#Augusto Claudius Lucius
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Conversation
Previously on Beywarriors: Cyborg
ShinyNewToySyndrome: When we last saw the show our heroes are confronting King August, who had decided to serve the bad guy.
King August the Notschneizel: Bitch you're damn right I'm not an expy of Schneizel. I'm Lelouch reborn.
Nico: I don't even know who that is. And why would you take pride in being a blatant copycat of someone else?
King August the totallylikelelouch: How's the whole generic hero biz going, Tyson Granger.
Nico: My name is Nico. Nico Prost. Hello? I don't know where you're getting this whole Tyson Granger bit.
King August the CLAMP Probably Sued for his design: You're really not into the whole referential humor thing, are you. And wasn't there someone else with that name?
Nico: Between the lollygagging and the "joining forces with the invaders" bit do you seriously want to get us all killed.
King August the Increasingly Frustrated: I'm sorry. What?
Nico: Can we just go back to me attempting to tell you that what you're doing is counterintuitive to your goal of serving the people of your state and that you're being played by the invaders for what appears to be the second time.
King August: I don't have to listen to you. I am good at a children's top game!
Nico: You're seriously going to allow us to rui- Oh God it hurts. Graaaaaaaaaamppppppps.
Dr. PewdieProst: I don't caaaaaaaaaaarrreeeeee!!!!!!!
Nico: Now that the horrid bout of pain is over. Seriously, your highness, are you failing to see the logic of the whole "drain our planet of energy" leaving everyone in a worse off state than we ever were back when we squabbled for- aaaaaaaagggghhhhh
King August the Needlessly Sadistic: That's right bland protagonist boy. Holler in pain and kneel before your king.
Al: I ain't quitting you.
Nico: Say what?
Al: I mean. I'm totally helping you
ShinyNewToySyndrome: Turns off the TV and takes a power nap.
Nico: Is it just me or are we the only people with a generally logical idea of the stakes involved here?
Al: Bae u smart.
Nico: Come again?
Al: Sorry. How do we beat His Unrighteous Hineyness over there.
King August the Sensitive to Namecalling: I can hear you, peasants!
Al: Seriously, though, are you really this bland?
Nico: Excuse me?
King August the Redundantly Stating the Obvious: What he's saying is that you're always on. Don't you have downtime?
Nico: We're in a desert planet and in dire need of energy. When you're off saving the planet at the age of 15, I'm pretty sure you're gonna have to be prepared to put everything aside.
King August the Puzzled: He's committed, I'll tell you that.
Al: Yeah.
Nico: I do have dreams, though. Sometimes I pretend I'm in a dramatic life-or-death situation where I fly a mech made of a special metal instead of just commanding Dragoon here based on an ill-defined special bond. No offense, D.
Dragoon: ???
Nico: But naw, Teslandia doesn't nearly have enough resources to create giant anthropomorphic vehicles for military applications. So this'll have to do!
ShinyNewToySyndrome: Turns off the TV AGAIN like the lazy fat slob he is.
Nico: Hold on. We destroyed the machine powering that thing. How the heck is it not defeated.
Big Bad: Silly misplaced genericized Gundam protagonist, I only needed to make my bit beast thingy to be attached to that umbilical device for a short time, upon which it can drain the planet of its energy itself.
Al: I did not see that coming.
Nico: Admittedly, it is clever how we were delayed long enough for that bit beast to not have to rely on the plug anymore.
King August of I Done Fucked Up Now: I done fucked up now.
Nico: Oh, well. On to business. We'll challenge you instead.
Big Bad: Ugh, fine.
Nico: AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHGGGGGHHHHH who's dumb idea was it for us to feel pain whenever the bit beast things get attacked?
Dr. PewdieProst: SHUT UP GRANDSON. YOU'RE A FUCKING DISGRACE!!!!!
ShinyNewToySyndrome: Turns off the TV and just dozes off.
Dr. PewdieProst: BARRRELLLLSS
#Beywarriors#Beywarriors: Cyborg#Nico#Augusto Claudius Lucius#Al#Nico's relative flatness as a character will be a recurring joke here#heck he probably has more character satirized here than he does in the show#Draw your own conclusions with Al#Dr. Prost#Pewdiepie references
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Martin Scorsese e Michael Hirst, criador de Vikings, vão se unir em série sobre o Império Romano
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Martin Scorsese e Michael Hirst, criador de Vikings, vão se unir em série sobre o Império Romano
Quem gostou do drama histórico Roma, a coprodução entre a HBO e a BBC transmitida entre 2005 e 2007, e ficou com gostinho de quero mais já pode se preparar porque tem novidade vindo por aí. Segundo informações do The Guardian, o diretor Martin Scorsese (Taxi Driver, O Lobo de Wall Street) se juntou a Michael Hirst (The Tudors), criador e roteirista de Vikings, para criação de uma nova série de TV sobre o Império Romano. O projeto intitulado The Caesars (Os Césares, em tradução livre) promete contar a história dos primeiros governantes da Roma antiga começando com a ascensão de Júlio César ao poder. De acordo com o site, o piloto já foi roteirizado e o argumento dos demais episódios da temporada também está pronto. As gravações devem começar em 2019, na Itália, e a ideia do drama é ter várias temporadas.
O que talvez poucos conheçam é a aclamada adaptação da BBC dos romances históricos I, Claudius (1934) e Claudius the God (1935), de Robert Graves (1895-1985). Com roteiro de Jack Pulman e direção de Herbert Wise, I, Claudius foi exibida em 1976, teve 12 episódios e também era ambientada na Roma antiga. A trama era narrada do ponto de vista de Cláudio, o quarto imperador romano da dinastia júlio-claudiana, que governou de 41 d.C. até a sua morte em 54. A estória contempla o período de 24 a.C., ainda sob o governo Otavio Augusto (enquanto Cláudio é um jovem membro da nobreza romana), passando pelos imperadores Tibério e Calígula até a hora de Cláudio ascender ao poder. Após sua morte é mostrado o início do turbulento governo de Nero (54 d.C. a 68). O livro I, Claudius foi publicado no Brasil pela Abril Cultural (atualmente Editora Nova Cultural) com o título Eu, Cláudius, Imperador. O segundo volume Cláudio, o Deus pode ser encontrado publicado pela A Girafa Editora.
Apesar da série da BBC ser claramente datada para uma audiência moderna (com uma câmera mais estática e cenas prolongas, por exemplo), I, Claudius é um drama poderoso: seja pela qualidade dos diálogos elaborados com base na boa prosa de Robert Graves quanto pela escalação de um casting estelar. O imperador romano frágil, covarde e gago fica a cargo da brilhante interpretação de Sir Derek Jacobi. John Hurt está memorável na pele do perverso e cruel Calígula. Mas não pense que os envenenamentos, as relações incestuosas, os assassinatos em massa e o canibalismo ficaram de fora da versão de 1976. Aliás, apesar de I, Claudius manter a ação fora do palco parecendo-se mais com uma peça filmada, o uso criativo de alguns enquadramentos é admirável como na cena em que Calígula está prestes a cometer um ato terrível, mas a câmera se afasta deixando a cargo do espectador imaginar o horror.
Mais tarde foi a vez da HBO se arriscar em uma empreitada com temática semelhante. Roma tinha previsão inicial de cinco temporadas, mas os roteiristas foram informados enquanto escreviam o segundo ano da série que o programa seria cancelado devido ao alto custo de produção, em especial para a BBC. Assim como I, Claudius, a série da HBO é mais focada no lado político e dos costumes de Roma, apesar de contar com cenas de ação protagonizadas pelos legionários Lucius Vorenus (Kevin McKidd) e Titus Pullo (Ray Stevenson), porém menos agitadas do que as de Spartacus (HBO), por exemplo. O primeiro ano da série inicia com a vitória de Júlio César na batalha de Alésia e termina com seu assassinato. No ano seguinte, a trama abordou a disputa entre os inúmeros sucessores pelo cargo deixado por César, especialmente entre Marco Antônio e Otavio Augusto, sobrinho de César que ao descobrir que é o seu herdeiro começa a sua busca pelo poder. Augusto foi o fundador do Império Romano e seu primeiro imperador, governando de 27 a.C. até sua morte em 14 d.C.
Apesar de The Caesars envolver nomes de peso como Martin Scorsese e Michael Hirst, alguns ensinamentos podem ser tirados das duas séries mencionadas anteriormente para esta nova empreitada. Embora qualquer produção sobre o Império Romano já tenha o potencial de ser épica com seus exércitos, massacres e vida opulenta, não se deve estourar o orçamento para recriar esse cenário. Apesar de Roma (2005-2007) ter envolvido americanos (HBO) e britânicos (BBC), o alto custo de produção levou o roteiro a ser modificado acelerando a conclusão da história o que é sempre problemático. Além disso, apesar do sexo e da violência serem abundantes nesse período histórico a nova produção não precisa sobrecarregar o drama histórico com esse tipo de conteúdo com risco de desestabilizar o público. Apesar dessa recomendação não fazer muito sentido, uma vez que Game of Thrones é uma mistura das maiores atrocidades cometidas por personagens malditas da História, mas transpostas para um universo ‘fantasticamente violento’.
Há fãs dos livros de George R.R. Martin que reclamam da glamourização desnecessária da violência na série de televisão norte-americana criada por David Benioff e D. B. Weiss. Decapitações, assassinatos em massa, torturas, mutilações, suicídios e envenenamentos se tornaram corriqueiros no programa. No entanto, a brutalidade do estupro de Sansa Stark (Sophie Turner) por seu marido Ramsay Snow Bolton (Iwan Rheon) no episódio 6 da 5ª temporada dividiu a sua opinião da audiência. Ainda mais quando parte dos fãs dos livros revelaram que a história de Sansa foi totalmente modificada dos livros para a série e talvez esta seja, até agora, a mudança mais radical. Mas a disposição em retratar extrema violência, as sequelas de um ferimento ou da tortura também presta um serviço de derrubar os ideais reluzentes sobre as eras de ouro passadas.
Nos últimos anos a ferocidade e o realismo sangrento dominaram diversos seriados na televisão então o uso com moderação e criatividade pode ser o diferencial de um projeto com figuras de renome como Martin Scorsese e Michael Hirst. Outro recurso que pode ser bem explorado é a complexidade e profundidade psicológica de algumas dessas que são figuras odiadas da história mundial: a perversidade de Júlio César; a insanidade de Calígula; a extravagância de Nero, entre outros. A narrativa seriada quando bem construída proporciona gradualmente ao espectador um mergulho vertical na psique dos personagens de modo que quando termina deixa aquela sensação de “não acredito que acabou”.
Aliado a isso, para finalizar, uma boa escalação de elenco reunindo atores veteranos e talentos ainda pouco conhecidos como em Vikings cujos atores rapidamente caíram nas graças do público, como foi o caso de Travis Fimmel (Ragnar Lothbrok), Katheryn Winnick (Lagertha), Gustaf Skarsgård (Floki), Alexander Ludwig (Björn Ragnarsson) e, recentemente, Alex Høgh Andersen (Ivar, o Desossado). Além de Vikings, Michael Hirst é conhecido por seu foco em produções históricas: como o roteiro do filme Elizabeth (1998), com Cate Blanchett, além de ter sido o criador e roteirista de The Tudors. Se tudo der certo, The Caesars será o retorno de Martin Scorsese para a televisão. Seu último projeto foi Vinyl, minissérie da HBO cancelada após a primeira temporada, embora o cineasta também tenha tido experiência na televisão ao produzir Boardwalk Empire.
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Nascimento e infância
Em 15 de dezembro de 37 D.C., nasceu, em Anzio, Itália, Lucius Domitius Ahenobarbus (II), que passaria a História com o nome de Nero, filho de Gnaeus Domitius Ahenobarbus e de Agripina Minor (Agripina, a Jovem).
A gens dos Domícios (Domitii), que nos primórdios da República era plebeia, atingiu, ainda durante a fase de expansão de Roma pela península itálica, uma grande proeminência política, ocupando o consulado e fornecendo ao Estado destacados generais.
No final do período republicano, o ramo da gens Domitia dos Ahenobarbus (literalmente, os “barbas ruivas”) apoiou a facção senatorial dos Optimates (nobres) contra Júlio César. E, após o assassinato do Ditador, durante o Segundo Triunvirato, eles estiveram associados com o triúnviro Marco Antônio.
(Busto colorizado de Nero, mostrando os cabelos e a barba ruiva, característica da família dos Ahenobarbus)
Não obstante o apoio a Antônio, a família ingressaria no círculo familiar do seu grande rival na disputa pelo poder supremo, Otaviano (o futuro imperador Augusto), uma vez que o bisavô de Nero, que também se chamava Lucius Domitius Ahenobarbus (I), casou com Antonia Major (Antônia, a Velha) , filha de Marco Antônio e Otávia, irmã de Augusto.
Os laços com a dinastia imperial dos Júlios-Cláudios (nome que deriva do fato de Augusto, sobrinho-neto e herdeiro de Júlio César, ter adotado como sucessor o filho de sua terceira esposa, Lívia Drusila, Tibério Cláudio Nero) foram reforçados quando Gnaeus Domitius Ahenobarbus, o pai de Nero, casou-se com Agripina, a Jovem, que era irmã do futuro Imperador Calígula, em um casamento arranjado pelo próprio tio deste, o Imperador Tibério).
Agripina, a Jovem, por sua vez, era neta de Augusto ( a sua mãe, Agripina, a Velha, era filha de Júlia, a filha única de Augusto com sua segunda esposa Escribônia). Portanto, Nero era descendente direto do primeiro imperador, por parte de mãe, e também era parente de Augusto, por parte de seu pai, Gnaeus Domitius Ahenobarbus.
Entretanto, a despeito de tão ilustre ascendência, inicialmente, não parecia que o destino de Nero prometia tanto. Com efeito, o seu pai, que tinha sido Cônsul em 32 D.C., foi acusado de traição, assassinato e adultério no final reinado de Tibério e ele somente se safou graças à morte do velho imperador, em 37 D.C., alguns meses antes do nascimento do próprio Nero, mas acabou morrendo, poucos anos depois, de um edema, em janeiro de 40 ou 41 D.C.
Segundo Suetônio, o pai de Nero era um homem cruel e desonesto. Talvez por isso, enquanto ele recebia os cumprimentos dos amigos pelo nascimento de Nero, o historiador registra que ele teria dito:
“Nada que não seja abominável e uma desgraça pública poderia nascer de Agripina e dele”
A sorte de Agripina, mãe de Nero, não foi melhor. Embora ela fosse irmã do novo imperador, Gaius Julius Caesar Germanicus, mais conhecido como Calígula, (ambos eram filhos de Germânico, o falecido sobrinho e herdeiro de Tibério, adorado pelo Exército e pelo povo e supostamente envenenado a mando de Lívia, viúva de Augusto e mãe de Tibério), o seu irmão logo entrou em um processo de paranoia e loucura que o levou a suspeitar e perseguir de quase todos, inclusive os integrantes de seu círculo mais íntimo.
Assim, em 39 D.C., Agripina foi acusada de fazer parte de uma conspiração, fictícia ou verdadeira, contra o seu irmão, sendo condenada ao exílio nas ilhas Ponzianas, ao largo da Itália. Calígula aproveitou esse pretexto para confiscar a herança do jovem Nero.
Nero, portanto, ainda sendo uma criança de tenra idade, no espaço de dois anos, foi afastado da mãe exilada, teve a sua herança confiscada e perdeu o pai. Ele foi então morar com sua tia, Domícia Lépida, que era irmã de seu pai.
Reabilitação de Agripina e Nero
Todavia, a sorte de Agripina e Nero mudaria com o assassinato de Calígula pelo centurião Cássio Queréa, em 41 D.C., em uma conspiração engendrada pela Guarda Pretoriana. Logo após o tiranicídio, os guardas descobriram, escondido atrás de uma cortina, o tio da imperial vítima, Cláudio, até então tido como imbecil e incapaz de ocupar qualquer cargo público, e o aclamaram como novo Imperador.
Cláudio era irmão de Germânico e, portanto, não surpreende que uma das primeiras medidas de Cláudio tenha sido chamar de volta do exílio a filha deste, Agripina, que era sua sobrinha. Assim reuniram-se, novamente Nero e sua mãe. O novo imperador mandou também devolver ao seu sobrinho-neto, Nero, a herança confiscada por Calígula.
Ao contrário das expectativas, Cláudio mostrou-se um administrador competente das questões de Estado. Todavia, o mesmo não se pode dizer quanto à sua vida conjugal… Após dois casamentos fracassados, Cláudio casou-se com Valéria Messalina (filha de Domícia Lépida), que se mostrou dominadora e se notabilizou pela infidelidade e promiscuidade sexual, segundo os relatos antigos, que talvez sejam um tanto exagerados (ver Tácito, Suetônio, Plínio e Juvenal).
O fato é que Messalina deu a Cláudio, em 41 D.C., um filho, que recebeu o nome de Britânico, e a nova imperatriz logo percebeu que o jovem Nero era uma ameaça às pretensões do seu filho natural ao trono. Consta que ela, certa vez, teria encomendado a morte de Nero a assassinos, que chegaram a entrar no quarto do menino, e somente não completaram a tarefa por terem se assustado com o que pensaram ser uma cobra.
(Messalina segurando Britânico, estátua no Museu do Louvre, foto de Ricardo André Frantz)
Durante os concorridos Jogos Seculares, em 47 D.C., Agripina e Nero foram ovacionados pelo povo, que demonstrou por eles muito mais simpatia do que em relação a Messalina e Britânico, que também estavam presentes.
(Estátua de Nero criança, foto de Prioryman )
Se a conduta pretensamente escandalosa de Messalina foi ou não a causa de sua desgraça, o fato é que ela foi sentenciada à morte em 49 D.C., supostamente por ter se casado secretamente com um senador, Gaius Silius, no que seria uma conspiração para assassinar o marido e imperador. Há relatos de que, ainda assim, Cláudio teria relutado em ordenar a execução dela, que somente teria sido ocorrido por iniciativa de seus auxiliares.
Agripina, imperatriz
Naquele mesmo ano de 49 D.C., Cláudio casaria com sua sobrinha, Agripina, a Jovem. Este pode muito bem ter sido um casamento político, já que nenhuma mulher, naquele momento, tinha linhagem mais ilustre. Há, contudo, quem acredite que Agripina, valendo-se da intimidade familiar que a condição de jovem e bonita sobrinha lhe propiciava, tenha astuciosamente seduzido o seu velho tio. Em verdade, para os romanos, esse casamento tinha um caráter incestuoso, sendo o casamento de tio e sobrinha quase tão inaceitável como o de um pai com a filha. Portanto, o custo político deve ter sido considerável e é possível que somente o fato de Cláudio ter sido seduzido explique ele ter descartado as consequências políticas negativas de mais esse escândalo em sua vida conjugal. O passado do velho imperador nos inclina para essa última hipótese, pois houve episódios anteriores nos quais ele parece ter sido emocionalmente manipulado por mulheres dominadoras…
Seja como for, o fato é que Agripina não titubeou em tratar de se tornar a pessoa mais poderosa na corte imperial, afastando aqueles que não lhe parecessem leais e, sobretudo, os concorrentes de seu filho Nero à sucessão de Cláudio.
Ainda em 49 D.C., a imperatriz Agripina recebeu o título de “Augusta“, a primeira vez que esse título era conferido a uma mulher em vida (as suas duas antecessoras, Lívia e Antônia, o receberam como honra fúnebre), e Cláudio batizou em sua homenagem uma cidade recém-fundada na Germânia, que recebeu o nome de Colonia Claudia Ara Agrippinensis ( a atual Colônia, na Alemanha – Agripina nasceu ali, quando o local ainda era um quartel militar comandado por seu pai, Germânico). Vale citar que nunca, antes ou depois, uma cidade romana foi batizada em homenagem a uma mulher.
Nero, herdeiro do trono
Em 50 D.C., Lucius Domitius Ahenobarbus (Nero) foi adotado por Cláudio, tornando-se oficialmente seu herdeiro, passando a se chamar Nero Claudius Caesar Drusus Germanicus. No ano seguinte, Nero, então com 14 anos, foi declarado maior de idade (assumindo a “toga virilis”), sendo nomeado Proconsul e entrou para o Senado. A partir daí, ele começou a participar das cerimônias públicas junto com o Imperador, e até moedas foram cunhadas com a efígie de ambos.
Antecipando a necessidade futura de Nero contar com o apoio da Guarda Pretoriana, Agripina persuadiu Cláudio a nomear o militar Sextus Afranius Burrus (Burro) como único Prefeito Pretoriano (Comandante), no lugar de Lusius Geta e Rufius Crispinus.
Agripina supervisionava cuidadosamente a preparação de Nero para a futura ascensão ao trono imperial, designando, por exemplo, o afamado filósofo estoico Sêneca, o Jovem como tutor do rapaz, e também não poupou esforços para fazer o filho querido pelo populacho. Além disso, Agripina manobrou para que Cláudia Otávia, a filha de Cláudio e irmã de Britânico, e Nero se casassem, em 9 de junho de 53 D.C.
(Cláudia Otávia, primeira esposa de Nero)
A adoção de Nero por Cláudio é um episódio que suscita muita discussão entre os historiadores, já que Cláudio tinha um filho natural do sexo masculino, Britânico, que era apenas quatro anos mais novo do que Nero. E não há nada que indique, fora, obviamente, esse fato, que Cláudio não nutrisse pelo rapaz o amor paternal.
Com efeito, as fontes relatam que, à medida que Britânico ia chegando à idade de assumir a “toga virilis”, Cláudio começou a dar seguidas demonstrações de afeto pelo filho natural. Segundo os historiadores Tácito, Suetônio e Cássio Dião, Cláudio somente estaria esperando a maioridade do filho natural para nomeá-lo como seu novo herdeiro, e ele teria declarado isso na presença de outros, sendo esse o fato que levou Agripina a tramar a sua morte.
Cláudio morreu em 13 de outubro de 54 D.C., aos 63 anos – uma idade avançada para a época – após o que pareceu ser uma indisposição gástrica após ter comido um prato de cogumelos, que lhe causou vômitos. As fontes antigas dão crédito a versão de que aqueles cogumelos, comida muito apreciada por Cláudio, teriam sido envenenados, por uma poção preparada pela famosa envenenadora Locusta, que tinha sido contratada por Agripina. O motivo para o assassinato seria óbvio: impedir que Britânico fosse nomeado herdeiro pelo pai.
No mesmo dia, Nero foi saudado imperador pela Guarda Pretoriana, e, em seguida, ele foi reconhecido como tal pelo Senado Romano. Ele não sabia, mas seria o último imperador da dinastia dos Júlios-Claúdios.
Imperador Nero – primeiros anos
(Agripina, personificada como a deusa Ceres, coroa Nero. A mensagem devia ser evidente para todos)
O reinado de Nero começou promissor. Ele tinha apenas 17 anos, mas era aconselhado pelo filósofo Sêneca (que, segundo Cássio Dião), redigiu seu primeiro discurso ao Senado) e por Burro, que foi mantido como Prefeito da Guarda Pretoriana, e as suas primeiras medidas suscitaram aprovação geral.
Vale notar que, ainda durante o reinado de Cláudio, a administração dos assuntos de Estado começou a ser desempenhada cada vez mais pelos escravos libertos do Imperador que trabalhavam nas dependências do Palácio e que passaram a constituir o embrião de verdadeiros ministérios, no sentido administrativo moderno, assumindo tarefas que antes estavam a cargo dos antigos magistrados da República. Nero herdou esse sistema e muitos libertos de Cláudio continuaram a exercer seus cargos, como por exemplo o liberto Marcus Antonius Pallas, que ocupava um cargo equivalente ao de Secretário do Tesouro, uma circunstância que assegurava certa continuidade administrativa.
Sêneca e Burro procuraram assegurar que o imperador mantivesse boas relações com o Senado Romano, comparecendo às sessões do órgão e levando em consideração as suas recomendações. Eles preocuparam-se especificamente em abolir o costume implementado por Cláudio, de conduzir julgamentos em sessões privadas realizadas no próprio Palácio (“in camera”), o que era considerado contrário aos princípios jurídicos romanos tradicionais.
Foram promulgados decretos visando prevenir que os governadores extorquissem demasiadamente as províncias e também outros relativos à ordem pública e urbana. Nero também postulou, sem levar em consideração as despesas, abolir vários tributos, sendo, entretanto, demovido desse propósito pelo Senado. Muitas das medidas de Nero, aliás, demonstravam o desejo dele aumentar a sua popularidade.
Os dois conselheiros procuraram, ainda, diminuir a excessiva intervenção de Agripina nos assuntos do governo, e, com esse propósito, eles chegaram até a incentivar a paixão que Nero nutria pela liberta Acte, que virou amante do Imperador. Dessa forma, além de afastar Nero da influência da mãe, eles também visavam diminuir a inclinação ao desregramento sexual que já percebiam no jovem imperador, impulsos que o casamento com a imperatriz Cláudia Otávia parecia incapaz de arrefecer.
Observe-se que Suetônio acusa diretamente Nero e Agripina de manterem uma relação incestuosa, mencionando até que isso costumava ocorrer quando viajavam pelas ruas em liteiras, comportamento que seria denunciado pelas manchas em sua toga… Outros autores, de fato, também citam o costume que ambos tinham de andar na mesma liteira, mas muitos historiadores consideram que a obra de Suetônio, em muitas passagens, tende a reproduzir e aumentar boatos escandalosos, sem muita preocupação com a verdade histórica.
A tônica, porém, em todas as fontes, é de que Nero não nutria muito entusiasmo pelas tarefas governamentais, preferindo dedicar-se ao canto, ao teatro e às competições esportivas, sobretudo corridas de cavalos. Progressivamente, também, o poder absoluto lhe permitiu experimentar as mais variadas práticas sexuais.
Assim, a falta de aptidão para o cargo, a juventude e a onipotência uniram-se para empurrá-lo para uma ilimitada devassidão. Por outro lado, o avanço dos anos deu-lhe confiança para cada vez mais afirmar a sua vontade e ignorar os conselhos de Sêneca e Burro, ao passo que a repetida intromissão de Agripina em sua vida começou a lhe parecer insuportável, notadamente a oposição que a mãe externava em relação ao seu romance com Acte.
Morte de Britânico e Agripina. Nero governa por conta própria
Outro fator de discórdia, talvez mais importante, foi Agripina, certa vez, ter insinuado que Britânico aproximava-se da maioridade, dando a entender a Nero que ela poderia apoiar o rapaz como sendo o legítimo herdeiro de Cláudio. Por isso, em 55 D.C., Nero demitiu o liberto Pallas, que tinha sido um fiel aliado de Agripina desde os tempos de Cláudio.
Ainda em 12 de fevereiro de 55 D.C., Britânico morreu, no dia exato em que ele completaria a maioridade. Segundo os autores antigos, ele foi envenenado a mando de Nero, que teria também recorrido aos serviços da envenenadora Locusta.
A relação com a mãe azedou de vez quando, em 58 D.C., a nobre Popéia Sabina, a Jovem, tornou-se amante de Nero. Agripina, opondo-se ao romance, aproximou-se da imperatriz Cláudia Otávia, que em oito anos de casamento com Nero não tinha gerado filhos, muito em função do desinteresse do marido pela esposa.
(Popéia Sabina, segunda esposa de Nero)
Popéia Sabina, que era casada com Marcus Salvius Otho (o futuro imperador Otão), grande amigo de Nero, segundo Tácito, em vingança à oposição de Agripina ao seu romance com o imperador, teria aconselhado Nero a assassinar a mãe (Nota: Popéia era natural de Pompéia, e a sua magnífica Villa, na cidade de Oplontis, foi soterrada pela erupção do Vesúvio e descoberta em excelente estado de conservação).
Os historiadores narram que Nero teria engendrado vários esquemas engenhosos para matar Agripina, que iam desde o naufrágio em um navio previamente sabotado para se desmanchar no mar, ao desabamento provocado do teto de um aposento que ela ocupava, todas sem sucesso. Finalmente, em 23 de março de 59 D.C., Nero conseguiu que a mãe morresse, embora não seja claro de que forma ela foi morta. Aparentemente, após sobreviver ao naufrágio, Nero enviou assassinos para matar a mãe. Segundo um relato, quando o executor ergueu a espada, Agripina teria dito, como se lamentasse ter parido o filho:
“Fira o meu útero!”
Afastada a influência, diga-se de passagem, raramente benigna, da mãe, Nero sentiu-se livre para fazer tudo o que lhe apetecesse. Ele entregou-se totalmente à sua paixão pelas artes, apresentando-se publicamente cantando e tocando a lira. Os seus recitais eram intermináveis, e Tácito comenta que, em certas ocasiões, mulheres davam à luz enquanto assistiam os longos espetáculos, e até algumas pessoas chegaram a falecer durante as apresentações. Ficou famoso o caso do futuro imperador Vespasiano, que, apesar de ser um militar de prestígio, caiu em desgraça após dormir durante um recital de Nero. É importante ressaltar que, segundo os padrões de conduta morais vigentes na aristocracia romana à época, um nobre apresentar-se publicamente como artista ou esportista era considerado degradante.
Em 62 D.C., Burro faleceu, e Sêneca foi obrigado a se afastar do governo devido a acusações de enriquecimento ilícito (tudo indica que eram verdadeiras), que vieram se somar à suspeita já existente de que ele teria mantido relações amorosas com Agripina.
Naquele mesmo ano de 62 D.C., Popéia ficou grávida de Nero, que finalmente decidiu divorciar-se de Cláudia Otávia, sob o pretexto de infertilidade da imperatriz. Doze dias depois do divórcio, Nero casou-se com Popéia. A ex-mulher foi exilada na ilha de Pandatária, mas a opinião pública protestou e exigiu que Nero a trouxesse de volta à Roma. Logo em seguida, porém, ela morreria, tendo apenas cerca de 23 anos de idade, assassinada a mando do imperador, embora os executores tenham tentado fazer a morte dela parecer um suicídio.
Em 21 de janeiro de 63 D.C., Popéia deu à luz a uma menina que recebeu o nome de Cláudia Augusta e ela seria o único descendente que Nero teria na vida. Porém, a menina morreria com somente quatro meses de idade.
Conflitos nas fronteiras
Nos assuntos de política exterior, o principal desafio enfrentado pelo Império no reinado de Nero foi a disputa pela Armênia com a Pártia. O general Gnaeus Domitio Corbulo (Corbulão) obteve inicialmente sucesso militar, mas a campanha não foi concluída. Em 63 D.C., porém, o Império obteve um bom acordo com a Pártia, em que Roma teria a palavra final sobre a escolha do rei da Armênia, Foi um bom tratado e que garantiria a paz na região até 114 D.C. Nero também teve que enfrentar a séria revolta da rainha dos Icenos, Boudica (Boadicéia), na Britânia, que foi derrotada pelo general Gaius Suetonius Paulinus (Suetônio Paulino), em 61 D.C.
(Estátua da rainha Boudica, dos Icenos, em Londres)
O Grande Incêndio de Roma
Em julho de 64 D.C., ocorre o grande incêndio de Roma, que durou seis dias e causou grande destruição. Dos 14 distritos de Roma, somente 4 foram poupados do fogo. A responsabilidade de Nero pelo incêndio é muito debatida. Algumas fontes antigas citam boatos de que Nero teria mandado provocar o incêndio, visando sobretudo reconstruir a cidade de acordo com a sua vontade, e, especialmente, para possibilitar a construção de sua espetacularmente enorme e suntuosa “Domus Aurea“, cujas ruínas ainda hoje impressionantes dão uma ideia do seu esplendor. Consta que Nero, após o palácio ficar pronto, teria dito :
“Finalmente, agora eu posso morar como um ser humano”
(Tela “O incêndio de Roma”, de Hubert Robert, (1785)
Tácito e Cássio Dião também relatam, o primeiro expressamente como sendo um boato, que, enquanto Roma queimava, Nero teria subido no telhado do Palácio e cantado a ode grega “A Destruição de Tróia“.
Porém, eu acredito que, provavelmente, essa tragédia foi apenas o mais catastrófico dos frequentes e periódicos incêndios que assolavam uma Roma que havia crescido demasiada e desordenadamente. Diga-se de passagem, os posteriores decretos assinados por Nero relativos ao ordenamento urbano, especialmente visando evitar a repetição de incêndios, descritos por Tácito e Suetônio, são muito razoáveis, na verdade, excelentes até (dispõem sobre o espaço entre os prédios de apartamentos, do uso de materiais de construção resistentes ao fogo e da previsão de reservatórios de água, entre outras coisas). Após o incêndio, Tácito relata que Nero abriu os jardins dos palácios para abrigar os flagelados pelo incêndio, em abrigos temporários. Vale a pena citar o seguinte trecho:
“Nero, naquele momento, estava em Antium, e não retornou à Roma até o fogo aproximar-se de sua casa, que ele havia construído para conectar o palácio com os jardins de Mecenas. Não foi possível, entretanto, impedir o fogo de devorar o palácio, a casa e tudo em volta deles. Todavia, para aliviar o povo, que tinha sido expulso desabrigado, ele mandou que fossem abertos para eles o Campo de Marte e os edifícios públicos de Agripa, e até mesmo os seus próprios jardins, e ergueu estruturas temporárias para receber a multidão despossuída. Suprimentos de comida foram trazidos de Óstia e das cidades vizinhas, e o preço do grão foi reduzido para três sestércios. Essas ações, embora populares, não produziram nenhum resultado, uma vez que espalhou-se por todo lugar um rumor de que, enquanto a cidade estava em chamas, o imperador apresentou-se em um palco particular e cantou a destruição de Tróia, comparando os infortúnios presentes com as calamidades da antiguidade”. (Anais, XV, 39)
Um episódio notório, ainda relativo ao incêndio, foi o martírio da nascente comunidade cristã de Roma, que teria sido apontada oficialmente como bode expiatório pelo incêndio. Hoje, há opiniões de que esta perseguição não teria ocorrido, a despeito dela também fazer parte da tradição cristã. Há, no entanto, uma bem fundamentada tese de que o número 666, que seria o nome da besta do Apocalipse citado no Evangelho, seria o código alfanumérico relativo ao nome de Nero, de acordo com um antigo jogo comum na época romana, numa vinculação que o evangelista João poderia ter feito em função da referida perseguição.
(Tela de Henryk Siemiradzki, retratando o martírio dos cristãos, que, segundo o relato de Tácito, foram utilizados como tochas humanas)
O fato é que as excentricidades e os crimes de Nero, somados à desconfiança pública de que o incêndio estava relacionada à construção da magnífica Domus Aurea, começaram a minar o reinado dele.
(Domus Aurea, 1- reconstituição e 2- tour pelas ruínas atuais, em Roma)
Some-se a isso a morte de Popéia, ocorrida em 65 D.C., tendo se espalhado o boato de que a morte dela fora causada após a imperatriz levar um pontapé de Nero na barriga, quando estava grávida.
A Conspiração Pisoniana
Ignorando tudo isso, Nero começou a retirar o que restava das prerrogativas do Senado. Isso deflagrou, também em 65 D.C., a denominada “Conspiração Pisoniana“, porque liderada pelo respeitado senador Gaius Calpurnius Piso e que visava derrubar o imperador. Porém, essa conspiração, que envolvia senadores e membros da guarda pretoriana, foi denunciada a tempo, e Nero mandou executar os participantes. Entre os punidos, estava o seu ex-tutor e conselheiro, o filósofo Sêneca, apesar de não haver certeza se ele estava envolvido. Outro que teria sido executado na repressão à Conspiração foi o poeta Lucano. Mas a morte mais sentida pela aristocracia romana foi a do senador Públio Clódio Trásea Peto, um crítico contumaz do reinado de Nero, que também foi obrigado a cometer suicídio, em 66 D.C., após ser condenado pelo Senado com base em acusações vagas em uma sessão de julgamento na qual a Cúria foi cercada pelos Pretorianos.
Para poupar Sêneca, e a própria imagem do imperador, perante a opinião pública, do embaraço de uma execução, Nero ordenou que ele cometesse suicídio. O mesmo ocorreu com outro implicado no esquema, o escritor satírico Petrônio (A cena da morte de Petrônio, em uma banheira, com o sangue esvaindo-se das veias cortadas enquanto conversava rodeado dos seus melhores amigos, está brilhantemente retratada no filme “Quo Vadis“). Quem teve atuação implacável na repressão à referida conspiração foi Ofonius Tigellinus, o sucessor de Burro como Prefeito da Guarda Pretoriana, que era um amigo e parceiro de Nero no desfrute das corridas e orgias, e que fora nomeado para o cargo em 62 D.C.
(O Suicídio de Sêneca, tela de Manuel Domínguez Sánchez (1871), no Museu do Prado)
Em 66 D.C., Nero casou-se com sua terceira esposa, Statilia Messalina.
(Statilia Messalina, terceira esposa de Nero)
O início do fim
A Conspiração Pisoniana, não obstante tenha sido debelada, marca o início da queda de Nero. Deve ter havido uma percepção geral entre as lideranças do Senado e do Exército de que o reinado de Nero não iria durar muito e que o caos se aproximava. As despesas com a reconstrução de Roma tinham exaurido o Tesouro do Estado. Em decorrência, a moeda teve que ser desvalorizada e os impostos aumentados.
E, em 66 D.C., estourou uma grande revolta na Judéia, No meio dessa crise, Nero resolveu fazer uma excursão triunfal pela Grécia, visitando os pontos turísticos mais célebres e participando dos Jogos Olímpicos de 67 D.C., como competidor. Para os gregos, a visita foi um sucesso, pois Nero chegou a proclamar a liberdade das cidades gregas, mas para a elite em Roma, ela deve ter sido percebida como mais uma prova da insanidade do Imperador.
Outras rebeliões começariam a pipocar nas províncias. Em 67 D.C., Nero enviou o respeitado general Titus Flavius Vespasianus (o futuro imperador Vespasiano) para combater a Grande Revolta Judaica. Nessa ocasião, suspeitando da lealdade do general Corbulão, o imperador o convocou-o à sua presença na Grécia, e ordenou que ele cometesse suicídio para não ser executado, sendo fiel e surpreendentemente obedecido.
Porém, em março de 68 D.C., o governador da importante província da Gália Lugdunense, Gaius Julius Vindex, revoltou-se contra os pesados tributos impostos à província. Em seguida, Vindex tentou, sem êxito, convencer o governador da Hispânia, Servius Sulpicius Galba (o futuro imperador Galba), a se juntar à rebelião. No decorrer da rebelião, em maio, as legiões da Germânia, sob o comando de Lucius Verginius Rufo, seguindo as ordens de Nero, derrotaram Vindex, na Batalha de Vesontio (atual Besançon), que, em razão disso, cometeu suicídio. Todavia, as legiões vitoriosas imediatamente declararam-se em rebelião contra Nero, embora Rufo tenha permanecido leal ao imperador, recusando-se a aderir ao movimento. Parece que nesse momento, os soldados já começavam a farejar a oportunidade de, como em ocasiões anteriores, obterem polpudas recompensas caso um novo imperador assumisse o trono.
Enquanto isso, Nero, que havia voltado para Roma em janeiro de 68 D.C., recebeu a notícia de que, além das legiões de Vindex, as legiões da África também tinham se revoltado.
Galba, entretanto, aguardava cautelosamente o desenrolar dos acontecimentos, mas seus partidários em Roma não ficaram imóveis. Assim, em algum momento entre maio e junho de 68 D.C., o outro Prefeito da Guarda Pretoriana, Ninfídio Sabino (consta que Tigellinusestaria doente), persuadiu os pretorianos em Roma a se declararem a favor de Galba. Para o azar de Nero, isso ocorreu antes da chegada da notícia da vitória de Rufo contra Vindex, o que daria ao imperador certa esperança de readquirir o controle da situação.
A morte de Nero
Em 9 de junho de 68 D.C., em uma villa suburbana, situada a apenas 6 km de Roma, chegou um mensageiro galopando à toda velocidade. O cavaleiro desmontou e entrou no luxuoso átrio da propriedade, sendo recebido por Phaon, liberto do Imperador Nero e secretário de finanças imperial.
Acompanhado de outros três homens, Phaon ingressou na área privada da residência e, pouco tempo depois, ouviu-se um um grito desesperado, acompanhado da frase:
“Que grande artista o mundo irá perder!”
Um dos homens pergunta que notícia o mensageiro havia trazido e o outro respondeu que o Senado Romano havia declarado Nero era um “Inimigo Público“.
Aquele era, sem dúvida, o ponto culminante da tensão que Nero vinha vivendo nas últimas semanas, desde que soube que Julius Vindex havia sido aclamado imperador pelas tropas dele, em março, e iniciara sua marcha para a Itália, e o Prefeito Pretoriano Ninfídio Sabino manifestou seu apoio a Galba, deixando o imperador totalmente indefeso dentro da Capital.
Ao saber da adesão de Ninfídio Sabino ao general Galba, Nero chegou a deixar o Palácio e tentar fugir para o porto de Óstia, onde ele planejava embarcar em um navio da frota, que ele esperava que tivesse se mantido leal, e partir para as províncias do Oriente, onde ele tinha certeza de que ainda era muito popular e poderia organizar um contra-ataque.
Todavia, Nero, acreditando que era grande a possibilidade dele não conseguir chegar ao porto ileso, deu meia-volta e voltou para o Palácio, onde ele até tentou dormir um pouco. O sono contudo, seria breve. Com efeito, durante a meia-noite, já na virada do dia 08 para o dia 09 de junho de 68 D.C., o Imperador acordou e, aterrorizado, constatou que não havia sequer um guarda na porta dos aposentos imperiais.
Nero percorreu, esbaforido, os corredores desertos do palácio, sem encontrar viva alma, gritando:
“Não terei eu amigos ou inimigos?
Até que, alertados pela gritaria, finalmente acudiram os mais próximos e fiéis libertos de Nero: Epafrodito, Phaon, Neophytus e Esporo (Nota: Esporo (Sporus) era um garoto que se tornou favorito de Nero por ter uma notável semelhança com a falecida imperatriz Popéia Sabina. Segundo Suetônio, Nero mandou castrar Esporo e chegou até a casar com o rapaz, por volta de 67 D.C.).
Phaon, então, ofereceu a Nero a sua villa nos arredores de Roma, para que o imperador se escondesse lá, pois ainda havia a esperança de que o Senado não reconhecesse os usurpadores, tendo em vista que outros comandantes ainda não haviam aderido à rebelião. A villa não era longe e o grupo deve ter chegado lá ainda antes do amanhecer.
Porém, no decorrer do dia 09 de junho, a referida chegada do mensageiro tirou todas as esperanças de Nero. Ele, então, implorou que um dos quatro fiéis libertos tirasse a própria vida primeiro, alegando que isso lhe daria coragem para fazer o mesmo, além de lhe ensinar o método, mas nenhum deles topou a proposta.
Então, enquanto o imperador relutava, ouviu-se o galopar de vários cavalos, e, premido pelo temor da chegada da tropa que estava vindo para lhe prender ou executar, Nero ordenou que Epafrodito o ajudasse a se matar. Assim, Nero, com a ajuda de Epafrodito, enfiou uma faca na própria garganta.
Quando os cavaleiros entraram no aposento, Nero já havia perdido muito sangue. Um dos soldados tentou colocar um pano na garganta dele, à guisa de estancar o sangue, e Nero ainda teve forças para balbuciar, dramático como ele sempre fora durante toda a vida:
“Tarde demais. Isso é que é fidelidade!”
Nero morreu aos 30 anos de idade. O corpo dele foi cremado à maneira tradicional romana e as cinzas depositadas no Mausoléu dos Domícios, então situado nos limites da cidade de Roma e onde hoje, ironicamente, fica um templo da arte, a Galeria Borghese.
(Villa Borghese, que hospeda a Galeria Borghese e onde ficava o Mausoléu dos Domícios, lugar do sepultamento das cinzas de Nero)
As fontes relatam que, várias décadas depois de sua morte, pessoas do povo ainda adornavam a tumba de Nero com flores…
Conclusão
A ascensão e queda de Nero são expressões gritantes das contradições do sistema inaugurado por Augusto.
Com efeito, o Império nascera da incapacidade das instituições republicanas de moderar os conflitos de poder e as disputas políticas envolvendo a manutenção dos privilégios da nobreza ( facção política dos “Optimates“) e a acomodação das vontades dos cidadãos plebeus livres, dentro de regras criadas para gerir uma Cidade-Estado, e, portanto, de levar em consideração a existência de um crescente proletariado não-proprietário em Roma, bem como os anseios de uma enorme população de colonos romanos e cidades aliadas não-romanas, que estavam espalhadas por um enorme território fora da Itália, e cujos interesses eram defendidos pela facção dos chamados “Populares“.
Essas crises degeneraram na resolução das disputas pela guerra entre generais-políticos filiados as referidas facções representadas no Senado, que recrutavam cidadãos entre o proletariado, os quais eram mais leais aos seus comandantes do que ao Estado. O conflito parecia ter se resolvido na concentração de poderes em torno do vencedor da guerra civil, o líder dos Populares, Caio Júlio César, que, contudo, foi assassinado antes de poder implementar uma nova constituição politica (se é que ele tinha mesmo essa intenção), uma tarefa esta que foi retomada por seu sucessor Augusto.
Como se fosse uma “marca de nascença” do principado, o assassinato de César sempre pairou sobre o regime imperial. César, alegadamente, foi morto por se acreditar que ele queria ser rei e os seus assassinos, integrantes dos Optimates, reivindicaram a restauração da República. Vencidos os Optimates por Augusto, herdeiro de César, ele, por sua vez, da mesma forma se apresentou como o “Restaurador da República“.
Desse modo, o Império por séculos seria assombrado pelo paradoxo de ser uma “Monarquia que não ousa dizer o seu nome“.
Contudo, a constituição não-escrita elaborada por Augusto padecia de duas graves contradições:
1) A ambiguidade de, formalmente, querer-se restaurar a República, concentrando as mais importante das antigas magistraturas republicanas nas mãos do “Princeps“, mas dividindo, ao menos na aparência, o governo do Estado com o Senado, sem contudo, jamais delimitar precisamente qual o papel e o poder desta assembleia. Isto se tornaria um grande fator de instabilidade.
A prática inaugurada por Augusto, e seguida em parte e confusamente por Tibério, de simular que o poder continuava com o Senado, sendo o poder de fato exercido no Palácio, propiciava que, quando personalidades imperiais menos afetas às aparências e deferências devidas ao Senado ocupassem o trono, eles fossem percebidas como tiranos, situação que deu margens a inúmeras conspirações, reais ou fictas.
2) A já aludida “marca de nascença” (assassinato de César), que expressava a prevalência da tradicional repulsa cultural romana à monarquia, impediu que Augusto estabelecesse uma regra clara quanto à sucessão imperial. Como o regime não podia e não devia ser considerado uma monarquia, jamais o princípio dinástico foi formalmente estabelecido. Embora o costume fosse que o imperador escolhesse o seu herdeiro, a existência de descendentes ou parentes próximos ameaçava a legitimidade do escolhido, sendo isso uma nova fonte de conspirações, e de temor da existência delas por parte do imperador.
A incerteza quanto ao critério sucessório também gerava instabilidade. Os imperadores Júlios-Cláudios costumavam nomear os parentes sanguíneos ou afins mais velhos como herdeiros formais ou presumidos, quando aqueles mais próximos ainda eram muito jovens. Mas, quando estes iam crescendo, os títulos e honrarias que caracterizavam a condição de herdeiro eram retirados dos primeiros e conferidas aos mais novos. O temor ou a insatisfação dos inicialmente escolhidos normalmente resultava na eliminação dos rivais mais novos ou na do próprio imperador. Tal fato ocorreu com Augusto, com Tibério e com Cláudio, e somente não ocorreu com Calígula devido ao seu reinado ter sido muito curto, e com Nero, porque ele não tinha herdeiros.
Somente a partir do reinado de Nerva começou a ser implantada uma regra consuetudinária, com bases filosóficas, de que o governante deveria adotar como sucessor o melhor homem público, ainda que este fosse seu parente, de quem se esperava que demonstrasse a sua competência.
A avaliação do reinado de Nero é controversa na visão dos historiadores. A visão tradicional, de louco e de monstro, hoje é temperada pela leitura crítica que se faz dos historiadores Tácito e Suetônio, tidos como membros da classe senatorial, nostálgica da República e antipática ao Principado, dando destaque às perseguições do monarca contra os senadores e enfatizando boatos ou, mesmo, fofocas, de teor escandaloso sobre os hábitos privados dos imperadores.
Sintomaticamente, essas mesmas fontes relatam que, para uma boa parte da massa de cidadãos pobres e das províncias, a imagem de Nero era diferente. Como já observamos, Suetônio narra que, décadas após a morte de Nero, populares adornavam a sua tumba com flores e que, nas províncias, chegou a surgiu uma lenda, ao estilo de Dom Sebastião de Portugal, de que Nero, um dia, iria retornar. No mesmo sentido, finalizamos com a transcrição das palavras de Mary Beard (“SPQR”, pág. 398):
“Vários historiadores modernos têm apresentado Nero, particularmente, mais como uma vítima da propaganda da dinastia Flaviana, que começa com Vespasiano, seu sucessor, do que como um piromaníaco assassino da própria mãe, a quem se atribui ter iniciado o grande incêndio de 64 D.C., não só para apreciar o espetáculo, mas também para limpar a área e poder construir seu novo palácio, a Casa Dourada (Domus Aurea). Mesmo Tácito admite, apontam os reabilitadores, que Nero foi o patrocinador de medidas de ajuda efetivas para os desabrigados após o incêndio; (…). Além disso, nos vinte anos após a morte e Nero, em 68 D.C., pelo menos três falsos Neros, com lira e tudo, apareceram nas regiões orientais do Império, reivindicando o poder e apresentando-se como o imperador em pessoa, ainda vivo, apesar de todas as notícias do seu suicídio. Foram todos rapidamente eliminados, mas o engodo sugere que, em algumas áreas do mundo romano, Nero era lembrado afetuosamente: ninguém buscaria alcançar o poder fingindo ser um imperador odiado por todos.”
NERO Nascimento e infância Em 15 de dezembro de 37 D.C., nasceu, em Anzio, Itália, …
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