#🕯️ ghcstlly
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⭑🕯️ʿ aquela era uma questão complexa. ser filhos de deuses trazia para eles algumas regalias, alguns poderes e resistências que os mortais não tinham; mas até onde isso era uma vantagem? a benção de nêmesis, por exemplo, não lhe parecia um dom, um presente. era mais uma maldição, um castigo. diria até que era uma desvantagem, se fosse questionado. não queria ser ingrato com a deusa, mas isso lhe trazia péssimas lembranças. “ ━━━ que vamos morrer de uma maneira provavelmente violenta." corrigiu, já que todos os humanos tinham aquela certeza da morte; eles, semideuses, apenas tinha um extra de que provavelmente seria algo violento e doloroso.
morrer pelas garras de um monstro era um de seus maiores medos, aprendeu a se defender justamente por causa dessa insegurança. o cigarro foi aceito com um sorriso de gratidão, acendeu-o e logo devolveu o isqueiro para deixar o cigarro entre os lábios. um hábito ruim, mas que aliviava o estresse. “ ━━━ obrigado." murmurou em seguida, prendendo-o entre os dedos enquanto sentia a nicotina começar a penetrar em seus pulmões. “ ━━━ não acho que qualquer um de nós esteja pronto pra isso. eu estou pronto pra defender meus irmãos, meus amigos. custe o que custar. mas morrer por uma causa que eu nem sei se concordo?" fez uma careta desgostosa, já balançando a cabeça em negação. “ ━━━ você está?" devolveu. “ ━━━ porque eu não gosto da ideia de ser levado a lutar por algo que eu não causei, que eu não escolhi. mas se eu não lutar... será menos uma pessoa tentando defender os meus irmãos. é difícil."
QUÃO INJUSTO ERA - que os deuses continuassem a sobreviver ? não a entenda mal , amava o pai ; mas honestamente, fazia sentido que o olimpo continuasse a mudar de lugar em cada era & permanecesse a coisa mais importante na real existência , com imortais que apenas faziam empréstimos de seu poder para que seus filhos lutassem as guerras que eles não podiam ? não queriam para ela, era confuso. novamente - amava o pai. não queria pensar em um fim, onde ela perseverava e ele não existia . porém, sabia também, que ele já devia ter considerado a possibilidade . viver & viver & continuar a viver & nunca pensar nela de novo. a fazia ainda mais tola - por sequer agonizar sobre a pergunta : estava pronta para morrer por ele ? ele estava pronto , sibilava uma voz que parecia muito com a de sua mãe , para morrer por ela ? sequer podia ?
QUÃO INJUSTO ERA - que os deuses continuassem a sobreviver ?
❛ você pensa que sendo filhos de deuses teríamos mais certezas sobre a vida, ❜ balançou a cabeça, um sorriso ladino lhe rendendo os lábios pálidos. ❛ mas tudo que podemos saber é que vamos morrer ? ❜ provavelmente, por motivo algum.
❛ hã ? ❜ distraída, o som veio do fundo de sua garganta, um pouco rouco - até perceber que falava do cigarro. ❛ ah, ❜ riu boba de si mesma, como se aquele fosse o momento para aquilo. ❛ claro, aqui. ❜ pegou o maço e o isqueiro e depositou na mão alheia, um sorriso rápido como relâmpago aparecendo nas feições e depois ficando sérias de novo.
❛ já pensou se está pronto ? ❜ inquiriu, depois de uma batida de silêncio, passando a ponta do polegar no maxilar, seus olhos focados a sua frente, sem realmente ver nada. ❛ 'pra uma guerra ? 'pra morrer por uma causa que talvez nem seja sua ? ❜
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⭑🕯️ʿ assentiu em compreensão porque fazia sentido que todos conhecessem aquela história, mas em um momento como aquele era difícil aceitar que alguém que vivia antes ali estava fazendo a travessia. pegava-se pensando em sua mãe, hades a acolheu bem ou a lançou nos campos de asfódelos para que ela ficasse presa com tudo o que tinha lhe causado em vida? gostando ou não, ela era a única coisa que teve na infância. “ ━━━ você pode acreditar. o lado bom disso tudo é que se escolher acreditar em algo diferente em vida, não vai interferir no que acontece após isso. então por que se preocupar com o que vem depois?" seus ombros foram um pouco encolhidos e os lábios pressionados em uma linha fina, cada acreditava no que desejava e como semideuses, não pensar na morte era algo quase impossível.
“ ━━━ se formos para os campos elísios, na morte a vida não seria ruim. oposto disso, na verdade. mas aí o que pega é... o que temos que fazer pra garantir isso. uma morte heróica? uma morte pacífica?" entortou os lábios em desgosto porque às vezes quando desejava que o pai lhe acolhesse logo no submundo, nunca acabaria nos campos elísios se apressasse as coisas. “ ━━━ é realmente melhor pensar só no fim de tudo. ou não pensar só todo. tem outro aí?" questionou sobre o cigarro, tentando não adicionar peso a conversa.
SUPÔS QUE RESTAVA APENAS - memória. memórias como truques de presença ; como se pudéssemos acreditar tão fortemente que alguém seguia vivendo ao nosso lado , que talvez os sentíssemos em tudo & todo lugar. nos pés da cama, no espelho, como companhia enquanto fazendo café e assando bolos. verdade fosse dita, no entanto - preferia sua teoria das estrelas. que em algum lugar , fora dos eixos da terra, livres do limite da mente e dos arrependimentos mundanos ; aquilo que amamos continuava a existir. apenas em diferente forma. não queria tentar sua sorte com os campos elísios, não viveu como um herói - tinha certeza que não morreria como um.
❛ 'pra ser honesta, sabia disso. ❜ respondeu cabisbaixa e em tom suave, enquanto ele sentava ao seu lado e tentava lhe preencher as lacunas da morte em suas formas mais intrincadas. ❛ o básico , ao menos, quero dizer, ❜ tragou mais uma vez, soltando a fumaça para longe dele, e acenando positivo com a cabeça, antes de continuar : ❛ você lê sobre essas coisas, aprende com os instrutores de mitologia mesmo que não queira e eu estive aqui por um bom tempo. ❜ riu sem humor, o bastão francês rodando no indicador enquanto ela fitava as janelas, a pequena fresta de luz que começava a ameaçar quebrar a escuridão. ❛ mas parece tudo meio.. ❜ procurou pelas palavras com afinco, para no final, apenas dar de ombros.
❛ acho que quero acreditar no final da consciência. ❜ afundou na cadeira, apagando finalmente o cigarro, no próprio isqueiro de prata. ❛ quero acreditar, ❜ sussurrou, de repente muito longe - aquela uma admissão talvez forte demais para um estranho, e algo que não poderia compartilhar com alguém que conhecesse bem. ❛ quero acreditar que esta vida é o fim. que estas dores, não vão nos seguir. ❜ com uma leve inclinação da cabeça, ela continuou como se pudesse ver. ❛ sabe quando você dorme em uma festa ? em um momento tudo é tão alto e opressor, e de repente, a música vai ficando mais distante, e depois de um tempo, tudo para. ❜
casualmente, como se nada tivesse passado - ela sorriu um tanto exausta , olhando para ele em relance e depois de volta ao meio do anfiteatro. ❛ acho que não é possível, no entanto. ser um semideus deve ser uma droga, na vida ou na morte. ❜
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⭑🕯️ʿ o convite de maeve era inesperado, mas não desagradável. talvez ambos precisassem daquele momento de introspecção, ainda que fossem dois quase estranhos lidando com suas próprias dores. sasha se aproximou devagar, sentando-se ao lado dela no anfiteatro. o cheiro do cigarro não o incomodava tanto até porque se tivesse um também estaria fumando nesse momento. a influência de evelyn tinha lhe levado a recorrer a esses métodos, mas ainda não era um hábito ao ponto de lhe fazer carregar algum consigo. “ ━━━ a morte não é o fim, mas uma transição. caronte guia as almas pelo rio até o submundo, onde elas encontram seu lugar. alguns vão para os campos elísios, um lugar de paz e descanso onde podem renascer ou apenas continuar em paz. outros, para campo de asfódelos, onde a maioria acaba, vagando sem rumo, meio esquecidos, presos às suas inseguranças e arrependimento terreno.” ele parou, observando a fumaça que subia pelo ar, logo encolhendo os ombros.
“ ━━━ não sei se isso é reconfortante ou assustador, mas é a verdade que eu conheço.” ele pegou um dos doces do saquinho, mastigando devagar, ainda sentindo a necessidade de ocupar a boca com algo que não fossem palavras difíceis. “ ━━━ acho que não dói acreditar que possa virar uma estela, se isso for algo que você prefere.” concluiu, oferecendo um pequeno sorriso triste. “ ━━━ veja órion, por exemplo. talvez.... se fizer o suficiente em vida, dê?"
SONHAMOS TODOS - com um final suave. um poema de amor, a morte como um abraço gentil. afinal, se uma coisa não nos matar ; outra irá. essa era a única verdade inquestionável - que iriamos morrer. porém, a filha de hipnos estava errada, ao pensar que tinha feito paz com isto. quando o pai a tirou das garras da mãe e a mandou para um lugar onde constantemente ouvia que não duraria muito - jovem em sua tolice - , pensou que perecer por alguém que havia a salvado, não seria um problema. contudo agora - talvez egoísta , muito provavelmente falha ; ela queria, um final suave. um poema de amor - não gratidão ou adoração cega , mas a morte - como uma abraço gentil. tinha tanto que ainda não viveu.
❛ ah, prole do submundo ! ❜ ela esbravejou, erguendo aos mãos aos céus, o isqueiro seguro na palma, o cigarro plantado entre os dedos . ❛ nos conte, ❜ como se houvesse alguém mais ali. ❛ sobre a verdade de nosso perecer ! ❜ sua voz era depreciativa, mas não queria ofendê-lo - maeve era na verdade, alguém que apesar das atrocidades que falava não planejava pisar nos pés de ninguém. possivelmente era um defeito, ser obtusa assim & seguir proferindo barbaridades. ❛ vamos, sente-se aqui, ❜ apontou para os lugares ao seu lado, tragando uma vez o pequeno bastão de marca francesa e sem esperar a fumaça dissipar, dizendo. ❛ e me conte, 'pra onde eu vou ? quando morrer ? ❜
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⭑🕯️ʿ precisava de um pouco de silêncio longe dos soluços, longe das perguntas confusas das crianças, dos olhares raivosos que se espalhavam pelo acampamento. acabou com um saquinho de doces que tinha guardado do baile para comer no dia seguinte, mas o nervosismo do momento atual lhe fazia querer ter algo na mão, algo para mastigar. seus passos lhe levaram para o anfiteatro, onde pensou em fazer uma oferenda ao pai para que fosse gentil com a nova alma que iria passar pelos portões hoje. a essa hora, caronte já guiava-o no barco pelo rio.
foi apenas a pergunta solta quebrando o silêncio do ambiente que lhe fez perceber que não estava sozinho. “ ━━━ você quer uma resposta sincera ou algo que eu diria para as crianças?" questionou com curiosidade. a resposta seria extremamente diferente a depender da escolha.
― ❛ OPEN STARTER,
FINAIS - COISAS INCÔMODAS QUE SÃO. ❜
onde : anfiteatro.
quando : na madrugada do ataque.
NASCER COM O SANGUE MALDITO DO DIVINO - era ser amaldiçoado com um final sem sentido. morte como execração poética ? que grande piada. ' eu estive aqui, eu fui feliz, eu vi tudo na escuridão ' , quantos podiam dizer isto ? na total e cegante ausência da luz, existia apenas a verdade. e qual era ? morremos, vamos morrer - em busca de glória. glória qual jamais irá nos salvar , glória que jamais irá nos pertencer.
embora tenha sido salva das garras da mãe pelo pai, e por mais que ele aparecesse em seus sonhos dizendo : ' todas as peças cairão onde devem ' , ainda tinha de condenar esse completo desamor , esse descuidado com a vida frágil daqueles que viviam para servi-los . queria perguntar : ' papai, vai vir me buscar quando for minha vez? ' , mas tinha medo - de sua súplica ser encontrada com silêncio.
agora, na madrugada da tragédia ainda não tinha voltado ao seu chalé, e permanecia imóvel enquanto se sentava no anfiteatro , as mãos trêmulas acendendo e apagando cigarros no local fechado, deixando a fumaça queimar seus pulmões - estava viva , queria sentir ; por mais que o vestido estivesse rasgado, o rosto respingado com sangue que não lhe pertencia , e na perna uma queimadura começasse a querer fazer bolhas. tinha um dos pés no assento a sua frente, e não registrou ao que acendia mais um cigarro - quem entrou no local , com olhos vidrados no nada , ao que a luz lá fora fazia aparência no horizonte - a verdade se apagava do céu . contudo, ela disse alta , voz reverberando no espaço :
❛ será que quando morremos, nos tornamos estrelas ? ❜ riu descontrolada, assustada com a própria mortalidade - medo, de sua maldição.
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