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SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O GÊNERO TEXTUAL CONTO 9º Ano
O que é uma sequência didática? Sequência didática é um procedimento encadeado de etapas ligadas entre si para tornar mais eficiente o processo de aprendizado. Ela é planejada e desenvolvida para o ensino de um determinado gênero, por isso, é fundamental identificar suas fases, as atividades que a constitui e as relações que estabelecem com o assunto a ser estudado. Ela é organizada com base no conteúdo que o professor deseja que os alunos aprendam, por isso, envolve atividades de aprendizagem e de avaliação.
Apresentação da situação Uma turma de 9º ano foi escolhida para participar de um concurso estadual de contos. Por conta disso, cada aluno terá que escrever seu próprio conto.
Produção inicial A princípio, propõe-se que os alunos produzam seus contos com base no seu conhecimento prévio. Neste momento, o professor não deverá interferir na produção, que tem como objetivo principal obter uma visão geral a respeito de quanto os alunos conhecem sobre esse gênero textual. Identificado o perfil e as dificuldades dos alunos, passa-se às atividades divididas em três módulos, a fim de que eles compreendam o gênero textual em questão e façam exercícios de fixação.
MÓDULO 1 Os alunos farão individualmente a leitura de três contos a fim de identificar traços característicos desse gênero textual.
1) A MOÇA TECELÃ (Marina Colasanti)
Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear. Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte. Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava. Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela. Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza. Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias. Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer. Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado. Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta. Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida. Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade. E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar. — Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer. Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente. — Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata. Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira. Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre. — É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos! Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer. E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo. Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear. Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela. A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu. Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.
(���in Recanto das Letras. Disponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/1413748>. Acesso em: 16 de outubro de 2018.)
2) A CARTEIRA (Machado de Assis)
… De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:
- Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.
- É verdade, concordou Honório envergonhado.
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem.
- Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C…, advogado e familiar da casa.
- Agora vou, mentiu o Honório.
A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos; por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais.
D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.
- Nada, nada.
Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto para a luta. Estava com, trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar mal, e a más horas.
A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua. da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.
Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, - enfiou depois pela Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.
Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil-réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, tornou a guardá-la.
Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar para quê? era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório teve um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um anjo… Honório teve pena de não crer nos anjos… Mas por que não havia de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.
“Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro,” pensou ele.
Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a carteira?… Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais dois cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.
A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.
“Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer.”
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a própria D. Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa.
- Nada.
- Nada?
- Por quê?
- Mete a mão no bolso; não te falta nada?
- Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém a achou?
- Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.
Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as explicações precisas.
- Mas conheceste-a?
- Não; achei os teus bilhetes de visita.
Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor.
(in A Biblioteca Virtual da Literatura. Disponível em: <http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/MachadodeAssis/carteira.htm >. Acesso em: 16 de outubro de 2018.)
3) O JOVEM CASAL (Rubem Braga)
Estavam esperando o bonde e fazia muito calor. Veio um bonde mas estava tão cheio, com tanta gente pendurada nos estribos que ela apenas deu um passo à frente, ele apenas esboçou com o braço o gesto de quem vai pegar um balaústre – mas desistiram.
Um homem com uma carrocinha de pão obrigou-os a recuar mais perto do meio-fio; depois o negrinho de uma lavanderia passou com a bicicleta tão junto que um vestido esvoaçante bateu na cara do rapaz.
Ela se queixou de dor de cabeça; ele sentia uma dor de dente não muito forte, mas enjoada e insistente, mas preferiu não dizer nada. Ano e meio casados, tanta aventura sonhada, e estavam tão mal naquele quarto de pensão no Catete, muito barulhento: “Lutaremos contra tudo” – havia dito – e ele pensou com amargor que estavam lutando apenas contra as baratas, as horríveis baratas do velho sobradão. Ela apenas com um gesto de susto e nojo se encolhia a um canto ou saía para o corredor – ele, com repugnância, ia matar o bicho; depois, com mais desgosto ainda, jogá-lo fora.
E havia as pulgas; havia a falta de água, e quando havia água, a fila dos hóspedes no corredor, diante da porta do chuveiro. Havia as instalações que sempre cheiravam mal, o papel da parede amarelado e feio, as duas velhas gordas, pintadas, da mesinha ao seu lado, que lhe tiravam o apetite para a mesquinha comida da pensão. Toda a tristeza, toda a mediocridade, toda a feiúra duma vida estreita onde o mau gosto atroz e pretensioso da classe média se juntava à minuciosa ganância comercial – um ovo era “extraordinário”, quando eles pediam dois ovos a dona da pensão olhava com raiva, estavam atrasados dias no pagamento. Passou um ônibus enorme, parou logo adiante abrindo com ruído a porta, num grande suspiro de ar comprimido, e ela nem sequer olhou o ônibus, era tão mais caro. Ele teve um ímpeto, segurou-a pelo braço disposto a fazer uma pequena loucura financeira – “vamos pegar um ônibus!” Mas o monstro se fechara e partira jogando-lhes na cara um jato de fumaça ruim.
Ele então chegou mais para perto dela – lá vinha outro bonde, não, mas aquele não servia – enlaçou-a pela cintura, depois ficou segurando seu ombro com um gesto de ternura protetora, disse-lhe vagas meiguices, ela apenas ficou quieta. “Está doendo muito a cabeça?” Ela disse que não. “Seu cabelo agora está mais bonito, meio queimado de sol.” Ela sorriu levemente, mas de repente: “Ih, me esqueci da receita do médico”, pediu-lhe a chave do quarto, ele disse que iria apanhar para ela, ela disse que não, ela iria; quando voltou, foi exatamente a tempo de perder um bonde quase vazio; os dois ficaram ali desanimados.
Então um grande carro conversível se deteve um instante perto dos dois, diante do sinal fechado. Lá dentro havia um casal, um sujeito meio calvo de ar importante na direção, uma mulherzinha muito pintada ao lado, sentiram o cheiro de seu perfume caro. A mulherzinha deu-lhes um vago olhar, examinou um pouco mais detidamente a moça, correndo os olhos da cabeça até os sapatos pobres – enquanto o senhor meio calvo dizia alguma coisa sobre anéis, e no momento do carro partir com um arranco macio e poderoso ouviram que a mulherzinha dizia: “se ele deixar aquele por quinze contos, eu fico”.
Quinze contos – isso entrou dolorosamente pelos ouvidos do rapaz, parece que foi bater, como um soco, em seu estômago mal alimentado – quinze contos, meses e meses de pensão! Então olhou a mulher e achou-a tão linda e triste com uma blusinha branca, tão frágil, tão jovem e tão querida, que sentiu os olhos arderem de vontade de chorar de humilhação por ser tão pobre; disse: “Viu aquela vaca dizendo que ia comprar um anel de quinze contos?”
Vinha o bonde.
(in Conto Brasileiro. Disponível em: <http://contobrasileiro.com.br/o-jovem-casal-cronica-de-rubem-braga/>. Acesso em: 16 de outubro de 2018.)
Finalizada a leitura, perguntar aos alunos: 1. O que há em comum entre os três contos? 2. Onde cada um desses contos pode ser encontrado (suporte de circulação)? a) conto 1: ________________
b) conto 2: ________________
c) conto 3: ________________ O que é um conto? Conto é uma narrativa curta escrita em prosa que possui enredo, número reduzido de personagens em cena e ação concentrada. As personagens tendem a ser prototípicas e a estrutura é fechada e objetiva, tendo apenas uma história e um conflito. Além disso, ele tem um caráter de permanência temporal (passado e atual). Os contos populares originam-se em crenças e mitos primitivos que se adaptaram a novos contextos culturais. O conto tem como foco um fato ou determinado acontecimento, geralmente ficcional, daí o seu caráter fantasioso. Ele possui um narrador, que pode ser narrador personagem, onisciente ou observador, e divide-se basicamente em três partes:
● introdução: apresentação da ação que será desenvolvida. Há uma breve ambientação do local, tempo, personagens e do acontecimento; ● desenvolvimento da ação; ● clímax: o encerramento da narrativa com final surpreendente.
Exercício. Identificar elementos característicos nos três contos e preencher a seguinte tabela:
Qual a função social do conto? O conto busca promover o desenvolvimento intelectual e despertar a curiosidade do leitor, bem como, sua imaginação e criatividade. Além disso, é fonte de inspiração para se atingir determinados objetivos e adquirir conhecimento acerca de determinadas regras sociais. Deste modo, pode-se dizer que a função social do conto altera-se de acordo com a época e o tipo de sociedade na qual o gênero está inserido.
MÓDULO 2
No gênero conto, observa-se a predominância do pretérito perfeito e imperfeito do modo indicativo, o que não significa que ele está limitado a esses dois tempos verbais.
O pretérito perfeito é um tempo verbal que indica que a ação aconteceu em um determinado momento do passado, tendo o seu início e o seu fim no passado. Por exemplo:
1. O moço meteu a mão na maçaneta,tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida. 2. De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. 3. Passou um ônibus enorme, parou logo adiante abrindo com ruído a porta (...). O pretérito imperfeito, por outro lado, indica uma ação habitual e durativa, não limitada a um momento definido do passado. Em geral, os verbos conjugados no pretérito imperfeito são utilizados em narrativas como pano de fundo ou cenário. 1. (...) a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. 2. Mas as esperanças voltavam com facilidade. 3.Ela apenas com um gesto de susto e nojo se encolhia a um canto ou saíapara o corredor (...)
Exercício 1. Complete as lacunas com a forma correta do pretérito perfeito ou imperfeito. 1. A professora de matemática sempre _____ (chegar) atrasada. 2. Antes, Maria _____ (ir) para a escola de ônibus. Agora vai de carro. 3. Antigamente, as crianças _____ (brincar) na rua umas com as outras. 4. Às vezes, José come muito, mas hoje não _____ (comer) nada. 5. Ele já _____ (ter) uma motocicleta Harley Davidson. 6. Felizmente, eles _____ (encontrar) as chaves de casa. 7. O banco _____ (fechar) mais cedo hoje por causa do jogo. 8. O supermercado _____ (abrir) às 8h30. 9. Quando eu era adolescente, _____ (jogar) futebol. Agora pratico judô. 10. Quando eu era criança, um café _____ (custar) um real.
Exercício 2. Complete as narrativas com a forma correta do pretérito perfeito ou imperfeito. Um dia, _____ (entrar) em uma loja para ver câmeras fotográficas, pois _____ (querer) viajar em janeiro. As câmeras _____ (ser) muito boas, mas também muito caras. Decidimos comprar uma mesmo assim, pois _____ (estar) prestes a fazer nossa primeira viagem a Espanha. Quando _____ (estar) no caixa para pagar, uma senhora _____ (aproximar-se) de nós e _____ (dizer): “Já _____ (ter) uma câmera como essa. Não _____ (valer) a pena.” “O que _____ (haver)?”, perguntei. “Não sei te dizer. Depois de ter economizado por cinco anos, _____ (viajar) para a Grécia. Para minha desagradável surpresa, ela _____ (parar) de funcionar logo no primeiro dia. Não tenho nenhuma foto daquela viagem.” _____ (devolver) a câmera no balcão, _____ (agradecer) aquela senhora pelas informações e _____ (sair) da loja. Quando eu _____ (ser) criança, não _____ (ver) a hora de crescer, de ser gente grande. _____ (achar) muito chato ter que acordar cedo e ir para a escola pela manhã. As tardes _____ (ser) longas, um verdadeiro tédio. Eu sempre _____ (querer) ter um cachorro, mas minha mãe nunca _____ (deixar). Ela _____ (dizer) que bicho dava muito trabalho. Os anos se _____ (passar) e eu _____ (crescer). Hoje eu _____ (saber) que aqueles anos _____ (ser) os melhores da minha vida.
MÓDULO N
Neste momento, os alunos já detêm um nível maior de informações a respeito deste gênero textual. Depois de terem lido três contos, analisado, discutido sua função social e feito alguns exercícios, passa-se à preparação para a produção de um conto. A tabela apresentada anteriormente deverá ser utilizada como apoio para a produção textual, já que o aluno deverá incluir no seu conto todos aqueles elementos, mas sem se restringir aos que foram apresentados.
Uma vez que os alunos terminaram de escrever seus contos, o professor deverá distribuir aquele que havia sido desenvolvido como primeira atividade dessa sequência didática. Feito isso, os alunos serão encorajados a comparar suas produções textuais a fim de analisar sua evolução dentro desse gênero. Além disso, o professor pedirá aos alunos que analisem seu primeiro conto a fim de apontar o que poderia ser modificado para enquadrá-lo dentro do gênero em questão.
Por último, os alunos deverão trocar o segundo conto produzido para ser corrigido previamente pelos colegas de sala. Finalizada essa etapa, o professor coletará os contos para a última correção. Ao fazê-lo, deverão verificar se estão presentes os seguintes elementos e preencher a tabela:
PRODUÇÃO FINAL Feitos os últimos ajustes e versão final dos contos, poderão ser efetivamente encaminhados para o concurso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMPEDELLI, Samira Yousseff; SOUZA, Jésus Barbosa. Gramática do texto - Texto da gramática. 1a ed. São Paulo: Saraiva, 2002. COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 3a ed. rev. ampl.; 1a reimp. – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014. FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramática. Ed. renovada. São Paulo: FTD, 2003
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Triste de se ver - Crônica -
A desigualdade social sempre me causou tristeza. A agitação da vida diária quase nunca abre espaço para a prática de atos de compaixão para com o próximo, por mais simples que sejam. Dentre tantos aparentemente desamparados, lá está ele sentado, bem cedo. Anônimo, sujo, na companhia de um vira-lata, próximo ao terminal de ônibus. Seu semblante é triste, cabisbaixo e sem esperança. Nas mãos, uma pequena caixa de sapatos ainda vazia com os dizeres: “Não posso trabalhar. Preciso da sua ajuda.”
O sol já se pôs. O dia de trabalho foi intenso e a vontade de chegar em casa é grande. A fome também é grande. Pela janela do ônibus, percebo que aquele desamparado não se encontra mais onde estava pela manhã. Terá ele conseguido algo para comer? Terá recebido a atenção de alguém? Pensar nisso é muito triste.
E mais triste ainda é vê-lo, lá longe, entrar no seu carro esportivo seminovo ao final de sua árdua jornada. Amanhã tem mais.
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Art. 3º, CF/1988
• sociedade livre, justa e solidária
• bem comum
• pobreza
• desigualdades sociais e regionais
• preconceito
• discriminação
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Todos são iguais
Direito à ...
• vida
• liberdade
• igualdade
• segurança
• propriedade
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, (...)
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“CAMINHANDO”
“Caminhando” ou “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”, por Geraldo Vandré em 1988.
CONTEXTO HISTÓRICO
Ditadura Militar Brasileira
• 1º de abril de 1964 até 15 de março de 1985, sob o comando de sucessivos militares;
• Caráter autoritário e nacionalista que teve início com o golpe militar que derrubou o governo de João Goulart;
• Nesse período, os meios de comunicação e manifestações artísticas foram censuradas.
• 2º lugar no Festival da Canção em 1968;
• Ritmo de hino e fácil memorização, logo cantada nas ruas;
• Inspirava o povo à resistência;
• Levou os militares a proibi-la, usando como pretexto a “ofensa” em alguns versos.
Geraldo Vandré. (Geraldo Pedrosa de Araújo Dias)
• 12.09.1935 (João Pessoa - Paraíba)
• 1961 - Bacharel em direito (RJ) - cantor, compositor e poeta.
• 1966 – Música Disparada – 1º Festival da Canção
• Setembro 1968 - 3º Festival Internacional da Canção da Record
• Música em 2º lugar – divergências – comando do exército
• 1973 – retorna do exílio – depoimentos que revelam a mudança de comportamento
• 2010 – entrevista GloboNews
• Crônica e não protesto
• Protesto é coisa de quem não tem poder
• Especulação:
• inspiração pela passeata dos 100 mil (26.06.1968)
• apressou o AI-5 (13.12.1968)
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