retratovago
Você existiu e então , nada .
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retratovago · 11 days ago
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como é viver sozinha num mundo onde se relacionar é o padrão
recentemente eu encontrei na internet uma série de vídeos de mulheres (sempre mulheres) falando sobre solidão e sobre como é dificil viver sozinha, sem um relacionamento e sem ter tido a experiência de ter um companheiro, um casamento ou uma relação romântica/carnal. num dos comentários mais curtidos de um desses vídeos, havia a seguinte mensagem: "é muito bizarro que nós vivemos em um momento em que estamos tão conectados uns com os outros, mas ao mesmo tempo tão sozinhos". e eu entendo bem como é isso. muito cedo na minha vida, eu larguei o mundo externo: por decorrência da depressão, tive uma pausa de quase uma década nos estudos, relacionamentos com a família, amigos ou possibilidades amorosas. meu primeiro beijo foi aos 21 anos. minha primeira relação, veio logo depois e veio como um grande trauma que eu não queria encarar na época.
acredito que eu não seja vista como uma mulher muito fora do padrão físico... talvez o fato de pesar 59kgs e ter 1,67 de altura tenham sido fatores "ao meu favor", num mundo tão gordofóbico e cheio de outros preconceitos. mas ter crescido sem uma figura feminina, com diversas questões sobre sexualidade (atualmente me vejo como uma pessoa bissexual), com uma pele não tão regular (as estrias começaram aos 12 anos, junto com uma dismorfia e uma bulimia que me acompanharam por anos), uma dificuldade de me relacionar e me permitir ser f´ragil ou vulnerável num lugar onde pra mim sempre houvera apenas vazio, uma lacuna sempre causada por alguém que havia ido embora antes... enfim. muitas camadas, problemas que faziam tudo ser extremamente complicado e dificultavam em níveis astronômicos qualquer tipo de tentativa.
no fim do dia, eu achava que ficaria sozinha. quando tive o meu primeiro relacionamento - aos 22 anos - e ele acabou com o cara "me abandonando" quando tive uma crise depressiva e estava apenas começando o tratamento com medicação e terapia, tudo me pareceu um grande atestado de que a minha sina seria a solidão. uma certidão de insignificância.
as experiências seguintes não foram muito melhores e eu sempre acabava chorando, enquanto o cara terminava o relacionamento me deixando com a sensação de que o problema era eu. e às vezes ainda sinto que é assim. inclusive, da última vez, foi tão ruim que eu simplesmente cogitei que talvez me suicidar fosse uma boa opção; afinal, acabar sozinha num mundo que está sempre esfregando relacionamentos nas nossas caras, não era uma opção boa o suficiente.
e acredito que esse é o problema.
hoje, solteira há 3 anos e meio, sempre que saio de casa vejo uma infinidade de casais. há casais no cinema, de cochicho e mãos dadas, beijinhos sutis e tímidos. há casais nas propagandas dos totens de pontos de ônibus e na tv's do metrô. casais preenchendo espaços nas calçadas, casais fazendo vídeos de declaração no instagram, carrocéis de fotos e trends sobre como se conheceram. tudo fazendo a vida solteira parecer uma grande merda, um vazio. tudo parecendo gritar que as coisas só fazem sentido dentro de um casamento, um namoro, um flerte. e é claro que no fim eu só queria ficar bonita com essa finalidade: agradar e conseguir uma paquera. sair sozinha ainda parece uma piada, mesmo depois de mais de 3 anos. e não ficou mais fácil. muito pelo contrário: durante uma sessão recente de terapia, a questão se evidenciou quando me dei conta de que a vida toda eu só enchergava valor em ser, fazer, ter, porque precisaria disso pra ser admirada e desejada. não à toa muitas mulheres, ao se verem divorciadas e trocadas por versões mais comportadas e mais jovens de si, ficam tão deprimidas.
aos 27 me acho velha.
e claro: me peguei pensando nas mulheres dos vídeos supracitados, na mulher de 42 anos dizendo que havia cultivado um sentimento dentro de si mesma desde a adolescência, um sentimento que ela não poderia dar aos amigos, à família ou à estranhos. algo que a direcionava para o fato de estar sozinha. a falta de um alguém pra dividir a vida e amar ROMANTICAMENTE. hoje, dia 31 de dezembro de 2024, acordei com a certeza de que eu queria ser a mulher com um companheire fazendo uma viagem pra praia, pra Minas Gerais, ou indo visitar a família chata da pessoa, chegando com um prato de comida e uma garrafa de vinho, usando uma roupa branca, brincos bonitos e de mãos dadas. a realidade de ser apenas uma mulher de franjinha vegana sentada na frente do computador, pesquisando oficinas e shows do sesc pra evitar o tempo morno e requentando expectativas e frustrações, desativando as redes sociais pra não ver que sou uma pessoa sozinha em meio há tantas que fizeram escolhas diferentes e que as levaram pros braços de alguém ou alguéns... é díficil. me aproxima da mulher de 42 que sente incompleta, mesmo já sabendo que ela por si só basta. e isso não é uma escolha, sabe, esse vácuo no peito. é quase uma imposição natural da nossa realidade em que estar solteira não é a norma.
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retratovago · 1 month ago
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Elmendorf (November 2024)
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retratovago · 1 month ago
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retratovago · 1 month ago
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retratovago · 1 month ago
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retratovago · 1 month ago
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retratovago · 2 months ago
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em 99% do tempo estar viva parece um castigo
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retratovago · 2 months ago
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retratovago · 2 months ago
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retratovago · 2 months ago
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hannaschonberg
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retratovago · 2 months ago
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retratovago · 2 months ago
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retratovago · 2 months ago
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por que será que os homens te tratam bem só até o momento em que eles te tem na mão?
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retratovago · 2 months ago
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retratovago · 2 months ago
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retratovago · 2 months ago
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retratovago · 2 months ago
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