se com a impressão de que, na relação com os EUA, o céu é o limite ou, mais apropriadamente, que não existe nessa relação nenhum limite, nem o da decência, nem o da soberania ou do patriotismo”, continuou. Segundo Ricupero, “por motivação puramente ideológica e a fim de agradar os americanos, a diplomacia atual está disposta a sacrificar interesses brasileiros concretos”.
No poder, o Partido do Exército retoma as teses derrotadas da Guerra Fria, do “anticomunismo ficcional”, do alinhamento servil aos Estados Unidos e da visão de Estado anti-povo do tempo da Lei de Segurança Nacional. E fazem isso no momento em que o mundo unipolar esboroa-se dramaticamente, com a irrupção de um multilateralismo liderado pelos BRICS, com China e Russia à frente.
Pela primeira vez na história, abrindo mão de sua soberania e independência, e por motivos ideológicos, o Brasil se alia ao lado perdedor da guerra em curso no planeta.
Fonte: Por Fernando Rosa, em seu blog
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Gen Ex Mourão - Não me vejo nesse papel de 'eu sou o terror'
Gen Ex Mourão e Bolsonaro compartilham antipetismo e admiração por Brilhante Ustra O mundo tá muito chato —e Antonio Gramsci tem sua parcela de culpa nisso, desconfia o general Antonio Hamilton Mourão, 65. Os comunistas de hoje se inspiram um bocado no filósofo italiano marxista morto 81 anos atrás para impor “uma forma de dominação” insidiosa: “A hegemonia do consenso”, hoje representada pelo politicamente correto. “Se você sai hoje um milímetro dele, é execrado”, diz. E Mourão, para o gosto da esquerda, é um outdoor ambulante da incorreção política. Já defendeu, num evento maçom, a intervenção militar como antídoto para a corrupção. Declarou que o Brasil herdou a “indolência” dos indígenas e a “malandragem” dos africanos. Pior: aceitou ser vice do candidato à Presidência que mais confortavelmente veste as causas da extrema-direita em 2018, Jair Bolsonaro (PSL). Mas tentativas de rotulá-lo como isso ou aquilo são “baboseiras”, diz à Folha o general de fala mansa, posições duras e uma pistola 45 guardada numa gaveta em seu apartamento, no posto seis da praia de Copacabana —além do imóvel, esse no nome dos filhos, ele declarou à Justiça Eleitoral outro, com valor venal de R$ 204 mil, um veículo de R$ 61 mil (um Sandero) mais aplicações de R$ 2.203 (poupança) e R$ 147.446,7 (renda fixa). Mourão, que se descreve como “liberal na economia e conservador nos costumes”, tem das suas ideias fixas. O antipetismo, por exemplo. “Sempre considerei o PT a vanguarda do atraso. Não soube respeitar o que é a democracia.” Inclusive uma intervenção militar seria bem-vinda “caso a candidatura de Lula seja aceita e haja protestos significativos por parte da população”, e vice-versa: “O Judiciário decide que Lula não será candidato, o que pode levar aos caos, a uma situação em que a Força tenha que intervir”. O regime militar brasileiro é um tema caro a ele e Bolsonaro, que foi seu “bixo” (jargão para calouro) na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) —os dois se formaram nos anos 1970 nesta instituição onde há um salão batizado com o nome de Emílio Garrastazu Médici e uma fachada com a inscrição “ides comandar, aprendei a obedecer”. O período não era esse bicho-papão que a esquerda, por “desonestidade intelectual”, tenta vender, não na opinião do general. Veja a questão da tortura. “Não aprovo, ok, não é um m��todo interrogatório válido, mas foi aquilo utilizado naquele momento”. Fora que é “óbvio que muita gente em quem [os militares] não encostaram um dedo” veio depois alegar ter sido torturada, "quando apareceu a possibilidade de indenização”, diz Mourão, que usa na lapela do paletó um broche dourado em formato de granada. O horror ao comunismo ele herdou do pai, militar graduado na época da Intentona Comunista, rebelião liderada por tenentistas, Luís Carlos Prestes entre eles, para derrubar Getúlio Vargas em 1935. “Aquilo calou fundo por atentar contra princípios básicos [nas Forças]: a lealdade e a camaradagem. Companheiros mataram outros que dormiam. Aquela geração se tornou anticomunista ferrenha.” Especializada no episódio, a doutora em história pela USP Marly Vianna sustenta em seus escritos que essa versão foi plantada para que se fizesse crer em insurgentes “a tal ponto traidores que teriam sido capazes de baixezas como a dos fantásticos assassinatos de colegas dormindo”, algo inverossímil dada a tensão nada sonífera no quartel no dia. Mourão conversou com a Folha na semana passada e emendou uma sabatina no BTG Pactual. Ao seu lado tinha Levy Fidelix, entretido com o painel no lobby de seu hotel, que trazia a pintura de um aerotrem —sua bandeira coqueluche nas duas vezes em que foi presidenciável, em 2010 e 2014. Levy agora tenta a Câmara, abrindo espaço para que o novo filiado do PRTB assumisse a vice de Bolsonaro. À plateia do banco de investimento Mourão citou Roberto Campos, referência do liberalismo nacional, e chamou o cabeça de chapa de “Zero Um”. “Bolsonaro seria mais o agitador. Sou mais o propagandista”, diz à reportagem sobre o papel que vem exercendo na chapa, o de dialogar com empresários e entidades. Também faz as vezes de conselheiro. Para debates, recomenda: “Cabeça fria num corpo quente”. Missa todo domingo Mourão se vê como um tipo sereno. Frequenta a missa todo domingo, a da igreja Nossa Senhora da Paz, a duas quadras da praia de Ipanema. É verdade que anda faltando a algumas, culpa da campanha. Se está em Brasília, é na Paróquia Militar do Oratório do Soldado que vai —os fardados têm uma Arquidiocese só deles, a Militar, e o líder dela, dom Fernando Guimarães, é um bom amigo, conta. “Ele também gosta de uísque.” Tomar um “uisquinho” é ritual noturno para o general, melhor ainda se da marca Jura, “single malt”. Outra tradição deste filho de uma professora universitária de letras é ler, e ler mais de um livro ao mesmo tempo, se possível. Entre as leituras atuais: “A Ascensão do Dinheiro”, de Niall Ferguson, e uma biografia de Thomas “Stonewall” Jackson, general que lutou do lado confederado, que defendia a continuidade da escravidão, na guerra civil americana. Esse último foi presente de outro “dileto amigo”, o "maior presenteador de livros”, com quem acumula “oito anos de afinidades”. Fala do desembargador Thompson Flores, presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que confirmou a condenação de Lula a 12 anos de prisão. Mourão o recepcionou dias atrás no Clube Militar, sob sua presidência desde maio. Antes disso, chefiava a Secretaria de Finanças do Exército. Mourão se diz zeloso à hierarquia: “Canso de dizer, decisão de comandante não se discute”. Resignou-se, portanto, quando o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, o removeu do cargo após críticas públicas ao governo Michel Temer em dezembro, numa palestra no Clube do Exército, a convite do grupo Ternuma (Terrorismo Nunca Mais). “Foi considerado uma ofensa [a Temer], fui exonerado, uma coisa normal”, diz a respeito da avaliação que então fez sobre o país: “Não há dúvida que atualmente estamos vivendo a famosa ‘Sarneyzação’. Nosso atual presidente vai aos trancos e barrancos, buscando se equilibrar, e, mediante o balcão de negócios, chegar ao final de seu mandato”. Outra palestra já o meteu em apuros com a alta cúpula militar. Em 2015, foi transferido do Comando Militar do Sul para a burocrática pasta de Finanças após criticar o governo Dilma Rousseff. Não ajudou um general sob sua tutela ter promovido no dia homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra, chefe da repressão na ditadura —já definido como “herói” tanto por Mourão quanto por Bolsonaro. A polêmica que mais deu o que falar ocorreu em 2017, numa loja maçônica de Brasília. Disse então que seus “companheiros do Alto Comando do Exército” entendem que uma “intervenção militar” seria válida se o Judiciário “não solucionar o problema político” (a corrupção no meio). Mourão é maçom, “como Duque de Caxias”. Agora está mais inativo, mas até pouco era filiado a um grupo de Porto Alegre. Como Bolsonaro, tem a seu lado uma mulher décadas mais nova —Paula, 42, que conheceu no Exército. A primeira esposa, mãe de seus dois filhos, já morreu. Homem cordial Antes de se declarar indígena ao TSE, Mourão alvoroçou a opinião pública ao dizer que “temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena”. “As pessoas ficaram meio chocadas”, mas como falar de racismo? Ele é o que por acaso? Não branco, preto, pardo ou asiático. “Minha avó era cabocla. Olha a minha foto, se me pôr um cocar, passo tranquilamente numa [aldeia]”. “Não vejo esse papel de ‘eu sou o terror’”, afirma sobre o estoque de controvérsias que cultivou nos últimos anos. O que declarou sobre indígenas e africanos não é nada que medalhões como Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda não tenham tratado ao investigar a formação da identidade verde-amarela, diz Mourão. “O brasileiro é um homem cordial pois gosta de estabelecer relações mesmo se não é bem-vindo naquele relacionamento. Tipo o carioca que fala ‘passa lá em casa’, mas não quer que o cara passe lá de verdade”, diz o general cordial. ___________________________________________ Confira na íntegra a entrevista/sabatina com o General Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidência de Jair Bolsonaro no BTG Pactual, onde falou sobre temas políticos. Evento realizado pelo BTG Pactual. Vídeos publicados em 24 e 27 de Agosto.
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Militares defendem a preservação da Amazônia, diz Jungmann
Ex-ministro vê no grupo pontos semelhantes aos defendidos pelos ambientalistas e prega aproximação para mais diálogo O ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública Raul Jungmann afirmou hoje, na Live do Valor, que militares e ambientalistas defendem pontos semelhantes como a preservação da Amazônia e o seu desenvolvimento sustentável. Para ele, é necessário no Brasil que líderes políticos da sociedade civil exerçam essa liderança e façam uma aproximação com os militares, de forma a evitar o distanciamento e o isolamento. “Se a elite política civil não leva em conta os militares, [eles, da elite política civil] também não serão levados em conta. Não cabe exclusivamente aos militares esse papel [de pensar a defesa do país e da Amazônia], que cabe à liderança política, que tem que estar à frente do processo e não está", disse Jungmann. Para o ex-ministro, o distanciamento entre militares e sociedade civil é um erro. "O mundo militar é uma ferramenta da nossa soberania", afirmou. Jungmann defendeu o diálogo e a criação de um projeto nacional sobre a área de Defesa e a preservação da Amazônia, com o seu desenvolvimento sustentável. O ex-ministro destacou a preocupação dos militares com questões como a existência de áreas indígenas e regiões de preservação próximas às fronteiras. Jungmann explicou que os militares veem com preocupação a possibilidade de que no futuro um tribunal internacional possa vir a decidir por algum nível de intervenção caso se considere que populações indígenas em regiões de fronteira estão ameaçadas. O ex-ministro frisou que esse é o principal temor dos militares quanto ao assunto. "Esse é o entendimento militar", ponderou. "Preocupação que tem que ser reconhecida e tem que gerar diálogo", acrescentou. Para o ex-ministro, as ONGs "são importantíssimas" na Amazônia, embora haja o estereótipo de que elas não querem desenvolvimento da região. "A saída é dialogar e chegar a um consenso", frisou, acrescentando que sociedade civil e militares querem desenvolver de forma sustentável a Amazônia. "Mas onde está o Estado?", questionou, ressaltando que há a necessidade de convergir a preocupação de soberania dos militares com a preservação defendida por ambientalistas. "Enquanto não se construir isso e transformar isso em atividades sustentáveis, vamos estar queimando árvores. E isso é queimar dinheiro", afirmou. Mourão e Ustra O ex-ministro afirmou que o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi "infeliz" ao citar o ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra na semana passada e afirmar, em entrevista ao jornal alemão “Deutsche Welle”, que Ustra, acusado de torturar opositores durante o regime militar, era um "homem de honra" que "respeitava os direitos humanos de seus subordinados". Jungmann fez questão de frisar que o importante para o país no momento é "olhar para frente e construir", mas sem esquecer o passado. O ex-ministro viu inclusive uma crítica velada de Mourão a Ustra, uma vez que, ao dizer que ele respeitava os direitos humanos dos subordinados, diz implicitamente que talvez Ustra não respeitasse os direitos de outras pessoas. Mas Jungmann disse que apenas Mourão poderia ou não confirmar essa crítica. Reprodução/Youtube Militares defendem a preservação da Amazônia, diz Jungmann
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Mourão diz que Ustra era “homem que respeitava direitos humanos de subordinados”
O militar é apontado por dezenas de perseguidos políticos e familiares de vítimas da ditadura militar como responsável pelas perseguições, tortura e morte de opositores do golpe de 64 Valter Campanato/Agência Brasil O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, em entrevista à agência de notícias alemã Deutsche Welle, que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado por tortura na ditadura militar, foi um homem de “honra”, “que respeitava os direitos humanos de seus subordinados”.
O militar, que morreu em 2015, aos 83 anos, é apontado por dezenas de perseguidos políticos e familiares de vítimas do regime militar como responsável pelas perseguições, tortura e morte de opositores do golpe de 64.
“O que posso dizer sobre o homem Carlos Alberto Brilhante Ustra, ele foi meu comandante no final dos anos 70 do século passado, e era um homem de honra e um homem que respeitava os direitos humanos de seus subordinados. Então, muitas das coisas que as pessoas falam dele, eu posso te contar, porque eu tinha uma amizade muito próxima com esse homem, isso não é verdade”, disse o vice-presidente.
Wilson Dias/ABr Mourão afirmou que a tortura não é uma prática que o governo brasileiro concorda ou “simpatize”, mas comentou que muitas pessoas que lutaram contra guerrilhas urbanas nos anos 60 e 70 foram “injustamente acusadas de serem torturadoras”. “Em primeiro lugar, não estou alinhado com a tortura, e, claro, muitas pessoas ainda estão vivas daquela época, e todas querem colocar as coisas da maneira que viram. É por isso que eu disse antes que temos que esperar que todos esses atores desapareçam para que a história faça sua parte. E, claro, o que realmente aconteceu durante esse período… esse período passou”, disse. Mourão afirmou que, durante a ditadura, os militares “fizeram coisas muito boas pelo Brasil e outras coisas não foram tão bem” e disse que a “história só pode ser julgada com o passar do tempo”. “Ainda estamos a cerca de 50 anos desse período. Precisamos de mais 50 anos para que esse período seja bem avaliado”, acrescentou.
O vice-presidente afirmou também que a democracia é um dos objetivos nacionais permanentes e que o governo quer tornar o Brasil a “democracia mais brilhante do hemisfério Sul”.
Questionado se o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro após o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar operação da Polícia Federal contra aliados do presidente, no âmbito do inquérito das fake news, em que o presidente afirmou que as Forças Armadas “não cumprem ordens absurdas”, Mourão disse que não se tratava de uma ameaça. “As Forças Armadas estão alinhadas com sua missão constitucional, e não estão saindo dela. As coisas aqui no Brasil estão tranquilas e indo bem. E deixo bem claro que a democracia é um valor não só para o governo Bolsonaro, mas também para as nossas Forças Armadas. Então não existe nenhuma ameaça ao Supremo Tribunal Federal ou ao sistema Legislativo aqui no Brasil”, afirmou. O vice-presidente disse ainda que a participação de Bolsonaro em atos que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo também não eram uma ameaça à democracia. E disse que a afirmação do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que viu “agressões gratuitas à democracia” na ocasião, eram ocasionadas pela “polarização na política”. “Não, isso acontece porque há polarização na política. O governo de São Paulo se opôs a Bolsonaro. Isso é muito mais conversa do que, digamos, ação”, comentou.
Questionado se essa era uma conversa perigosa, o vice-presidente afirmou que não, já que “ninguém tem poder de fazer o que quer aqui no Brasil”. “Não, não é perigosa. É perigoso quando você tem poder de fazer o que quer, mas ninguém tem poder de fazer o que quer aqui no Brasil”, afirmou. Ustra, conhecido nos porões da ditadura como “Dr. Tibiriçá”, era o único militar brasileiro declarado torturador pela Justiça. O Dossiê Ditadura, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, relaciona o coronel com 60 casos de mortes e desaparecimentos em São Paulo.
A Arquidiocese de São Paulo, por meio do projeto Brasil Nunca Mais, denunciou mais de 500 casos de tortura cometidos dentro das dependências do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) no período em que Ustra era o comandante, de 1970 a 1974.
Em 2015, o Ministério Público Federal (MPF), ofereceu denúncia contra Ustra. Ele é apontado como responsável pela morte do militante comunista Carlos Nicolau Danielli, sequestrado e torturado nas dependências do DOI-CODI, em dezembro de 1972.
Leia o artigo original em: Valor.com.br
Via: Blog da Fefe
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