#* ⠀ / ⠀ 𝐟𝐢𝐥𝐞𝐝 𝐮𝐧𝐝𝐞𝐫 ﹕ christine and erik

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Cada 'nova' expressão de Erik que Christine conseguia reparar era o suficiente para deixá-la feliz de estar na companhia dele. As caretas de frustração que fazia ao perder para ela em um jogo eram adoráveis e as olhadelas que trocava com ele durante os dias que vinha passando na livraria eram o suficiente para despertar as borboletas em seu estômago. A surpresa em seu rosto, porém, a deixou se perguntando se não tinha expressado o quanto gostava da presença dele. "É claro que sim! Eu sempre quero passar um tempo com você, Erik." E se tinha um momento onde deveria aproveitar a companhia dele era justamente aquele, já que infelizmente se esqueceriam de tudo depois. Vê-lo reagir aos elogios à distraiu de seu pensamento, a lembrando como eram iguais naquele aspecto. Aparentemente ele tinha pensado como ela até se acostumar com as próprias roupas. O consentimento dele a deixou feliz. Parecia que o outro baile, onde eles tinham se reencontrado e onde Erik estava receoso em tocá-la, tinha acontecido a muito tempo atrás. A proximidade que tinha com ele agora, tanto física - como os carinhos suaves na mão, que Christine não tinha deixado de notar - quanto mental eram a prova para ela de como eles tinham se reconectado aos poucos. E ela gostava muito disso. "Eu concordo! Todas as festas estavam incríveis, cada uma a seu modo. Aliás, se tivéssemos nos encontrado mais cedo poderíamos ter ido na roda gigante juntos." Gostaria de ter apreciado a vista pela primeira vez com Erik ao seu lado. Quando começou a ver o gazebo já próximo deles decidiu não compartilhar seus sentimentos sobre o esquecimento geral que aconteceria, guardando o assunto para depois. Queria aproveitar aquele momento com ele.

Seguindo a decoração da pista de dança dentro do castelo, o gazebo estava todo iluminado por pequenas velas que flutuavam ao redor da estrutura e também no teto. Christine não saberia confirmar, mas suspeitava que a música que tocava ali era a mesma que ecoava lá dentro. Diferente de antes o local tinha poucos pares dançando, o que ela imaginava que o deixaria um pouco mais confortável em aprender a dançar. "Não é lindo?" Olhou a estrutura com admiração mais uma vez. Era um dos poucos lugares mais calmos ali, sem assombrações ou memórias tortuosas. Onde poderiam compartilhar um momento de paz. "Hmm, certo! Acho que temos alguns jeitos de dançar em bailes ou para um casal. Podemos começar com algo mais clássico e depois tentar outro mais tranquilo." A postura de Christine era, por conta do balé, sempre impecável, mas sem perder a graciosidade costumeira. Ainda sim se ajeitou, se posicionando na frente dele agora, deixando espaço para que pudesse primeiro observá-la para então dançarem. "Com uma de suas mãos você vai me segurar aqui..." Colocou uma das mãos na própria cintura. "Agora você ergue o seu outro braço livre para o lado, deixando ele um pouco abaixo do seu ombro, de forma relaxada." Fez uma demonstração do movimento para que ele pudesse ver, e se aproximou para segurar a mão dele com a sua. A outra repousou em seu ombro. Dando um sorriso incentivador, continuou. "Tudo bem até aqui? Agora, normalmente é o homem quem conduz, mas isso pode variar dependendo do casal." Direcionou o olhar para o chão. "Você começa indo para um dos lados e o outro pé acompanha o movimento na sequência. Podemos dançar indo para os lados ou girando. Independente do jeito que escolher eu acompanharei seu ritmo." Voltou a olhá-lo nos olhos com um sorriso empolgado no rosto. "Está pronto?"

Erik ainda não conseguia compreender como ela exercia tanto poder sobre si. Um simples sorriso, algo que, certamente, ela fazia com mais frequência do que ele, era o bastante para aquecer seu peito e fazê-lo sentir-se bem com quem era. Ninguém conseguia despertar a sensação de ser aceito, como ela fazia. Como sempre fez. "Queria?", perguntou um tanto surpreso. Por melhor que estivessem, aquelas informações ainda soavam como novidade aos seus ouvidos. Uma parte dele ainda se prendia na escolha de partir que ela tomou anos atrás, ainda se prendia no pensamento de que não foi capaz de cativa-la o suficiente para que o quisesse por perto, por isso estranhava quando recebia notícias do contrário. O olhar desviou brevemente para as mãos deles ainda juntas, o polegar arriscando um carinho contra a pele alheia, antes que voltasse a olhá-la. "Obrigado.", sorriu diante o elogio, tentando não deixar tão obvio quão sem graça ainda se sentia diante deles. "Me parece ainda muito estranho.", a jaqueta, calça, camisa simples e o topete, principalmente o topete. "Mas acho que caiu bem.", concluiu, deixando-se acompanhar o movimento da mão alheia, que subia em direção a gola da jaqueta que estava para cima desde que ele cruzou a porta. Ele tinha tentando ajeitar por diversas vezes, mas ela sempre ficava para cima, talvez fosse essa a proposta da vestimenta. Ponderou a respeito da proposta seguinte, agora não tinha mais a insegurança da primeira noite, afinal ainda segurava sua mão, então o receio de tocá-la e ela simplesmente se afastar, já não mais existia. "Podemos sim, vou adorar fazê-lo.", respondeu com um sorriso ainda mais largo, "E acho que vai ser interessante, principalmente por não sermos os únicos com vestimentas estranhas.". Ele não era muito de festas, mas a julgar pelo que conhecia, geralmente usava-se um único tipo de roupa, seria engraçado ver a mistura acontecer no salão do baile. Logo, deixou-se guiar pela mais nova, agradecido por seguirem o caminho oposto ao da fonte, pois odiaria que ela presenciasse seus arrependimentos, até mais do que ele mesmo odiaria fazê-los. "Também não esperava encontrá-los.", mas foi de alguma forma acolhedor, ele completou em pensamento, "Mas tem sido tudo agradável, apesar da ideia de esquecermos isso depois.".