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Dias de Insana Realidade
Alguns amigos e amigas estão me cobrando um texto ou uma análise do que está acontecendo hoje e por estes dias.
Mas tudo é tão insano que tenho dificuldade em escrever.
Eu não tenho dúvidas de que a corrupção no governo do PT foi grande e, Lula, de uma forma ou de outra, esteve envolvido ou ciente.
Mas as provas são mais frágeis do que aquelas contra Aécio e Temer, e estes dois nem podem ser julgados.
Por outro lado, se o STF julgar que Lula não deve ser preso, Eduardo Cunha e outros usarão o precedente para pedir liberdade. Aliás, isso ajudará Temer e Aécio a nunca serem presos, assim como muitos outros.
Os que celebram o “fim da corrupção” com a provável prisão de Lula, não percebem que o jogo é outro. Embora a sua liberação possa beneficiar políticos já presos ou em vias de o serem, como eu disse, é óbvio que o interesse dos políticos e do STF não é o da justiça ou fim de corrupção e privilégios, mas os interesses de grupos e estratos sociais a que pertencem. Se o STF de fato fosse um guardião da constituição, retiraria o auxílio moradia de juízes que ultrapassa o teto constitucional e custa mais de um bilhão de reais aos cofres públicos, mas não o fez e não fará.
Se os juízes quisessem a justiça e a ética, abririam mão desse auxílio e de outros privilégios, mas não vão, e alguns fazem greve de fome em nome da “justiça e da ética”.
Ao mesmo tempo, generais da reserva e da ativa, falam o que não deveriam. Falem em Golpe, em quebra da ordem constitucional e são defendidos por Temer que alega “liberdade de expressão”. Defesa insana, defesa da liberdade de pregar o fim da liberdade. Temer não se importa de fato com a democracia, mas com os seus interesses e os dos seus amigos e vai fazer o que for preciso para que ele e sua quadrilha permaneçam soltos, ricos e no poder.
Ao mesmo tempo, centenas de milhões de brasileiros pobres estão alheios a tudo isso, como sempre estiveram alheios em relação as lutas de poder da “Casa Grande”. Nâo os culpo, eles nunca tiveram a real cidadania e estão ocupados demais tentando viver para se inteirarem do que sempre lhes foi distante, a não ser em épocas de eleições quando se pode trocar um voto por alguns tijolos.
Enquanto esses milhões estão alheios, milhares de pessoas de classe média ou alta pedem golpe militar PROTEGIDOS pela PM, a mesma que bate em manifestantes de esquerda. E a “esquerda”, como tenho dito à exaustão, não se reciclou, não se reviu e abandonou a organização da cidadania dos pobres, deixando as periferias entregues ao crime organizado, aos pastores que prometem a riqueza imediata e aos políticos de carreira, velhos no poder. A esquerda e Lula optaram por eleger o executivo e negociar com o legislativo clientelista e coronelista, digo isso há muitos anos, desde do segundo mandato de Lula. Agora eles colhem os frutos amargos do cultivo de relações dom as velhas ratazanas do poder.
E para coroar, Sérgio Moro defende o privilégio do auxílio moradia na mídia, que ele tanto preza, desmerece alguns delatores por serem bandidos (e que acusaram os que são próximos do magistrado) mas aceita o de outros delatores, também bandidos, que delatam quem ele prefere que delatem. Aliás, eu me pergunto, qual a diferença entre o privilégio de ter o aluguel de um “triplex” pago por empreiteiras e o aluguel pago pelos contribuintes em forma de auxílio moradia. Para mim, se Lula de fato recebeu esse “privilégio”, Moro recebe também. E nós pagamos a ambos.
Nestes dias, o Brasil se revela como sempre foi. Um país de insana realidade, no qual a luta não é pela democracia, pela oportunidade a todos ou pelo próprio desenvolvimento, mas pela manutenção do poder de quem o tem, às custas de qualquer coerência ou ética.
(por Luís Fernando Ferraz Amstalden)
Publicado no Blog do Amstalden em 04/04/2018, antes do julgamento do Habeas Corpus de Lula
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“Chuva de Arroz / New Life” disponível para download.
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Cover de “Eu, Você, o Mar e Ela”, de Luan Santana.
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Cover de “Sign Of The Times”, do Harry Styles.
Cover of Harry Styles’ “Sign Of The Times”.
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Cover de “Eu Já Te Amava”, de Paula Mattos.
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Cover de “Chuva de Arroz / New Life”, de Luan Santana e Double You.
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“Acordando o Prédio” disponível para download.
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Demo para o cover de “Flores Em Vida”, de Zezé Di Camargo & Luciano.
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“Medo Bobo” disponível para download.
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No Confessionário: A Relevância do BBB 18
Ayrton, 56 anos, carioca, analista e programador. Ana Clara, 20 anos, carioca, estudante de jornalismo. Kaysar, 28 anos, sírio, animador de festas infantis e garçom. Gleici, acreana, 23 anos, estudante de psicologia. O que estas pessoas têm em comum? A possibilidade de se tornarem milionárias neste dia dezenove de abril.
Não é novidade para ninguém que reality shows como o Big Brother Brasil dividem opiniões. Sua inegável popularidade e invejável audiência contrapõem-se às críticas pelo superficialismo, forte apelo sexual e, principalmente, por não ter qualquer propósito útil além do simples entretenimento. Você com certeza já ouviu de alguém que “assistir o Big Brother é coisa de quem não tem o que fazer”, ou qualquer outra máxima que qualifique o público fiel ao reality como acéfalo.
Não digo que me incluo em um time ou outro. Acompanhei as primeiras edições, as quais, em minha opinião, tiveram participantes mais carismáticos e icônicos. Como qualquer outro programa ou produção televisiva pioneiro e tão copiado, porém, não tardou para que seu formato se desgastasse. Ao longo de quase duas décadas, o BBB teve que se reinventar, criando novas formas para “se vender” ao público, em especial nos tempos atuais, com a “modinha” de se odiar e criticar a tudo.
Claro que o programa tem seus deméritos, e poderia, sim, se desfazer de velhos erros como a desnecessária sexualização dos participantes, visível desde a escolha de participantes, em sua maioria, com padrões de beleza típicos, até a venda de pacotes pelas operadoras de TV – e também pela internet – onde se pode acompanhar tudo o que acontece na “casa mais vigiada do país” em tempo real. Sem contar, também, do favoritismo por parte da própria emissora de TV que exibe o reality, editando apropriadamente as gravações de forma a dar maior ou menor destaque a cada participante, manipulando, assim, sua imagem e (des)construindo sua popularidade. O que, aliás, não funciona muito bem, em tempos em que tudo se espalha vorazmente através das redes sociais, antes mesmo de o programa (editado) ir ao ar.
Mesmo com o tempo escasso, com uma rotina intensa dividida entre o trabalho e a faculdade, consegui acompanhar a edição 2018 do Big Brother Brasil. A princípio, como de (meu) costume, tive um certo desinteresse, porém quando começaram a polêmicas em torno do comportamento estranho da Família Lima, confesso que comecei a assistir com maior frequência. Não se trata de um apreço por polêmicas, mas uma revolta com aquilo tudo. Eu queria mesmo entender se o “burburinho” procedia e se estávamos presenciando, em rede nacional, uma verdadeira vergonha. Queria entender se era possível, e, se fosse, por que não se tomara providências sérias a respeito.
De uma forma ou de outra, é fato que fui fisgado, admito, e, quem diria? Era o início da edição mais importante da história do BBB. Importante no sentido de trazer algo mais que entretenimento. Sem querer – ou não – o programa trouxe discussões relevantes, bem atuais e condizentes com a situação social e política do país. Isso se torna mais claro quando analisamos os grandes finalistas, e o que – ou quem – eles representam.
Ayrton e Ana Clara são um símbolo da direita. Têm uma vida financeira estável, e não seria exagero dizer, privilegiada. O pai, autoritário e machista, poderia até ser comparado, com um sutil exagero, ao candidato (?) à presidência Jair Bolsonaro. A filha, embora tenha demonstrado coerência e perseverança, é uma amostra da juventude das classes mais abastadas. Sendo sustentada pelos pais, está sujeita às suas vontades, ainda que contrariada.
Gleici é a pura e autêntica representação da esquerda. De origem humilde, criada na zona rural, ainda criança ela cuidava das tarefas domésticas e dos irmãos enquanto a mãe trabalhava fora. Seu primeiro emprego foi como babá aos 12 anos. O pai, dependente químico, foi assassinado na frente de sua irmã mais nova. Atualmente, mora com a mãe, irmão e sobrinho em uma casa de madeira na periferia de Rio Branco. E a jovem foi a única da família a conseguir cursar uma faculdade, graças ao FIES. Ela é, ainda, a representação da raça negra e também do povo do Acre, o estado mais esquecido – senão ignorado – pelo restante de nosso país. Carrega em si a vitória sobre o preconceito e a desigualdade social.
Kaysar poderia ser definido como o meio-termo entre esses dois extremos – ou talvez a soma de ambos. O que explicaria o fato de ele dividir opiniões. Fugiu da Síria para a Ucrânia, onde chegou a morar na rua até conseguir um emprego e alugar um quarto. Lá, viveu o terror da intolerância ao ser agredido por uma gangue nacionalista por ser sírio e cristão. Um mês depois, com a ajuda do cônsul da Síria no Brasil, que é primo de sua mãe, desembarcava em nosso país. O cônsul e seu irmão hospedaram o parente refugiado em um apart-hotel, mas, como o aluguel era caro, um deles acabou acolhendo-o em sua própria casa, um confortável imóvel de três andares, além de lhe garantir uma mesada de 1.800 reais. Cursou hotelaria, e atualmente trabalha como animador de festas infantis e garçom. No entanto, sua renda não lhe permite trazer os pais, que vivem na Síria, para o Brasil.
Analisando a trajetória de cada um no confinamento, é possível, também, traçar paralelos com a nossa sociedade e política. Os Lima marcaram um pioneirismo, sendo a primeira família a entrar junta na versão brasileira do reality. Logo na primeira semana, protagonizaram uma polêmica que gerou uma grande repercussão por parte do público, que chegou a colocar (mais uma vez) em cheque a imagem do programa. Ayrton, o pai, chegou a dar um “selinho” na filha durante uma festa, além de protagonizar outros momentos constrangedores em que deitou sobre a garota na cama e a acariciou na piscina; além de também demonstrar um carinho excessivo pelo sobrinho. A situação causou tamanha revolta no público que levou a produção do BBB a convocar os quatro integrantes da família para uma conversa secreta – que não foi transmitida nem mesmo pelo pay-per-view.
Isso não lembra em nada o que acontece com a elite? Sempre costuma-se colocar panos quentes em escândalos que envolvem pessoas de “renome” ou de status social elevado. O mesmo parece ainda acontecer no meio político, onde qualquer processo ou investigação sobre corrupção envolvendo partidos de direita é sempre moroso e, em grande parte, não acaba em nada. Enquanto isso, assistimos a exemplar celeridade e eficiência da justiça na condenação de políticos de esquerda. Tudo muito parecido com a forma como a Globo simplesmente fechou os olhos para a conduta preocupante de Ayrton, e como isso pode ser um péssimo exemplo às milhões de pessoas – inclusive jovens e crianças que acompanham o reality. Pior: a emissora trabalhou arduamente na reconstrução de sua imagem, algo bem visível na edição do programa, que em várias ocasiões dedicou mais tempo e imagens a este controverso pai de família, além de quadros e esquetes que o pintavam como o “paizão” de todos.
Ana Clara pode facilmente ser apontada como a única responsável pelo fato de o pai conseguir chegar à final. Sendo os dois equivalentes a um só, inclusive em termos de imunidade ou eliminação, a coerência dos discursos e opiniões da jovem ajudaram-na a conquistar a simpatia do público. Além, é claro, de ela ter formado par romântico com Breno, e como todos sabem, casais são um clichê na história do Big Brother, garantindo a permanência dos participantes por um período maior. O público realmente gosta de assistir às fases desses “amores de praia”: o flerte, as cenas quentes, os conflitos a dois e, principalmente, a dor da separação quando um deles é eliminado – talvez, por isso, poucos participantes que fizeram par chegaram à vitória.
Gleici e Kaysar não precisaram de (quase) nenhuma força por parte da produção do programa para alcançar popularidade. No caso da acreana, porém, eu arriscaria dizer que sua “falsa eliminação” foi um divisor de águas em sua trajetória na casa. Confinada em um quarto secreto após a eliminação, ela assistia a tudo que acontecia com os demais participantes, e preparou seu retorno numa analogia – proposital, por parte da Globo – ao grande retorno da Clara na novela “O Outro Lado do Paraíso”. Não houve, no entanto, nenhuma vingança por parte de Gleici, porém sua visão do jogo e suas atitudes mudaram muito, sem que isso comprometesse sua essência e honestidade. Não é difícil estabelecer um paralelo disso com a própria luta dela antes do BBB, em que ingressou na faculdade com a ajuda do FIES. Tal como a “ajudinha” do programa em torná-la uma jogadora mais forte, mas nem por isso privilegiada, muitas pessoas tiveram a chance de mudar suas vidas graças a uma “ajuda” do governo, seja ela em forma de FIES, ou de outros programas sociais como “Minha Casa Minha Vida”, ou mesmo através das cotas obrigatórias para afrodescendentes e estudantes de escolas públicas. Coisas que, aliás, são muito criticadas pelas classes privilegiadas, pois esses “empurrões” assistencialistas levariam os pobres ao comodismo – aquele velho discurso da meritocracia, que vende a ideia de que quem estuda e trabalha duro terá uma vida melhor.
Impossível falar do Kaysar sem me trair, e admitir que ele seria minha escolha como ganhador. Justamente porque ele reúne o melhor de dois mundos – social e geograficamente falando. Ele travou as mais duras batalhas, para chegar à vida aparentemente confortável que hoje desfruta. Traz em si o sofrimento dos sírios e a alegria e descontração dos brasileiros. É branco, mas já sofreu preconceito pela sua origem síria. Converteu toda a dor física e psicológica que experimentou em força para continuar na luta. Não surpreende que o confinamento no BBB, e o próprio jogo, sejam quase uma brincadeira de criança pra ele. Sua jornada no programa representa a jornada de sua vida. Sua história de superação, e seu propósito em estar ali, por si só, já o fariam merecedor da vitória. A sua conduta ao longo do jogo também: ele ficava sempre de fora das combinações de voto, e marcava presença em todos os grupos da casa.
Só que vivemos em tempos onde a todos se julga, e todos são julgados. Com Kaysar não foi diferente. Sua falta de posicionamento no jogo, sem se permitir pertencer a um “time” ou outro, bem como o fato de pouco dizer sobre sua vida pessoal – levando a especulações nas redes sociais dando conta de que ele seria um embuste, o levaram a ser tão amado quanto odiado pelo público. A imagem do sírio ficou mais comprometida quando ele votou em Gleici por influência de outra participante. No entanto, ele alcançou sua glória na prova de resistência mais longa da história do BBB, na qual empatou com Ana Clara, após quase dois dias inteiros sem comer ou dormir. Sensibilizada com a perseverança dos participantes, e preocupada com sua saúde, a produção decidiu declarar o empate, e que os dois deveriam entrar em um consenso sobre quem deveria ganhar a imunidade. Mesmo sabendo que, com sua eventual eliminação, o sonho de trazer seus pais ao Brasil chegaria ao fim, Kaysar demonstrou sua grandeza ao tomar a nobre decisão de conceder a imunidade à representante da família Lima. Consagrou-se, assim, como um verdadeiro herói: a necessidade alheia sobrepunha-se à sua. Foi certamente o momento mais emocionante de toda a história do reality. O desfecho máximo de uma prova de resistência que levou a Rede Globo a conquistar 4 recordes de audiência. Os fracos argumentos, quase chorosos, de Ana Clara – sem demérito à sua inegável força física na prova, sobretudo em se considerando o bom preparo físico de seu opositor – foram ofuscados pela decisão de Kaysar. Uma cena que comoveu até mesmo o inexpressivo apresentador do programa.
Assim como ele, muitos de nós, enquanto cidadãos, somos muitas vezes criticados por não assumir um posicionamento. Seja por não seguir uma religião, por não levantar uma bandeira, por não declarar abertamente ser de esquerda ou de direita, por não comemorar ou revoltar-se diante da prisão de um ex-presidente. A sociedade quer, a todo tempo, nos rotular. Rico ou pobre. Mocinho ou bandido. Vagabundo ou trabalhador. Ignorante ou sábio. Não há meio termo. Se você está em cima do muro, que se quebre o muro. Ser neutro incomoda, pois isso é muitas vezes confundido com alienação ou despreocupação com o mundo à nossa volta.
Sem demérito a Gleici, que representa toda uma classe social e ideologia política, vejo em Kaysar a representação de todo um povo massacrado pela guerra e intolerância, e que, mesmo assim, não deixa de lutar e acreditar em dias melhores. Com o recente ataque dos Estados Unidos à Síria, e a iminência de uma guerra envolvendo outras nações, ele desponta como um símbolo global – com perdão pelo trocadilho – de resistência, força e esperança. É por tudo esses quatro finalistas representam, que a meu ver essa edição do Big Brother Brasil é, sim relevante para todos nós – bem como o resultado da votação que levará, esta noite, à escolha do ganhador de 1 milhão e meio de reais. Por tudo que Kaysar representa, e pelo que seu caráter e personalidade nos ensinaram, eu o vejo como o grande vencedor do reality, ainda que não seja o ganhador. Explico, citando as palavras do jornalista Rodrigo Muzell, editor do site GaúchaZH, a respeito da desconfiança do público sobre a história do sírio:
“Ao votar em Kaysar, o telespectador ganha de qualquer jeito. Se ele tiver dito a verdade, é um história emocionante. Se ele for um farsante nascido em Guarapuava/PR, que inventou tudo para ganhar a bolada, esse terá sido o maior BBB da história.”
E se ele for mesmo apenas um cara esperto aplicando um golpe para ganhar dinheiro? Essa história irá ou não soar, a nós, brasileiros, um tanto familiar?
#Maxx Zendag#reflexao#BBB 18#BBB18#BBB#Kaysar#Gleici#Família Lima#TV#comportamento#sociedade#política#Brasil
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ERA UMA VEZ... O DIA EM QUE O FUNK ENCONTRA A MPB.
A proposta desta versão que produzi para a música de Kell Smith é fundir dois universos distintos: a MPB, gênero que representa a "elite intelectual", e o funk, enquanto "cultura de massa". Precisamos desmistificar rótulos, e derrubar conceitos ultrapassados, como o de que MPB é música de qualidade e funk é lixo. Cada vez mais, artistas de MPB estão agregando tendências de gêneros como o funk, ao passo que este vem aos poucos deixando de ser caracterizado como música machista de forte apelo sexual. O que ainda fomenta tal debate é o preconceito velado. Não agrada à elite conservadora ver uma pessoa originária da favela vencer na vida, ou uma transexual alcançar sucesso. Então existe essa 'cultura' de que música de verdade tem que ter conteúdo lírico, tem que passar uma mensagem construtiva. O que eu discordo totalmente. Há espaço para todo tipo de ideia na música: ela pode levar à reflexão, transmitir um sentimento ou simplesmente entreter e fazer dançar. Acho que essa minha versão para 'Era Uma Vez' tem um pouco disso tudo.
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CHEGUEI PRA TE REMIXAR.
Confira a versão exclusiva da música “Cheguei Pra Te Amar”, com mais vocais do MC Livinho e refrão com Ivete Sangalo.
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12 MOTIVOS – Motivo Nº 12: O Sonho
Nesse artigo, que finaliza a série sobre meu álbum independente, “12 Motivos”, abordarei a última música do projeto, “Chuva de Arroz / New Life”.
Em outubro de 2015, Luan Santana lançou a canção “Chuva de Arroz” como terceiro single do álbum Acústico. Duas semanais depois, foi divulgada uma nova versão, com um trecho adicional em inglês cantado pelo grupo italiano Double You. Esta versão bilíngue veio acompanhada de um lyric vídeo (vídeo com letra) que reuniu filmagens de 20 casamentos realizados entre 2011 e 2015.
A letra fala sobre o sonho de se casar. A versão bilíngue não apenas ganhou um trecho em inglês que fala sobre um pedido de perdão, mas também teve cortada uma parte da letra original:
“Por isso todo mundo passa E quem nunca passou vai passar Já tô dizendo aos meus amigos Calma, que eu não vou pirar Já pirei”
Aqui, o casamento era definido como algo “inevitável”, um acontecimento que viria em algum momento de nossas vidas, e o ato de se casar era tido como loucura – no bom sentido da palavra. Simplesmente uma piração.
O caminho natural de uma relação estável e feliz é o casamento. Por um longo período de tempo, porém, a Lei não reconhecia a união homoafetiva. Ou seja, tal como os heteros, os homossexuais namoravam, moravam juntos, dividiam despesas mas estavam à margem da sociedade, uma vez que seu casamento, ainda que concretizado no sentido de dividir o mesmo teto e tudo mais, não era oficializado, o que significava a perda de números direitos desfrutados pelos casais com matrimônio registrado em cartório.
Essa injusta desigualdade teve fim no dia 27 de junho de 2011, quando foi registrado em cartório o primeiro casamento gay do Brasil. Tenho orgulho em fazer parte dessa revolução no Direito Civil. A oficialização do meu casamento saiu em setembro de 2012, após uma batalha judicial que durou mais de um ano. Fomos o primeiro casal gay de Piracicaba a oficializar a união matrimonial – terceiro no Estado de São Paulo e quinto no Brasil.
O divórcio se deu em abril de 2016, o que provavelmente nos torna o primeiro casal gay a se divorciar. Parece uma ironia, visto que trata-se de um direito pelo qual a sociedade LGBT lutou por muito tempo, direito esse para o qual simplesmente virávamos as costas. Mas não é uma piada. E tampouco um drama. Apenas algo que poderia acontecer a qualquer casal. Isso não diminui meu orgulho em ser parte da história de conquistas do público LGBT. E posso afirmar que aprendi muito com o fechar desse ciclo em minha vida.
Em muitos casos, a separação não ocorre de maneira tranquila, sem traumas ou transtornos. É natural. Sempre há uma parte que carrega a dor, que não aceita o fim, ou que, de algum modo, sente-se lesada. E tudo isso se torna combustível para uma série de atos que visam frustrar ou criar empecilhos no processo de divórcio. A grosso modo, se um perde no amor, o outro tende a perder no jogo.
Com todos os revezes, consegui atravessar essa fase de desconstrução e reconstrução da minha vida pessoal sem prejudicar ninguém, sempre buscando a melhor forma de resolver todas as questões pendentes, ainda que, para isso, precisasse abrir mão de algumas coisas para satisfazer a outra parte, somente para não ter de vivenciar o amargor de um longo processo de separação. Algum preço eu teria de pagar, uma vez que a decisão foi minha. E só não digo que a parte mais difícil de todo o processo foram os sete meses morando com alguém que eu não conhecia mais, porque levei mais tempo que isso para recomeçar, efetivamente, a minha vida – um lugar para chamar de lar.
A complexidade de um divórcio, algo que subestimei quando tomei a derradeira decisão, é algo que todo mundo deveria conhecer, em especial quando planeja casar-se. Não para se ter uma visão cinzenta do matrimônio, mas para se ter uma clareza de como e quando fazê-lo. As garantias previstas em Lei são justamente para que as duas partes não sejam prejudicadas quando as coisas não derem certo.
É sempre importante lembrar que o casamento não é tão somente a concretização máxima de união entre duas pessoas, mas uma instituição, um contrato celebrado entre as partes. Acredito que a base dessa união não deva ser apenas o amor, mas também a confiança mútua. Acho estranho o casamento com Separação Total de Bens. Ora, se duas vidas se tornam uma só, mas isso não se estende à parte material de ambos, parece que há algo de errado na confiança entre os envolvidos. Afinal, suas vidas, financeiramente falando, seguem separadamente. Se falta essa confiança, por que casar-se?
Sim, o casamento é um risco, mas por que não o assumir? Eu passei pelo ciclo completo de um casamento malsucedido, e nem por isso deixei de acreditar em tudo que há de positivo quando duas pessoas se unem para dividir suas vidas. O que aprendi vai além dos pontos negativos.
É preciso amor. Respeito. Confiança. Cumplicidade. Não é necessário que se tenha tudo em comum com a outra pessoa, mas é essencial que ambos desejem seguir um caminho em comum. Que compartilhem os mesmos projetos de vida. Ou que, ainda que distintos, os planos e sonhos combinem ou se complementem.
Você pode ter dúvidas sobre como seria viver ao lado da pessoa que ama. Ter inseguranças em relação ao futuro. É normal. Seria preocupante se você nem se importasse com esses detalhes. Casamento é um sonho, mas é coisa séria. Ter de ser muito conversado entre os dois. Às vezes, é necessário esperar um pouco. Uns preferem terminar a faculdade. Outros, preferem arrumar um emprego – ou mesmo trocar de emprego. O importante é que os dois sintam-se prontos, e confortáveis com a ideia de planejar o casamento.
Muitos casais se ocupam demais com os preparativos para a tão sonhada cerimônia, perdendo um pouco o foco e deixando de pensar no mais importante: o depois. Administrar a vida a dois, de forma responsável e respeitando as particularidades, desejos, hábitos do companheiro, é o maior dos aprendizados. Muito disso pode ser planejado, mas só teremos ideia do desafio a ser enfrentado quando o vivenciarmos.
Reconheço que cometi muitos erros em meu primeiro casamento. E tenho convicção de não querer repeti-los no próximo. A vontade de estar com alguém que amo de verdade, a necessidade de respeitá-lo e ser verdadeiro com ele, a predisposição de estar ao lado dele independente das circunstâncias, tudo isso é o que me dá a certeza de que esse sonho de se casar existe em meu coração. Se um dia vi tal sonho transformar-se num realidade infeliz, isso não teve forças para me fazer desacreditar ano amor. Estou pronto para sonhar mais uma vez.
Não mudei de cidade, nem de telefone, nem de endereço. E sei que pode demorar um pouco, pois ainda precisamos nos preparar e planejar tudo. Mas vai ser nossa cidade, nosso telefone, nosso endereço. Já imagino chuvas de arroz na gente, e sonho com o momento em que olharei em seus olhos e direi:
“Bem-vindo à sua nova vida, Bem-vindo ao seu novo mundo!”
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12 MOTIVOS – Motivo Nº 10: As Loucuras
O post de hoje é sobre a décima faixa do álbum “12 Motivos”, e, para mim a mais divertida: “Piração”.
Assim como fez o cantor Luan Santana em “Eu, Você, o Mar e Ela”, Paula Fernandes saiu de sua zona de conforto com “Piração”, apostando em uma sonoridade diferente daquilo que o público estava costumado a ouvir. A música foi o segundo single do álbum Amanhecer, de 2015, e veio acompanhada de um videoclipe que reafirmava essa Reinvenção da cantora. Na produção milionária, ela encarna várias personagens, de cowgirl a piriguete.
Os versos falam sobre lutar por um amor que, para Paula, “ainda não acabou”. Quando a ouvi pela primeira vez, nem prestei atenção nisso. O que mais me chamou a atenção na música foi essa mistura de leveza e loucura. E o amor é isso mesmo, uma coisa doida. Se fosse algo todo certinho seria chato demais.
“Quando eu te vejo amor, eu fico assim Longe do teu beijo a vida é tão ruim Quando eu te vejo amor, é piração Morro de desejo e sinto o céu no chão”
Que mal há em ser louco de amor? E qual o problema quando, do nada, a gente pensa: “Nossa, seria legal se ele estivesse aqui agora”, mesmo estando longe por algumas horas do dia? Quando é bom, a saudade não dói. É uma coisa gostosa, porque a gente sabe que embora o tempo pareça passar tão devagar, chegará a hora de ver outra vez aquela pessoa especial.
“Amor, que saudade Tô sentindo falta...”
Desde que nos conhecemos, não deixamos de nos ver um dia sequer. E não é tão simples quanto parece, quando os dois moram em bairros diferentes. Sem contar a batalha contra o relógio: mesmo com a pesada rotina do trabalho e da faculdade, eu dava um jeito de chegar até ele. Ou ele vinha ao meu encontro. Às vezes, passávamos só meia hora juntos... Mas era a meia hora mais maravilhosa do dia!
É aí que vem uma coisa interessante de uma relação: o importante não é a quantidade de tempo, mas a qualidade deste. Não precisávamos estar em um lugar incrível ou dizer palavras poéticas um para o outro. Às vezes era uma conversa banal. Ou até o silêncio. Curtir aquela companhia especial, fosse como fosse, era o que importava. E ainda importa.
Essa convivência diária trouxe consequências. Conhecemos muito um do outro. Vivemos, em pouco mais de um ano, uma infinidade de sentimentos e situações que não experimentei em todas as relações já vividas. Isso nos fez cúmplices. Rimos, choramos, reclamamos e nos silenciamos juntos. Brigamos também, por que não? E nunca conseguimos dormir sem antes fazermos as pazes.
Já fizemos tantas loucuras juntos (como se os encontros diários já não fossem)... Não falo de coisas que nos fariam mal, e sim de pequenas e inofensivas loucuras. Coisa que nos fizeram rir de nós mesmos. E também loucuras de amor. Quem nunca?
Piração é isso: não se levar a sério. Não ter medo de ser feliz. Eu nunca ri tanto. O humor é algo espontâneo nele, que transborda de si. Eu era assim no passado, mas em dado momento me deixei perder no amargor das dores vividas. Felizmente, ele conseguiu resgatar isso em mim.
“Parece loucura, mas quando eu te beijo Eu perco o compasso e fico sem jeito (...) Eu fico sonhando com esse momento Há tempos que sinto um fogo aqui dentro Essa piração Eu tô ficando louco!”
Eu sinto que às vezes levo a vida a sério demais. Ele é o oposto. E por isso me completa. A loucura é essencial à vida. Se levarmos tudo a sério, presos a regras e conceitos pré-determinados, deixamos aquilo de mais humano que temos e nos tornamos semelhantes a máquinas. E é por isso que ser “fora do normal” incomoda. A imprevisibilidade nos faz sentir frágeis, mas são os imprevistos que nos fortalecem.
Não escolhi a música Piração por ter algo a dizer com ela. Apenas porque gostei de uns versos e porque soava como algo muito divertido. Ela representa, justamente, essa coisa despretensiosa, o momento em que, depois de tantos sentimentos, reflexões e lembranças, eu apenas paro para respirar ar fresco e quero dançar e curtir sem pensar em nada. Afinal, às vezes, tudo que precisamos é pirar um pouquinho. Sem motivo algum.
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12 MOTIVOS – Motivo Nº 9: As Baladas
Seguindo a sequência das faixas do álbum “12 Motivos”, hoje vou falar sobre a nona música do meu álbum, “Eu, Você, o Mar e Ela”.
A canção foi o primeiro single do álbum 1977 do cantor e compositor Luan Santana, e marcou o início de uma nova fase em sua carreira, em que começou a explorar uma nova sonoridade. Assisti recentemente a um show do cantor em Piracicaba, que veio com sua turnê 1977 na Festa do Peão. Na minha opinião, essa canção foi o melhor momento da noite, pelo menos no sentido visual. Uma lua gigante parecia saltar para fora da tela em alta definição ao fundo do palco, e em dado momento o ambiente todo parecia imerso na água.
“Ela”, citada no título e refrão da música, para quem não sabe, é a lua. Luan Santana chegou a brincar com isso quando foi perguntado em uma entrevista com Danilo Gentilli, insinuando poderia se referir a uma terceira pessoa, mas o próprio refrão entrega o óbvio:
“A lua até beijou o mar
Pra não ficar de vela
Os quatro perdidos de amor Eu, você, o mar e ela...”
Eu venho explicando o significado pessoal de cada música que gravei para o meu projeto, mas há, também, um significado do conjunto. “12 Motivos” divide-se em três partes: quatro faixas melódicas, que remetem a um período de desarranjo e aflição; as quatro músicas seguintes são românticas, e as quatro últimas são animadas, dançantes, representando o momento de relaxar e se divertir sem pensar em nada. São três fases distintas que vivi no últimos anos: a escuridão, o despertar e a luz.
Ainda assim, “Eu Você, o Mar e Ela” retoma um momento anterior ao início do meu relacionamento atual. Uma fase em que eu não me levava a sério, e não levava ninguém a sério também. Por vezes, não percebemos que a diversão pode funcionar como uma anestesia para nossas dores. Que bom, né? Afinal, quem não passou por aquele momento na vida em que precisa se esquecer de tudo e “desligar” a mente e o coração?
Eu desperdicei muito tempo com relacionamentos infrutíferos, sem contar os anos que perdi fazendo o papel do filho perfeito, que só estuda e lê, não sai de casa. Por isso, vivi uma adolescência tardia, em dois momentos na vida: antes do casamento e depois da separação. Parece um pensamento egoísta, mas estar sozinho e conhecer pessoas diferentes sem propósito algum foi, também, uma forma de se descobrir, e aprimorar o senso crítico. Quando bastamos a nós mesmos, aprendemos nosso próprio valor e a não desperdiçar o tempo com qualquer um.
Parte da música é sobre isso: a vida de solteiro. “Eu só quero uma noite de amor...” Esta faixa, no entanto, se diferencia de qualquer outra porque ousei fazer referência à homossexualidade, trocando o gênero na letra:
“Mas se eu fecho os olhos, te imagino nu”
“Como os outros, só mais um que passou”
Foi, sim, proposital. Em um álbum tão pessoal, não poderia renegar minha própria identidade. Os gays geralmente não são respeitados pelo simples fato de serem desprovidos de pudor. Oras, para assumir publicamente a homossexualidade é preciso perder a vergonha. Então, se já somos discriminados pela própria orientação sexual, então por que deveríamos nos preocupar em sermos politicamente corretos? As mulheres costumam se reprimir porque são muito julgadas se, por exemplo, saem com rapazes diferentes em um pequeno intervalo de tempo. Homens são julgados se não “pegam todas”. Gays são julgados até mesmo sem sair de casa. Vários pesos e medidas nessa sociedade predominantemente machista.
Claro que a canção do Luan não é somente sobre farra. Na verdade, fala sobre o momento em que ele diz adeus à vidinha de balada, porque se apaixonou de verdade. O amor é tão intenso que causa inveja à lua, que até beija o mar. Essa metáfora pode, também, fazer referência à inveja que algumas pessoas sentem de casais que transbordam amor e felicidade a dois.
O melhor de tudo é que, namorar não significa, necessariamente, a despedida das baladas dessa vida. O que muda é a forma de se divertir. Para mim, o que mudou é que as baladas agora são a dois. Porque um relacionamento deve mesmo ser assim: não é necessário deixar de ser você mesmo, ou fazer o que gosta. Vivo, a cada dia, o prazer de compartilhar com ele novos lugares, momentos, amizades...
Por ironia do destino, ainda não fomos à praia juntos. Ou seja, nosso momento “eu, você, o mar e a lua” ainda está por vir. E eu não vejo a hora.
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12 MOTIVOS – Motivo Nº 8: A Amizade
A canção escolhida como tema do oitavo artigo sobre meu álbum “12 Motivos” seria, pra muitos, uma poesia sobre o amor. Para mim, seu significado vai além.
“Flores Em Vida” foi o carro-chefe do álbum Teorias de Raul, da dupla sertaneja Zezé di Camargo & Luciano, lançado em 2014. O álbum, como sugere o título, é dedicado ao “rei do rock” nacional, Raul Seixas. A música ganhou um remix em 2015, com a participação de MC Guime.
Os versos da canção falam sobre viver o amor no presente, e não deixar para amanhã, pois pode ser tarde.
“Quero o seu amor agora,
Não a saudade depois
Seu carinho pela vida afora antes que o fim pare entre nós dois”
Parece algo clichê, mas a poesia mostra sua grandiosidade quando a enxergamos de uma forma mais ampla: a letra de “Flores em Vida” não se referiria apenas ao amor de um casal, mas também poderia ser interpretada como o amor de amigos.
Em tempos onde as cartas, telefonemas e até encontros entre os amigos deram lugar a mensagens de bom dia no WhatsApp e curtidas no Facebook, o tempo que dedicamos às pessoas queridas é cada vez menor. Nem me refiro à quantidade, mas à qualidade desse tempo. Passamos horas com os amigos nas redes sociais, mas pouco ou quase nenhum tempo na companhia física deles.
Lembro-me de uma célebre frase de Vinícius de Moraes: “Eu poderia, embora não sem dor, perder todos os meus amores, mas morreria se perdesse todos os meus amigos”. Por essa razão, sinto-me abençoado quando estou com essas pessoas, que são como irmãos que Deus me deu ao longo da vida.
Amizade não é um conceito simples como parece. Todos nós temos vários tipos de amigos, com diferentes tipos de vínculo e de intimidade. Alguns caminham conosco na mesma direção, enquanto outros seguem distantes, mas, de alguma forma, sempre presentes.
Tenho amigos que já foram amores... E mesmo quando deixaram de sê-lo, o respeito que havia entre nós era tamanho que a amizade nasceu e se desenvolveu naturalmente.
Tenho amigos com quem pude contar em momentos muito difíceis, e que me estenderam a mão quando ninguém mais o fez. Uma amiga, em especial, me acolheu e até cuidou de mim...
Tenho amigos de quem me distanciei por anos, devido ao ciúme descomunal da pessoa com quem eu convivia. Arrependo-me até hoje por me permitir esse distanciamento para agradar a outrem, mas sou grato a Deus por reencontrar esses amigos, e restabelecer um laço que, mesmo à distância, nunca deixou de existir.
Tenho amigos que foram embora para longe... E ainda bem que temos as redes sociais para manter contato, torcer por eles, vibrar com cada conquista e cada momento de felicidade compartilhado.
Tenho amigos que simplesmente sumiram no mundo. Um deles, que já trabalhou comigo, queria viver a liberdade em sua plenitude. Pediu demissão e foi embora da cidade. Retornou um tempo depois e caiu no mundo outra vez. Nunca mais tive notícias, mas tenho certeza de que ele está em alguma praia vendendo sua arte. Outro desses amigos eu perdi para o cruel mundo das drogas. Após afundar-se nesse abismo do vício, ele sempre reaparecia no meu aniversário. Recentemente, estava reconstruindo sua vida, morando com sua companheira. Às vésperas de tornar-se pai, desapareceu outra vez.
“Quero a sua companhia,
Caminhar na mesma direção
Exceto que um certo dia A vida nos separe em alguma estação”
Tenho amigos que vêm e vão: ora somem, ora reaparecem. Já cheguei a me perguntar se não seria amizade movida a interesse. Mas com o tempo a gente aprende que alguns amigos simplesmente são assim, inconstantes. E não importa quantas idas e vindas aconteçam, a amizade permanece.
Tenho amigos que não sei se realmente são ou foram amigos. De repente, o contato frequente dá lugar ao silêncio. E não conseguimos desfrutar nem mesmo do pressuposto direito de saber o que aconteceu. Alguma palavra mal interpretada? Alguma atitude que provocou desagrado? Ou será que simplesmente a amizade, outrora tão forte e “verdadeira”, apenas deixou de ter utilidade?
Quando morrer, as flores que levarei comigo são as que recebi em vida: a companhia, a dedicação, as palavras de consolo, os risos. De nada adiantará o choro sobre meu túmulo.
“As lágrimas de despedida Não estarei por perto pra enxugar”
“Flores em Vida” é uma canção que dedico às amizades que cultivei em meu jardim. Aquelas que deram flores e frutos.... as que secaram... e as que um dia brotarão outra vez.
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