savblackthorn

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Toda vez que Savannah voltava para Berklee depois de passar uns dias em Orange Province, Boston parecia um pouco mais cinza, um pouco mais fria. Era uma sensação de que ela nunca gostara, principalmente porque demorava algumas semanas para perder a vontade de voltar para casa. Bom, pelo menos isso não será mais um problema, concluiu, com um suspiro. Ir à praia era uma das coisas que a fazia se sentir um pouco melhor sobre toda aquela história de interromper os estudos, então, nos últimos dias, o banco em que agora estava sentada havia se tornado um de seus lugares favoritos para passar o tempo. Seus olhos continuavam fixos nas ondas azuis quando sua mente começou a vagar para um futuro não tão distante, quando ela voltaria àquele mesmo banco com um bebê no colo. Assim que seu filho pudesse sair de casa, Savannah queria apresentá-lo aos lugares mais bonitos que estivessem a seu alcance, e aquilo incluiria a praia. Estava tão imersa em seus pensamentos que, por um segundo, pensou estar imaginando a voz doce que falava com um bebê atrás de si, mas logo identificou a familiaridade dela. Levantou-se do banco e andouu até onde Melanie estava sentada. “Oi, Melanie! Não tinha te visto aí.” cumprimentou, antes de abaixar-se para falar com a criança no colo dela. “E oi pra você também, Aurora! Está aproveitando a praia com a mamãe?” Sempre estranhara aquela voz infantilizada que os adultos faziam para falar com as crianças, mas agora lhe parecia algo natural.

                    “ — Com Aurora no carrinho, Melanie saia de casa para andar por Orange Province, fazia um ano desde que passeou por aquelas ruas, ainda com a filha em sua barriga, com a vida toda conturbada, sem saber o que seria dela, de Archie e da criança. No fim, acabou tudo dando certo, como muita gente tinha afirmado para ela que aconteceria. Não sabia ao certo para onde ir, sentia falta da praia, da sorveteria, dos restaurantes, das casas dos amigos, da academia de dança onde ensinava antes, sentia falta até mesmo de High Province, embora jamais fosse admitir aquilo. Algo que nunca se resolveu na sua vida era aquela questão: seus pais. Por fim, ela acabou no lugar onde sempre acaba: na praia. Acomodou-se na Flavors de frente para o mar, ajeitando a filha no colo e fazendo o seu pedido, só para depois observar a praia. —— A mamãe adora esse lugar, Rory�� Olha como é bonito. Você gosta do barulho do mar? — ela falava para a filha, sorrindo e apontando a paisagem à frente, para chamar a atenção do bebê. ”

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“E eu não gosto.” Respondeu em um tom de voz seco, optando por não falar mais no assunto. Se Savannah perguntasse, ela iria contar sobre o que aconteceu entre os dois, porém, nada mais além disso. Certas coisas deveriam ser deixadas para trás. Assim que a amiga sentou-se ao seu lado, Tessa tocou o ombro dela em uma tentativa de reconforta-la. “That’s so fucked up, Sav.” Resolveu acompanha-la, jogando seu corpo para trás e fixando seu olhar no teto enquanto tentava organizar toda a situação em sua mente, pois só assim conseguiria arrumar alguma forma de ajuda-la. Fazia o possível para se colocar na situação da loira, no entanto, se estivesse em seu lugar, a Bennet provavelmente optaria por não seguir com a gravidez; parecia mais fácil do que sustentar uma mentira tão grande. “É, ele não vai.” Concordou, embora não estivesse tão convencida disso. Savannah teria que ser muito fria e calculista para não deixar nada passar. “Você vai ser uma ótima mãe, tenho certeza disso.” Direcionou seu olhar para o dela, deixando um pequeno sorriso se formar em suas feições. “Agora que eu carrego esse segredo gigantesco, o mínimo que você pode fazer por mim é me deixar ser madrinha, né? C’mon, I’m the best for this job!” Brincou, tentando anima-la um pouco.

Sem falar nada, Savannah concordou em deixar o assunto Lucas por ali mesmo. Não tinha por quê insistir em falar de algo que claramente deixaria as duas desconfortáveis. Quanto à outra afirmação feita por Tessa, a resposta de Sav foi uma leve risada sem humor algum; não poderia discordar quando ela mesmo repudiava o que fizera. Ficou contente ao notar a mudança de postura da amiga, ansiava por um clima mais leve do que aquele. Deitada na cama, Savannah retribuiu o olhar e o sorriso de Tessa, feliz em permitir que a conversa tomasse um rumo mais agradável. “I hope so.” respondeu, ainda não acostumada à palavra mãe, ainda que ouvi-la ficasse menos assustador a cada dia. Ela alargou o sorriso e riu o mais alto que pôde ao ouvir as palavras que a outra garota disse em seguida. Era um alívio poder rir. “É claro! Já consigo até ver você e a Dakota estragando essa criança.” falou. “Vai ser o bebê mais mimado de toda a Califórnia.”

flashback | savannah + tessa

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“ — Sério?” Ela sorriu, surpresa. Realmente era um bom ambiente pra se trabalhar, especialmente com a loira decidindo retornar. “ — O Fred ainda acha que ele é a reencarnação do Elvis enquanto lava a louça? Ou ele não trabalha mais aqui?” Referia-se à um dos cozinheiros de quem lembrava com carinho, sempre cantando as músicas do rei enquanto trabalhava.

Savannah riu da pergunta da morena, divertindo-se. “Of course, este lugar não seria o mesmo sem ele.” respondeu. “Ele não está aqui agora, mas se você quiser entrar e dar um oi pro pessoal, tenho certeza de que eles vão adorar. Eu sou a Savannah, aliás.” completou, achando que seria adequado se apresentar.

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“ — Thank God.” Brincou, jogando-se num pequeno espaço no chão, um dos poucos disponíveis para serem ocupados por um corpo humano. Como alguém que havia saído da casa dos pais — em uma tentativa de se sentir mais responsável e livre — e como o mais velho, Apollo não deixaria, em momento algum, de apoiar os irmãos em suas mudanças. Agora, Aphrodite deveria ser a única que ainda residia na casa dos Blackthorn, mas ela era a única que ele não conversava a respeito de mudanças por saber do contexto. “ — Acho que vou querer água.” Riu, espreguiçando-se onde estava, preguiçosamente. “ — Ou podemos pedir alguma comida. Tem certeza que não quer dormir lá em casa essa noite?”

“Water it is.” respondeu, espalhando o tom divertido do irmão. Savannah tirou a jarra de água da geladeira, pegou dois copos vazios em uma das caixas no chão e os serviu. Bastou Apollo mencionar comida para a menina sentir seu estômago roncar. “Yes, please. O que você está a fim de comer? Eu topo qualquer coisa, desde que você não me julgue por comer por dois.” falou, levando os copos para onde estava Apollo, tomando cuidado para não esbarrar nos vários objetos espalhados pelo chão. Ela sento-se ao lado do rapaz e recostou-se na parede mais próxima. “E sim, tenho certeza. Eu gosto de dormir sozinha. Além disso, tô cheia de coisa pra arrumar, e eu sempre tenho mais energia à noite do que de dia.”

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“Bom, ele fez isso comigo.” Engoliu em seco, soltando um longo suspiro. Tessa não gostava de falar sobre sua época no ensino médio, mas Savannah precisava saber com o que estava lidando caso quisesse dar continuidade à mentira. Lucas não era lá muito conhecido por guardar aquele tipo de segredo, então, a merda poderia explodir a qualquer momento. “Garantiu?” Arqueou as sobrancelhas em surpresa, sentando-se na cama e colocando uma das mãos sobre o rosto. Se fosse a Bennet naquela situação, provavelmente já teria enlouquecido. Não conseguia entender como Sav tinha aquela coragem, mas esforçava-se o máximo para não critica-la. “Droga, Sav. Você precisa fazer o possível para que o Tyler não descubra. Não sei se uma relação consegue sobreviver à esse tipo de coisa, mas você deve saber o que está fazendo. I mean, you do know, don’t you?”

Savannah suspirou ao ouvir a resposta da Tessa. Sabia vagamente do que acontecera entre ela e Lucas, mas na época do ocorrido já estava em Boston, então nunca ficou sabendo dos detalhes. “Eu achei que você não gostasse de falar sobre isso.” disse. Resolveu imitar Tessa e sentou-se na ponta da cama, só então se dando conta da sensação de cansaço que o estresse provocava em seu corpo. Quando percebeu que precisaria elaborar o que havia acabado de dizer, respirou fundo e direcionou o olhar para a parede à sua frente, evitando os olhos da amiga. “Quando eu voltei pra Boston e descobri que estava grávida, não tinha como ser do Tyler porque eu só tinha transado com o Lucas em OP. Mas eu voltei pra cá logo depois e... Bom, não foi muito difícil corrigir isso. Ugh, eu sou uma pessoa horrível.” Ela jogou o corpo para trás, de modo que as costas encostassem no colchão macio, e começou a massagear as têmporas em uma tentativa patética de aliviar a culpa. “Eu pensei em tudo, ele não vai descobrir.” respondeu, transmitindo mais confiança do que realmente sentia. “Tess, tudo o que eu sei neste momento é que eu preciso garantir o futuro do meu filho. E é isso que eu tô fazendo.” Quase que por instinto, colocou a mão direita sobre a barriga. Ainda não era possível sentir nada, claro, mas ultimamente aquele simples hábito vinha trazendo certo conforto para Savannah. 

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    A garota a qual dividia o apartamento havia saído deixando Raelyn sozinha e como toda noite, Rae passava as noites em claro no celular. E pra variar, estava completamente sem sono, porém exausta. Não conseguia se desligar e o conforto do sofá onde vasculhava suas redes sociais lhe impedia de ir para a cama tentar dormir. As batidas na porta lhe desconcentrou, ela levantou indagando a si mesma quem poderia ser, deixou o celular em uma mesa próxima e abriu a porta, dando de cara com a loira desconhecida, não se recordou de ter visto-a por aí.  “— Oh, é claro.  ” Ela estranhou o pedido e obviamente não ficaria sem carregar seu celular nos próximos quinze minutos, sem chance de emprestar o próprio carregador. Negou com a cabeça pra si mesma. Pensou em uma solução rápida ao encarar as orbes claras da garota a sua frente e em seguida, seu celular.  “ — Eu tenho um carregador que não uso há bastante tempo. Na verdade, ele é um pouco lento, mas eficaz. Eu só preciso me lembrar onde coloquei. ”

“Ótimo! A lentidão não será um problema, todos os meus planos para hoje envolvem ficar bem perto de uma tomada.” respondeu, sorrindo. “Se você quiser, eu te ajudo a procurar.” ofereceu. Não precisou de muito tempo para perceber como aquilo havia soado, e tratou de se corrigir. “Quer dizer, não estou me convidando para a sua casa nem nada assim. Só não quero te dar trabalho.” explicou apressadamente. “Também posso esperar aqui fora enquanto você procura. O que for melhor pra você.”

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aphrcdities

Era um tanto irônico a forma como a relação entre as duas havia se desenvolvido ao longo dos anos. Talvez por serem tão parecidas, por terem medos e inseguranças similares, as brigas já devessem ser um esperado fruto. O mesmo tanto de ciúmes que Savannah sentia de si era o que Effy sentia da irmã, principalmente pelo fato dela ter sua idade e ter “chegado depois”, de certa forma. Porém, depois dos altos e baixos de suas vidas, a garota havia aprendido a relevar. Ainda sentia certo incômodo, às vezes, mas não deixava que isso atrapalhasse sua relação com a irmã. Naquele dia, não esperava que ela fosse lhe acompanhar ao ensaio fotográfico que tinha, o que lhe deixou feliz, é claro, mas um pouco nervosa também. Tinha medo da opinião que a irmã poderia ter de seu trabalho, de não ter sido o suficiente… Balançou a cabeça, após ter tirado sua última foto, suspirando em alívio. Não demorou para saltar da parte do cenário em que se encontrava, correndo até a irmã. “Sério?” Perguntou em um tom misto de surpresa e de felicidade, como se estivesse esperando pela aprovação da irmã, mesmo que não soubesse disso. “Eu dormi tão mal essa noite que fiquei com medo de como iria sair… Mas obrigada, Savie!” Agradeceu com um sorriso, circulando o braço da irmã com o seu próprio. “O que acha que comermos juntas depois que eu trocar de roupa?”

Savannah riu em resposta à animação da irmã. Gostava de ver aquele lado de Effy, o lado alegre e descontraído. À exceção do pequeno Max, nenhum dos irmãos Blackthorn tivera o que se pode chamar de uma infância normal, então era uma surpresa bem-vinda quando algum deles agia de forma mais... Infantil. “Seríssimo.” respondeu, com um sorriso no rosto. “Oh, please, você não ficaria com cara de cansada nem se tentasse.” falou. “Topo! Estou morrendo de fome.” A última afirmação não podia ser mais verdadeira; desde que engravidara, Savannah sentia que seu apetite havia triplicado. Pelo menos era melhor isso que ficar enjoada o tempo todo, como algumas mulheres haviam relatado. A loira andou até a parte do estúdio onde algumas das modelos trocavam de roupa, a fim de acompanhar Effy. “Mas me diz, por que você dormiu tão mal? Está nervosa com alguma coisa?”

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📅 Your birthday // 🔑 Key to your heart

📅

Vinte e cinco de março! As pessoas costumam fazer cara feia quando descobrem que eu sou de áries, mas eu juro que não sou tão má assim.

🔑

Fácil: música. E sorvete.

[savblackthorn]

⚜️ - what would make the perfect day for you?

Acho que uma combinação das coisas que eu mais gosto. Ele definitivamente envolveria um show em algum momento, talvez um em que eu pudesse tocar um pouco. E eu com certeza gostaria de passá-lo com as pessoas que eu amo; quanto mais gente, melhor. Também seria importante poder ir dormir a hora em que eu quisesse, sem me preocupar com trabalho, ensaio ou qualquer outra obrigação no dia seguinte.

[savblackthorn]

freckles: what’s something that makes you happy? describe the first thing that comes to your head.

A primeira coisa que me vem à cabeça? Minha família. Tenho tantas memórias boas de dias passados com eles… Acho que o que me faria feliz no momento seria ter só mais um dia desses, de preguiça em casa com meus pais e meus irmãos.

[savblackthorn]

❛ You know I’m here for you, right? ❜ [Effy]

“Yeah, I do.” Savannah ofereceu um sorriso fraco para a irmã. Ela limpou as lágrimas que ainda manchavam seu rosto, finalmente sentindo que não iria voltar a chorar. “I love you, sis.” falou, repousando a cabeça do ombro da outra garota. Sabia que as coisas não seriam fáceis dali em diante, mas, naquele momento, era suficiente saber que não estaria sozinha.

[savblackthorn]

A Simple Favor (2018) dir. Paul Feig

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Meredith acabou rendendo-se à nostalgia para passar pela porta da Cake Shop, varrendo os olhos pela loja antes de ser recebida por quem parecia ser a atual atendente. “ — Uh, não, na verdade não. Só passando pra descobrir que esse lugar continua tão legal quanto sempre foi.” A policial colocou as mãos nos bolsos da calça, de repente sentindo a necessidade de explicar-se: “ — Passei mais horas da minha adolescência aqui dentro do que posso dizer. Até fiz alguns meses de bico, provavelmente na mesma posição que você.”

A resposta da cliente fez o sorriso de Savannah se expandir. “Eu te entendo.” respondeu. “Eu trabalhei aqui uns anos atrás e acabei de voltar. Te garanto que ainda é tão legal quanto sempre foi.” Ela gostava de falar da Cake Shop, e gostava mais ainda quando encontrava alguém que gostava do lugar tanto quanto ela. A loja sempre tivera e sempre teria um lugar especial em seu coração.

[savblackthorn]

txssbnt

Procurou ouvir com atenção,  tentando ao máximo não julga-la. A situação já era bem séria e, muito provavelmente, Savannah lhe contava pois buscava apoio, não alguém para critica-la, embora fosse praticamente impossível não fazê-lo, pelo menos não mentalmente, uma vez que pensava que existiam outras opções além da atitude tomada. Mas ao se por no lugar dela, Tessa se deu conta que talvez acabasse tendo a mesma atitude em uma situação parecida, visto que era bem impulsiva em alguns momentos. “Claro que não! Eu prometi, não prometi?” Perguntou, chateada por Sav duvidar de sua palavra.

“Lucas Ortega?” Arqueou as sobrancelhas em surpresa, ignorando a menção da loira sobre não contar nada para o namorado. Tyler merecia a verdade, no entanto, Tessa tinha outras coisas em mente. “Eu conheço ele! Meu deus…Esse cara é um idiota, Sav. Você tem certeza de que ele não vai andar com a língua nos dentes sobre vocês dois?” Não queria assusta-la, porém, não conseguia deixar de pensar no comportamento de Lucas na época do ensino médio, não sabia como ele estava agora, mas imaginava que não havia mudado.

A reação de Tessa não era nada fora do esperado. Nas últimas semanas, Savannah vinha exercitando a memória a fim de lembrar de tudo o que já ouvira sobre Lucas, e a maioria das coisas não eram boas. Não sabia de muitos detalhes, principalmente porque já estava em Boston quando o rapaz se formou, mas aquilo só a deixava mais segura de que estava fazendo a coisa certa para seu filho. Recusava-se a contar a verdade para Tyler ou para qualquer outra pessoa envolvida só para aliviar a própria consciência.

“É exatamente por isso que ele nunca vai saber a verdade.” respondeu, o mais calma que pôde. “Eu não vejo razão para ele contar para alguém sobre ter transado comigo e tudo mais, mas, mesmo se o Tyler acabar sabendo, a gente sobrevive a isso. Eu tenho certeza. E, hm, além disso...” Umedeceu os lábios antes de continuar falando, envergonhada pelo que estava prestes a revelar. “Matematicamente, o filho pode ser do Tyler. Eu garanti isso.” falou, sem entrar em detalhes. Ela se sentia a pior pessoa do mundo; além de estar embarcando em uma mentira que a seguiria pelo resto da vida, ainda havia calculado todos os detalhes para que nunca fosse pega.

flashback | savannah + tessa

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ortegaboy

Não conseguindo acreditar na sua onda de azar por se apaixonar por uma das melhores amigas de uma garota que havia magoado muito no passado, estava desolado ao sair da casa da Nellie, após mais uma tentativa de ficar com ela e sendo recusado pois ela conhecia o seu passado. Aquilo era a definição perfeita de “meu passado me condena”, e Lucas estava pagando um preço muito alto por isso. Era difícil ele sentir essa conexão com alguém, sempre fora. E esse era o principal motivo de estar tão preocupado, a ponto de ter deixado a casa da garota pensando que nunca mais encontraria o amor.

Já havia passado um tempo com sua família, e embora tenha dito que iria sair por uns instantes – para visitar Nellie – avisou que voltaria logo, mas ao passar por um bar que, estranhamente, estava aberto no dia de Ação de Graças àquela hora da noite, ele decidiu entrar e beber um pouco. Seria diferente estar do outro lado do balcão, geralmente ele é quem prepara as bebidas, então talvez fosse bom tomar algumas agora para, quem sabe, chegar em casa e dormir logo, sem ficar pensando demais naquele assunto.

Surpreendentemente, o bar não estava tão vazio, e internamente o garoto começou a se perguntar o motivo que levou àquelas pessoas a estarem ali naquela noite, supostamente, especial e familiar. Adentrou o ambiente, indo diretamente para o balcão, sentando-se na cadeira arredondada e percebendo uma outra garota fazer seu pedido, aguardando para que fizesse o seu em seguida. “Me dá alguma coisa com tequila.” não queria beber pura, por enquanto, mas deixou para o bartender fizesse alguma especial utilizando a tal bebida mencionada. Virou o rosto distraidamente, franzindo o cenho ao olhar a garota ao seu lado, demorando alguns segundos para reconhecê-la. “Savannah? Você é a Savannah, irmã do Apollo, não é? Não que seja da minha conta, mas por que tá sozinha num bar no Dia de Ação de Graças?”

Ouvir alguém chamando seu nome foi uma surpresa um tanto desagradável. Savannah esperava que estar em um bar no dia de Ação de Graças em uma cidade que nem era mais a sua significasse poder passar a noite sozinha. Ainda que fosse educada demais para dar um fora em quem quer que estivesse chamando, não conseguiu se forçar a sorrir ou tentar parecer gentil ao virar o rosto. Provavelmente não teria reconhecido o rapaz ao seu lado se ele não tivesse dado uma pista. Great, era um amigo do Apollo, o que o colocava na categoria de pessoas com quem Savannah não tinha muita intimidade para conversar, mas com quem precisaria ser minimamente simpática.

A cerveja que havia pedido foi colocada à sua frente e ela deu um gole antes de responder. “Yep, sou eu.” falou. Teve vontade de retrucar que não, realmente não era da conta dele o que ela estava fazendo ali, mas sabia que o clima ficaria demasiado desagradável, o que acabaria tornando a noite dela ainda pior. Resolveu responder da forma mais vaga possível. “Eu, hm, tive um imprevisto. Tinha planos para passar a noite em um outro lugar, mas acabou não rolando, então eu vim parar aqui.” disse, enquanto os dedos começavam a puxar o rótulo da garrafa. Não estava mentindo, só simplificando a situação. Bastante. “E você?” perguntou, virando-se para o moreno, não porque realmente quisesse saber da vida dele, mas porque não queria falar mais da sua. Mentalmente, tentava ligar aquele rosto a algum nome, mas sua memória não ajudava.

flashback | savannah + lucas

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brandmorgan

O rapaz riu levemente diante da pergunta da loira e guardou no bolso do uniforme a flanela que usava para limpar as mesas. “Acredite, eu não julgo ninguém por querer mais sorvete. Aliás, esse sabor é meu favorito.” Brandon recolheu o pote vazio de cima de mesa, um sorriso simpático em seu rosto. “Você quer no pote ou prefere que eu coloque numa casquinha? Vai querer mais alguma bola além da de chocomenta?”

Savannah retribuiu o sorriso do garoto. “Neste caso, você ainda vai ter que me aguentar aqui por um bom tempo.” respondeu. “No pote está bom. E por enquanto só essa mesmo...” Inclinou-se para ler a plaquinha afixada à roupa do rapaz. “...Brandon.” completou.