Tumgik
#Compreender o algoritmo do Twitter
apuramos · 4 years
Text
Curadoria: Uma nova possibilidade para o jornalismo?
Texto por Isabela Kodel
Tumblr media
Ao longo da história humana, a sociedade já passou por diversas revoluções que mudaram o curso de nossa história e o nosso modo de vida. Uma das mais recentes e influentes é a Revolução Digital, que marcou o início da Era da Informação. Hoje, para alguns de nós há uma dependência de tecnologias digitais tão grande que fica difícil imaginar como seria a nossa vida sem Internet e tudo o que ela nos possibilita fazer.
Estamos conectados com tudo e todos. Um clique e ocupamos o mesmo “espaço” que aquele amigo que está a quilômetros de distância. Podemos conversar e interagir com qualquer um de modo instantâneo. Há sessenta anos isso só acontecia em livros de ficção científica. Na atualidade, em tempos de quarentena, é a Internet que nos está ajudando em muitos sentidos, seja naquela aula online, ou para falar com a família, ou até mesmo para entrevistar alguma fonte.
É claro que tudo tem o seu preço. A Organização das Nações Unidas calculou no final de 2018 que cerca de 3,9 bilhões de pessoas usam Internet ao redor do mundo. Na prática, o que isso quer dizer? Você já teve aquela sensação de sobrecarga enquanto estava utilizando o Twitter ou o Instagram ou qualquer outra rede social? Uma sensação de “overdose” de informação, onde você encontra muito, mas sente que não aprende ou absorve nada? Esta é uma sensação comum por conta da quantidade de informações para qual somos expostos diariamente. 
Mas, você deve estar se perguntando, o que exatamente o jornalismo tem a ver com tudo isso? Qualquer um com Internet, hoje, consegue compartilhar e espalhar informações que antes eram de responsabilidade do jornalista de repassar. Há uma oferta informativa muito grande na web, onde quer que estejamos dentro dela. E agora ela vem com um diferencial: não é um jornalista que vai priorizar as informações sobre as quais teremos acesso. Somos nós. São as nossas preferências que determinam isso.
Essa avalanche de informação não é algo que vá passar. É algo que veio para ficar. E o jornalismo, quer ele queira ou não, precisa aprender a lidar com toda essa informação espalhada de forma desordenada na Internet. É neste sentido que a curadoria aparece como uma nova oportunidade dentro da nossa profissão. Mas, afinal de contas o que é curadoria? Existe um curador jornalista?
O Curador Jornalista
A palavra “curadoria” é originada do latim “curator” que significa “aquele que administra” ou ainda “aquele que tem cuidado e apreço”.  É uma palavra que possui uma profunda relação com galerias de arte, museus e seus acervos, sendo frequentemente utilizada para denominar o trabalho dos cuidadores e organizadores deles. No momento em que nós começamos a viver no mundo conectado do digital em rede, o termo também passa a denominar a atitude de organizar dados utilizando certos critérios e recortes.
Uma das soluções mais práticas, que pode contribuir para amenizar esta super-oferta de informações é a filtragem e a seleção de conteúdos. É exatamente isto o que a curadoria jornalística faz. Os dados existentes na rede são organizados e contextualizados num lugar só. O leitor não precisa se deslocar para vários portais diferentes de notícia para receber ou entender um determinado assunto. Além disso, não é o critério de atualidade que se privilegia nesta atividade. Ela é feita colocando o interesse do leitor em primeiro lugar. 
Para que isso aconteça bem, o curador jornalista deve ter um contato próximo com seu público, interagindo sempre com ele. Assim ele pode compreender melhor quais são os desejos, necessidades e características de seus leitores, tornando o material o mais personalizado e próximo deles o possível.
Não pense, porém, que a curadoria jornalística existe com o intuito de substituir o trabalho tradicional do jornalismo de edição de notícias. Essas duas atividades são complementares; utilizam o mesmo tipo de matéria prima, que são os dados, e objetivam atingir o mesmo tipo de público, ou seja, aquele que está buscando consumir informação. 
Além disso, os valores fundamentais do jornalismo de credibilidade e de responsabilidade pelas informações disponibilizadas continuam os mesmos. Outro aspecto que não muda para um curador jornalista é sua função de mediador. Com a curadoria, ele também se coloca entre os fatos e o público, objetivando sempre esclarecer e informar sobre aquilo da melhor forma o possível.
É possível falar, portanto, na atividade de curadoria digital como uma prática que pode realocar o papel do jornalista e do próprio jornalismo. A curadoria é uma atividade que se expande num momento delicado. Atualmente,  autoridades questionam a todo o momento o papel do jornalismo e há um enxugamento desses profissionais nas redações. Além disso, as reconfigurações sociais trazidas pelas tecnologias digitais pedem que o jornalismo repense em suas atividades e reformule alguma delas. Precisamos, então, voltar um pouco de nossas atenções para isso. E exemplos de sucesso nós já temos muitos.
Quem faz curadoria informativa hoje no Brasil e no mundo?
Existem vários sites especiais para a hospedagem e o compartilhamento do resultado de curadorias como, por exemplo, o Scoop.it. Ele reúne diversos blogs cuja única função é compartilhar essas curadorias. Mas ele não é o único exemplo existente de plataforma que dá suporte a esse tipo de produção. O Google News também pode ser um exemplo de uma plataforma que faz curadoria de informações. O único porém deste último é que o conteúdo de suas curadorias é gerado por um algoritmo e nem sempre os portais de notícia por eles selecionados são os mais confiáveis.
Um dos exemplos mais notáveis de curadoria jornalística é o recurso Twitter Moments. Esta ferramenta do Twitter conta com uma equipe de jornalistas para organizar e informar o que está acontecendo no momento, priorizando alguns dos assuntos de maior debate da rede social. A curadoria é formada pelas próprias postagens dessa rede social, ou tweets, que são intercalados por breves textos explicando cada uma das temáticas abordadas. Esses tweets vêm de conta de qualquer tipo, desde portais de notícias até mesmo a perfis de usuários comuns.
As postagens feitas pelo Twitter Moments são divididas por editorias. E uma das editorias mais recentes engloba uma série de postagens e curadorias relacionadas ao coronavírus. É uma tentativa tanto da página quanto da própria rede social de evitar a desinformação em tempos como esse, trazendo o máximo de informação especializada para que todos entendam o que podem fazer e como está o Brasil em meio a tudo isso.
0 notes
dannikmiller · 5 years
Text
Gerenciamento de redes sociais: tudo o que você precisa saber!
Gerenciamento de redes sociais: tudo o que você precisa saber!
Por mais absurdo que pareça, ainda há pessoas que acreditam que gerenciar redes sociais é uma atividade amadora.
“Meu sobrinho também mexe no Facebook”. “Achei um site que faz isso automaticamente”. “Ah, mas é só postar uma foto bonita e um textinho”. Acredite, essas são algumas das frases mais ouvidas por profissionais de social media.
Mas a verdade não poderia passar mais longe disso. Fazer a gestão de redes sociais é uma atividade séria, que exige muito estudo e pode ser responsável pelo sucesso ou o fracasso de uma empresa.
Fotos de gatinhos que geram likes. Frases de pensadores que geram compartilhamentos. Vídeos engraçados de pegadinhas. Essas atividades isoladas podem até aumentar o engajamento, mas de nada adiantam quando não apresentam resultados palpáveis.
Trabalhar com redes sociais exige planejamento, análise de dados e expertise em produção de conteúdo direcionado.
Essas palavrinhas podem soar complexas para você, mas não se preocupe. Neste post, você aprenderá tudo que é necessário para montar uma estratégia completa de gerenciamento de mídias sociais e mudar o panorama dos seus negócios (ou dos seus clientes!).
Acompanhe o texto a seguir e torne-se um verdadeiro mestre jedi das plataformas sociais! May the force be with you!
O que é gerenciamento de redes sociais?
Para aqueles que não entendem bem a tarefa de gerenciamento de redes sociais, essa atividade consiste apenas em publicar conteúdo regular em algumas dessas ferramentas.
Esse é um bom começo, mas suas ações precisam ser realmente efetivas. Em outras palavras, é necessário vender.
No desenho Caverna do Dragão (saudades, TV Globinho!) havia um mago chamado Presto, cujo papel era usar a mágica para auxiliar o seu grupo de aventuras.
Se você acompanhou a saga, sabe que o tal não tinha muito sucesso em suas artimanhas. Atrapalhado, seus truques quase sempre eram “engraçadinhos”, mas não tinham serventia nas batalhas.
É exatamente isso que ocorre nas mídias sociais. Quando considera-se somente as métricas da vaidade, é possível provocar algumas risadas, mas elas não são um combustível para o business.
Antes de continuar, só uma observação: número de likes, comentários, curtidas e visualizações (os famosos números da vaidade) são importantes! Não estamos aqui desfazendo deles, ok? Eles são indícios fortes de construção de marca. Mas, SOZINHOS, sem estarem atrelados à uma estratégia com métricas de resultados, eles não fazem sentido.
Voltando: se você não quer ser mais um Presto das redes sociais, acompanhe a seguir alguns dos elementos cruciais para a sua estratégia e aprenda como gerenciar redes sociais como um Gandalf. Yes, you shall pass.
Como montar uma estratégia para redes sociais?
Buyer persona
Muitas pessoas confundem os conceitos de público-alvo e persona. O primeiro é um resquício do marketing tradicional, que definia um grupo de indivíduos para os quais as campanhas de marketing seriam direcionadas. Veja o exemplo a seguir:
Homens entre 17 e 30 anos, pertencentes à classe média, formados em direito e residentes em São Paulo.
O público-alvo pode ainda conter dados psicográficos e comportamentais, como hábitos e costumes do consumidor.
Já no marketing digital, a definição foi atualizada e se tornou mais específica. Persona é um personagem semi fictício que representa o seu cliente ideal.
Sua criação é baseada em dados que podem ser recolhidos por meio de pesquisas de mercado ou ferramentas analíticas na internet, além, é claro, do conhecimento empírico adquirido ao longo dos anos.
Observe um exemplo abaixo, uma persona desenvolvida para uma faculdade:
Luís Fernando, 19 anos, estudante de jornalismo. Utiliza as redes sociais (principalmente o Instagram) para se informar acerca de temas de seu interesse, que são videogames, filmes e séries e carreira. Seu maior sonho é fazer uma pós-graduação e trabalhar no exterior.
Perceba que, diante dessa breve descrição, já é possível implementar uma comunicação dirigida. É possível criar conteúdo direcionado à persona, mesmo que não seja relacionado diretamente à temática educação.
Veja alguns exemplos de títulos que poderiam atrair essa persona:
As séries de TV que todo jornalista deveria assistir;
Quer trabalhar no exterior? Conheça algumas das mais renomadas universidades;
Pós-graduação para jornalistas: quais são as opções?
Além disso, você já sabe qual será o seu principal canal de aquisição, não é mesmo? Nesse caso, o Instagram será uma ferramenta valiosa. E há outras informações que podem ser adicionadas, como dados referentes à família, histórico profissional e preferências de consumo.
Mas não para por aí. Também é preciso descrever seus objetivos, problemas e, principalmente, como o seu negócio pode ajudá-lo.
Ele tem dificuldades em encontrar um estágio e especializações relacionadas ao marketing online, campo com o qual tem maior afinidade. Por isso, busca conteúdos em blogs que possam ajudá-lo a compreender melhor o universo digital. Vamos ajudá-lo a definir metas de carreira e desenvolver-se como especialista em comunicação na internet.
Seguindo essa representação, sua equipe estará apta a dialogar com uma única pessoa e as suas ações nas redes sociais serão muito mais efetivas.
Objetivos
Na etapa do planejamento são também definidos os objetivos. Eles podem variar de acordo com a estratégia adotada e as necessidades da empresa.
Lembre-se que existem ações específicas para cada meta. Afinal, cada empresa possui suas próprias.
Apesar disso, há alguns objetivos comuns para os quais as redes sociais são trabalhadas. Conheça alguns deles:
Atrair tráfego “Gente, vem pro meu site!”
Muitas vezes a principal finalidade de uma estratégia nas redes sociais é levar visitantes para um website. E tá tudo ok nisso! O importante é que os posts sejam sempre pensados e otimizados com foco nesse objetivo. 
Nesse caso são utilizados links de saída, ou seja, que levam das plataformas sociais às páginas desejadas.
Fortalecer a marca “A empresa mais popular do colégio”
Já esse objetivo está relacionado a um termo conhecido como branding, ou a autoridade da marca, um valor intangível. É especialmente importante se uma marca está se estabelecendo no mercado e deseja ser conhecida, ou está se reposicionando.
Basicamente trata-se da obtenção de uma imagem positiva por parte dos usuários, estabelecendo-se como uma marca presente na consciência do consumidor.
Fidelizar seguidores “É panelinha mesmo!”
É muito mais fácil manter seus seguidores do que conquistar novos. Não à toa que 80% dos resultados de uma empresa advém de clientes antigos.
Uma das funções das redes sociais pode ser reter clientes que já fecharam um negócio.
Nesse caso, geralmente as ações são voltadas ao suporte, interação por meio de comentários e atendimento ao cliente nas redes sociais. Campanhas de remarketing podem ser feitas especialmente para essas pessoas.
Vender “O segredo do Tio Patinhas”
As vendas diretas também podem ser conquistadas por meio das mídias sociais, seja por meio de links para landing pages ou links patrocinados.
Algumas plataformas como o Facebook funcionam, inclusive, como um marketplace, onde é possível negociar diretamente na rede. O Instagram também lançou, recentemente, a função nativa de loja que permite vendas diretamente da rede.
Gerar leads “Assina minha camisa?”
Aumentar a base de cadastros é mais um propósito para o qual as redes sociais podem ser utilizadas. 
Ao incentivar a inscrição em uma newsletter, ou fazer alguém baixar um e-book seu, tem-se um canal de contato mais pessoal e sem a necessidade de algoritmos. Ou seja, a comunicação é facilitada.
Com e-mails e telefones de clientes em potencial em mãos, é possível estabelecer um relacionamento que, se feito estrategicamente, refletirá também em vendas, fidelização, e ganho de visibilidade.
Educar o mercado “É tudo culpa do Professor Linguiça!”
Por fim, temos também a opção de educar o mercado por meio das mídias sociais. Esse objetivo é comum para negócios, serviços ou produtos inovadores, como a tecnologia e o marketing digital.
Como o público não compreende muito bem como isso funciona, é preciso apresentar informações e educá-lo para que ele possa enxergar as vantagens e, no momento certo, converter-se em cliente.
Sim, as redes sociais são canais para isso também!
Métricas
Já parou para pensar no que seria do navegador sem o seu leal utensílio, a bússola? Certamente ele estaria perdido no oceano, não é mesmo?
Pois é, um social media que não analisa os números também está vagando sem rumo nos campos digitais. Han Solo disse uma grande bobagem ao proclamar “nunca me fale sobre as probabilidades”.
Mas lembre-se: é preciso definir indicadores-chave, também conhecidos como KPI’s (Key Performance Indicator). Ou seja, as métricas que realmente são valiosas para os seus objetivos.
Por exemplo, se o seu objetivo for aumentar a sua base de leads, o engajamento não é um valor tão importante para você. De modo similar, se quiser gerar tráfego, não adianta ter um milhão de curtidas e nenhum clique no link.  E não há nenhuma vantagem em ter um número de seguidores absurdo se eles não interagem para o branding.
A dica aqui é: pense nos objetivos do negócio, e não da rede social específica. Com isso em mente, é possível cruzar dados para chegar aos números que realmente são relevantes e esquecer aqueles que irão somente agradar ao ego do administrador.
Canais: em quais redes sociais devo estar?
Instagram, Facebook, Twitter, Pinterest, YouTube, Google +, Tumblr, SnapChat, WhatsApp. Cada uma das redes sociais possui suas peculiaridades.
E, graças a isso, não há como afirmar que uma é melhor para negócios que outra. Há diversas variáveis, como público, objetivo e momento.
Para te ajudar a ter uma noção de cada uma delas, veja alguns dos propósitos desses canais:
Facebook: O Poderoso chefão
A maior rede social do mundo conta com 130 milhões de usuários no Brasil. Ela possui um algoritmo que aumenta o alcance de acordo com as interações dos usuários.
Por isso, a dica é criar posts cada vez mais engajadores e adequados à persona e aos objetivos do negócio.
Essa pequena frase, acima, é a coisa mais importante que você deve fazer no Facebook.
Instagram: Papa-paparazzi
Focado em conteúdo visual, tem seu grande poder (mais de 8000!) nas imagens e vídeos. O Instagram é um dos aplicativos queridinhos do público brasileiro, com 57 milhões de usuários.
Suas diversas funcionalidades permitem um alto nível de interação com usuários por meio de fotos trabalhadas, Stories e, mais recentemente, os álbuns, um prato cheio para a divulgação de produtos.
Twitter: Meu nome agora é Zé Pequeno
Também conhecido como microblog, tem como principal característica a limitação de caracteres. Há algum tempo era um oásis para empresas, já que todas as postagens chegavam aos seguidores.
Atualmente as pessoas têm a opção de escolher entre posts mais relevantes ou em ordem cronológica. Apesar disso, como o consumo do conteúdo é instantâneo, ainda tem muita força no país, com 30 milhões de usuários em solo tupiniquim.
LinkedIn: Why so serious?
Essa rede é uma poderosa aliada para negócios, pois foi criada justamente para estabelecer relações profissionais.
O conteúdo publicado no LinkedIn é geralmente voltado ao business, ou seja, criar conexões que possam gerar parcerias benéficas para ambos os lados, seja em empresas B2B, B2C ou contratação de funcionários. Essa rede possui 29 milhões de usuários no Brasil.
O quê publicar nas redes sociais?
As redes sociais são dinâmicas. A todo instante se reinventam e modificam.
Portanto, os formatos são muitos. Apesar disso, é preciso realizar testes para concluir quais são aqueles que trazem os melhores resultados.
Abaixo, conheça alguns dos formatos mais tradicionais.
Imagens
As imagens podem servir tanto como complemento para texto quanto como a estrela do post. Elas possuem altos índices de engajamento e são um ótimo meio para capturar a atenção do usuário.
Vídeos
O formato em vídeo é envolvente e dinâmico. Segundo uma pesquisa da Forrest Research, apenas 1 minuto de vídeo consumido equivale a 1,8 milhão de palavras lidas. Por isso, é um ótimo meio de encantar seus seguidores.
Textos
O meio de produção de conteúdo mais utilizado na internet, os textos estão presentes na maioria das redes sociais. Devem ser utilizados com sabedoria, pois o leitor de internet é apressado e quer consumir as informações objetivamente.
Links
O modelo clássico para direcionar o usuário para uma página desejada, os links são extremamente úteis para transformar seguidores em leads.
Carrosséis
Muito comuns no Instagram, os carrosséis são imagens que se alternam com diferentes objetivos. Por exemplo, mostrar diversas opções aos seguidores, contar histórias ou servir como um mostruário de produtos.
Montagens
Também conhecidas como colagens, esse formato de conteúdo gera bons resultados quando considerado o contexto da persona.
Enquetes
Disponíveis em plataformas como os grupos do Facebook e o stories do Instagram, estimulam a interação e servem como recurso de pesquisa de mercado.
Citações
Muito populares nas redes sociais, elas transmitem uma mensagem por meio da autoridade do autor.
Perguntas
As perguntas estimulam o engajamento do usuário, como se existisse um diálogo entre a marca e o consumidor.
Aliás, se você quer mais engajamento nas redes sociais, nossa dica de ouro é: faça perguntas!
Dicas
Extremamente úteis para encantar e educar os seguidores, têm como principal serventia esclarecer dúvidas das pessoas e estabelecer uma relação de confiança entre a empresa e o usuário.
Memes
Divertidos e atraentes, geram uma sensação de proximidade, já que fazem parte do cotidiano do usuário. Além disso, possuem um alto poder de viralização.
Novidades
As notícias e conteúdos inéditos trazem uma sensação de emergência ao consumidor, que sente-se estimulado em interagir com a publicação.
Concursos
Comumente exigem a participação ativa do usuário em uma publicação e concedem um bônus em troca de uma ação realizada.
Histórias
O storytelling é um formato que utiliza exemplos e gera empatia no usuário. Por meio desse recurso, a tendência é que as pessoas se interessem mais pelo que a marca tem a dizer.
Calendário Editorial
Um calendário editorial é o material básico da estratégia de planejamento nas redes sociais. Em suma, ele contém as publicações que serão realizadas posteriormente, assim como as datas, horários e outros detalhes que possam ser relevantes.
Essa ferramenta é essencial pois permite a organização e agendamento de posts, evita potenciais adversidades e possibilita a análise de dados.
Melhores horários para publicar nas redes sociais
Essa é uma das dúvidas mais frequentes de administradores de redes sociais. É claro que é possível chegar a uma conclusão, porém, ela é variável de negócio para negócio.
Existem casos de páginas corporativas que obtém grande sucesso ao postar em horários comerciais. Em outros, a madrugada é um período excelente para se conectar diretamente à persona.
Isso ocorre pois horários de pico representam também uma maior concorrência. Então, mesmo que você ouça por aí que a hora do almoço e o período após o expediente de trabalho são ótimos momentos para postar, isso não é uma regra geral.
Por isso, a documentação de posts e posterior análise de resultados pode revelar os horários que possuem maior alcance orgânico, engajamento ou qualquer outrao KPI.
Mas não é necessário desesperar-se. Existem algumas ferramentas de gerenciamento de redes sociais que verificam essa variável automaticamente.  
Gerenciamento de crises em redes sociais
Existem diversos fatores que podem influenciar a imagem de uma empresa. Alguns deles, como o comportamento online, os ideais, missões, valores e deveres são controláveis.
Mas a situação pode sair fora do controle em alguns casos. Ou seja, pode gerar uma crise nas redes sociais.
Arezzo e a pedra no sapato
É o caso da marca de calçados Arezzo, que lançou uma coleção de produtos com pele de animais, chamada PeleMania. A comunidade logo se agrupou e iniciou uma série de protestos no Facebook e Twitter.
Para contornar o problema, a empresa respondeu cerca de 75% dos comentários que a citavam na web.  
Isso melhorou a imagem da marca, mas a verdade é que, ainda assim, os consumidores não ficaram satisfeitos. Como ação final, a organização lançou esse comunicado e apenas recolheu as peças, o que não agradou nem um pouco os defensores dos animais.
Não é assim uma Brastemp, mas…
Um caso semelhante aconteceu com a Brastemp, famosa por seus refrigeradores. Um de seus clientes ficou 90 dias sem o aparelho e fez o vídeo abaixo onde comentava a ineficiência do SAC, para o qual havia ligado 10 vezes, sem solução.
youtube
Nesse caso, a adversidade foi contornada. Imediatamente a empresa resolveu o problema do consumidor, realizou um treinamento com todos os profissionais de atendimento e enviou uma nota de esclarecimento.
Eca! Larvinhas na Catuaba Selvagem!
Agora vamos a um caso onde a empresa não apenas contornou a crise, mas a transformou em oportunidade.
Um usuário postou um vídeo dizendo que encontrou larvas dentro da bebida alcóolica. Sem perder tempo, a empresa enviou uma mensagem direcionada ao seu público (jovem e descolada), explicando que, na verdade, se tratava de sedimentos do açaí usado na composição do produto. Veja:
“João, mil desculpas pelo susto. Mas pode ficar tranquilo que o processo de produção da Selvagem é extremamente seguro. Essa ~larvinha~ que vocês encontraram na verdade são sedimentos de açaí que não dissolvem completamente. Por isso recomendamos o ‘agite antes de usar’ na parte de trás do rótulo. Pode fazer o teste. De toda forma, João, gostaríamos muito de levar você e seus amigos pra conhecerem a nossa fábrica e ver como tudo acontece. Vocês animam?”, escreveu a marca em sua página oficial.”
Os clientes não só ficaram gratos como interagiram e compartilharam o case. Uma verdadeira aula de marketing digital.
Ninguém está imune no ambiente digital. Outras gigantes que também tiveram problemas com crises nas redes foram Avianca, Renault, FedEx, Burger King e American Airlines.
A dica, nesse caso, é monitorar as citações, comentários, referências e hashtags na rede.
O timing para resolução dos problemas é essencial para uma boa reviravolta. Além disso, lembre-se de assumir o erro quando ocorrer. Às vezes é melhor se desculpar do que manter uma postura arrogante.
Quanto cobrar para gerenciar redes sociais?
Tá legal, até aqui você aprendeu as bases de como fazer a gestão das redes sociais. Mas ainda resta uma dúvida: afinal, quanto cobrar para gerenciá-las?
Essa é uma pergunta comum no meio. Mas a verdade é que existem diversos fatores que influenciam, como a experiência do profissional, resultados em trabalhos anteriores, qualificação e tempo gasto.
Ou seja, não existe uma tabela de preços ou uma fórmula mágica para precificar o serviço. Apesar disso, há algumas ações recomendadas que podem auxiliar no processo.
Analisar o mercado
Uma pesquisa de mercado pode ajudá-lo a definir a precificação. Entre em sites de agências. Faça a cotação com freelancers.
Observe também a qualidade dos serviços prestados e compare com o que você tem a oferecer. Não adianta achar que você pode praticar os mesmos preços que as agências estabelecidas se você está começando agora. Ainda que seu trabalho seja melhor. 
Tumblr media
Analisar os custos do trabalho
Outra maneira interessante para calcular o valor do serviço é analisar os valores de infraestrutura. Isso inclui internet, eletricidade, dispositivos, softwares de monitoramento, gerenciamento, publicação e edição de imagens e vídeos…
Além disso, há serviços que podem ser terceirizados. Contar com designers, redatores, programadores e diagramadores. Coloque os valores em uma tabela para facilitar o cálculo.
Considerar o valor da hora trabalhada
Por fim há o método mais recomendado, que é o valor por hora trabalhada. Com o tempo, é fácil calcular quanto tempo você leva para executar cada uma das tarefas e precificá-las.
Além disso, considere também os serviços oferecidos. Afora a produção de posts regulares em diversos formatos de conteúdo, há também o atendimento online (SAC 2.0), monitoramento de hashtags, confecção de relatórios, consultoria e muitos outros.
Se você quiser saber mais a fundo sobre o tema, recomendamos a leitura deste ebook.
Como escolher uma plataforma para gerenciar redes sociais?
Ufa! Você deve ter percebido que não é fácil administrar as mídias sociais, não é mesmo?
A boa notícia é que você não está sozinho. Existem diversas ferramentas que podem auxiliá-lo em cada uma das ações citadas nesse texto.
E ao dizer “muitas”, significa que são realmente vastas. Mais até do que o número de filhos do Mr. Catra.
Afinal, como escolher o melhor gerenciador de redes sociais? É exatamente isso que você descobrirá a seguir. Saiba à frente quais aspectos considerar ao optar por uma ferramenta.
Atendimento
Como cliente, você precisará contatar a empresa regularmente.Dúvidas, problemas na navegação, falhas no software acontecerão e você precisa ser atendido com eficiência nessas situações.
Por isso, é muito importante escolher um gerenciador que forneça um bom suporte e, claro, com mais de um canal: e-mail, chat, skype, redes sociais, etc.
Custo-benefício
Nem sempre a plataforma mais cara é aquela que oferece o que você precisa. E vice-versa. Talvez a ferramenta mais barata não se adeque também às suas necessidades.
Por isso, antes de escolher um gerenciador, observe cada uma das funcionalidades do sistema e opte por aquela que melhor se encaixa às suas necessidades.
Funcionalidades
As ferramentas de gerenciamento podem ter funcionalidades específicas ou múltiplas. A dica aqui é simples: tente reunir todas as aplicações necessárias em uma só ferramenta. Isso vai facilitar MUITO sua rotina.
Assim, você evita o desperdício de recursos e facilita a organização do trabalho.
Usabilidade
Uma boa ferramenta de gerenciamento também deve ser intuitiva. Sejamos sinceros, ninguém tem tempo de passar por um MBA para descobrir para que serve cada campo da plataforma.
Então considere isso na hora de fazer sua escolha. Às vezes, menos é mais.
Bom, agora que você já sabe tudo sobre o gerenciamento de redes sociais, é hora de colocar a mão na massa. Clique aqui e teste uma das melhores soluções do mercado, a mLabs, sem pagar um tostão. Sim, o teste é grátis!
from Blogger https://ift.tt/2PSdr5h
0 notes
foradeseriex · 5 years
Text
O poder de decisão: algoritmo x comunicador
Você já se sentiu cansado, ou até mesmo frustrado, depois de entrar nas suas redes sociais? Provavelmente sim. Isso acontece porque somos bombardeados de informações, muitas das quais nem conseguimos entender, a cada vez que atualizamos nossos feeds. Num minuto aparece uma notícia divulgando a morte de um famoso, no outro, se diz que ele não faleceu, mas que está em estado grave, como aconteceu nesta semana com o apresentador Gugu Liberato. Menos de meia hora depois já nos deparamos com outras informações: a criação do novo partido do presidente, a soltura do DJ Rennan da Penha e até mesmo sobre a declaração questionável da cantora Anitta de que “antes dela não havia mulheres no funk”. Enfim, o conteúdo é gigantesco, diverso, e pode assumir narrações ainda mais distintas. 
Tumblr media
Segundo o tecnólogo americano David Weinberg (2012), esse cenário cria uma “crise de conhecimento”. Antes das mídias digitais, as informações se encontravam devidamente organizadas nos jornais, nas bibliotecas e nos livros, sendo disseminadas por indivíduos que tinham vasto conhecimento sobre o assunto. Agora acontece o contrário, elas estão desorganizadas dentro da imensa rede digital, onde qualquer pessoa pode criar um conteúdo sem saber exatamente sobre o que se está dizendo. É diante disso que vemos a necessidade de uma curadoria que nos ajude a compreender e assimilar tudo isso que está acontecendo à nossa volta sem que fiquemos loucos. 
Para Saad e D’Andrea (2012), uma curadoria ideal do conteúdo disponível em todos os espaços das redes é aquela em que une o profissional da comunicação e a ação dos algoritmos. Entretanto, no meio digital, a chamada “curadoria da informação” que estamos vendo é dominada pelo algoritmo. O papel de seleção, organização e apresentação das informações é feito com base naquilo que nós e as pessoas que fazem parte da nossa “bolha social”, curtimos ou deixamos de curtir. Nas redes sociais o algoritmo age a partir das nossas relações de afeto, nos dando o “queremos” ler. Ou seja, todas aquelas notícias que citei no início do texto são uma resposta ao que estou consumindo no meu Facebook, Twitter, Instagram, etc. Nas palavras das autoras: “A agenda setting passa a ser pessoal, única, personalizada e determinada por seus desejos”. 
Tumblr media
No entanto, a frase acima nos traz um problema, pois a condição para construção do conhecimento e formação de opinião na sociedade é a possibilidade de desfrutar de diferentes pontos de vista. A capacidade de nos apresentar  distintas fontes e recortes de uma informação é uma função fundamental do comunicador. Como exemplo, podemos citar a série norte-americana The Newsroom. Produzida pelo HBO, canal de televisão por assinatura, ela narra a história de Will McAvoy, um jornalista que acabou se tornando uma celebridade por causa da atitude que assumia. Ao invés de dar à população estadunidense informações de relevância e interesse público, propondo discussões políticas que beneficiem a sociedade, ele preferiu se acomodar na neutralidade, publicizando notícias, trazendo apenas o que o público queria ver para manter a popularidade do programa. 
No episódio ‘We decided to’ (Nós decidimos, na tradução), o primeiro da série, já podemos ver Will voltando a exercer o seu papel. Mas isso só acontece porque a nova produtora do jornal, MacKenzie McHale, ignora o ibope, a concorrência e as exigências das empresas para que seja possível colocar no ar um jornalismo com conteúdo significativo, o qual “devemos” consumir. Contratada pelo diretor de jornalismo do programa, Charlie Skinner, ele relata no final do episódio que conseguiam fazer um bom jornalismo quando guiados pelo próprio poder de decisão. E esse poder do jornalista pode ser associado ao do algoritmo, que também decide qual caminho irá seguir para cumprir sua tarefa. O problema é que o algoritmo tende a fazer o mesmo que o “antigo” Will.
Tumblr media
É nesse contexto que podemos ver a importância da re-mediação feita pelo comunicador com os conteúdos que temos contato na rede digital. Com auxílio da técnica algorítmica, é ele quem deve assumir o papel de curadoria. Assim, ao invés de apenas sermos bombardeados de informações diferentes e baseadas no nosso comportamento social, poderíamos compreender melhor qual o impacto da divulgação de notícias mal apuradas, como o caso do Gugu, da criação de um novo partido pelo presidente, das declarações de famosos e entre outros assuntos de relevância pública. Isso porque a intervenção humana especializada diante de ações matematicamente programadas do algoritmo tem a habilidade de agregar perspectivas que vão além do que nós e nossos amigos leem, comentam e compartilham nas redes sociais, ampliando nossa visão e entendimento sobre a realidade. Como Weinberg (2012) também havia dito, essa gigantesca quantidade de informação na rede não é de todo mal. O fato de diversas pessoas estarem trabalhando nela em conjunto, a torna mais humana. Nossos esforços, então, devem também se agregar para fazer com que esse conhecimento possa ser atrelado à outras coisas do mundo.
Tumblr media
0 notes
matheuspichonelli · 8 years
Text
O que pensa um fã de Donald Trump made in Brazil?
Tumblr media
Um grande amigo resumiu o drama em sua página no Facebook: “Donald Trump não é a pior coisa já surgida no Planeta. Ele só é mais laranja. Vamos acreditar no produto nacional”.
No mercado nacional existem variantes de genéricos trumpianos disponíveis em prateleiras, uns mais assanhados, outros menos. Compreender o encantamento que eles produzem por aqui exige a compreensão de seus apoiadores, doravante chamados de eleitores. Isso exige um exercício de escuta pouco usual para nossos parâmetros de civilidade. Mas vamos tentar.
Dia desses, na fila no médico, uma despretensiosa conversa sobre caligrafia levou à solução para as dores do mundo desenhada pelo fã de um típico produto nacional, um deputado de quem evitamos dar o nome para poupar-lhe o palanque. O senhor, entre 50 e 60 anos, reclamava da letra do médico, dizia não entender como a questão atravessava séculos sem uma solução definitiva, esta cada vez mais distante com o hábito, cada vez mais arraigado, de se escrever ao computador, e não à mão.
A interlocutora, de seus 30 e poucos, acenava a cabeça em sinal de concordância até ouvir a relação entre caligrafia e a escola da vida. É que, segundo o usuário do plano de saúde, com a manhã inteira de espera para desfilar ideias particulares até ser atendido, o tempo gasto na frente do computador já não era um hábito, mas uma necessidade dos meninos e meninas de hoje em dia. As ruas, afinal, estavam inabitáveis, e por isso seus filhos entendiam tanto de algoritmos e pouco de rua.
A moça concordou. Ela também se preocupava com a questão da segurança e tudo mais, mas em algum momento da conversa ela parou de falar porque, do outro lado, já não tinha um colega à espera de atendimento, mas uma metralhadora retórica disposta a carregar o maior número de eleitores da sala com ele.
“Tudo isso é um problema político, você sabe”, começou. Falava dos filhos com certo orgulho. Eles estudavam, tinham mais instrução do que ele e do que seus avós, mas, sabe como é, ele fora criado com café com pão e eles, com leite e pera. Cresciam estudados e titulados, cheios de boas intenções, tomavam as universidades, dirigiam produções artísticas e empreendimentos econômicos com baixa vivência e altas ideias, entre elas as relativas aos tais direitos humanos.
O resultado? Enquanto a geração molenga passava tempo demais no computador debatendo platitudes, explicava o sujeito, bandidos tomavam conta das ruas, dos presídios, das câmaras, das assembleias e dos governos, estruturas tão atoladas na corrupção que coitados dispostos a investir aqui, como Eike Batista, não tinham outra opção se não aceitassem pagar por fora para poder participar do jogo.
O mesmo Estado corrupto, segundo o tiozinho, era pressionado pela geração criada no computador a ser conivente com a “verdadeira” criminalidade.
“Custava exterminar os baderneiros dos presídios?”, perguntava, para espanto da interlocutora. “Por que eu, que pago impostos e não faço nada de errado, tenho de pagar o estrago que eles fizeram? O Estado deveria me proteger, mas se eu sou assaltado na rua não recebo indenização.”
A essa altura, imagino, o leitor mais civilizado já fechou a aba do computador. O mais curioso, num exercício quase antropológico, lerá até o fim à espera de um sermão ou um gran finale – spoiler: não haverá. Os preocupados com o avanço do tal discurso conservador talvez deem ouvidos ao cidadão para ver até onde ele chega. É o que tentaremos fazer. Sigamos.
Fã de um tal candidato brasileiro dito anticomunista, o tiozinho da fila do médico reconhecia a ditadura chinesa, comunista, como referência para a questão da segurança. “Você não vê atentado lá? Por quê? PULSO FIRME. É isso o que o Trump quer fazer nos EUA. Você não convida aquele parente encrenqueiro para o churrasco na sua casa, convida? Eu não convido. O que o Trump está fazendo é isso: evitando a presença de encrenqueiros.”
O que falta ao Brasil, segundo ele, é alguém, como Trump, disposto a “colocar as coisas em ordem". E ele já tem candidato para 2018.
Há muitos buracos e desconexões no discurso que a paciente paciente (sic) ouvia na fila do médico, mas eles revelam as preocupações e o perfil de um tipo de eleitor que, cliente de plano de saúde, se sente abandonado pelo Estado. Que, em dia (em tese) com as obrigações profissionais, se vê encarcerada dentro de casa e com medo, real ou imaginário, de que os filhos sejam destroçado no mundo fora do computador, onde provavelmente ele busca informações e participa de debates à margem do noticiário produzido pela grande imprensa – aquela, cada vez menos lida, que juramos serem as responsáveis pela pobreza do debate público.
Mas o fim da desconexão, imagino, começa com uma conexão. Aquele sujeito, vulnerável às propostas que justificam e multiplicam as saídas mais violentas ao longo da História, exigia antes respostas do que interdições, e está encontrando uma tonelada delas em algum canal cujo alcance não foi ainda suficientemente medido ou levado a sério.
Nos EUA, uma das possíveis explicações para a ascensão de Donald Trump à Presidência foi a incapacidade da imprensa americana de antecipar e compreender, não exatamente nesta ordem, de onde vinha o apoio às ideias do dublê de apresentador que agora quer trancar as portas para atacar a raiz de problemas, como emprego e segurança, que não parece compreender. Este apoio estava arraigado na velha classe trabalhadora que não necessariamente guarda pôsteres de Adolf Hitler no guarda-roupa – embora eles existam e tenham lado nesta história.
Em um artigo publicado na Columbia Journalism Review, citado recentemente numa longa e reveladora reportagem da revista piauí, o jornalista Lee Siegel descreveu o abismo entre “os que escrevem e os que têm a vida descrita”, resultado da baixa diversidade social e econômica entre os jornalistas que afetaria a maneira como o país é retratado pela imprensa. “Os repórteres que estão nos grandes jornais e revistas saem da escola particular, vão para uma faculdade de elite, passam a frequentar as altas-rodas. Esse é o mundo que conhecem.” Essa aristocracia jornalística, “que se acha sofisticada, cosmopolita e dona da verdade”, não tem conseguido entender nem se conectar com a classe trabalhadora ou os eleitores de Trump.
Por aqui, quem está preocupado com o que seus similares estão dizendo? Uns fingem que estão, e oferecem falsas saídas políticas com discurso supostamente apolíticos. Outros tapam olhos, narinas e orelhas. Entre uma coisa e outra parece haver um enorme vazio.
Quando percebem, o estrago já foi feito. O tiozinho da fila do médico já é uma multidão.
Em tempo. O amigo Rafael Simi escreveu há pouco algo que ajuda a desembaralhar as ideias de mentiras e pós-verdades na era das redes sociais: "Se o critério são os atentados terroristas, o mundo todo poderia impedir a entrada de jovens norte-americanos. Afinal, estatisticamente, eles estão entre os maiores responsáveis no planeta por mortes de inocentes em escolas e cinemas”.
Siga-me no Twitter: @M_pichonelli
Foto: Manifestação pró-Trump na Avenida Paulista em novembro de 2016
1 note · View note
alvaromatias1000 · 5 years
Text
Ciclo de Polarização Político-Ideológica
Greg Lukianoff e Jonathan Haidt, coautores do livro “A Superproteção da Mente Americana” [“The Coddling of the American Mind”], começam este livro com uma apresentação de três Grandes Inverdades – ideias tão fora de sintonia com o florescimento humano a ponto de prejudicar quem as abraça. Idiota é que não tem consciência do mal feito a si e aos outros por suas próprias ações.
Na Parte II, narram uma variedade de eventos no campus que atraíram a atenção nacional e às vezes global, e mostram como alguns alunos e professores envolvidos nesses eventos parecem ter abraçado as Grandes Inverdades.
Na Parte III, ampliam a lente e veem como chegamos aqui. Por que um conjunto de ideias inter-relacionadas – chamadas de uma “cultura de segurança” – varre muitas universidades norte-americanas entre 2013 e 2017? Os estudantes formados na faculdade em 2012 geralmente lhes dizem terem visto poucas evidências dessas tendências. Os alunos calouros na faculdade em algumas universidades de elite em 2013 ou 2014 lhes dizem terem visto a nova cultura chegar ao longo de seus quatro anos. O que está acontecendo?
Não há uma resposta simples. Na Parte III, apresentam seis tópicos explicativos que interagem:
polarização política crescente e animosidade entre partidos;
níveis crescentes de ansiedade adolescente e depressão;
mudanças nas práticas parentais;
o declínio do jogo livre;
o crescimento da burocracia do campus; e
uma paixão crescente por justiça em resposta a grandes eventos nacionais, combinados com mudanças de ideias sobre o que a justiça exige.
Acreditam ser impossível entender o estado do ensino superior hoje sem compreender todos os seis. Antes de apresentar esses tópicos, no entanto, destacam dois pontos de forma explícita e enfática.
O primeiro ponto é existirem segmentos diferentes para pessoas diferentes. Parte da complexidade da nossa história é nem todos os tópicos influenciarem igualmente cada pessoa e grupo no campus. A crescente polarização política nos Estados Unidos, onde as universidades são cada vez mais vistas como bastiões da esquerda, levou a um aumento da hostilidade e do assédio de alguns indivíduos e grupos de direita fora do campus. Alguns desses eventos se qualificam como crimes de ódio e são direcionados especialmente para judeus e pessoas de cor. Os coautores discutem esse tópico no capítulo 6.
As taxas crescentes de depressão e ansiedade entre adolescentes afetam tanto meninos quanto meninas, mas atingem particularmente as mulheres jovens, como você verá no capítulo 7. O aumento da paternidade superprotetora ou “helicóptero” e o declínio do jogo livre (capítulos 8 e 9) afetam negativamente crianças de famílias mais ricas (principalmente brancas e asiáticas) mais do que crianças da classe trabalhadora ou famílias pobres.
O aumento no número de administradores do campus, juntamente com o escopo de suas funções, pode estar tendo efeito em todas as escolas (capítulo 10), mas novas ideias e paixões mais fortes sobre a justiça social podem ser mais importantes nos campi onde os estudantes estão mais engajados politicamente (capítulo 11).
O segundo ponto destacado é este ser um livro sobre boas intenções com resultados errados. Em todos os seis capítulos desta parte do livro, você lerá sobre pessoas agindo, primariamente, por motivações boas ou nobres. Na maioria dos casos, o motivo é ajudar ou proteger crianças ou pessoas consideradas vulneráveis ou vitimizadas. Mas, como todos sabemos, o caminho para o inferno pode ser pavimentado com boas intenções.
O objetivo na Parte III não é culpar; é entender. Somente identificando e analisando todos os seis tópicos explicativos podemos começar a falar sobre possíveis soluções. Estas são apresentadas na Parte IV.
Nos dois capítulos anteriores, eles contaram muitas histórias sobre alunos e professores que reagiram às palavras de maneira inadequada, exagerada e, em alguns casos, agressiva. Seja sobre uma resposta a um e-mail, um esforço para gritar um palestrante ou uma petição para denunciar um colega, as matérias deste livro apresentaram, em sua maioria, problemas no campus surgidos de uma parte da esquerda política.
Às vezes os alvos estavam à direita, mas com mais frequência os alvos eram eles mesmos à esquerda. Se fôssemos limitar nossa análise a eventos no campus, isso seria a maior parte da história.
Um conjunto de novas ideias sobre discurso, violência e segurança emergiu na extrema esquerda nos últimos anos. O debate no campus é em grande parte um debate dentro da esquerda, colocando (na maior parte) progressistas mais velhos, geralmente com uma noção expansiva de liberdade da fala, contra (na maior parte) progressistas mais jovens, mais propensos a apoiar algumas limitações na fala em nome da inclusão.
Mas se recuarmos e olharmos para as universidades americanas como instituições complexas, aninhadas dentro de uma sociedade maior cada vez mais dividida, enfurecida e polarizada, começamos a ver a esquerda e a direita presas a um jogo de provocação mútua e recíproca. Indignação é uma peça essencial do quebra-cabeça, cujos coautores tentam resolver neste livro.
Eles concordam com o diagnóstico do contexto político nacional ser uma parte essencial de qualquer história sobre o que vem acontecendo nos campi universitários nos últimos anos. As coisas estão realmente em um “ponto de ebulição” nos Estados Unidos. Você pode ver a temperatura subindo no próximo termômetro.
A Figura 6.1 vem do Pew Research Center. Ele, em 1994, começou a pedir uma amostra nacionalmente representativa de americanos sobre seu nível de concordância com um conjunto de dez declarações de política e repetiu a pesquisa a cada poucos anos. As declarações políticas incluem: “A regulamentação governamental dos negócios geralmente faz mais mal do que bem”, “Os imigrantes hoje são um fardo para nosso país porque assumem nossos empregos, moradia e assistência médica” e “A melhor maneira de garantir a paz é através das forças armadas”.
O Pew calcula o quão distantes os membros de grupos diferentes estão em cada questão, então toma a média dos valores absolutos dessas diferenças em todas as dez declarações. Como você pode ver na linha perto da parte inferior marcada como “Gênero”, homens e mulheres estão praticamente na mesma distância em 2017 (7 pontos) do que em 1994 (9 pontos). Apenas duas das linhas mostram um claro aumento. As pessoas que frequentam os serviços religiosos regularmente estão agora a 11 pontos de distância daqueles que nunca compareceram, em comparação com apenas 5 pontos em 1994. Mas esse aumento de 6 pontos é diminuído pelo aumento de 21 pontos na distância entre republicanos e democratas sobre o mesmo período de tempo, quase tudo ocorrendo desde 2004.
Questão de polarização
Por que isso está acontecendo? Há muitas razões, mas para dar sentido à situação atual da América, é preciso começar reconhecendo a metade do século XX ter sido uma anomalia histórica – um período de polarização política anormalmente baixa e animosidade entre partidos, combinado com níveis geralmente altos de confiança social e da confiança no governo. Desde os anos 1940 até por volta de 1980, a política americana era tão centrista e bipartidária como sempre foi.
Uma das razões é, durante e antes desse período, o país ter enfrentado uma série de desafios e inimigos comuns, incluindo a Grande Depressão, os Poderes do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial e os soviéticos durante a Guerra Fria. Dada a psicologia do tribalismo, descrito no capítulo 3 deste livro aqui resenhado, pode-se esperar a perda de um inimigo comum após o colapso da União Soviética levar a um conflito mais intratribal.
Uma segunda razão principal é, desde a década de 1970, os americanos terem se auto segregado em comunidades politicamente homogêneas. Pesquisas subsequentes mostraram os norte-americanos viverem cada vez mais economicamente e comunidades politicamente segregadas até o nível de quarteirão da cidade.
Os dois principais partidos políticos se classificaram em linhas semelhantes: como o Partido Republicano se torna desproporcionalmente mais velho, branco, rural, masculino e cristão, o Partido Democrata é cada vez mais jovem, não branco. O resultado é, hoje, as diferenças na afiliação partidária estarem de mãos dadas com as diferenças de visão de mundo e o senso de identidade social e cultural dos indivíduos.
Uma terceira razão importante é o ambiente de debate na mídia televisa e social. Ele mudou de maneiras que promovem a divisão. Já se foi a época quando todos assistiam a uma das três redes nacionais de televisão. Na década de 1990, havia um canal de notícias a cabo para a maioria dos pontos no espectro político e, no início dos anos 2000, havia um site ou grupo de discussão para todos os grupos de interesse concebíveis e queixas.
Na década de 2010, a maioria dos americanos passou a usar sites de mídia social como o Facebook e o Twitter, o que torna fácil envolver-se em uma câmara de eco. Além disso, há o “filtro-bolha”, no qual os mecanismos de pesquisa e os algoritmos do YouTube são projetados para dar a você mais do que parece estar interessado, levando os conservadores e progressistas a matrizes morais desconectadas e apoiadas por mundos informacionais mutuamente contraditórios. Tanto o isolamento físico quanto o eletrônico das pessoas com as quais discordamos permitem as forças do viés de confirmação, do pensamento de grupo e do tribalismo nos afastarem ainda mais.
Uma quarta razão é a hostilidade cada vez mais amarga no Congresso. Os democratas controlaram a Câmara dos Representantes por cerca de sessenta anos, com apenas breves interrupções em meados do século XX, mas seu domínio terminou em 1994, quando os republicanos venceram sob a liderança de Newt Gingrich, que se tornou presidente da Câmara. Gingrich impôs então um conjunto de reformas destinadas a desencorajar seus muitos novos membros de forjar o tipo de relacionamento pessoal entre as linhas partidárias que havia sido normal em décadas anteriores.
Por exemplo, Gingrich mudou o horário de trabalho para garantir todos os negócios serem concluídos no meio da semana, e então ele encorajou seus membros a não mudarem suas famílias de seus distritos de origem, e em vez disso voaram para Washington por alguns dias a cada semana. Gingrich queria um time republicano mais coeso e combativo, e ele conseguiu. As normas mais combativas então filtradas para o Senado também (embora de forma mais fraca ).
Com o controle da Câmara dos Representantes alternando várias vezes desde 1995, e com tanto em jogo a cada mudança, normas de civilidade e possibilidades de bipartidarismo praticamente desapareceram. Como dizem os cientistas políticos Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, “os partidos [vêem] um ao outro não como rivais legítimos, mas como inimigos perigosos. Perder deixa de ser uma parte aceita do processo político e, em vez disso, torna-se uma catástrofe”.
Essas quatro tendências, mais muitas outras, combinaram-se para produzir uma mudança muito infeliz na dinâmica da política americana. Os cientistas políticos chamam de partidarismo negativo. Em uma recente revisão de dados sobre “polarização afetiva” (o grau de animosidade dos membros de cada parte em relação à outra parte), a mudança pode ser resumida da seguinte forma:
“Antes da era da polarização, o favoritismo interno, isto é, o entusiasmo dos partidários por seu partido ou candidato, era a força motriz por trás da participação política. Mais recentemente, porém, é a hostilidade em relação ao outro partido o que torna as pessoas mais propensas a participar.”
Em outras palavras, os americanos agora estão motivados a deixar seus sofás para participar da ação política, não pelo amor pelo candidato de seu partido, mas pelo ódio contra o candidato da outra parte. O partidarismo negativo significa que a política americana é menos motivada pela esperança e mais pela Untruth of Us Versus Them [Inverdade de Uns contra a de Outros]. “Eles” devem ser interrompidos, a todo custo.
Esta é uma parte essencial da nossa história. Os americanos agora têm tanta animosidade um com o outro que é quase como se muitos estivessem segurando cartazes dizendo: “Por favor, me diga algo horrível sobre o outro lado, vou acreditar em qualquer coisa!” Agora os americanos são facilmente exploráveis ​​e uma grande rede de sites da mídia, os empresários políticos e as agências de inteligência estrangeiras estão aproveitando essa vulnerabilidade e lucrando bastante.
A vulnerabilidade vem com uma assimetria infeliz: o corpo docente e os estudantes nas universidades mudaram para a esquerda, desde os anos 90, como os coautores mostram no capítulo 5, enquanto a “indústria ultrajante” de programas de rádio, redes de TV a cabo e conspiração é mais desenvolvido e eficaz à direita.
A mídia tradicional inclina-se para a esquerda, mas a esquerda simplesmente nunca encontrou um formato ou fórmula que pudesse igualar a influência de formadores de opinião de canais da direita. A mídia de direita há muito tempo gosta de zombar de professores e provocar raiva por práticas “politicamente corretas” encontradas em campi universitários.
Mas como o ativismo no campus aumentou em 2015 e ofereceu um fluxo interminável de vídeos dramáticos para celulares (incluindo estudantes amaldiçoando professores e oradores gritam contra palestrantes), veículos de mídia de direita começaram a dedicar muito mais atenção aos eventos do campus. Antes, eles retratavam alegremente, geralmente despojados de qualquer contexto explicativo. As expressões crescentes de raiva da esquerda no campus, às vezes dirigidas contra oradores conservadores, levaram a expressões crescentes de raiva da direita, fora do campus, às vezes dirigidas de forma ameaçadora para professores e estudantes de esquerda, o que por sua vez provocou mais raiva de a esquerda no campus… e o ciclo se repete.
Em suma, os Estados Unidos experimentaram um aumento constante em pelo menos uma forma de polarização desde os anos 80: polarização afetiva (ou emocional), o que significa as pessoas se identificarem com um dos dois principais partidos políticos, odiarem e temerem a outra parte e as pessoas. Este é o primeiro de seis tópicos explicativos capazes de nos ajudar a entender o que vem mudando no campus.
A polarização afetiva nos Estados Unidos é grosseiramente simétrica, mas como os estudantes universitários e o corpo docente mudaram para a esquerda, durante um período de crescente ódio entre partidos, as universidades começaram a receber menos confiança e mais hostilidade de alguns conservadores e organizações de direita.
A partir de 2016, o número de casos de alto perfil de professores sendo perseguidos ou assediados pela direita por algo dito em uma entrevista ou nas mídias sociais começou a aumentar.
A crescente polarização política, acompanhada por aumentos na provocação racial e política da direita, geralmente direcionada de fora do campus para alvos dentro do campus, é uma parte essencial da história de por que o comportamento está mudando no campus, particularmente desde 2016.
Ciclo de Polarização Político-Ideológica publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
0 notes
Photo
Tumblr media
Fascismo, teu novo nome é Consumismo
 ·         Como Pasolini enxergou, desde 1968, que a ameaça já não estava nos Estados totalitários — mas no homem-consumidor individualista, refratário ao coletivo, entregue à mercantilização. O que isso tem a ver com o Brasil de 2018
Mesmo após sua morte atroz, em novembro de 1975, Pasolini não deixou de incomodar. Uma de suas últimas polêmicas, expressa nos seus textos (Scritti Corsari e Letterre Luterane), bem como no seu último filme Salò, era a afirmação do nascimento de um novo tipo de fascismo. Desta nova forma de totalitarismo disfarçado, o pensador italiano estava bem certo. Exatamente por isso, ocupava uma posição de deslocamento entre os intelectuais de seu tempo. Os contemporâneos viam seu diagnóstico do presente como algo exagerado. Uma visão que, segundo eles, diria muito mais sobre a personalidade de Pasolini, do que sobre seu próprio tempo.
Enquanto todos se contentavam com os avanços do estado de bem-estar social e estavam inebriados com o maio de 68, dificilmente poderiam compreender que Pasolini não se reportava aos riscos da volta do fascismo histórico, como aquele de Mussolini. Tratava-se, na verdade, de uma mutação do fascismo histórico, cuja gênese estava justamente naquilo que o estado de bem-estar social comportava em seu interior e que era um dos motivos de sua expansão: o consumismo. Ao mesmo tempo em que surgia uma nova cidadania, das benesses da social democracia, esta também ensejava um novo modelo de homem e mulher: o consumidor.
Hoje, com a volta da extrema direita e sua chegada ao poder em alguns países, os ambientes intelectuais ora se veem imóveis, incapazes de diagnosticar com precisão um fenômeno que aparece dramaticamente como algo inesperado, ora se movimentam para atestar sua existência — mas buscam compreendê-lo segundo o parâmetro do fascismo histórico. Logo, deixam escapar os novos elementos e as novas determinações.
É claro que o fascismo histórico não pode ser esquecido, pois é o modelo mais acabado do que foi um estado fascista, institucionalmente falando. Ocorre que, como apontava Pasolini, o novo fascismo não é, em primeiro lugar, institucional — mas sim uma nova forma de vida jamais vista, e por isso mais difícil de ser combatida. Ele esconde dentro de si uma nova lógica de poder, está mais arraigo nos indivíduos que em instituições ou oficialidades declaradas. Por isso, Pasolini referia-se a uma nova forma de poder: “anárquico”, sem centro específico e sem uma estética que pretensamente expresse identidade homogênea — ao contrário do que foi o fascismo histórico.
A negação da diferença não seria, advertiu o pensador italiano, feita pela força bruta. Decorreria da não aceitação de qualquer forma de vida individual ou social que não pudesse ser transformada em mercadoria — isto é, que não se adaptasse ao consumo. Como era necessário que o consumo acompanhasse o aumento da produção, o novo cidadão do estado de bem-estar social deveria ser levado cada vez mais à mercantilização da vida.
Daí que durante as ocorrências do maio de 68 pela Europa, Pasolini já denunciava seus limites e a acomodação do espírito de rebeldia pelo mercado. A própria rebeldia perdia sua valência política e tornava-se uma marca, um slogan. As novas formas de comportamento, quanto mais possam parecer novas, mais se acomodam ao consumo que já faz de si mesmo a imagem da única novidade possível. Este novo fascismo, que ao que parece só Pasolini conseguia ver, seguia os passos do fascismo histórico, pois instaurava uma nova linguagem: pobremente denotativa, como fora aquela que se materializava nos discursos de Mussolini.
Assim, o novo fascismo trazia consigo um novo gestual que, segundo as palavras de Pasolini, impedia que se pudesse diferenciar, na Europa, um jovem das classes populares de um jovem burguês. Os dois já falavam do mesmo jeito, já gesticulavam do mesmo modo: enfim, todo o campo da expressividade havia se tornado único. Desfazendo, desse modo, qualquer referência às diferenças entre classes sociais. Ora, não era o sonho do fascismo histórico produzir um tipo de sociedade radicalmente homogênea?
Não parece, pois, ser mera coincidência que hoje os gestos e a linguagem da extrema direita tenham se tornando tão aderentes nas redes sociais. Também sendo pobremente denotativa, a linguagem das redes sociais levou o consumo ao seu ponto máximo: já não se consumem coisas, pode-se consumir pessoas. A transformação das subjetividades em algoritmos impõe um novo padrão de homogeneidade. Aqueles que já não falam a língua das redes, mesmo fora delas, tendem a desaparecer, pois só aqueles que falam a língua do consumo imediato permanecem. Não é pura ocasionalidade que os políticos de extrema direita falem como se youtubers fossem. Trump não discursa como se estivesse no twitter? Mas essa nova linguagem pressupõe aderência entre os falantes: portanto, supõe que os falantes já se identifiquem apenas como consumidores.
Também não é mera coincidência que o atual estado de coisas a que chegamos no Brasil tenha sido precedido por uma ascensão e crise das classes populares ao consumo. A classe trabalhadora, falsamente identificada como nova classe média, passou a ver a si mesma como consumidora, mais do que com qualquer outra identidade. O mesmo movimento se deu naqueles países europeus mais afetados com a crise econômica de 2008.
Os antigos consumidores jogados para fora dos padrões de consumo não se voltam mais, como outrora, aos partidos trabalhistas ou de centro esquerda (pois foram estes os principais fiadores da social democracia e seu estado de bem-estar). Não se veem mais como trabalhadores expropriados, mas como consumidores incapazes de consumir. A afirmação da identidade de classe foi perdida. Por isso, no caso brasileiro, por exemplo, não aparece como contradição seguir um discurso que promete a volta dos empregos por meio de uma agenda neoliberal extremada e que ao mesmo tempo retira direitos dos trabalhadores.
Se o fascismo histórico se guiava pela noção de um aparelho estatal grande e forte, o novo fascismo pode aderir ao estado mínimo justamente por não se tratar mais de instituições, mas de formas de vida que consomem a si mesmas. Logo, a aderência do discurso da meritocracia, que cria a imagem da sociedade como um grande aglomerado de indivíduos em eterna concorrência. Incapaz de engendrar qualquer forma de solidariedade social, esta noção consumista e individualista de si mesmo é um prato cheio para discursos do culto da força, pois a violência já internalizada pelos indivíduos concorrentes torna-se completamente naturalizada.
Não por outro motivo, Pasolini apontava que o novo fascismo era muito mais perverso que o fascismo histórico. “Estamos todos em perigo!”, dissera ele, nem tanto aos seus contemporâneos, mas a nós, 40 anos depois de seu assassinato. É porque estamos todos em perigo que precisamos vencê-lo. Não apenas pela resistência e uma nova superação eleitoral das forças políticas que encarnam o novo fascismo, pois trata-se mesmo da criação de uma nova forma de vida. Afinal, nunca se pode esquecer que a democracia não é simplesmente uma forma de governo, porém uma forma de vida: talvez a única que se possa dizer plenamente vida.
 Fonte: Por Fran Alavina, em Outras Palavras
0 notes
Text
Como Abrigar O Wordpress (Passo
Nele post, listei 12 dicas necessários anteriormente a fazer um blogue, dicas básicas que um bicho pode usar a fim de elevar suas chances de atingir sucesso. 3- Conteúdo: consciência diria que essa parte é a mais fundamental destinado a certo bom mercadologia de conteúdo. Como designação imediatamente submete, conteúdo é a parte principal dessa execução de mercadologia. Lembrando sempre que que é fabricado possui uma desejo (aquela lá da primeira orientação). Essencial que for anotação, filmado, retratado, deve ter acepção com serviço que a corporação presta e também deve ser a informação relevante, verdadeira bem como claramente trabalhada. Possivelmente você já sabe que qualquer alternativa melhor a competição através da advertência dos potenciais compradores na rede se compensação um arena minado, são muitos anúncios, promoções e indispensável isso caçando os clientes! E um blog com afazeres jamais é realizado destinado a acuar clientes, por causa de contrario ele se posiciona estrategicamente destinado a ser obtido no momento em que seu potencial cliente necessita dele. Oi Aline! Existem outros técnicas que você pode selecionar para tentar restabelecer acessão ao lhe caráter. Acesse essa passagem , bem como aviso seu designação com cliente ou designação completo e também depois de clique em afundar. Caso a sua conta seja localizada alor acontecerá exibida no resultado da revista. Então você deve clicar no botão Este é a minha conta". A fim de jornalista Glenn Burkins , custou agressão amigos, criação contínua a conteúdo, conquistar anunciantes e também bastante mais. site lhe, , serve a comunidade afro-americana no Charlotte, Carolina do Norte. Burkins utiliza cercado com 10 redatores independentes e também uma empresa de progresso de Rede. Arrojado dentro de 2008, site ultrapassou 200.000 visitantes únicos dentro de 3 anos. Facebook e também outras redes sociais continuam a diminuir significantemente a quantidade de evidência orgânica nas postagens, que faz com que as instituições recorram ao pagamento de anúncio a fim de passarem suas mensagens. Seja estimulando ou promovendo um tuíte, a comercial nas redes sociais é qualquer aparência bem comum à providência em que essas plataformas começam a amadurecer. Nunca é essencial abrir com investimento alto: Facebook e Instagram aceitam divulgar teu conteúdo pagando apenas 1 augusto por tempo. Comece com bagatela, faça testes e observe as métricas que essas redes livramento oferecem. Veja qual forma a acepção que costuma ter maiores ganhos e também foque em. Dr. John Malatesta, Chefe de mercadologia e também Vice-presidente executivo da Socialbakers comentou: "Estamos animados por termos sido incluídos na listagem do FT das instituições de desenvolvimento em grau superior acelerado da Europa, marcando a nossa atualização que nem um acordo de fato afeiçoado nunca só a crescer nosso próprio negócio, como os dos nossos clientes. Era a principal palco de comando de meios de difusão de informação comunitário do mundo, temos ajuste com acréscimo dos melhores mercadorias a fim de ajudar os empresários a compreender e melhorar seu atividade de conjunto de meios de comunicação coletivo". Dessa maneira que nem fiel WordPress, estar sempre com os plugins bem como temas atualizados é considerável destinado a a segurança do seu website. Desenvolvedores lançam correções e também otimizações com muita regularidade, então constantemente que acordar qualquer notificação recente com atualização no cena administrativo, confira quais curado as novidades do incremento e execute-. Esse canal de comunicação pode realizar maravilhas por sua estratégia com marketing e vendas, imediatamente que conteúdo conhecido ali pode colaborar a adquirir novos fregueses que estejam pesquisando algo na rede e também preserva as pessoas que estão aproximadamente fechando acordo engajadas com que você fatia. A geração de leads absolutamente mais é do que atrair possíveis clientes por meio de iscas digitais", que nem, por exemplo: Ebooks, Webinars, séries a conteúdos, entre outros. Com isto é provável fazer certa excipiente de interessados no lhe mercadoria ou acolhimento. A ardil é imprescindível destinado a a equipe a mercadologia ganhar amarração bem como inéditas possibilidades para assessores com vendas. Uma ardil destinado a formar novos leads é essencial para seção comercial de companhias que atuam neste supermercado. Há certo perigo no estar adicto. Se Facebook modificar drasticamente seu algoritmo ele terá um impacto enorme no movimento das organizações (de meios de difusão de informação). que a gente fazemos é regularmente experimentar expandir as plataformas onde as seres humanos compartilham. Nas extremo semanas, por adágio, Pinterest se tornou um direcionador de convivência mais alto do que Twitter destinado a nós. Creio que perigo é ser bastante adicto de certa aparência, mas a noção de que as indivíduos não afetado só ler as coisas, mas afetado associar com seus amigos como aparência de dizer que elas são, essa noção vai estar em todas as redes. Pode estar no uma coisa adolescente que certo hacker fizer agora. Ao mesmo tempo que você fizer conteúdo que as seres humanos queiram comparticipar, isto tudo bem. (Bloomberg) - Com menos de certo ano até as eleições presidenciais, potenciais candidatos imediatamente estão brigando por um parte. Isso abrange aumentar a exercício nas mídias sociais, bem como a Bloomberg acaba acompanhar crescimento com seus seguidores até a eleição com outubro de 2018. Facebook, Twitter, Instagram bem como YouTube estão preparados para cumprir grandes papéis na primeira chispada presidencial a datar de que inéditas catamênio acabaram com doações empresariais para campanhas, forçando os candidatos a buscar decoro baratas e também eficazes de atingir eleitores Acabei de lembrar-me de outro blog que assim como poderá ser vantajoso, leia mais infos neste outro artigo dicas para criar um blog pessoal (http://URL.com/), é um excelente site, creio que irá adorar. .
0 notes
informares-blog · 7 years
Text
Mídia e política na era dos meios pós-massivos de comunicação
Por: Cícero Cotrim
A influência ou relação entre mídia, comunicação e política é um dado central para a compreensão do funcionamento do modelo político em diversos momentos históricos. Se, na Grécia Antiga, as relações discursivas da políticas foram mediadas pelos espaços de discussão, tal como a ágora, na sociedade moderna o papel de mediação cabe às mídias que veiculam os discursos. Imprensa, rádio, televisão: não são poucos os estudos que procuram elencar quais as relações entre essas mídias e o próprio formato da política. Contudo, a entrada dos meios pós-massivos de comunicação, como a internet, também devem alterar a dinâmica das relações políticas em relação aos meios massivos, assim como estes promoveram uma alteração em relação à política pré-imprensa.
Se ainda não houver uma compreensão precisa da importância dos meios que veiculam o discurso político para a sociedade, com certeza há para os próprios políticos e seus marketeiros. O volume de recursos gasto em campanhas eleitorais demonstra a centralidade que a propaganda, através dessas mídias, tem na disputa dos votos e, consquentemente, do próprio poder político. Em 2014, último pleito eleitoral anterior à reforma política que reduziu o tempo de propaganda e à decisão do STF que proibiu doações privadas, as duas principais campanhas, da presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) e a do senador Aécio Neves (PSDB), somaram gastos de quase 600 milhões de reais, considerando apenas as despesas declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Pesquisadores das relações entre meios de comunicação de massa e política, como Albuquerque (1999), Figueiredo (2000) e Miguel (2015), apontam reconfigurações substanciais no âmbito político no processo de adequação e apropriação dessas mídias. Conforme destacado por Luís Felipe Miguel (2015), a dinâmica colocada pela mediação dos fatos através desses veículos desencadeia uma “dependência cognitiva”, porque “quanto mais nossa vida cotidiana é afetada por decisões e acontecimentos que ocorrem longe de nossas vistas, mais dependemos dos sistemas que coletam informações e as disponibilizam para nós”. O autor propõe que, com a entrada dessas mídias em cena, o mundo social passa por uma reconfiguração, na medida em que eles se tornam o difusor do discurso e dos fatos políticos através dos quais a opinião pública será moldada e, portanto, o voto eventualmente será decidido.
Em seu estudo sobre a propaganda política na televisão, Afonso de Albuquerque (1999) argumenta sobre a constituição de uma sociedade do espetáculo, na qual as relações políticas passam a se estruturar sobre um espetáculo político. Segundo o autor, o desenvolvimento e centralidade dos meios de comunicação fazem com que passem a se constituir na única alternativa para que os políticos possam veícular suas opiniões acerca de questões políticas para um público significativo. Assim, procede-se na criação de uma imagem política, concebida pelo autor como um perfil de personalidade pública que, por causa dos media, pode ser apreciado em imagem, texto e som para o julgamento do eleitor. A partir disso, “os políticos passam a ser interpretados como atores, os demais cidadãos como espectadores, e o laço que os une, como sendo da ordem do espetáculo” (1999).
A partir da centralidade da imagem na política, surge a importância do marketing no cenário da campanha e da manutenção da imagem de um político a longo prazo. Conforme Figueiredo (2000), o marketing permite a formação de uma imagem positiva do candidato a partir de pesquisas qualitativas e quantitativas, que apreendem quais as preocupações, pautas e disposições dos possíveis eleitores. Uma importante reconfiguração da política se desenvolve dentro desta perspectiva: com os dados recolhidos nas pesquisas e sabendo quais as pautas com maior aderência do eleitorado, o político passa a ser capaz de convencer o eleitor daquilo que ele já está convencido. A política migra da própria noção do convencimento, na medida em que passa a vender uma ideia já formada, com ampla probabilidade de aceitação e, portanto, de aglutinação de votos em torno de si.
Também é importante elencar uma das perspectivas destacadas por Thompson (2002), que demonstra a centralidade das pesquisas como legitimadores políticos. Ele ressalta que, além do uso como lastro para a criação de propostas e construção de uma imagem para o político, as pesquisas quantitativas também funcionam como avaliação constante do desempenho de um político. A veiculação, nos meios massivos de comunicação, de pesquisas que medem a aprovação de detentores de cargos eletivos pode conferir um clima de estabilidade e otimismo em casos de alta aprovação, ou de instabilidade e deslegitimação em casos de altas taxas de reprovação.
Este breve resumo de relações entre mídia e política nos serve ao propósito de tentar apreender outras reconfigurações proporcionadas pela entrada de um outro ator no jogo dos mediadores do discurso: a internet. INFORMARÉS já notou, diversas vezes, a importância crescente do uso de plataformas digitais e redes sociais on-line por políticos na tentativa da obtenção do voto e da opinião pública. Também já foram apontadas, aqui, as diferenças entre os meios de comunicação massiva e pós-massiva e as novas possibilidades na emissão da informação apresentadas pela ciber-cultura, de forma que não serão elaborados em profundidade neste texto. O que vamos procurar compreender são as possibilidades da utilização dessas ferramentas on-line em campanhas e como o próprio campo político pode se reconfigurar a partir delas.
Um fator central em campanhas políticas, que parece passível de alterações e tentativas de controle através da ação em ambientes digitais, é o clima de opinião pública e a espiral do silêncio, descritos por Elisabeth Noelle-Neumann (1993). Segundo a autora, em uma campanha política, o lado mais disposto a expor publicamente opiniões e engajamentos tende a tomar o centro da opinião pública, enquanto o outro lado tende a se calar e guardar opiniões para si. Desta forma, cria-se um lado que parece ser o vencedor diante da opinião pública, enquanto o outro lado parece derrotado. Isso não necessariamente precisa refletir uma intenção real de votos, mas é o suficiente para influenciar indecisos e outros eleitores menos seguros a realizarem um voto útil para o candidato que lhes parece mais forte, diante de uma avaliação das condições gerais a que são expostos.
Um primeiro ponto que pode descrever um indicador de mudança é descrito por Andreia Santos (2017), citando Eli Pariser (2011), como o filtro-bolha. Esse filtro se desenvolve por meio de algoritmos que capturam preferências do usuário e tendem a apresentar conteúdos compatíveis às preferências. O efeito disso é a supressão de outros pontos, menos vinculados com o que foi identificado como a área de interesse dos usuários. Sistemas como esses podem ser identificados, por exemplo, no sistema de streaming de vídeos Netflix, que apresenta recomendações de filmes e seriados com base no que o usuário assiste.
Esse filtro também se apresenta nas redes sociais. Não há dados que comprovem a utilização de algoritmos que filtrem mensagens políticas de teor oposto àquele adotado pelo usuário. Mas há dados que revelam uma tendência de que os próprios usuários se isolem de opiniões discordantes das suas próprias nas redes sociais, criando os próprios filtros-bolha com base em suas preferências. Santos (2017) cita um relatório do Pew Research Center que aponta que 39% dos usuários de mídias sociais opta por bloquear ou ocultar a visualização de conteúdos de outros usuários em relação à política. Desses, 60% apontam que a razão é considerarem os conteúdos ofensivos e 39% por serem contrários às opiniões publicadas.
Da mesma forma, a utilização de bots em redes sociais pode distorcer a ideia de apoio público a uma candidatura ou visão política, com a publicação seriada de mensagens favoráveis ou contrárias a conteúdos políticos. Santos (2017) também cita um estudo de Alessandro Bessi e Emílio Ferrara (2017) que apontou a existência de cerca de 400 mil bots, apenas na rede social Twitter, durante as eleições americanas de 2016. Desses, aproximadamente 75% tweetavam e retweetavam mensagens de apoio ao então candidato republicano e atualmente presidente Donald Trump.
Enquanto o filtro pode distorcer o “senso quase estatístico” que orienta a percepção de quem está na frente em uma eleição, devido à seleção de conteúdo, o uso dos bots leva a distorção a outro patamar, já que busca alterar diretamente a correlação do clima de opinião pública.
Na perspectiva da construção de imagem, a amplitude de informação sobre os usuários coletada por sites e ferramentas digitais abre um amplo campo de pesquisa e referenciamento para propostas e opiniões políticas. Andreia Santos (2017) argumenta que os dados coletados, que abrangem idade, sexo e raça, além de características pessoais, comportamentais e de opinião, uma vez cruzados, podem identificar a opinião política de uma região de eleitores, permitindo a personalização do discurso político. Se isso já era possível através das pesquisas qualitativas e quantitativas, a autora argumenta que esses processos são demorados e custosos. A diferença que se estabelece aqui, portanto, seria a capacidade de coletar essas opiniões em tempo real e promover uma readequação do discurso, também em tempo real, a um custo mais baixo. A autora destaca a utilização deste mecanismo na campanha do então presidenciável Barack Obama, em 2008, na qual a captação de dados permitiu a personalização de e-mails e outras comunicações com possíveis eleitores, orientando o discurso de forma pessoal e permitindo um maior impacto.
É nítida a necessidade de acompanhar as reconfigurações do campo da política, promovidas pelo aperfeiçoamento e disseminação do uso dos meios pós-massivos de comunicação. Considerados fenômenos como o escândalo político e a crescente utilização profissional das redes sociais por políticos na construção das próprias imagens e divulgação de pautas e opiniões, todos já notados por INFORMARÉS, outros estudos também se fazem, claramente, necessários.
0 notes