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hilário
meus amigos me ligaram semana passada preocupados perguntando se eu ainda doía quando pensava em nós. engraçado, eu ri comigo mesma. em outros tempos tudo aqui seria uma grande lembrança de nós. o lençol da minha cama ainda teria o contorno do teu corpo e minha playlist confessaria que as últimas músicas tocadas eram as tuas preferidas. meus lábios teriam o gosto da cerveja que você mais gostava de tomar e a boca do fogão ainda estaria quente de preparar a sua refeição, aquela comida, que tu julgava sendo a tua favorita. ainda existiria uma foto nossa do "começo da nossa história" na mesa do meu computador, mas com a data errada só pra provar que só eu ousei lembrar bem de nós. que engraçado, eu ri comigo mesma. nesses dias eu esbarrei com uma frase na internet que dizia muito bem: mata a esperança que a dor passa. pois bem, matei. e tudo aquilo que deveria ser uma grande lembrança de nós deu espaço ao grande vazio dos teus "e ses", das suas frases sempre prontas mas nunca ditas, do muito prometido e o pouco dado. minha cama agora já não te espera chegar tarde da noite na incerteza da vinda, porque aqui não cabe mais a tua imprevisibilidade. minha playlist agora tocam novas canções que você odiaria, juntamente com as que um dia foram suas preferidas, mas agora pertencem a mim. minha boca agora nem lembra mais o gosto da tua boca porque eu parei de beber. sóbria, acho que eu nunca fui muito fã de cerveja. agora a casa tem o cheiro de comida diferente, o tipo quente que não te espera mais chegar pra almoçar. hoje o tempo corre no meu tempo, e não no teu. porque hoje tudo que deveria ser lembranças de nós se tornou o vazio dos "e ses" que você tanto cultivou aqui dentro. como esperança de que fosse, mas não foi. e nesses dias eu esbarrei com uma frase na internet que dizia muito bem: mata a esperança que a dor passa. pois bem, matei. engraçado, eu ri comigo mesma, e respondi a quem quer que interessasse: como eu vou doer por aquilo que nunca existiu?
voarias
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(me) devolva-me
rasgue as minhas cartas e, não me procure mais. assim será melhor, meu bem.
te enderecei cartas com palavras vindas do peito quando acho que tu não entendia nem o que minha boca te pronunciava, mesmo quando achei que fosse o nosso fim. escondi nas entrelinhas o medo que eu tinha de forçar meus pés a acelerar o passo, enquanto te via correr sem medo nenhum. te falei de amor vezes demais até entender que o que significava pra mim não entrelaçava em ti.
“se a gente se perder, a gente sabe o quanto perde”
o retrato que eu te dei, se ainda tens, não sei. mas se tiver, devolva-me.
capturei teu rosto em todos os cômodos da casa, pintei teus olhos iluminados pelas brechas da janela do meu quarto, e agora parece que tudo virou um grande álbum de fotografia de todas as vezes que tu riu pra mim e tua risada ecoou por cada canto do meu lar.
desenhei na palma da minha mão nosso futuro, acreditando em qualquer cigana de esquina que estávamos destinados um ao outro. logo eu, que sempre disse que nunca acreditei em algo acima de nós, e logo você… que eu nem lembro mais.
“se a gente se perder, a gente sabe o quanto perde”
de todas as lembranças, os planos, a sessão das 22h que ficou pra depois e nunca mais, o vinho que nunca vai ser aberto, o que mais perdemos foi o que nem sabíamos que podíamos perder.
e se?
o que nem teve chance de ser, o que podia ter sido, o que nem demos chance de ser. o que nem tivemos escolha de ser, ou não.
mas… e se?
e se a despedida tivesse sido diferente, se eu tivesse usado outro calçado, se as nossas esquinas tivessem se cruzado, se tivéssemos dado as mãos, se tivéssemos pegado a estrada naquele dia, se fosse em uma outra vida?
o nosso “e se” teria sido?
não sabemos. nunca vamos saber.
será que eu estaria pronta para a resposta?
não sei. se a gente se perdesse, a gente saberia o que perdeu.
eu sei o que eu perdi.
– voarias
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Podemos fingir que é a primeira vez?
dançamos sobre o caos, abraçando a ruína que fomos. nos movimentamos no ritmo que vimos os destroços cedendo, o laço enfraquecendo, a condenação de qualquer futuro que fosse. entrelacei meus dedos nos teus enquanto assistimos o tempo nos engolir e aos poucos tudo de nós ser consumido, inundando todos os cômodos, becos e vielas dos nossos corações, sufocados até o pescoço. até não restar mais nada a fazer.
“a pior das bençãos, a mais bela das maldições.”
te vi habitar em mim, desvendar meus segredos, não temer as rachaduras que aqui dentro crescem, arrebentam. te vi envolver minha escuridão com teus braços, acalmar meu caos, abrandar meus gritos internos. te vi derrubar, uma a uma, cada barreira que ergui no meu peito para não sangrar novamente, só pra me apunhalar em cantos distintos numa próxima vez.
me fez chegar ao paraíso com a mesma boca que me fez conhecer o inferno, envenenou minhas veias de ti, possuiu minha mente, me tirou a razão e o chão. me fez acreditar no amor e ao mesmo tempo jurar nunca mais senti-lo.
tu arrebentou meu peito de dentro pra fora, me fez sonhar e planejar sonhos que nunca ousei pensar tão longe assim, só pra arrancar dos meus dedos como doce em mão de criança.
“te vi desistindo disso, desistindo de mim. logo você, que nunca vi desistir de nada.”
“mas, às vezes, dar um salto à frente significa deixar algumas coisas para trás… então…”
“podemos fingir que é a primeira vez?”
podemos fingir que existe um mundo paralelo, em outra vida mas ainda nessa, que nossas paredes nunca irão virar meros escombros, que o que sonhamos juntos não vão virar apenas memórias jogadas numa gaveta qualquer, que o nosso laço tem força o suficiente para não arrebentar por mais que a vida force? podemos fingir que dar um salto à frente e deixar algumas coisas para trás vale a pena pela pessoa certa? podemos fingir que a nossa música ainda não acabou e seguimos nosso ritmo como se nossa dança tivesse destinada a durar uma vida inteira?
que o que ressoa do teu peito pro meu é mais forte do que qualquer coisa?
me diz: “podemos fingir que é a primeira vez?”
— voarias, inspirado em Arcane.
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1 - Você merece sempre o melhor, nunca esqueça do seu valor. Autorias AQUI 🌈
Desculpa a demora. Rebloguei ❤️
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Eu sou pura agitação, me estende a mão, não me deixa cair no chão.
Nessa Cross
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Mais uma madrugada com a ansiedade me fazendo companhia, mais uma vez meus pensamentos não dão trégua e me tiram o sono. Me preparo para mais uma batalha, luto com todas as minhas forças contra, mas ela sempre acaba vencendo e só me deixa dormir quando o dia estiver quase amanhecendo.
Apenas um desabafo, Nessa Cross.
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Talvez não fosse para ser. Mas e quando vai ser? Cansei de esperar e nunca acontecer.
Nessa Cross
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Estou no caminho certo? Fantasmas do passado voltam Para me assombrar Dia após dia É uma luta constante Consegue ver através do meu sorriso? O que vê é apenas uma fachada Por dentro estou aos pedaços Sem saber por qual caminho seguir
Consegue sentir?
Apenas um desabafo, Nessa Cross.
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Ontem te vi em uma foto sorrindo e não senti nada; não existe mais amor por você aqui dentro de mim. Respirei aliviada.
Nessa Cross
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Meus sentimentos sempre estão à flor da pele, é difícil controlar as minhas emoções; basta um simples estalar de dedos para tudo desencadear aqui dentro.
Nessa Cross
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Lembrete
Você é a sua prioridade Se ame e se valorize Para ser seu próprio abrigo Quando estiver só
Nessa Cross
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Você não se importa Será que algum dia se importou? Não posso voltar no tempo Quem me dera! O tempo passou e eu mudei Mas seguimos caminhos opostos Nos perdemos e nos afastamos Será que algum dia iremos nos encontrar Com nossos corações mais leves Livre de toda magua e rancor?
Apenas um desabafo, Nessa Cross.
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Cresci com medo daquele filme O Grito e o pior é que eu nem assisti, eu só vi poucas cenas. + rvb
Rebloguei ❤️
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surreal
Dois atores entregando suas linhas uma após outra, pois sabíamos o que devia ser dito e o que não, mas também sabíamos não mentir. As colheres de afeto eram medidas precisamente para não prometer muito, porém também não entregar pouco. O contrato claro dizia que enquanto dentro das mesmas quatro paredes eu estaria refém das suas canções e você do meu olhar semi atento, semi distante. A letra lentamente se tornando sobre nós dois juntos, com seu corpo sob o meu. Meio sexy, meio romântica, assim como seu abraço tão hábil. Nada em nós transmitia permanência, ainda que a repetição fosse um deleite. Decorando teu endereço, a ordem das músicas e quantas delas demoramos antes de atingir o êxtase. A brevidade não me salva a memória, sua marca se instala tão clara quanto quaisquer outras. Nasci para ser marcada, nem sua personalidade ressabiada poderia evitar. Tentando fazer chá com água morna. Panela vigiada era nosso encontro mais carnal que de almas, sem ferver. Algo em meu peito até tinha vontade de ver a loucura se apossar do sangue nas veias, mas algo em nós jamais poderia produzir tal efeito, pois nos encontramos para ser apenas o que fomos. Vidro embaçado, voz grave na caixa de som, poesia barata na mente. Seu aperto forte na minha cintura, meus lábios passeando pelo teu pescoço, nosso abraço ensaiado. [É surreal, eu deixo por escrito.] Marcada pelo nosso enlace raso, como todos os outros que não viraram nada além de marcas na manhã seguinte.
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bleeding love
Observo sua casca dissolver entre palavras que te acertam o âmago de surpresa, como se não tivesse mecanismo de defesa programado para suportar tanto afeto bruto mirado certeiro em teu coração. Seus olhos me absorvem e desviam. Suas mãos desenham padrões circulares nas minhas costas, na minha cintura, nos meus lábios. Magnetizados, com as pernas embaralhadas e mãos se encontrando, como se feitos para envolver num ninho. Minha pele chama a tua e elas se juntam em toques tão ternos, em instintos tão vorazes. Uma fragilidade feroz consumindo as suas pupilas semi dilatadas e as minhas quase não visíveis, alastrando chamas por esse campo já tão conhecido, tão habituado a incêndios.
Esquivos, péssimos mentirosos, ruins de jogo. Acreditando que não falar em voz alta nos salva da devastação. Calculando as frases, porém, o ato falho está sempre na próxima esquina. Observo teu eu me interiorizando, colocando bandeira em cada terra sem nome, entregando seu país a mim. Preencho suas lacunas, seus tempos livres, seus silêncios e até mesmo suas companhias. Meu nome incomum te soa quase bobo de tanto que fala, o seu me vem como qualquer outra palavra com a qual cresci. Silenciosamente ocupo teu espaço, você marca agressivamente o meu.
E eu deixo.
Minhas bandeiras lilases tocando teu solo, suas palavras distraídas enfeitando meus poemas, nossas confusões costuradas com linhas douradas. Abro a boca prestes a falar de amor e fujo no último segundo, mas não sem antes de ser surpreendida pela sua audição tão atenta que ouve até o que nem tive coragem de dizer. Tão atento a minha fuga que foge também.
E eu deixo.
Tão convicta de que amor não existe, de que se inundar é dilúvio sem aliança, desespero. Certa de que não poderia acontecer mais uma vez, enquanto percebo que meu peito pesa e incinera palavra por palavra. Preenche as minhas lacunas, meus tempos livres, me fazendo questionar repetidamente: como alguém que não acredita mais em amor pode amar tanto assim?
Me percebe cair, me afogar, romper em chamas, engolir perguntas, fugir de respostas e falhar na dissimulação. Ainda assim, sua pátria se pinta de violeta, seu vocabulário me veste, sua rotina me presentifica. Tudo isso sem declarar nada, para nos salvar da devastação, me fazendo pensar que você tem medo do amor também. Cheios de cicatrizes e marcas do tempo, nos deixando ser cortados mais uma vez. Sangrando.
[you cut me open and I keep bleeding love.]
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state of grace
amo com o corpo todo, das pontas dos pés até a ponta do nariz. amo tocando-te quando menos espera, gravando pelo tato cada uma de suas pintas e cicatrizes. tenho essa mania de amar tocando, grudando o cheiro na pele. me apaixono pelas nuances da mesma forma que me apaixono pelos determinismos mais dicotômicos. amo o preto no branco, mas também o cinza, desde que seja seu. conhecendo cada pedaço de pele como conheço a minha própria. [we fall in love 'til it hurts, or bleeds, or fades in time] te recebi tão inesperado em meu coração, um acontecimento tecido em várias eras. nem te vi chegar e estava ali, com tudo montado pra ficar, com o imperativo de fazer história. escrevi nosso enredo feito uma descrição tátil, desde a insegurança em encostar em tua mão até a certeza me entrelaçar contigo. num movimento meio narcísico, meio primitivo, acreditando de novo que um outro corpo quase é extensão do meu. acreditando que te ter por perto é meu direito de nascença. remontando imagens e construindo outras novas nesse mosaico de corações partidos, amando com um amor valente e selvagem. a história desse amor é a composta por gestos, mãos e arrepios, substituindo gradualmente a hesitação pelo pertencimento. passo a passo relembrando meu eu mais ingênuo de que talvez acreditar em destino vale a pena. acreditar que nasci com essa mania de amar com as mãos só para poder me declarar a você repetidamente no escuro.
[and I never saw you coming and I'll never be the same]
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