#⊹ㅤ tadhgbarakat.
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zcyarheim · 2 months ago
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𓆸 ⠀closed starter  [ .⠀.⠀. ]  ──── com @tadhgbarakat na praia calís.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀sentada ao lado de tadhg nos pedregulhos irregulares, zoya observava o ambiente; aeksion e buruk interagiam não muito ao longe, embrenhados no que parecia uma interação mista entre brincadeira e disputa, algo que poderia ser facilmente reconhecido em qualquer par de irmãos competindo por atenção. naquele dia, a praia calís estava particularmente menos frequentada — pelo menos, até onde os olhos alcançavam, somente os quatro faziam presença no ambiente —, um alívio bem apreciado pela atual intensidade de julgamento desde o roubo da pira, descoberto há pouco; com a insistência do voo do par de dragões para mais uma corrida de diversão, pararam rentes às pedras que tomavam a forma da costa da praia, envoltos de azul e som de ondas quebrando. “ onde será que enfiaram aquela pira, hein? ” questionou zoya com despojo, iniciando o assunto, se ocupando em amarrar e desamarrar os sapatos algumas vezes, fazendo e desfazendo laços nas botas. desfez o de tadhg como uma pequena implicância, apenas para voltar os olhares aos próprios calçados logo após. “ por mim devolveriam logo, só pra não termos que ouvir mais nada a respeito. ” reclamou entre dentes, os olhos bicolores ainda repousados nos dragões. a comoção dos khajols repercutia por todos os corredores do esqueleto acadêmico, e o sentimento que ficava era que estava presa em uma sala cheia de crianças birrentas. o roubo do cálice dos changelings havia acontecido há considerável pouco tempo e, é claro, a diferença de reação era notável, ao menos para vyrkhandor. “ o que você acha que aconteceu? ”
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zcyarheim · 3 months ago
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀a conexão com aeksion se manifestou no sorriso quando tocou as escamas douradas, como uma carícia sutil enquanto se acomodava na espinha do dragão. os oito anos de companhia os moldara em uma proximidade distinta, como sempre disseram que eram as conexões entre montadores e montarias; acreditava, ainda, que a deles era a mais especial entre as conexões. não conseguiu tempo para responder tadhg quando já montada ao parceiro, levando em conta a distância, utilizando suas cordas vocais apenas para gritar em concordância. “ fechado! ” para aeksion, no entanto, poucos sinais bastavam. um simples comando depois, o dragão dourado tirava as patas desmesuradas do campo plano, decolando em direção ao céu. em momentos como aquele, rente ao seu dragão e em meio à imensidão do céu, ela se permitia pensar que havia encontrado algo parecido com liberdade. as asas douradas cortavam o ar com precisão; de soslaio, as pupilas dilatadas de zoya observavam a proximidade perigosa entre aek e buruk. o dragão de tadhg, mesmo menor que o seu, ainda tinha certa rapidez como aliada. a competição era bombeada em suas veias junto ao seu sangue enquanto incentivada a montaria a assumir maior velocidade. “ vamos, aek! ” a changeling gritou, recebendo um rugido em troca, que parecia tecer a mesma animação que a própria voz. buruk e aek pareciam partilhar da adrenalina dos montadores em toda corrida incitada; ela ainda acreditava piamente que as criaturas viam ainda mais diversão nas disputas que os próprios montadores. tão interessante quando a conexão entre criaturas e changelings, em sua visão, eram a parceria que dois dragões poderiam encontrar. como a nova localidade ainda não havia sido inaugurada no que tangia as aventuras e competições da dupla, a changeling assumia o fim da corrida como em uma parte relativamente distante da ilha, uma porção um pouco menos frequentada no litoral, com proximidade à calis. a meia-feérica rangeu os dentes quando percebeu que a companhia a havia ultrapassado.
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    Sabendo ser péssima ideia contrariar as vontades de Buruk, a escolha sábia de evitar sua cólera significava que faziam os exercícios de voo na companhia de Aeksion e, como consequência, de Zoya. Com exceção da companhia presente e mais meia dúzia de gatos pingados, a maioria dos cadetes mais novos o pareciam evitar como a praga, e não os poderia julgar: a sua não era a mais imaculada das reputações. Não se iludia sobre o motivo para que Mannerheim-Vyrkhandor o tolerasse, e tinha claro que era sobretudo circunstancial. Nem sempre haviam se dado bem, mas as coisas haviam melhorado com o passar dos anos, conforme a familiaridade um com o outro os fizera operar em ritmo semelhante. Havia certo conforto em não precisar de palavras para se comunicar–ela o entendeu e acatou seu pedido sem que quebrassem o silêncio, e não lhe passou despercebido que fez uso de mais força que o necessário somente para provar que podia, o fazendo oscilar. Repetindo o mesmo movimento para firmar as alças que mantinham as adagas presas à parte posterior do colete, por fim se voltou para a encarar, a pegando no flagra sorrindo um segundo antes que a expressão tivesse a chance de se dissipar. ❛ Não é minha culpa se o Buruk gosta de deixar o irmãozinho vencer. ❜ Se defendeu, indicando com um gesto de cabeça a besta dourada que era tudo menos pequena, a escolha de frase calculada para a alfinetar.
Fazia mais de duas semanas desde a última vez que haviam disputado e, como parecia claro que não havia previsão sobre quando retornariam a Wülfhere, era apenas justo que se adaptassem à nova realidade e retomassem velhos hábitos em seu novo lar, por mais amarga que fosse a palavra na ponta da língua. A vendo disparar na direção de seu dragão em busca de uma vantagem, sacudiu a cabeça antes de espelhar o movimento–suas pernas eram compridas o suficiente para que não precisasse se preocupar. ❛ O perdedor busca o almoço no Salão? ❜ Sugeriu sobre o ombro, erguendo a voz em um grito para se fazer ouvir conforme se afastavam. Montar Burukdhamir era um gesto tão natural quanto respirar, e não levou mais que alguns segundos para estar acomodado em sua cavidade dorsal. Já em sua montaria, seus olhos procuraram por ela, para garantir que partiriam no mesmo momento–a ofereceu a sombra de um sorriso, sabendo serem baixas as chances de que ela o pudesse enxergar em detalhe.
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ovard · 3 months ago
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‎ㅤㅤㅤ ⚔ 𝐂𝐎𝐍𝐄𝐗𝐎̃𝐄𝐒 : 𝗍𝗋𝖺𝗆𝖺𝗌.
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❛ Avery e a taverna (conhecidos) — @tadhgbarakat: Se conheceram em uma taverna quando Avery estava tentando conseguir beber de graça.
❛ Avery e o roubo (conhecidos) — @siobhcn: Ao se infiltrar em uma residência para roubar dinheiro, ela se depara com um grupo de estudantes que se tornam amigos ocasionais.
❛ Avery e uma noite (romântico): Quando Avery completou dezoito anos, ela se deixou levar por uma única noite de amor. Embora ela permaneça com as memórias, luta para esquecê-la.
❛ Avery e os nobres (conhecidos): Durante uma de suas infiltrações, Avery descobre um segredo envolvendo um dos nobres, que a leva a questionar ainda mais sua moralidade.
❛ Avery e as escapadas — @aemmc (amizade): Se conheceram na primeira noite na Academia, enquanto Avery investigava o local.
❛ Avery e os treinos (amizade) — @sombrvs: Um chandeling que, por razões desconhecidas, ajudava Avery em seus treinamentos físicos.
❛ Avery e o feitiço (conhecidos) — @inthevoidz: Uma pergunta inusitada de Avery os aproxima. Ela tem certeza que é possível quebrar o vínculo com seu dragão.
❛ Avery e a dívida (inimizade): Por conta de uma dívida de Avery, ela precisa concluir alguns serviços.
❛ Avery e a competição (inimizade) — @miraycolmain: Por alguma razão, há um sentimento de competição latente entre ambos.
❛ Avery e o dragão (conhecidos) — @nexusdrv: Ember frequentemente foge com Dread. A sintonia entre as duas criaturas é tamanha que acabou por aproximar os domadores.
❛ Avery e o rabugento (amizade) — @kyrellvortigern: Para qualquer pessoa de fora, a amizade de Kyrell e Avery é algo unilateral, uma vez que só ela parece falar quando eles estão juntos. No entanto, Kyrell acha a alegria dela contagiante e gosta de ouvi-la falar, vez ou outra até manifesta suas opiniões sobre alguns temas.
❛ Avery e o conflito (inimizade) — @maredoomstryke: Avery e Maressa possuem um intelecto similar, por isso quase sempre se acabam se envolvendo em debates que variam entre quem tem o gosto musical melhor até sobre os sistemas políticos e seus respectivos problemas.
❛ Avery e o príncipe (inimizade) — @princekiercn: Foi o desprezo de Avery pela família imperial que provocou o lado ruim de Kieran e agora ele faz questão de interferir para tornar a sua vida um inferno. 
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zcyarheim · 3 months ago
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𓆸 ⠀closed starter  [ .⠀.⠀. ]  ──── com @tadhgbarakat no baile do imperador.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀zoya apoiou o corpo levemente na borda da mesa, contemplando o salão que se estendia à sua volta. a taça em sua mão perdera o volume interior com o tempo, indicando a falta de bebida; quando finalmente percebeu tal pecado, ajeitou a postura da coluna e pôs-se a andar até ter novamente a taça cheia. em um baile, com a taça vazia? que ultraje! “ um brinde à…! ” tentou encontrar um motivo para sua comemoração, embora a mente tenha lhe complicado por alguns instantes; e, ainda mais, que graça havia em brindar sozinha?! deixando um gole deslizar pela garganta, a changeling avistou uma figura não muito distante de si. com os trajes escuros e um copo em mãos, a figura estava distante o suficiente para que o espaço entre eles se fizesse obstáculo para que ela tentasse decifrar o olhar do outro. sem pensar duas vezes, a alourada se aproximou, se segurando para não tropeçar nos próprios pés. “ ei, ei, ei! ” chamou, erguendo seu copo em direção à ele, intencionalmente tentando atrair sua atenção para o recipiente. “ um brinde! não sei pelo que estamos brindando, mas não faz mal, não é? cheers! ” tilintou o copo contra o da figura estrangeira. “ você sabe dançar? eu não sei se sei dançar muito bem... ” a emoção em seu timbre transformou-se entre o questionamento e a realização. “ mas já ouvi dizer que um bom brinde merece uma boa dança também! ”
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zcyarheim · 4 days ago
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ㅤ ⊹ ㅤstarterㅤ ( … )  com @tadhgbarakat em murada dos lamentos ㅤ .
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀a chegada de um novo ano se aproximava, e novos anos poderiam muito bem significar novos ciclos. zoya reconhecia que estava mais animada para a virada do ano do que esteve para o período de yule, pois tinha particular e implícito gosto por recomeços e novas possibilidades; então, como costume supersticioso naquele período do ano, buscava morada nas crenças aldanreanas que iam de acordo com o que acreditava. assim como sua atividade religiosa para com erianhood crescera ao longo dos últimos meses, os costumes arraigados ao que conhecia como virada de ano se tornaram, se possível, ainda mais relevantes para a changeling. dada a energia, zoya havia passado a manhã em zelaria, ziguezagueando entre as ruelas abarrotadas de lojas e feiras; apesar de ter como objetivo dentre elas, algumas sementes específicas a serem plantadas no último dia do ano, e novos brincos dourados, que havia comprado igualmente para si e para tadhg; um pequeno presente, que ela esperava que traduzisse a significância de que a amizade que cultivavam seria mantida no ano novo que chegaria. apesar do tempo que já havia se passado desde a perda do instituto, ainda era estranho encarar a fatídica realidade de que não se encontrariam entre aquelas paredes de pedra escura no fim do ano. ela e barakat haviam, então, marcado de se encontrar na ilha de eldrathor, como forma particular de manutenção de um hábito natural que haviam construído; costumavam passar matar o tempo livre que tinham juntos no coreto, cujas más línguas assumiam como um notável hangar para assombrações. a própria zoya tinha sido vítima de um medo visceral daquele lugar quando era apenas uma menina, mas a sensação de terror deu lugar à uma confortabilidade calorosa. o vôo entre ilhas fora mais rápido do que o imaginado para montadora, que em pouco sentira o solo abaixo das garras de seu dragão tremerem pela força do impacto quando finalmente alcançaram o solo acinzentado da ilha. mesmo a certa distância, as íris bicolores conseguiram encontrar a silhueta vermelho-amarronzada de burukdhamir, onde sabia que, consequentemente, encontraria o amigo que a estava esperando. alguns passos rápidos depois, a de cabelos dourados traçara uma tênue linha de sorriso nos próprios lábios róseos, satisfeita ao ter encontrado aquele a quem procurava. “ está me esperando faz muito tempo? ” questionou como cumprimento, carregando certa satisfação pessoal quando a sola dos sapatos alcançou o chão de pedra lisa da morada dos lamentos. era bom estar em um lugar querido. zoya mal esperou por uma resposta, retirando do interior de sua bolsa ladina um pequeno embrulho de pano esverdeado, cuidadosamente dobrado e atado com um laço de juta simples, mas firme o suficiente para não ter se desfeito durante a viagem até a ilha antiga. estendeu o embrulho para o de cabelos escuros, balançando-o como um sininho. “ trouxe uma coisa pra você. não é muito, a saturnália já passou. e sei que você prefere prateado, mas acredito que isso já não é um problema meu. ” comentou com certo bom humor, ajustando os conteúdos de sua bolsa. como viera diretamente de zelaria, trazia consigo papéis de pergaminho e tinta nova para a escrita de suas resoluções e o punhado de diferentes sementes que havia adquirido, pensando em tudo o que queria colher na próxima temporada de sua vida. talvez tivesse comprado em excesso — por acaso estava tentando fazer crescer um jardim inteiro? —, e pensou que talvez compartilhasse um pouco com tadhg se ele quisesse. “ estava com saudades daqui. ”
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zcyarheim · 24 days ago
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀escutava a história dele com uma feição atenta, como quando era criança e não se perdoava se perdesse um mísero detalhe dos contos fantásticos que os mais velhos ao seu redor costumavam contar. as orbes o fitavam com atenção, engolindo tudo o que tadhg falava para si com maestria. “ ele perguntou se você tinha drogado ele?! ” zoya manejou as sobrancelhas de maneira que sua surpresa se tornasse quase ácida. não sabia quem era o tal homem mas, naquele momento, ele deixava de ser apenas um idiota para ela; estava mais para um filho da puta. “ sei que você está triste, tad, e eu entendo, mas se dê um pouco de crédito. ele é um cuzão por ter te tratado desse jeito e apesar de eu achar que muitas pessoas merecem esse tipo de comportamento, você não é uma delas. ” era protetora como sua personalidade permitia, e já sentia uma raiva natural inclinada a esse homem, apesar de não saber nada sobre ele. “ poderia te dizer diversas coisas, embora não sei se são exatamente o que você queira ouvir nesse momento. a maioria delas envolveria xingamentos do mais baixíssimo escalão para esse homem. ” era uma verdade que não era a melhor do mundo com conselhos, e se guiava pela própria verdade. o fato de não ter recebido um nome não era um gelo naquele relacionamento, por mais que tivesse crispado os lábios instintivamente com a omissão da outra persona daquele relacionamento. sabia que não era um assunto de sua competência e, por isso, não seria combativa ou infantil, embora no fundo quisesse saber. não era por curiosidade, mas porque se sentia intitulada à tadhg de maneira como irmãos eram intitulados uns aos outros, assim, formando o ciclo natural de produção que imaginava que os laços fraternais proporcionassem desde o ventre; não sendo esse o caso, vyrkhandor apenas acenou com a cabeça, como quem não concorda com termos que lhe foram oferecidos. mordiscou o interior das bochechas enquanto observava o horizonte de alguma outra maneira; o oceano, tão azul e tão profundo, ao longe. “ tudo bem, então. ” fora o que comentara, fomentando o fim do assunto. era respeitosa como ninguém e sabia que o amigo, pelo menos naquele momento, não parecia tecer a vontade de dar continuidade àquele encontro. “ passado é passado. vamos deixar isso pra trás. ” no fim, tentaria imaginar que estava enterrando seu pequeno caso naquelas águas; talvez tadhg fizesse o mesmo. uma sensação salgada tomava conta daquela atmosfera e, conforme o tempo ia passando, os ventos iam tomando as rédeas daquela ambientação, causando a movimentação dos poucos fios soltos de seus cabelos loiros e um pequeno arrepio em seus braços pálidos. “ vamos embora? estou ficando com frio. ” voltou a observar os dragões, que pareciam ter sanado sua necessidade por uma brincadeira violenta enquanto continuavam em suas interações um pouco mais pacíficas. “ acho que nossa volta merece uma corrida. ”
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   A pegou no pulo tão logo ela respondeu sua acusação sobre o anel na defensiva, e a ofereceu um sorrisinho implicante então–não se vangloriaria da vitória com palavras, mas ainda precisava degustá-la de alguma maneira. Ergueu as sobrancelhas para ilustrar que havia registrado o significado oculto, mas arquivou o assunto para outra ocasião sem muita resistência–sabia ser impossível obter resultado algum naquele momento, e usaria aquele conhecimento para a influenciar a procurar pela mulher misteriosa quando a ocasião se apresentasse. ❛ Tomarei nota mental disso. ❜ Foi só o que a disse em tom quase de ameaça, como uma promessa de que revisitariam o tópico em ocasião posterior–já não havia como contornar o foco em sua própria experiência e na história que tinha a contar. A atenção e seriedade com que Zoya o ouviu não lhe passou despercebida; pelo contrário, foram a diferença entre a coragem que precisava para desembuchar e a chance real e provável de se fechar como uma ostra. Agora que a verdade pairava entre os dois como uma sombra, sabia perfeitamente que ela poderia ver através de sua fachada de neutralidade e indiferença, diretamente até a angústia que o castigava–não precisava o dizer com palavras para que ela o interpretasse. Por um momento, se permitiu ponderar como responder às perguntas da amiga sem relevar mais do que devia; aquela era uma linha tênue que não podia cruzar. ❛ Digamos que... nós não tínhamos um histórico muito bom. Não nos reconhecemos no baile, e eu cheguei à conclusão de que havia alguma mágica em ação, porque não o esqueceria tão fácil. ❜ A ausência de detalhes foi calculada para preservar a idade do príncipe, abominando a ideia de ser associado com alguém com a reputação que o outro tinha. ❛ Quando ele acordou na manhã seguinte, perguntou se eu o tinha drogado–você me conhece, então sabe como eu reagi. ❜ Se fechando e mostrando apenas a face impassível com a qual se protegia, como ela inúmeras vezes já tinha testemunhado. A ouvir dizendo que Vincent era um idiota era uma verdade com a qual não podia discordar, por muito que a vozinha insistente que se culpava pelo desfecho das coisas ainda lhe sussurrasse a maldita palavra cruel com a qual tinha sido rotulado. ❛ Ele me disse com todas as letras que eu fui só mais um, então acho que este navio já partiu. ❜ Admitiu com uma risada sem humor algum, por muito que nos últimos dias o loiro o tivesse dado sinais do contrário em meio aos corredores do castelo. Sexo sem significado nunca o havia incomodado antes, e talvez a nova realidade a pudesse chocar. ❛ É melhor que esta história fique no passado. ❜ Foi o ponto final que deu ao relato, dando de ombros com uma indiferença que não poderia ser mais distante da realidade, como se o próprio coração não estivesse dilacerado. Foi a última das perguntas por ela feita que o desconsertou, pois sabia não poder respondê-la de maneira direta–não quando o homem com quem tinha se engraçado tinha o poder de mandar executá-lo por revelar seus segredos. ❛ Não é um segredo só meu para contar, Zoy, me desculpe. ❜ Foi o melhor que pode oferecer, sabendo que a negativa a aborreceria por parecer falta de confiança.
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zcyarheim · 29 days ago
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀desde que recobrara a própria consciência mediante àquele acontecimento, tinha a noção de que contaria para tadhg uma hora ou outra; e, como se tivesse sido concedido a ela o dom de ler mentes, imaginara que aquela linha de raciocínio é a que ele traçaria para, entre muitas aspas, condená-la por sua 'fuga'. “ é claro que guardei. ” se amaldiçoou no segundo seguinte, quando percebeu o quanto a simples entonação daquela frase lhe fez parecer tão patética. não se permitira sonhar acordada por mais que alguns minutos nos últimos dias tendo a noção de que aquele tipo de atitude não lhe pertencia; olhares intensos e beijos roubados eram para sua versão que usava vestidos armados de baile e máscaras, e não para a cavaleira natural, que passava os dias enfrentando a vida em cima de um dragão. no fim, cansou-se de falar de si, temendo dar continuidade à essa variante anômala de si que deixara existir por algum tempo naquela sacada de baile. as sobrancelhas uniram-se enquanto escutava a história que o mais velho contava, as pupilas concisamente permeando a mirada em todos os trejeitos e expressões de tadhg, acompanhando a jornada de sua faceta se iluminando e morrendo no ponto tacanho do acontecimento. “ como assim, ele não ficou exatamente feliz? ” questionou zoya enquanto manejava as sobrancelhas, imaginando de que maneira reagiria àquele acontecimento; não sabia quem era o objeto dos desejos de tadhg mas, a depender da reação do famigerado, aquela conversa tinha dois rumos em potencial. poderia encorajá-lo ou ajudá-lo a enterrar aquele tipo de história; estava ali, no fim, para dar o apoio que ele acreditava precisar. “ não estamos mais falando de mim. ” repreendeu-o com certo carinho. entre o som de ondas quebrando nas pedras, observava que o humor do sorriso de tadhg tinha o mesmo fim, estilhaçando-se contra o rígido imóvel. “ cala a boca, tadhg. por que eu riria de você? agora, me conte a história direito. vocês dormiram e acordaram juntos e, de repente, o humor dele mudou com você, sem explicação nenhuma? ” estava genuinamente curiosa. não tinha um leque de conselhos baseados em experiência, visto que o que resguardava em seu molho de chaves de relacionamento era um par de términos, fossem reais ou imaginários. “ em primeiro lugar, de qualquer maneira, ele é um idiota. ” cuspiu o que imaginava ser a verdade; era tão ferrenha quanto podia, defendendo os seus. “ mas se você pensa que isso foi algo especial… ” aparentemente, tadhg considerara aquilo uma história em potencial, ela podia ler nas estrelinhas de suas pupilas dilatadas; não mais algum tipo de distração. se aquilo era algo tão significativo, não se podia desperdiçar; pelo menos, era o que imaginava. “ histórias felizes são diferentes de perfeitas. turbulências acontecem e, se você quer que essa história seja feliz, se quer de verdade, não vejo porque não considerar tentar mais uma vez. ” abanou os ombros, a curiosidade latente na língua cuidadosa; tentava esbanjar o máximo de conselhos que poderia dentro de sua pose de expectadora. “ eu posso saber quem é? ” imaginava que a proximidade deles cobria aquele tipo de informação.
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   Como esperava, Zoya se recusava a admitir os fatos–a loira era terrivelmente cabeça-dura quando o assunto era manter uma visão prática das coisas, e parecia preferir a própria morte à ideia de romantizar um mísero segundo da vida. Ficou tentado a lhe dizer para guardar as justificativas para alguém que acreditasse, visto que a sabia ler como a um livro, mas decidiu não a aborrecer mais que o necessário se a intenção era ouvir a história por completo. ❛ Por que não iria, Zoya? Chega de viver em função do treinamento, quem ela é não importa–você tem o direito de se divertir, e não precisa significar nada. ❜ Aquela era a sua maneira prática de ver as coisas: de acordo com a própria experiência, flertes e envolvimentos passageiros eram uma ótima maneira de preencher o tempo, opinião que sustentava mesmo após a recente decepção. Sua tendência a ser mulherengo não era novidade alguma para a amiga–talvez, com um pouco de insistência, a pudesse influenciar a aproveitar a vida em igual a medida. ❛ Você guardou o anel. ❜ Seu pedido para vê-lo havia sido uma armadilha–não se importava realmente com o rubi, e a observação que fez em resposta teve um tom neutro, a mensagem real em sua expressão, com as sobrancelhas erguidas em insinuação silenciosa. Se não havia vendido a joia e temia perdê-la, significava que era preciosa de uma maneira diferente. ❛ Encontrou alguém com a atitude que te falta, então. ❜ Aquela era uma tática frequente para a encaminhar a fazer o que queria: tentava provocá-la de modo a tirá-la do sério e a instigar a provar que estava errado. Naquela ocasião, a atitude que queria que ela tomasse era a de encontrar a mulher misteriosa e se permitir acordar na cama de uma desconhecida para variar–a experiência combatia o vazio existencial e edificava o caráter, afinal. ❛ Não há nada de normal nessa história vinda de você, Vyrkhandor. Não acredito que está perdendo a oportunidade de levar uma mulher bonita para a cama–estou decepcionado. ❜ Assumiu uma expressão quase teatral, sacudindo a cabeça de modo a ilustrar o próprio desapontamento.
   Colocado na parede sobre a própria novidade pela terceira vez, não lhe restava escolha que não desembuchar–por muito que a ideia lhe embrulhasse o estômago. Respirou fundo e, munido da coragem que ainda lhe restava, decidiu partilhar o que o atormentava como quem arranca um curativo: de uma só vez. ❛ Eu também conheci alguém no baile–era... o homem mais bonito que já vi na minha vida. ❜ Aquela admissão queimava como a bile em sua garganta, e engoliu em seco antes de continuar. ❛ Achei que–não sei o que achei, na verdade. Você vai rir se eu contar. ❜ Sequer sabia como colocar em palavras sem soar patético e digno de chacota, mas a devia um pouco mais de crédito–se fosse gargalhar, só o faria pelas suas costas. ❛ Eu o levei para cama. Li poesia. Falamos sobre tudo–eu achei que fosse o destino. ❜ Quase não soava como ele próprio ao dizê-lo, tamanha a ingenuidade da frase, empregando um sorriso amargo e de auto-desprezo para a pontuar. ❛ Mas ele não ficou exatamente feliz ao acordar ao meu lado na manhã seguinte, e foi tudo para o caralho. ❜ Deu de ombros então, se forçando a empregar uma indiferença que não poderia estar mais distante da realidade, e que devia apenas ao fato de que não havia bebido o suficiente naquele dia. Aquilo era o que fazia de melhor–minimizar o próprio sofrimento. Desviou o olhar ao concluir a história, temendo que ela visse para além de suas palavras calculadas. ❛ A minha história não teve final feliz, mas a sua ainda pode ter–por isso você devia procurá-la. ❜
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zcyarheim · 1 month ago
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀exprimiu um guinchado com a pequena cotovelado, achando um pouco de graça da reação de tadhg em relação ao acontecimento que, apesar de tentar tratar como natural, residia impermeável em seus pensamentos. “ isso não é um romance! ” zoya chiou. o que ele imaginava que ela era, algum tipo de adolescente? romance não era um tópico que acreditava caber ao momento atual de sua vida e nem sequer em um futuro tão próximo. “ foi só uma ocasião isolada. já passou, e eu nem faço ideia de quem era. na situação atual desse lugar e de todas as pessoas que estudam aqui, acredito que é até melhor não saber. por que eu iria atrás? ” não queria levantar todas as suspeitas que a própria mente teceu durante as horas que transcorreram pós-baile. lidar com a identidade de alguém com quem não tinha uma compatibilidade desejada parecia um problema em grande porcentagem, levando em conta que zoya não costumava ser tão… sociável assim. havia decidido, assim que recobrara a consciência e as próprias memórias, de que deixaria essa história para trás. “ não trouxe o anel comigo, fiquei com medo de perder. podemos ir no meu quarto depois e eu te mostro. ” prometeu enquanto respirava profundamente, repensando a situação, o contraste da gema avermelhada com a pele macia de quem o entregara a princípio. “ não sei quantos detalhes eu poderia te dar. nós conversamos, bebemos e, em dado momento, ela me beijou. acho que tinha alguém se aproximando de nós e por isso acabamos nos separando. não consegui ver o rosto todo pela máscara, mas no que pude ver, era muito bonita. ” mesmo assim, imaginava o sorriso continuamente, o vislumbre que tivera na meia-luz noturna e nos poucos momentos compartilhados. a sensação de dividir o espaço da academia com aquela figura sem saber de quem se tratava era tão agoniante quanto parecia mas, ainda assim, não pretendia dar continuidade àqueles devaneios. “ viu só? é só uma história normal. não é uma novidade tão interessante. ” abanou os ombros, quase como se estivesse resignada dentro da própria situação. “ agora chega de falar de mim! estou mais interessada no que você tem a me dizer, tad. não pense que eu ia permitir que você me enrolasse por mais tempo. ” o timbre era troça e afeto, se empertigando para o lado dele numa ação quase infantil de se aproximar para entender melhor o que ele teria para lhe dizer. conhecendo tadhg como passara a conhecer, vítima feliz do vínculo que construíram, a engambelação dos últimos minutos era sinal de que o changeling estava segurando alguma informação entredentes, algo que fazia a força de vontade não descansar até que ele logo contasse.
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   Dispensou a possibilidade de a visita de Zoya ser um estorvo com um gesto amplo da mão. Não havia um Universo onde ela o pudesse incomodar, mesmo quando estava determinada a ser irritante como era frequente–talvez fosse por isso que a dinâmica entre os dois tanto se aproximasse de uma irmandade. ❛ Eu mal tenho dormido, a companhia seria bem-vinda–você pode fazer massagem nos meus pés. ❜ Retrucou em tom implicante, por muito que soubesse que seria necessário esconder as evidências de sua escrita obsessiva madrugada adentro se a intenção fosse a receber. As páginas descartadas de seu diário haviam começado a se empilhar na lixeira, o impulso de as arrancar quase como uma compulsão, mas a vontade falhando quando era hora de as descartar permanentemente. Tudo o que hesitava em dizer em voz alta já havia sido colocado em palavras mas, invés de cogitar desembuchar de uma vez e contar à loira o que o afligia, agarrou-se ao tópico do cálice como maneira de postergar o inevitável. ❛ Se nos deixassem resolver não levaríamos nem uma semana, mas 'sair por aí' tem outro nome no exército: desertar. ❜ E aquele era provavelmente o único motivo para que os changelings não investigassem por conta própria, posto que a punição era a morte. Nenhum dos dois era tolo suficiente para pisar fora da linha quando o próprio pescoço era o prêmio. Ao percebê-la ajustando a postura, soube que estava fodido, e que um interrogatório seria inevitável. Ela o lia como um livro mesmo com todo o esforço para manter a expressão neutra. ❛ 'Bom' não é a palavra que eu usaria para descrever, mas sim, tem algo–conto depois de você. ❜ Prometeu, sabendo que não havia sentido negar quando ela parecia quase capaz de farejar a mentira, mas ainda disposto a comprar tanto tempo quanto possível antes de voltar ao assunto que o perseguia e perturbava. Teve trégua quando a ouviu dividir as próprias novidades, e se permitiu espreguiçar de modo a afastar o cansaço físico que ameaçava tomar conta do corpo ao finalmente ter uma chance de relaxar. Um anel, uma mulher e um beijo–e Zoya tinha a cara de pau de rotular as novidades como não interessantes. Com as sobrancelhas erguidas em surpresa, a acotovelou nas costelas em vias de repreensão. ❛ Você arrumou um romance! ❜ Exclamou, porque a mera ideia lhe parecia comicamente improvável. Torcia para que o dela tivesse um fim melhor que o seu. ❛ Como assim não vai atrás? Claro que vai, nem que seja para conseguir outras joias. ❜ O tom absoluto empregado foi definitivo, sabendo que caracterizar a interação como transacional tinha maiores chances de sucesso com ela. ❛ Vamos lá, quero mais detalhes. Cadê o anel? Está com você? ❜ Pediu, esperando que a pergunta a distraísse do que ele próprio tinha a compartilhar.
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zcyarheim · 1 month ago
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀aproveitando a posição oblíqua do rosto, permitiu-se bordar a própria feição em surpresa pelo elogio sucinto. apesar da conexão que mantinham, trabalhavam com sentimentos metódicos, uma proximidade pautada muitas vezes em silêncio confortável. palavras de afirmação não costumavam estar presentes naquele vocabulário. “ espero que não se arrependa do convite quando invadir seu quarto de madrugada quando estiver sem sono. ” as noites sem dormir se faziam mais frequentes em sua recém ajustada rotina. a menção ao cálice fez com que mordiscasse o interior das bochechas, sendo impelida por uma irritação que nascia em seu âmago toda vez que pensava demais sobre o assunto. “ vamos ter que acabar procurando o cálice sozinhos. poderia ser a nossa missão: pegar os dragões e sair por aí, como dois investigadores idiotas. ” o tom não era de alguém que acreditava naquele cenário hipotético. mesmo esse mero pensamento era irreal, e isso ela sabia; mesmo assim, a metáfora ainda se aplicava: changelings sempre lutariam as próprias batalhas. no fim, era óbvio que eram apenas eles por eles ali. a mudança de assunto no que tangia novidades fez com que a meia-feérica ajeitasse a própria postura, assumindo a inclinação de alguém investida em um futuro assunto. “ eu te perguntei primeiro. está tentando me enrolar? ” apesar do teor sério da frase, a sobrancelha levemente erguida revelava um pouco de humor; não estava esperando que aquele momento viesse a se tornar um jogo de confissões. e que novidades teria? a única notável era o encontro peculiar que havia trançado seu destino ao fim do baile, mas não mais havia visto a moça, apesar da promessa silenciosa que selara; encontrá-la. tinha outras prioridades; a rotina, um peso a parte, se mantinha intensa e padronizada, como a de cabelos claros quase apreciava; era mais fácil manter o controle de coisas que já conhecia. “ você deve ter algo muito bom para me contar, já que está desviando do assunto. ” replicou, os olhos brilhando em uma curiosidade que chamuscava em tons de verde e lilás. era bom conhecê-lo; era um bom desafio tentar decifrar suas entrelinhas. “ não sei se tenho novidades tão interessantes. ” queria saber o que ele tinha em mente, quase cogitando apostar alguma coisa para que o jogo se tornasse mais interessante. mas, enfim, pensou por alguns instantes — não se importava de compartilhar com ele aquele tipo de acontecimento. era assim que uma amizade verdadeira funcionava. o som das ondas quebrando contra a pedreira transmitia um tipo de paz dinstinta. era bom aproveitar um momento tranquilo. “ só porque estou impaciente, vou começar. falando em roubos... não sei se isso se categorizaria como um, já que uma mulher me entregou um anel. ” a memória parecia um canvas de tinta recém pintada no branco de seu campo de memórias. “ provavelmente vale alguns ouros consideráveis. tem uma gema vermelha muito bonita. ” ponderou por alguns instantes. “ nós nos beijando no baile e ela me entregou para que eu a devolvesse quando fosse procurá-la, mas não vai acontecer. ”
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   Ao ouvi-la dizer que sempre havia tido cabelos longos, evocou a imagem mental do rosto familiar ao longo dos anos, desde quando eram ambos crianças. Ela era um ano mais nova, e só haviam passado a conviver cotidianamente quando os dragões formaram um laço de amizade, mas mesmo os vislumbres que dela tinha nos corredores de Wülfhere antes de se tornarem parte da vida um do outro eram adornados pela mesma trança que havia tentado replicar. Os cabelos eram uma das coisas que mais associava com ela e, apesar da implicância familiar, não queria que ela os cortasse, mesmo que pudessem ser desvantagem em voo ou batalha. ❛ Gosto do seu cabelo. ❜ O elogio era algo raro, um momento de gentileza recortado contra seu temperamento habitual; talvez estivesse mais sentimental do que tinha se dado conta. Era compreensível: agora que se lembrava que tinha um coração, estava permitindo que o que dele restava vazasse entre as frestas. Zoya, que o conhecia como poucos, muito provavelmente notaria a diferença: torceu para que não o questionasse, pois a distração momentânea o permitia afastar os pensamentos do tormento, e estar com ela ajudava. ❛ Diferente de você, eu não quero dar o que puxar aos meus inimigos. ❜ A resposta evocou as memórias que tanto tentava apagar: dedos entrelaçados em seus fios negros com uma violência que era cruel do modo errado. Pela deusa, como era patético–e urgentemente precisava o tirar da cabeça. ❛ É por isso que eu tenho tentado passar cada segundo livre longe daquele lugar. ❜ Resmungou ao partilhar da mesma queixa, por muito que aquela fosse uma meia verdade: queria escapar apenas de um khajol em particular. Pelo menos as corridas de Buruk e Aeksion os davam uma desculpa perfeita. ❛ Você errou nas contas: são dois lugares em que pode ter paz, o seu quarto e o meu. ❜ A correção se fez importante, pois a companhia em muito seria bem-vinda a qualquer hora do dia ou da noite. ❛ Era justo essa gente que quem quer que roubou a pira queria aborrecer. Aposto que vão recuperar a pira em uma semana, enquanto a gente mofa esperando por notícias do cálice. ❜ As prioridades do imperador e seu conselho a ele pareciam claras, e os changelings sequer figuravam em seu top 10. Pensar no imperador também era um péssimo caminho, assim como eram as novidades que poderia contar. ❛ A vida anda meio merda para além dos roubos. ❜ Admitiu em tom neutro, como se tentasse chegar no assunto pelas beiradas–talvez com algum incentivo cedesse e desembuchasse ao menos o suficiente para se aliviar. ❛ Você primeiro: me conte algo. ❜
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zcyarheim · 2 months ago
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ não imaginava que ele fosse saber trançar o cabelo com a mesma destreza que possuía, visto que era uma ação que realizava diariamente, mas não tornou aquilo um problema. se fosse de serventia o suficiente para que impedisse a ventania de prostrar cabelo em seus olhos, já seria mais que o suficiente para zoya. “ acho que é mais costume que vaidade. sempre tive cabelos grandes. ” pontuou com simplicidade, apesar do timbre de provocação alheio. desde ainda miúda, tinha particular gosto por fazer penteados nas madeixas claras; no começo da trajetória no instituto, no entanto, diversas vezes pensara em cortar os fios para que fosse mais fácil de cortar no entremeio da rotina complicada. não levou a ideia para frente. “ já pensei em cortar na altura do queixo, mas não sei se ia ficar bom. já pensou em deixar o seu cabelo crescer? eu te faria ótimas tranças. ” comentou em tom jocoso enquanto o sentia terminar o penteado; estava puxando com firmeza demais perto das orelhas e tinha certeza que ficara um pouco torta, mas estavam sozinhos e não iria atentar-se a tantos pequenos detalhes. “ porque estou sendo obrigada? infelizmente, em todo lugar que vou tem algum khajol reclamando. o único lugar de paz é meu quarto. ” o quarto pouco ajustado e pequeno, que também não lhe apetecia. era uma versão mirrada do que eram seus aposentos antigos, sendo a falta de espaço algo que ela particularmente odiava. “ não faço ideia. sei que qualquer não-khajol morreria por conta do contato com o negócio, mas seria uma burrice maior do que o esperado levarem a pira daqui, levando em conta o escalão de pessoas afetadas, como duques, condes e príncipes. ” a falta da pira implicava no enfraquecimento de muitos relacionados a famílias poderosas nos ramos de hexwood, alguns que zoya conhecia desde a infância. algo dentro de si ─ rancor e amargura de longa data, que não adormeceram com o passar dos anos ─ ficava feliz por alguns terem aquele tipo de conexão enfraquecida. era o que eles mereciam, no fim das contas. não reprimiu o ato de coçar discretamente o topo da orelha mutilada. “ eu toparia se fosse possível, qualquer lugar é melhor que esse. ficaria até mesmo no que restou em eldrathor. ” refletiu, os olhos descaindo na imensidão de água a sua frente, os ouvidos se distraindo com o som de água quebrando. “ já que não podemos, vamos ter que achar outro jeito de nos distrair. tem alguma novidade interessante pra contar? ”
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   Achava os longos cabelos de Zoya impráticos para dizer o mínimo mas, soltos daquela maneira, tinha de admitir que eram ao menos bonitos. Não compartilhavam sangue e sequer tinham semelhança física mas, fosse pelo motivo que fosse, mais e mais a via como uma irmã–alguém por quem mataria e morreria, sim, mas a quem era infinitamente divertido irritar. Talvez as emoções de Buruk a respeito de Aeksion o estivessem permeando afinal, ou todo o tempo que passavam na companhia um do outro tivesse tornado o vínculo inevitável. Tadhg ocupou seus dedos nas mechas loiras de modo silencioso–estava acostumado a trançar fitas de couro, e a técnica não podia ser muito diferente. ❛ Você os mantém longos por algum motivo além de vaidade? ❜ Perguntou com implicância declarada, por muito que não tivesse apresentado resistência alguma a tocá-los. Refez a trança com a rapidez de quem estava acostumado a trabalhar com os dedos, e o resultado final foi mais funcional do que agradável aos olhos. Teria que bastar por ora. ❛ E por que motivo exatamente você anda confraternizando com eles? ❜ A reclamação sobre os khajols era partilhada, é claro, e tinha mais local de fala do que gostaria quando o assunto era confraternizar com o inimigo. Em sua defesa, não o havia feito desde a descoberta do sumiço da pira, o que o colocava em clara vantagem. Ao fundo, ouviu o rugido gutural de Burukdhamir, sempre barulhento quando ele e o melhor amigo fingiam lutar. ❛ Se não um khajol, quem você acha que foi? ❜ Foi sua vez de questionar, a curiosidade falando mais alto. ❛ Para mim seria coincidência demais que ambos os roubos não estejam conectados, mas eu me importo mais com um do que com o outro. ❜ Admitiu, dando de ombros–talvez fosse karma que os khajols estivessem enfraquecidos sem o ritual de queima da sua erva; em segredo, torcia para que os seus deuses os abandonassem. ❛ Nós podíamos chorar uma pitanga para a Dirigência. Um destacamento na fronteira, uma missão–qualquer coisa pra nos tirar desse lugar por alguns dias. ❜ A sugestão era em vão, bem sabia, e achava improvável que o acatassem. Ainda assim, se permitiu desejar; a distância o faria bem, e talvez tornasse mais fácil de esquecer o que–e quem–o atormentava.
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zcyarheim · 2 months ago
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ zoya inspirou uma reclamação quase infantil quando sentiu o pequeno puxão que desprendeu os cabelos na trança que costumava usar, logo tirando os fios impulsionados pela leve ventania da boca. depois de reagir com um dedo do meio à tadhg, se virou quase diagonalmente de costas para o rapaz, dando um pouco de acesso aos fios levemente ondulados à ele. “ você por acaso sabe fazer uma trança boa? ” questionou, observando-o por cima dos ombros, os olhos afiados. balançou a cabeça novamente, como quem indicasse os fios ao toque dele. “ se não sabe, está na hora de aprender. pode refazer. ” apesar do tom mandão, não agia de maneira autoritária, sendo aquilo mais uma provocação implícita que um mandato; entre eles, a familiaridade residia em um véu quase fraternal, algo profundo e que a changeling estava começando a reconhecer ou, pelo menos, a admitir. “ é bom que isso os enfraqueça, mas as reclamações me incomodam muito. às vezes, parece que estou convivendo com crianças choronas. ” reclamou á própria maneira, voltando a enlaçar o tecido fibroso de seu cadarço, ocupando-se entre a conversa e a pequena ação. os dragões ainda se enganchavam em brincadeira, não muito distantes de seus montadores. “ acho que sendo khajol, tem que ser mais imbecil que o esperado pra fazer uma coisa desse tipo… mas, enfim, não é como se eu esperasse qualquer tipo de sentido vindo deles. ” o mero esforço de tentativa de entender os outros já era mais do que eles mereciam atualmente, era o que vyrkhandor pensava. desde que a pira sagrada dos khajols sumiu, o comportamento que outrora já era ruim havia se deteriorado com certa intensidade quase palpável. “ como você disse, era uma arma contra nós, então por mim ficaria sumido por um longo tempo. só fico intrigada pelo sumiço do cálice há pouco tempo. o que você acha? ” bufou, relembrando-se da perda coletiva entre changelings, que provocara uma memória amarga que não sabia como driblar. poderiam ou não poderiam ser eventos coincidentes, mas era fato que o pouco tempo corrido entre os acontecimentos lhe despertava uma curiosidade distinta. “ não aguento mais esse lugar. ” reclamou, desconexa, em um suspiro. percebeu o quanto sentia saudades de casa e, com isso, pensada em wülfhere.
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   Buruk o havia atormentado desde antes do nascer do sol, parecendo inquieto e com alguma tensão por resolver–em momentos como aquele gostaria de poder simplesmente pedir que ele desembuchasse mas, na falta de palavras, ao menos suas intenções haviam ficado claras: queria a companhia de Aeksion para extravasar. Por vezes achava os dragões quase codependentes mas, ao olhar como a relaçnao entre os dois o havia aproximado de Zoya, não podia exatamente reclamar–a tinha como família tal como suas montarias tinham um ao outro. O fim de tarde havia esvaziado a praia que tinham como linha de chegada de suas corridas, e o sol ameaçava tingir o céu de laranja ao se pôr enquanto estavam acomodados em uma das formações rochosas que separavam a ínfima faixa de areia do mar. O som da quebra das ondas era um conforto bem-vindo comparado ao assobiar do vento em seus ouvidos momentos antes. ❛ Em algum lugar onde o sol não bate, espero eu–talvez no do Imperador. ❜ Retrucou com bom humor, não encontrando em si muita piedade a respeito da perda dos khajols–não quando os haviam espezinhado quando enquanto passavam por sofrimento parecido. Com ela não precisava se preocupar em medir palavras, em especial quando estavam a sós. Ao notá-la desamarrando seus cadarços, decidiu retaliar à própria maneira: estendeu a mão e tomou sua trança entre os dedos, desfazendo o penteado em gesto muito similar e a direcionando um olhar como quem diz 'boa sorte ao voar com o cabelo nos olhos'. ❛ Quem quer que roubou a pira nos fez um favor–ela também era uma arma contra nós. ❜ Observou, incomodado com como muitos dos changelings pareciam ignorar o fato de que a fumaça do sacro cardo lhes era letal. Perguntado sobre suas teorias, o ponderou por um par de segundos antes de voltar a falar. ❛ Acho que a ambição de algum khajol falou mais alto. Pelo que ouvi, só um deles seria capaz de tocar na pira–mas é claro que é mais conveniente nos acusar. ❜
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zcyarheim · 2 months ago
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ não somente o agradecimento a surpreendeu — o sentimento nascido com ele, também. não sabia qual ímpeto interno a havia pivotado na direção daquele homem, mas o ressoar interior era a resposta de uma familiaridade inesperada: algo quase desesperadamente confortável. não se permitia sequer pensar em decifrar os próprios sentimentos, principalmente quando em frente a uma proximidade difícil de se conseguir para alguém como ela. não distava do óbvio e sabia que minara sua convivência, pouco a pouco, com pessoas com quem se importava — muitos laços rompidos ou abandonados, enredados pela vida; e, quase todos, propositalmente retaliados pela trama da própria vontade. restava-lhe apenas o caminho que ela mesma planejava. mesmo assim, a mente não complexava como aquele mísero instante pareceu alumiar o nublado dos pensamentos. “ não precisa agradecer. ” garantiu, permitindo que a forma alheia a guiasse pelo pequeno espaço resguardado aos dois no enlace. “ eu quem devo, por ter aceitado. no seu lugar, alguns teriam me achado… atrevida demais ao pedir uma dança. e, bem, a recíproca é verdadeira. está sendo minha melhor dança. ” confidenciou, com um pequeno sorriso que não alcançava os dentes; mas os olhos, sim. “ se eu puder refazer o meu brinde anterior, depois, farei um brinde à isso. ” ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ na intercadência da dança, a revelação breve sobre a infância tornou os olhos dela mais suaves sem que percebesse. preparou-se para respondê-lo, mas a interrupção do deslize dos pés, a risada sonora da companhia e a pergunta em tom implicante a fizeram franzir o nariz em um tom bem-humorado. pensou que poderia tocar no assunto depois. “ era de se esperar que em algum momento meus dois pés esquerdos acabariam me denunciando. ” resmungou, mesmo sem chateação. estava menos surpresa por ter sido descoberta do que pela confirmação de que o companheiro era um changeling, apesar da identificação inerente. o momento calmo e conveniente, ocasionado pela atenuação da veia rítmica dos instrumentos, bastou para que a meia-feérica deixasse de tocá-lo ao ombro para levar os dígitos franzinos aos fios dourados, arranjados em um penteado intrincado e antigo — como a mãe costumava pentear em sua primeira infância. as ondas presas por grampos haviam sido propositalmente ajustadas para que escondessem, em seu entremeio, o pontiagudo das orelhas, resultado da herança que a concebeu; afastou os fios apenas o suficiente para que a ponta da orelha aparecesse, denunciando as origens que, aos olhos de um semelhante, não via necessidade em ocultar. o outro lado, cicatrizado de maneira irregular em linhas brancas, vermelhas e infrequentes, também se escondia por trás da cortina de fios de ouro, e embora fizesse pouco trabalho em demonstrar a identidade geral de um changeling, era uma das primeiras chaves para o acesso de quem zoya era. decidiu não evidenciar de imediato a característica distintiva. “ acredito que sou tão dama hoje quanto você é um cavalheiro. ” concluiu com um pequeno balanço dos ombros, tomando cuidado redobrado com os pés do parceiro. “ mas, se quiser saber um pouco além do fato de que somos iguais, somente se nos trazer um vinho depois da dança. ”
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   Em seu peito, uma fagulha perigosa de emoção se acendeu. Esperança. Com o combustível certo, o fogo poderia facilmente se espalhar. Conhecer cada um dos movimentos e coreografias da alta sociedade era um privilégio negado aos que eram como ele, mas lá estava Tadhg, dançando como se tivesse algo para provar. Talvez fosse esse o caso: era um changeling, rotulado como selvagem como todos os seus, tido como inferior à sociedade civilizada em que se infiltrava. Havia prazer em contrariar o que dele esperavam. Fosse culpa do álcool ou das máscaras, naquela noite sentia quase como se ali pertencesse. Como se o lugar fosse seu por direito, e como se o devesse tomar. A ideia era ridícula, beirava o impossível, mas não conseguia afastá-la: talvez fosse ali o seu lugar. Só por uma noite, se permitiu admitir aquela verdade secreta, engavetada em uma cômoda empoeirada de seu inconsciente, onde não a precisava encarar. Queria desesperadamente ser como eles, os khajols. Queria uma vida que fosse sobre mais que matar e morrer.
   Conhecia mil e uma maneiras de fazer um homem sangrar, mas aquele talvez fosse o mais profundo dos cortes: a vida boêmia de um artista, armado apenas de um alaúde e uma taça de vinho, não era opção para gente como ele.
   ❛ Obrigado. ❜ O agradecimento o escapou, desconexo do que quer que a loira lhe havia dito, uma resposta aos seus pensamentos e não às palavras alheias. Lhe sorriu com genuína felicidade, um sentimento tão raro que o queria engarrafar. ❛ Por me convidar para dançar. Dancei com várias pessoas essa noite, mas nenhuma foi tão... ❜ Familiar. Com a mão pousada em suas costas, era como se seu corpo reagisse ao dela em rara sincronia: conduzi-la era mais instinto do que escolha consciente. A dança podia não a vir tão naturalmente, a bem da verdade, mas seus movimentos carregavam a graça letal de alguém que conhece bem o próprio corpo–e sabe como usá-lo. ❛ Genuína. ❜ Foi como escolheu completar a frase invés disso, seguro de que a alternativa a assustaria.
   Nada havia de natural na dança como os khajols a conheciam: havia certa ordem às coisas, um conforto em sempre saber o que esperar. Alya costumava zombá-los por isso, e não o teria dado paz se soubesse que estava tentando se encaixar. Naquele momento compartilhado com uma perfeita desconhecida, decidiu dividir um pedaço de si mesmo. ❛ Meus primos tinham uma tutora de dança quando eu era criança. Eu assistia pela fechadura. ❜ A lembrança era amarga, e raramente a dividia: sua infância era sempre assunto a se evitar, muitas das memórias trancadas a sete chaves, as poucas que lhe restavam dolorosas demais para ser reviradas. Antes que tivesse a chance de se perder no passado, o pisão em seu pé o despertou para a vida real, lhe arrancando uma gargalhada e o fazendo sacudir a cabeça em reprovação bem-humorada. ❛ O fato de que você não é inclinada à dança me faz acreditar que é como eu. ❜ Admitiu, deixando a distinção nas entrelinhas–talvez quisesse pertencer ali, mas também não a queria enganar. Apesar da postura altiva e da elegância, tinha quase certeza de que, como ele, a mulher ela era militar. ❛ You're no lady, are you? ❜ A pergunta foi pura implicância e curiosidade, livre de julgamentos–queria saber quem ela era sob o vestido bufante e o rouge.
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zcyarheim · 2 months ago
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀a palavra dama lhe causava uma coceira engraçada na garganta, por motivos os quais não conseguiria explicar; e nem imaginava que um estranho fosse capaz de entender, ainda mais no entremeio de uma dança. considerava uma palavra que pouco lhe cabia por conta do próprio intrínseco, embora sua posição portadora de uma dose certa de eminência talvez fosse capaz de lhe prover a alcunha engraçada. redirecionou seus pensamentos, focando mais nos comportamento dos calcanhares do que em outras coisas irrelevantes naquele momento. “ em tão pouco tempo? estou honrada. ” gostou de tê-lo surpreendido anteriormente, já que sua ideia repentina de convite não era comum no que tangia mulheres assumindo os papéis de convidar. aquele ímpeto repentino de chamá-lo para dançar era um mistério que ela mesma não decifrava no próprio âmago. “ não imaginava que era tão cavalheiro. ” pontuou em timbre bem-humorado. aproveitou para observá-lo; a figura esguia que a acompanhava partilhava de uma maestria ímpar, que parecia fazer com que a arte da dança fosse um pouco menos complicada, pelo menos para a meia-feérica que, até dado momento, se orgulhava de não ter pisoteado alguns dos ossos alheios. “ é verdade que você dança muito bem. é um dom natural, suponho… ou muita prática? ” o questionamento pairou a título de curiosidade. o fato do indivíduo ser um bom guia a permitiu se distrair um pouco de si por alguns instantes; algo que pouco durou, levando em conta o pequeno deslize que ocasionou em um pisão no pé do companheiro, tecendo imediatamente uma careta na feição da de fios dourados. “ desculpe. ” a voz saiu como um sussurro quase envergonhado, aprumando a postura logo em seguida, mantendo o foco corporal no movimento padrão daquele tipo de dança. se estivesse propícia a partilhar opiniões pessoais com estranhos, diria à ele que aquele tipo de música não lhe apetecia tanto quanto devia; preferiu manter para si a opinião talvez impopular.
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   Dançar era sempre uma experiência agridoce, por muito que não a pudesse deixar de apreciar. Quando criança, seus primos haviam recebido lições, os avós jamais se dando ao trabalho de o incluir: assistir à distância o havia ensinado grande parte do que sabia, e o restante devia a Alya, em que não podia pensar sem que o gosto amargo da perda secasse sua boca. Em diferentes níveis, tudo o que havia feito para se ocupar no baile até então havia sido uma tentativa de evitar o fantasma de sua memória, e ter a companhia da loira que o convidava para o centro do salão era a maneira perfeita de escapar. Com delicadeza e respeito, tomou uma das mãos alheias na sua, pousando a que lhe restava livre em suas costas. ❛ Eu não duvido. Já surpreendeu, afinal. ❜ Indicou, fazendo menção ao fato de que havia sido ela a convidá-lo, o que era tudo menos habitual na alta sociedade em que se havia infiltrado por uma noite. Por sorte, a canção que se iniciava era conhecida, uma melodia mais lenta. Atento ao ritmo e aos demais pares ao redor, a guiou com fluidez, conservando o espaço entre seus corpos e com cuidado para não a ofender. Changelings dançavam de maneira diferente em seus próprios círculos, mas aquele não era o lugar. Ao redor, khajols seguiam passos quase coreografados, ensinados para as crianças nascidas em casas nobres desde jovens–invés de destoar, escolheu se encaixar na mesma cadência, não precisando disfarçar a própria ascendência quando podia contar com a anonimidade da máscara a disfarçá-lo. Movia-se com a falsa elegância de quem ali pertencia. ❛ Eu jamais enganaria uma dama. ❜ Sua defesa foi apresentada em um falso tom galanteador, calculado para nada oferecer além de humor, posto que a honestidade não era uma de suas virtudes. Na deixa certa, a girou como fizeram os demais casais, antes de voltar a pousar a mão em sua cintura para a estabilizar. Inclinou-se na direção da mulher com um riso conspiratório, chegando perto o suficiente para ser ouvido sobre o barulho de fundo. ❛ Tenho certeza que seus dois pés esquerdos irão se comportar. ❜
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zcyarheim · 3 months ago
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ o ímpeto do convite saiu de seus lábios sem que ela tivesse a oportunidade de se conter. apesar de ter sido uma criança privilegiada, a changeling nunca havia se consagrado como uma dançarina além da média; comuns eram as noites onde os risos carinhosos do pai a comunicavam, quase eufêmicos: 'zoya, querida, está pisando nos meus pés!'. ainda assim, era um baile — o que eram bailes, ainda mais de máscaras, se não oportunidades para fingir ser o que não era? alquimiar-se em meio ao mistério intrínseco àquela noite não era difícil, logo, decidiu tentar transformar-se em uma boa dançarina. o comentário alheio fez com que arqueasse uma das sobrancelhas, ainda que a ação não fosse visível através da máscara. envergonhá-lo? ela?! seu ego pulsou, quase destacando o ultraje daquele comentário, mas a resposta da alourada se manteve sútil, meneando a cabeça em direção ao centro do amplo salão. “ tenho certeza que vou te surpreender. ” quando posta na postura de dança, o repouso de sua mão no ombro do parceiro o apertou de propósito, em resposta à pequena amolação divertida que ele parecia carregar no olhar enquanto a guiava para o espaço de intercadência entre outros pares. “ espero que você seja mesmo um ótimo dançarino! odiaria ser enganada por um estranho que eu mesma convidei pra uma dança. ” a tonalidade da própria voz assumia uma espirituosidade divertida, embora o cérebro trabalhasse para tentar identificar em rapidez os movimentos de dança que acreditar dominar o que, para sua infelicidade, não eram muitos. depositou sua fé no parceiro, deixando que a suposta experiência dele os guiasse pelo salão. “ ah, e lembrete: se eu pisar no seu pé, é só uma forma de avisar que você tem que me guiar melhor! ”
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   Poucas coisas animavam mais uma multidão de militares exaustos do que a oferta de bebida de graça. Se naquele baile podiam entornar seus copos às custas de Seamus, estava determinado a dar prejuízo e fazer cada gole valer, poupando seus preciosos bronzes e pratas. O desafio que impunha a si mesmo era um só: a cada nova taça, buscava uma nova companhia com quem conversar; mais do que admitiria na manhã seguinte, Tadhg havia gostado daquela excentricidade do imperador em particular, pois gostaria de viver em um mundo onde a divisão entre as raças não importasse–ali, por algumas horas, podia fingir. Buscando por um rosto disponível em meio a multidão, seus olhos caíram sobre a loira no momento em que a trajetória de seus passos pareceu mudar. Ao notar que a mulher vinha em sua direção, lhe ofertou o mais radiante dos sorrisos, sem se preocupar com a vulnerabilidade que era se expressar. A maneira errática com que a desconhecida se movia fez com que pousasse uma das mãos em seu braço em instinto, como se para a firmar. ❛ Um brinde às loiras! ❜ Foi o elogio implícito que lhe ocorreu oferecer em resposta, erguendo a voz e a taça. O convite para dançar vindo por iniciativa alheia o pegou de surpresa, mas não seria ele a recusá-lo–com um aceno de cabeça em aquiescência, tomou a mão da dama na sua enquanto a conduzia para o centro do salão. ❛ Eu sou ótimo dançarino, modéstia à parte. ❜ Admitiu, o segredo bem-guardado vindo à tona graças ao álcool e ao anonimato. ❛ Tente não me envergonhar. ❜ A orientou, com ares de implicância, antes de a segurar pela cintura, a conduzindo ao ritmo da música.
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zcyarheim · 3 months ago
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀o âmago individualista e eremítico da changeling era constantemente desafiado pela natureza de seu dragão; aeksion distava da psiquê solitária de zoya e, por isso, parecia mais que empolgado perto de outras companhias aladas; a preferida do flamion parecia ser burukdhamir, cujo montador era tadhg. com um ano de diferença em seus ensinamentos acadêmicos, zoya nunca havia realmente interagido com ele até que a interação entre as feras floresceu; mesmo que de começo à contragosto, agora passava mais momentos que o esperado acompanhada dele. quando o percebeu de costas, entendeu o pedido silencioso e guiou as mãos ágeis até o couro de uma fivela frouxa; para certificar-se de que havia apertado corretamente, puxou o couro com força por entre os dedos, balançando o tronco de tadhg na ação. o canto do lábio se curvou em um pequeno sorriso, que ela logo desfez quando deu um passo em direção para trás; o recuo do changeling significava se aproximar dos dragões. “ uma corrida? ” vyrkhandor ergueu a sobrancelha, quase brincalhona. em wülfhere, costumavam apostar com uma certa frequência. não conseguia contar nos dedos quantas vezes havia perdido ou vencido do acompanhante, mas pelo menos conseguia vangloriar-se pela última vez, ainda no institudo, vencida por poucos segundos. “ espero que tenha treinado desde a última vez ”, provocou, com o mesmo timbre divertido, antes de seus passos leves se tornarem uma corrida na direção de seu dragão.
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with @zcyarheim at the Flight Fields.
   Burukdhamir era uma força da natureza em seu próprio direito. Mesmo menor que os demais terradores, ainda parecia uma colina quando recordado contra o campo plano onde haviam improvisado a área de treinamento de voo. Exibido como era, havia feito o chão estremecer ao aterrissar. Ao seu lado, Aeksion o lembrava de um candelabro em contraste, as escamas douradas cintilando sob o dia ensolarado. Aquela era uma visão familiar, já que os dragões eram quase inseparáveis.
   A relação familiar entre as bestas nada tinha a ver com sangue e, como resultado, Zoya e Tadhg não tinham opção que não a convivência. Voavam juntos com frequência não por iniciativa própria, mas por capricho de suas montarias; por muito que o arranjo não fosse desconfortável, por vezes se pegava a tentando decifrar. Não sabia se eram amigos ou rivais, e lhe parecia contraprodutivo o perguntar quando não tinham escolha que não aceitar a companhia um do outro, sob pena de serem flambados ao tentar discordar. Se aproximou da loira e a deu as costas, um pedido silencioso para que ajustasse a fivela das alças que usava para carregar as adagas, inconvenientemente posicionadas onde não as podia alcançar. ❛ Quer apostar corrida? ❜ Sugeriu, o tom divertido traindo a expressão impassível que lhe era habitual. Competir era algo que faziam bem juntos, uma zona de conforto na qual podiam descansar.
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