Resumo do capítulo: os marotos e as garotas fazem um acampamento no quintal dos Potter. Finalmente o grupo de heróis toma seu trem para ir à Hogwarts uma última vez.
Notas: Ninguém perguntou mas cada parte deste capítulo tem música e eu recomendo que leiam ouvindo. A ordem delas é: Rebel Rebel do David Bowie. Dreams de Fleetwood Mac. Can’t Buy Me Love dos Beatles.
Na cozinha da residência dos Potter, ouvia-se a algazarra de pessoas que se movimentavam à volta, gritos, gargalhadas e trechos de canções.
A atmosfera de excitação febril era extremamente contagiosa; Remus não conseguia parar de sorrir. Seus melhores amigos estavam fazendo o jantar e uma torta de amoras, cada um fazendo bagunça com sua função.
James e Lily estavam lá fora pegando amoras no bosque; Remus batia a massa; Peter lambia colheres; Mary lia a receita em voz alta repetidas vez. Dorcas e Lene arrumando a mesa no quintal.
A voz de Bowie ecoava pela cozinha, todos incapazes de ficar parado.
“You can't get enough, but enough ain't the test
You've got your transmission and your live wire
You got your cue line and a handful of ludes
You wanna be there when they count up the dudes.”
“Tudo pronto com a salada?”, perguntou Remus para Mary. Ele segurava um pote de massa enquanto a colher de pau enfeitiçada mexia freneticamente.
“Tudo certo, chefe!”, ela levanta o dedo em um joinha. Remus revira os olhos e sorri.
“Onde estão James e Lily?”, Peter perguntou olhando janela afora, um segundo depois os dois mencionados entram pela porta. James com o cabelo dez vezes mais despenteado, correndo na direção de Mary. Lily com o rosto sujo de amoras, sorriso rasgando o rosto.
“Mary, não deixe ela chegar perto de mim!”, pede James desesperado.
Mary se ergue como se recebesse uma missão de vida, mãos cobrindo James.
“Eu vou matar você!”, exclama Lily mas ela está sorrindo com todos os dentes.
“Matar Potter?”, repete Mary sorrindo também, saindo da frente de James e dando total espaço.
James parece indefeso, olhos arregalados e dedo apontando para Mary. “Você devia me defender!”
Mary ri. “Você não precisa”
Remus revira os olhos. “Sem sangue na minha cozinha”, diz, todos acenam concordando. “Certo, me dê suas amoras James”
James fica vermelho, ponta do pé batendo no assoalho.
“Aqui as minhas”, diz Lily entregando um cesto de amoras frescas. Remus recolhe deixando sobre a bancada. “James jogou as dele em mim até não sobrar nenhum”
Todos se viram para olhar James se encolher ao lado de Mary.
“Isso é sério?”, questiona Remus. “Quantos anos você tem, cara?”
“Pouco”, diz Mary.
Lily ri nasalada.
Remus respira fundo, ele cuida de muitas crianças.
“Vamos fazer essa torta e comer, estou faminto”, ele diz e logo todos se mexem para terminar a torta. Marlene e Dorcas aparecem e levam a comida com Lily e Peter, Mary e James preparam o fogo para assar carne como Mary sugeriu.
Remus aparece no quintal após colocar a torta para assar, barriga roncando ao sentir o cheiro de carne. Todos estão sentados na mesa de seis assentos, cadeira vazia na ponta.
“A torta vai ficar pronta em quarenta minutos”, diz Remus, suas mãos agarram a cadeira mas ele não senta. Certamente a cadeira da ponta pertence ao dono da casa.
“Olha, fizemos um ótimo trabalho”, diz Marlene para a mesa.
“Parecem ótimos”, diz Peter. “Podemos comer agora?”
James ri. “Tudo bem, Peter. Vamos, sente-se Moony”, ele indica a cadeira vaga. “Você é a razão dessa reunião.”
Remus senta com relutância.
“Reunião?”, repete Lily. “Por que estamos em reunião?”
“Devo começar?”, diz Peter. Garfo e faca em suas mãos.
“Hoje é seu aniversário, Remo?”, pergunta Dorcas.
“Eu sou de maio”, diz ele.
James se empertiga. “Não é isso! Quero dizer, estamos aqui porquê amanhã vamos para Hogwarts pela última vez. Merecemos uma reunião.”
“Moony organizou um belo jantar, e nós meros mortais ajudamos,” diz Mary. Todos riem com isso.
“Estamos aqui para comemorar nosso último dia de férias como estudantes, passamos por muita coisa nesses últimos anos mas sempre seguimos em frente”, diz James, ele olha para cada um de seus amigos. Seus marotos e suas garotas. “Somos uma família e não importa o que aconteça, sempre voltaremos para isso...”
“Para aquele que precisar de ajuda”, Lily continua o juramento.
“Para nos unir...”, diz Peter.
“Graças ao nosso ligamento mais precioso, Remus John Lupin”, James pisca para Remus.
Lily levanta sua taça. “Viva ao nosso Moony!”, exclama.
Todos levantam suas taças. “Viva ao nosso Moony!” gritam em uníssono.
Remus fica vermelho, ele não é acostumado com declarações. Seus amigos estão sorrindo, isso faz ele sorrir também. Todos conversam em harmonia, James e Marlene fazendo piadas e arrancando risadas. Lily e Mary lembram histórias do passado, Peter ouvindo atentamente.
Todos parecem felizes, inclusive Remus. Então ele sente um puxão no peito deixando ele sem equilíbrio.
Forte e potente, ele percebe.
Ele os ama, todos eles. Amor selvagem e verdadeiro.
James, Lily, Marlene, Mary, Dorcas e Peter.
Seus melhores amigos. Sua família.
Remus ficou sozinho por muitos anos, ferido e jogado num quarto com grades no sudeste de Londres.
Mas agora ele tem seu bando.
Eventualmente, Remus se levanta da cadeira. James e Mary batendo na mesa e Lene fazendo ecos com a voz.
“Obrigado”, ele diz e há tanta coisa oculta nessa palavra, tanta sinceridade. “Estou muito feliz e grato. Por favor, vamos comer”
“Oh-ho!”, grita Lily.
“É isso aí!”, exclama Mary.
Eles começam a se servir, gargalhadas e vozes preenchendo o lugar.
Remus não consegue esconder seu sorriso, sua mente implorando que isso nunca acabe.
Por favor, deixe ser assim para sempre.
Por favor, não queremos crescer.
Por favor, não deixe-os ir embora.
Por favor, não tire eles de mim.
**
O sol de outono era apenas uma pobre luz leitosa e esmaecida por trás das camadas de nuvens sobre a cidade estreita.
Remus sentia-se muito disposto, ele sempre fica inquieto quando está voltando para a escola. Isso pode soar nerd, mas Remus adora a escola, foi o primeiro lugar que ele sentiu que pertencia.
Logo depois veio a casa dos Potter.
Remus engasga com esse pensamento, disfarçando com uma tossida.
“Tudo bem, Moony?”, pergunta Peter, do outro lado da cama.
“Sim”, diz Remus. Ele começa a dobrar o lençol para ter algo a fazer com as mãos, Peter se distrai com os travesseiros. Os dois receberam a missão de apanhar tudo que for para dormir, como travesseiros e cobertores.
“Meninos!”, Mary entra no quarto. “Que tal se acamparmos?”, diz sugestiva.
Peter e Remus se olham por alguns segundos, então Remus olha para Mary.
“Não é por isso que estamos pegando os cobertores da casa?”, pergunta com um sorriso amarelo.
Mary ri como se Remus contasse uma piada muito boa, ela se joga na cadeira de estudos dele e cruza as pernas.
“Um acampamento na floresta dos Potter e sem usar magia”, diz ela.
Peter encara ela, travesseiro na frente do corpo. “Oh”, ele murmura. “Um acampamento trouxa?”, indaga.
“Exatamente”, Mary sorri de lado.
“James concordou com isso?”, perguntou Remus.
Mary riu e acenou, mãos buliçosas nos livros de Remus. “Oh sim, James foi o-“
“Eu não concordei em suspender a magia”, rosna James, passando pelo quarto. “As meninas exigiram isso então não vi problema em dizer sim”, explica e some antes de Mary retrucar.
James ficou preocupado com isso, visto que ele faz tudo com magia desde que atingiu sua maioridade. Aliás, inclusive as meninas pareciam preocupadas, ele acha que elas tinham esperança de James negar.
Obviamente, ele disse sim para Lily Evans.
“Então está bem”, murmurou Remus, pegando as coisas com Peter. “Vamos nessa”
James teve o encontro de sua vida, assim afirmou. Quando chegou de seu encontro com Lily do beco diagonal, tagarelou por duas horas sobre os lindos olhos verdes de Lily e quando não tinha mais nada sobre a garota que ele pudesse falar, começou a narrar seu encontro.
Fazer as coisas com as próprias mãos não é problema para Remus, mas é para Peter. O garoto segura os travesseiros como se nunca tivesse usado as mãos antes, tropeçando nos próprios pés a cada segundo. Remus lança um feitiço flutuante sem falar, tomando o cuidado para ninguém ver. Peter exala agradecido até chegarem na sala, muitos cobertores no sofá.
“Moony! Moony!”, James entra alarmado. Seu cabelo é uma bagunça enorme, como costuma ser sempre. “Eu fiz fogo, venham! Vamos começar!” ele arreganha um sorriso.
Remus pisca impressionado, Mary e Dorcas aparecem logo atrás com expressões iguais.
“Ele jogou papéis e uísque na fogueira, simplesmente nasceu fogo!”, diz Mary divertida.
“Uau. Bom, então vamos ver isso!”, diz Peter apanhando o maior número de travesseiros que seus braços curtos conseguem.
James continua no mesmo lugar enquanto todos saem aos pulos, gritando e rindo. Remus ficou parado com o lençol meio dobrado nas mãos, ele não consegue olhar para James mas sente seu cheiro.
Eventualmente, James fala. “Você está bem?”, sua voz é diferente da anterior. Animação se tornou preocupação.
Remus acena. “Sim”
Um ranger no chão faz Remus olhar para cima, James agora perto dele. Se um deles esticar o braço dá para tocar o outro.
“Vamos comemorar, Moony. Vamos dar uma despedida digna para nós, sim?”, James não espera realmente que Remus responda mas sorri quando recebe um resmungo concordando.
James se aproxima mais, toda sua essência preenchendo o espaço.
“Só quero que saiba”, ele diz firme olhando para Remus. “Eu sou fodidamente feliz por você estar aqui com a gente, por fazer parte das minhas melhores lembranças. Eu tenho muito orgulho de você, meu irmão.”
Remus tenta e falha não sentir nada com essas palavras, afinal são apenas palavras. Porém, essas palavras atravessam o peito dele como uma estaca de carvalho, reduzindo seu coração ao inexistente.
Lágrimas chegam de súbito, ele pisca várias vezes e sorri com tristeza. As palavras de James repassa por sua mente várias e várias vezes, a voz em sua cabeça sibila que ele não merece.
“Obrigado”, diz ele. Ele gostaria de fazer um discurso, expressar o quanto ele é grato. Nada será suficiente, ele pensa e se engana.
James o puxa para um abraço, seus braços quentes e musculosos ao redor de Remus, segurando-o. James é tão magnético, ele é calor e conforto.
Lupin só percebe o quanto precisava disso quando é afastado pelos ombros, seu corpo procurando inconsciente o calor de James. Tudo em sua vida foi uma injustiça, a mordida, o abandono paterno, a morte de sua mãe, a solidão no orfanato.
“Você não precisa agradecer”, diz James dando-lhe um beijo no alto da cabeça. “Vamos, meu pequeno aluado”, Remus permite que James o puxe para fora. “Não queremos ouvir um sermão de Lily”, diz sorridente.
Remus fica em alerta com isso. “Os lençóis”, diz. James olha para ele com um sorriso.
“Estão esperando nas barracas por nós”, diz balançando sua varinha entre os dedos.
“Você usou magia?”, pergunta incrédulo.
James abana com as mãos. “Não fui o único. Lily e Marlene estavam fazendo um feitiço na própria barraca para ficar maior, meu feitiço de invocação é inofensivo comparado ao delas.”
Remus quase ri. “Isso parece idéia de Lene”
James pega os cobertores no sofá. “Na verdade, foi Lily que fez tudo. Ela foi pega em flagrante por Lene e fez dela sua cúmplice.”
Agora Remus ri, ambos saindo da cozinha com as mãos cheia de coisas.
“Lene sempre foi muito ingênua.”
James concorda. “Ainda bem que Dorcas apareceu, ela é a mais durona entre nós”, eles passam pela porta da cozinha que leva ao quintal.
Tudo é uma bagunça.
Três barracas de tamanhos iguais, uma fogueira no meio. Lene e Dorcas parecem discutir entre elas, Lily ao redor tentando invocar a paz e Peter comendo um saco de minhocas doces.
“Quando você me disse que Dorcas apareceu e acabou com o plano de Lily, eu duvidei mas agora eu acredito”, diz Remus, ambos estão olhando para o grupo de amigos. “Você acha que elas vão lutar?”, pergunta preocupado.
James não pensa muito nisso. “Nha, estão apenas conversando sobre a melhor opção .”
“Bem, Dorcas é a pessoa mais corajosa que conheço”, diz Remus.
“Oh, sim. Estou até envergonhado com este fato”, ambos riem.
Quando Mary Macdonald vê os dois se aproximando, praticamente geme de alívio.
“Travesseiros, que bom! Agora posso tacar em Dorcas para fazer ela parar”, diz Mary pegando dois travesseiros de Remus.
“Então elas não vão tirar a barraca?”, pergunta James parecendo muito descontente.
Mary levanta o lado da boca. “Lily diz que a barraca é grande assim mesmo” os três ficam em silêncio com isso.
“Mas todos nós cabemos nela”, diz James exasperado.
Mary bufa uma risada. “Eu sei, é a porra da barraca mais grande que já vi”
James joga seus travesseiros dentro de uma barraca. Remus se ergue quando Dorcas levanta a voz, Lily ganha um metro com isso.
Todos ficam em silêncio, observando assustados a ruiva mudar de humor.
Remus vai até elas, ficando entre as duas, braços longos empurrando suavemente o peito de cada uma.
“O.que.porra.estão.fazendo?”, sibila. Ele olha para cada uma e volta com sua postura.“Lily, você disse nada de magia então nada de magia. Eu não quero ter uma dor de cabeça com o grito de vocês, podem ir lutar longe daqui.”
Lily pisca, surpresa com a dureza na voz de Remus.
“Tire sua barraca e vamos comer, estou faminto”, continua ele. Dorcas arregala os olhos, mãos pronta para caso precise.
Talvez seja a altura assustadora de Remus, ou talvez seja sua carranca quando está com fome. Não dá para saber o que faz Lily continuar em silêncio, no mesmo lugar enquanto Remus se afasta até Peter e seus sacos de comida. Eventualmente, Lily se move para tirar o feitiço de sua barraca.
Todos parecem pisar em ovos, olhando de relance uns para os outros. Ninguém ousando falar nada, agindo com naturalidade forçada.
Quando Remus devora cinco pães e esvazia dois sacos de pipoca doce, Peter que estava engasgado por segurar uma tosse, solta uma sequência de barulhos asmáticos. James ao seu lado, alisando suas costas e rindo.
“Quem quer uísque?”, berra Mary.
Remus é o primeiro a levantar o copo.
**
Eles deviam ter feito um acampamento sem magia há muito tempo, afinal é o maior barato. James sempre teve o hábito de acampar com a família quando iam visitar os parentes, ele adorava ajudar o pai e ser colocado para fazer fogueira bruxa.
Assistindo o fogo encantado crepitar enquanto sua mãe cantava músicas antigas de vilas e fadas artesãs.
“Rápido, você tem quatro pontos”, diz Lily.
“Eu vou apostar”, berra Remus. “Meu Deus, aposto todos os pontos”, ele agarra os cabelos e ri loucamente.
Lily arregala os olhos. “Oho, então tá”
James sorri, nada se compara com isso. Seus amigos bêbados e risonhos, jogando e dançando em volta da fogueira. Ele observa enquanto Remus joga os dados e para de respirar quando os números dois e dois caem iguais, um grito indignado queimando seu ouvido.
“Viva!” grita Remus, ao mesmo tempo que Lily grita, “Droga!”
Moony pega as seis moedas de Lily e joga no bolso, rindo de alegria. A ruiva se levanta, caçando moedas em sua bolsa para uma revanche. Peter fica encolhido ao lado de James, ele ficou vinte minutos esperando sua vez de jogar e ainda assim não parece irritado em ver que Lily vai roubar a partida dele.
Quando Lily volta com quatro moedas, Remus já está com as cartas embaralhadas. O fim do jogo é Remus ganhando, o jogo acaba com Lily revoltada acusando Remus de roubar.
Mary se aproxima e senta ao lado esquerdo de James, garrafa de uísque pela metade. “O que deu nela?”
James nega com a cabeça, porém Peter diz. “Remus ganhou dela no jogo de cartas e Lily está com dificuldades em aceitar isso”
A ruiva vira a cabeça para Peter, olhos insanos. “O que você disse?!”, sibila. Peter encolhe de tamanho, James batendo em suas costas amigável.
“Você precisa se acalmar Lily. Vamos jogar outra coisa, que tal?”, sugere James.
“Não quero jogar!”, resmunga.
“Tudo bem, não vamos jogar”, diz James, ele olha para seus amigos em busca de ajuda.
“Vamos sentar e beber”, diz Mary dando um grande gole na garrafa.
“E comer marshmallows”, enfatiza James. Lily parece sorrir. “Muito bem, venha cá camélia”, James puxa Lily para seus braços.
Eles começam uma conversa amigável, falam sobre música e sobre o passado. A nostalgia os carrega quando começam a lembrar, cada um falando de uma memória. Mary e Remus sentaram lado a lado, bebendo enquanto riam das lembranças de James.
Em pouco tempo, todos estavam largados e cheios, felizes e nostálgicos.
Lene e Dorcas estão dançando loucamente ao som de Fleetwood Mac, Remus puxa Mary para se juntar as duas. A garota pega uma nova garrafa, quadris imperativos acompanhando Remus em uma dança animada. Lene e Dorcas imitam os amigos e aos poucos até Peter está dançando.
Todos cantam a letra aos berros.
Thunder only happens when it's raining
Players only love you when they're playing
Women they will come and they will go
When the rain washes you clean, you'll know
James e Lily estavam mais afastados, a cabeça de Lily no colo de James.
“Eu comprei um livro pra você”, disse James. “O nome é a dama das camélias, achei que gostaria.”
Lily corou, ninguém nunca lhe deu essas reações. Ela sente raiva de James por dizer essas coisas e achar que não tem problema.
“Eu conto pra você o que achei”, murmura ela.
James abaixa a cabeça e seus óculos deslizam. “Estou contando com isso”, sorri.
“Está?”, sua voz falha.
“Sim, vou presentear você com livros para me contar sobre eles. Lê-los é tão sem graça”, James ri.
Lily quase o puxa pelo pescoço. Seus amigos estão dançando, bêbados e tontos. Lily fica parada, o coração batendo muito alto.
Ela deseja por um momento que James não diga essas coisas, o coração dela vai cair a qualquer momento. Mas enquanto James olha sorrindo para seus amigos, Lily pensa que se for para se apaixonar então que seja por James Potter.
“Será um prazer narrar tudo pra você”, diz Lily.
James olha para ela, os olhos brilhantes e o maldito sorriso com covinhas. Ele beija Lily na testa e ela fecha os olhos, o coração caindo.
“Dance comigo”, pede James num sussurro.
Lily balança a cabeça mas James já está de pé oferecendo-lhe a mão para levantar. Relutante, ela vai com James para perto da fogueira.
A floresta parecia vibrar com a alegria do grupo, cada um radiante. Não importava o que aconteceria depois de Hogwarts, eles teriam essas lembranças para sempre.
Os beatles começou a tocar, animado e contagiante. James foi puxado por Lily para o meio deles, todos formando um círculo desigual. A copa das árvores cantavam junto com John Lennon, palmas e palmas ecoando pelo lugar.
Peter dançava com Lene e Dorcas, Mary era girada por Remus e Lily dançava perto de James.
Era tudo tão certo.
Quatro jovens amigos dançando ao redor de uma fogueira, comemorando o último dia de férias como estudantes antes de se formarem.
“O álcool é a resposta!”, gritou Remus.
Mary riu loucamente, agarrando a garrafa e girando. “Viva ao álcool!”, ela gritou.
Lily riu, James estava olhando para ela. Ele sorriu e Lily corou, ela nunca ficaria habituada em ser olhada por James. Às vezes, parecia que ele podia ver coisas que ninguém mais podia, ele parecia apaixonado.
Nenhuma surpresa.
James cantou suavemente, olhos em Lily enquanto a garota gira no lugar.
Say you don't need no diamond rings
And I'll be satisfied
Tell me that you want the kind of things
That money just can't buy
I don't care too much for money
Money can't buy me love
“Mary!”, gritou Remus. Ambos caíram no chão, Mary tentando levantar de cima de Remus. Lene e Dorcas riram, Peter confuso se ria ou ajudava. Lily e James pararam para ver, James rindo loucamente do amigo bêbado e Lily dando-lhe uma cotovelada antes de ir ajudar.
A música continuou até a fogueira apagar.
**
Remus teve a sensação de que acabara de se deitar para dormir na barraca com Peter quando foi acordado por Lily.
“Hora de levantar, Remus, querido”, sussurrou ela, se afastando para acordar Peter.
Ainda estava escuro lá fora. Peter resmungou alguma coisa quando Lily o acordou.
“Já está na hora?”, exclamou Peter tonto de sono.
Os garotos se vestiram em silêncio, demasiados sonolentos para falar, depois, bocejando e se espreguiçando, os dois saíram da barraca rumo à casa.
Lily usou magia para fechar e dobrar as barracas, e o grupo deixou o acampamento o mais depressa que pôde, passando pelo bosque à porta da casa.
Remus bebeu muito uísque na noite passada, mais do que deveria.
“Bom dia!”, diz James. Ele parece jovem e sem ressaca, irritante, pensa Remus. “Lily fez poções para curar ressaca.” fala entregando um copo.
Remus segura emocionado. “Que Deus abençoe Lily Evans”, ele bebe tudo em um gole.
James ri, “Sim, abençoada seja”, ele batuca os dedos. Remus se dirige para o quarto.
O malão dele estava pronto com o seu material escolar e seus pertences mais preciosos – o mapa dos marotos, a caixa de cigarros e a tela encantada que o ajuda a ler, presente de Lily no quinto ano. Ele fecha a tábua no chão onde costuma esconder as caixas de cigarro, verificara duas vezes cada cantinho de seu quarto para ver se esquecera livros de feitiços ou penas, baixara da parede o calendário em que fizera a contagem regressiva para o dia primeiro de setembro, riscando cada dia que passava até a volta a Hogwarts.
Havia no ar uma inquestionável tristeza de fim de férias quando Remus entrou na cozinha. O café da manhã estava posto, Effie e James mexendo nas panelas. As meninas e Peter esperavam na mesa, rostos deprimentes e pálidos. Remus não parecia melhor que eles, vestia um jeans e uma camiseta; trocaria pelas vestes de escola no Expresso de Hogwarts.
A essa altura, Remus já estava acostumado a embarcar na plataforma nove e meia.
Era apenas uma questão de rumar diretamente para a barreira, aparentemente sólida, que dividia as plataformas nove e dez.
A única parte difícil era fazer isso discretamente de modo a não chamar a atenção dos trouxas. Fizeram isso em grupos; Remus, James e Peter foram os primeiros; eles se encostaram descontraidamente na barreira, conversando despreocupados e deslizaram de lado por ela e, ao fazerem isso, a plataforma nove e meia se materializou diante deles.
O Expresso de Hogwarts, uma reluzente locomotiva vermelha, já estava aguardando, soltando nuvens repolhudas de fumaça, através das quais os muitos alunos de Hogwarts e seus pais parados na plataforma pareciam fantasmas escuros.
Remus, James e Peter saíram em busca de lugares e logo estavam guardando a bagagem em uma cabine mais ou menos na metade do trem. Depois, eles tornaram a saltar para se despedir de Euphemia e Fleamont Potter.
“Talvez eu volte a ver vocês mais cedo do que pensam”, disse Fleamont, rindo, ao dar um abraço de despedida em James.
“Por quê?”, perguntou Peter interessado.
“Você verá”, respondeu Fleamont.
“É, eu até sinto vontade de estar estudando em Hogwarts este ano”, disse Euphemia, contemplando com um ar quase saudoso o trem.
“Por quê?”, perguntou Remus impaciente.
“Vocês vão ter um ano interessante”, comentou Fleamont, com os olhos cintilando. “Talvez eu até peça licença para ir dar uma espiada...”
“Uma espiada em quê?”, perguntou Lily. Ela e as garotas aparecem com capas escuras.
Mas nessa hora ouviram o apito e a Sra. Potter conduziu-os às portas do trem.
“Obrigada por nos convidar, Sra. Potter”, disse Lily, depois que embarcaram, fecharam a porta e se debruçaram na janela do corredor para falar com ela e o marido.
“É, obrigado por tudo, Sra. Potter”, disse Mary.
“Ah, me chame de Euphemia, queridas”, respondeu ela. “Eu os convidaria para o Natal, mas... bem, imagino que vocês vão querer ficar em Hogwarts, por causa... de uma coisa ou outra.”
“Mamãe!”, exclamou James. “Que é que vocês dois sabem que nós não sabemos?”
“Vocês vão descobrir hoje à noite”, disse Euphemia sorrindo. “Vai ser muito excitante, reparem bem, estou muito contente que tenham mudado as regras...”
“Que regras?”, perguntaram juntos.
“Oh, não vai adiantar, de qualquer forma”, disse ela falando com os botões.
“Tenho certeza de que o Prof. Dumbledore vai contar a vocês... agora, comportem-se? Ouviu bem Remus? E você James!”, disse Fleamont.
Os pistões assobiaram e o trem começou a andar.
“Conta para a gente o que vai acontecer em Hogwarts!”, berrou James pela janela, quando seus pais foram se distanciando rapidamente. “Que regras é que vão mudar?”
Mas Euphemia apenas sorriu e acenou. Antes que o trem tivesse virado a primeira curva, ela e Fleamont tinham desaparatado.
Os garotos e as garotas voltaram à cabine. Peter abriu o malão, tirou as vestes marrons e atirou-as por cima dos ombros.
“Psiu!”, sussurrou Mary de repente, levando o indicador aos lábios e apontando para a cabine ao lado. Todos prestaram atenção e ouviram uma voz conhecida que entrava pela porta aberta.
“... Dumbledore gosta muito de sangues ruins e Durmstrang não admite esse tipo de ralé. Durmstrang tem uma política muito mais certa que Hogwarts com relação às Artes das Trevas. Os alunos de lá até aprendem essa matéria, não é só essas bobagens de defesa que a gente aprende...”
Lily se levantou, foi pé ante pé até a porta da cabine e fechou-a para abafar a voz de Severus Snape.
“Então ele acha que Durmstrang teria sido melhor para ele, é?”, disse ela zangada. “Eu gostaria que ele tivesse ido para lá, aí não teríamos que aturá-lo.”
James puxou ela para seu colo. “Não ligue pra ele”, disse sussurrado então ele esfregou o nariz no dela como um cervo cuidando de seu filhote.
O silêncio mortal e olhares foi o suficiente para Lily e James levantarem os olhos.
“O quê, porra, voc�� está no colo de James Potter?!”, exclama Mary.
Remus ergue uma sobrancelha. “Aconteceu alguma coisa no acampamento?”
Lily ganhou um forte rubor nas bochechas e James sorriu tão amplamente que Remus entendeu tudo no mesmo segundo.
Mary e os outros não ficaram satisfeitos, durante toda a viagem eles atacaram o casal de perguntas. Lily estava vermelha demais para falar qualquer coisa e James estabeleceu uma greve de silêncio.
Remus conseguiu terminar sua leitura quando o Expresso de Hogwarts começou finalmente a reduzir a velocidade até parar de todo na escuridão de breu da estação de Hogsmeade.
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