grimmauldyn · 4 years ago
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( POV:001 ) 𝐓𝐇𝐄 𝘽𝙇𝘼𝘾𝙆 𝐀𝐍𝐃 𝙒𝙃𝙄𝙏𝙀 𝐋𝐀𝐃𝐘 𝐈𝐒 𝐊𝐈𝐍𝐃 𝐎𝐅 𝐀𝐍𝐍𝐎𝐘𝐈𝐍𝐆.
grimm’s second power rises. 
Pesadelos nunca foram um problema para Grimmauld. Nem sequer eram uma possibilidade para o filho de Merlin, afinal como um autoproclamado mestre de sonhos ele tinha completo poder sobre o que iria sonhar ou deixar de sonhar, e a verdade é que graças a essa sua habilidade, ele sequer sabia o que eram pesadelos até finalmente invadir seu primeiro sonho ruim, e ter que usar seus poderes para afastar as sombras oníricas que atormentavam o sonhador. Porém, mesmo nessa situação — e tantas outras em que fez a mesma coisa, ele nunca experienciou a sensação de ter um sonho ruim, e por isso nunca soube como era estar naquela posição de vulnerabilidade, até mesmo achando estranho quando pessoas ao seu redor lhe falavam que tinham medo de adormecer. Como alguém poderia ter medo de ir para o melhor lugar do mundo? O reino dos sonhos? 
Ah, mas como o mundo dava voltas…
Não apenas o Emrys havia finalmente vivenciado seu primeiro pesadelo, como quase morreu durante essa nova experiência. Graças a um demônio besouro ele ficou preso em um sono infernal, em uma terra cheia de sombras onde foi forçado a encarar seus piores pensamentos e medos, que inclusive nem sabia que tinha. E enquanto tentava sair ou sobreviver naquela terra de assombrações pessoais, o besouro estava preso em sua mão, absorvendo todo o seu mana, e se não fosse por sua realização (e ajuda de um espírito místico da natureza) poderia ter tido toda sua energia vital sugada pelo demônio. Foi a pior experiência de sua vida, nunca havia sentido tanto medo, mesmo que houvesse se distraído pelo alívio de finalmente ter percebido que tudo aquilo era um sonho. 
Entretanto, desde então o mago não têm conseguido usar de suas habilidades mágicas da mesma forma, não tinha mais a capacidade de adormecer e visitar sonhos alheios, e pior ainda, também não conseguia mais manipular aquele plano. Seus últimos sonhos estavam sendo estranhos, com ele se encontrando em um local totalmente deserto, com apenas sombras e terra morta, uma vez ou outra aparecendo criaturas aterrorizantes, mas que por algum motivo não lhe importunava. Mesmo com essa aparente invulnerabilidade aos monstros, aquele lugar ainda  era ruim, sua sensação em geral era ruim, fosse pelos gritos de dor que escutava ou pelos espíritos que lhe imploravam por ajuda vez ou outra, ele simplesmente não conseguia ter paz ao dormir, e nem muito menos fugir daquilo, com sua magia sendo totalmente inútil.
A primeira teoria sobre o porquê de seus poderes estarem falhando foi que ele não tinha conseguido recuperar totalmente seu mana, mas logo se provou incorreta uma vez que ele ainda podia conjurar feitiços normalmente enquanto estava lúcido. A segunda teoria era um pouco mais arriscada, pensando que talvez os demônios do sonho continuavam indo lhe assombrar durante seu sono, bloqueando seu domínio a terra dos sonhos, mas também foi invalidada quando Grimm começou a usar amuletos protetores e conjurar feitiços antes de adormecer e ainda assim continuar passando pela mesma coisa. 
Ele não sabia mais o que fazer para solucionar seu problema, já havia tentado de tudo, desde passar horas no laboratório de poções fabricando todos os tipos de elixires que sua mente conseguia imaginar até ler os livros mais poderosos de seu pai, afinal havia herdado os poderes do mais velho e se tinha alguém que podia lhe explicar o que estava acontecendo era o maior mago de Mitica. E bem, talvez ele pudesse mesmo, mas seus livros não foram lá de grande ajuda. Pensou em ir pedir conselho diretamente ao diretor, mas sabia que Merlin tinha coisas mais importantes para se preocupar do que com a perda repentina de poderes do seu filho. 
Estava aliviado todo aquele problema, porém, com a melhor forma que encontrava. Cigarros e álcool. Infelizmente o efeito era temporário, mas era melhor do que sentir sua cabeça latejar o tempo inteiro, tanto por falta de sono quanto por motivos que o feiticeiro sequer entendia, mas claramente eram interligados a sua falta de magia onírica. 
O relógio do seu quarto apitou, lhe informando de que era exatamente meia-noite, o horário perfeito para se tentar conjurar um feitiço poderoso. Grimm se encontrava em sua cama, diversos grimórios e livros das sombras espalhados pela mesma, sem mencionar todas as suas anotações e junção de feitiços, tudo parte de sua elaborada pesquisa para conseguir seus poderes de volta. Respirou fundo, olhando pela janela para a lua e tentando canalizar sua energia para o que estava prestes a fazer. Não aguentava mais ficar daquela forma, aqueles sonhos estavam lhe infernizando demais e precisava ter um momento de alívio. Conseguia passar dias sem dormir, mas já havia passado tempo demais, não queria ser controlado pelo seu medo de ter outro pesadelo, de ter seus poderes incapacitados novamente, medo de que a terra mais linda e perfeita, o seu domínio, se tornasse o lugar que mais lhe trazia agonia. 
“— Okay, vamos lá.” o garoto falou para si mesmo, se preparando e motivando para seu feitiço. Era um dos mais poderosos, que nunca havia precisado ou mesmo ousado tentar antes. Fechou seus olhos, levando sua mão para cima dos dois livros mágicos para poder canalizar as letras mágicas dos mesmos, respirando fundo e levantando sua cabeça para sentir a energia da lua e canalizar toda a sua luz.  “— Duwies fawr breuddwydion, bendithia fi â…” começou a conjurar, apenas para ser interrompido da forma mais brusca possível. 
“— BRUXO!” alguém gritou, fazendo com que Grimmauld praticamente caísse para trás de sua cama, sua cabeça batendo com força na parede. “— BRUXO, ME AJUDE!” com o segundo grito o feiticeiro abriu seus olhos, se deparando com uma mulher totalmente sem cor em sua frente. Sua expressão era de desespero, e devido a luz que emanava, apesar de ser transparente, Grimm nem ao menos conseguia focar seu olhar na mesma.
Mas que merd… pensou. O que estava acontecendo ali? Havia caído em um sonho vívido novamente? Seus olhos foram diretamente para sua mão, procurando por qualquer indício de que um demônio poderia estar novamente lhe prendendo em um sonho ruim para absorver sua energia.  
“— É totalmente imperdoável ignorar uma dama, sabia?” a moça reclamou, chamando a atenção do mago mais uma vez. Agora ela estava menos radiante, porém ainda incolor. Usava um vestido que para o futuro herdeiro da Grã-Bretanha só podia ser de alguém da nobreza, e também tinha uma tiara em sua cabeça. Era uma princesa? “— Não sou princesa, sou uma duquesa.”
“— Você consegue ler minha mente?” perguntou a moça cinza, se ajeitando onde estava para lhe encarar melhor — e também porque estava começando a ficar bem incômodo. “— É uma telepata?” 
A mulher riu. 
“— Claro que não, meu jovem.” se moveu para frente, fazendo com que Grimm finalmente percebesse que a mesma estava flutuando. “— Sou um fantasma” respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. “— E não li sua mente, você apenas me parece ser bem óbvio mesmo.”
Grimm novamente levou seus olhos para sua mão, dessa vez para checar que estava em um sonho. Nunca precisou usar métodos mundanos para aquilo, sua magia lhe permitia simplesmente sentir quando estava acordado e quando estava em seu domínio, mas se essa sua habilidade havia falhado da última vez, poderia falhar novamente. Procurou por indícios de mutação em sua mão e seus dedos, mas nada, estavam totalmente normais. 
“— Garoto, você vai me ajudar ou não?” perguntou a duquesa preto e branco, que sem mais nem menos possuía um leque em sua mão agora e estava se abanando com o mesmo. “— Você é um bruxo de espíritos, certo? Um médium, ou mediador, já que consegue me ver.” 
“— Eu….” não sabia responder aquela pergunta. Nenhuma das duas. Não sabia o que estava acontecendo, e aquilo lhe irritava profundamente, por mais que não estivesse deixando mostrar para a mulher. “— Acho que sim?”
A duquesa suspirou fundo, como se estivesse decepcionada. 
“— Acha que sim?” sua voz parecia indignada, e sua expressão mostrava o mesmo. Se não fosse transparente, Grimm imaginou que ela poderia estar ficando vermelha naquele momento. “My goodness, eu fui atraída por sua energia acreditando ser um feiticeiro poderoso que poderia finalmente me libertar, mas pelo visto….” 
“— Eu sou um feiticeiro poderoso! ” se defendeu, talvez um pouco rápido demais. Percebeu que o semblante da outra mudou completamente ao ouvir aquilo. Ainda parecia desapontada, mas agora um pouco mais investida no que Grimm poderia lhe falar. 
O filho de Merlin não entendi nada do que estava acontecendo, e não ajudou a sua cabeça ao perceber que agora não estava apenas a duquesa preto e branco no seu quarto, mas também outras duas pessoas, também sem cor, ali na sua janela observando tudo. 
Levou outro susto. Dessa vez caindo da cama diretamente no chão, mas não demorou muito para se levantar, começando a ficar realmente amedrontado com tudo aquilo. 
“— Quem são vocês?” perguntou, agora preparando suas mãos como se estivesse prestes a lançar feitiços.
“— Não posso falar meu nome, meu querido.” a duquesa respondeu, seu tom de voz ainda indiferente como desde o princípio. Bom, depois dos gritos. “— E aqueles ali nem merecem sua atenção, são dois fantasmas burros que me seguiram até aqui. Eu cheguei primeiro.”
Fechou seus olhos, andando de um lado para o outro no quarto. Havia colocado um feitiço em seus colegas de quarto antes de tudo aquilo para que não acordassem durante toda sua tentativa de conseguir seus poderes de volta, e aparentemente havia funcionado muito bem. Ou ele apenas estava imaginando tudo aquilo, de novo. 
“— Como não pode falar seu nome?” perguntou, abrindo seus olhos e então percebendo que a Duquesa havia se movido de onde estava antes bem para sua frente, o que fez se mover para trás assustado mais uma vez. 
“— Nomes têm poder, não posso falar o meu, porque você quem tem que falar para que eu possa voltar para a terra dos vivos.” explicou, como se estivesse totalmente entediada com aquela conversa. “— Será que pode fazer isso logo?” 
Se moveu novamente para sua cama, como se procurasse por um refugio, um lugar onde poderia fazer tudo aquilo sumir. Não estava entendendo porque aquela mulher estava ali, nem muito menos os outros dois do lado de fora do seu quarto lhe encarando pela janela, não sabia o que ela queria dizer sobre ele lhe trazer de volta para terra dos vivos, ele não conseguia fazer aquilo. Era necromancia, um tipo de magia negra, Grimm não faz magia negra. 
“— Vamos logo com isso.” a nobre continuou a falar, sua voz se tornando distorcida aos poucos. “— Bruxo, Feiticeiro, me ajude. Diga meu nome, você só precisa falar o meu nome e eu to livre… Vamos com isso!” estava ficando demoníaca, e enquanto mais falava, mais se aproximava de si, flutuando em seu vestido longo. 
Grimm segurou um amuleto de proteção e apontou para a mulher, algo que pareceu a irritar, fazendo com que a mesma começasse a se contorcer no lugar onde estava, da mesma forma que pesadelos se contorcem quando o feiticeiro lhes expulsa do mundo dos sonhos. Mas ela não era um pesadelo.
“— BRUXO, MÉDIUM, ME AJUDE!” agora gritou, voz estava tão infernal que Grimm ao menos conseguiu entender, escutando apenas um barulho horrível e fechando seus olhos por puro medo. “— ME AJUDE, ME AJUDE, FALE MEU NOME!” ela se moveu rapidamente, ficando cara a cara com o filho de Merlin. Seu rosto agora também estava tão distorcido quanto sua voz, e seus olhos tão vermelhos que pareciam que iam explodir a qualquer segundo. 
“— VAI EMBORA!” o feiticeiro gritou de volta, sentindo seu coração batendo tão rápido, todas as memórias de quando havia sido encurralado pelo seu outro eu em seu primeiro pesadelo voltando. A diferença é que aquilo ali realmente estava acontecendo. “—  EWCH YN RHWYDD”
Ficou uns bons segundos daquela forma, sentado em sua cama, com seus olhos fechados, sentindo como se precisasse chamar alguém, pedir ajuda de alguém, mesmo com sua voz sem força de fazer aquilo. Porém, após perceber que não havia sido atacado, o feiticeiro abriu seus olhos e percebeu que estava sozinho ali. 
Bem, “sozinho”, seus colegas de quarto ainda dormiam pacificamente. 
Soltou a respiração que nem sabia que estava segurando. Não tinha mais nenhum fantasma ali, nem a duquesa, nem fantasmas na janela. Ele estava livre daquilo. Pelo menos fisicamente, pois sua mente estava a mil sobre todas as informações que havia recebido. 
O que a fantasma quis dizer com ela foi atraída por ele? Ele era um médium? Nunca havia conseguido ver fantasmas antes, não queria ver fantasmas. Parecia que os espíritos das pessoas mortas não eram exatamente simpáticos, e ele não tinha mais emocional para levar sustos daquela maneira. 
“— Pelos espíritos da natu…” começou a falar enquanto se deitava em sua cama aliviado, então percebendo o que estava saindo de sua boca e a tampando quase que instantaneamente. Última coisa que o menino queria era invocar espíritos novamente. 
Pois é, parecia que Grimmauld iria passar mais uma noite sem sono. 
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