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Chevette
Ainda estava longe da hora do almoço, mas Cristina aguardava sentada. A mesa não era grande como a mesa de jantar, e era onde todo mundo em casa comia quando não tinha visitas. À noite, para a ceia de natal, viria muito mais gente, mas agora no almoço cabia todo mundo: sua mãe, seu pai, ela, e Miguel, o pior irmão do mundo.
Com os antebraços apoiados na mesa, Cristina repousava sua cabeça sobre as mãos entrelaçadas. Sentia apenas cheiro de madeira, pois não havia comida pronta o bastante para que sentisse qualquer outra coisa. Por sob o assento, tentava balançar suas canelas magricelas para frente e para trás. Até pouco tempo isso não era problema, mas agora sentia a fricção do chinelo contra o chão reduzindo o ímpeto do movimento.
Cristina estava entediada e faminta.
— Manhê! Já tá ficando pronto?
— O quê!? — sua mãe gritou da cozinha.
— Já tá ficando pronto o almoço, mãe? — Cristina gritava de cá.
— O que que foi?
Cristina ouviu o schlep, schlep dos chinelos batendo contra os calcanhares da sua mãe, o que sempre precedia sua cabeça inclinada transpondo os umbrais da cozinha.
— Que que foi, menina?
— Já tá pronto o almoço?
— Tá não! Vai brincar! Eu, hein, dez horas da manhã ainda, menina.
Cristina murchou na cadeira e parou de balançar os pés.
— Mas, mãe, eu tô com fome! — disse, esticando o último fonema em um longo iiiiiii.
— Pois não vai comer nada agora que vai estragar o almoço! Vai, levanta aí e vai jogar videogame!
— Mas o Miguel não deixa! — aaaaaaaa.
— Miguel! — bradou com mais ênfase a mãe, sabendo que sua voz alcançaria todos os recônditos do lar — Deixa sua irmã jogar um pouquinho de videogame!
Cristina sorriu triunfante. Schlep, schlep fez sua mãe de volta à cozinha.
De queixo erguido Cristina marchou pelo corredor e subiu as escadas. Escancarou a porta do quarto do seu irmão. Miguel estava sentado no chão, controle em mãos, a atenção então completamente dedicada ao jogo. Virou sua cabeça momentaneamente, reconhecendo, a contragosto, a existência da irmã. Voltou a jogar.
Na televisão, um boneco deformado, de colant roxo e cabelo loiro espetado, andava de um lado para o outro, interpelando pessoas na cidade.
— A mãe falou que é minha hora de jogar! — Cristina se escorava no batente da porta.
Miguel permaneceu impassível.
— Deixa eu jogar! — aaaaa.
Miguel emitiu um grunhido.
Cristina segurava-se com uma mão no batente da porta, deixando o corpo pender pra frente, balançando para um lado e para o outro.
— Deixa! Minha mãe falou! Você é muito ruim!
Miguel pausou o jogo, virou para trás e, olhando nos olhos de Cristina, afirmou:
— Eu vou fechar essa porta nos seus dedos se você não parar de me encher o saco.
Cristina fechou a cara.
— Você é muito chato!
Suspirando, Miguel se levantou. Foi à escrivaninha onde estava o videogame e pegou um molho de chaves e uma fita cassete.
— Pensa rápido! — falou.
Primeiro o molho de chaves, depois a fita, foram jogados na direção de Cristina mais cuidadosamente do que sugeriria o alerta.
— Ai-ê! — êêêêê! — Não joga as coisas em mim! — disse Cristina, enquanto conseguia pegar com tranquilidade os dois itens arremessados.
— Vai lá no carro ouvir música que depois do almoço você joga enquanto eu dou uma dormida, pode ser?
Cristina franziu ainda mais o cenho e foi embora pisando firme. Tudo era muito injusto. Miguel não tinha direito de fechar porta nenhuma na mão dela, ainda mais sendo que era a vez dela de jogar — a própria mãe deles que falou isso! Agora ela tinha que ouvir música naquele carro velho fedido! Miguel nem podia dirigir ainda, nem poderia por mais dois meses, se ele passasse no exame de direção. Miguel era muito chato e tinha todas as coisas, e ela não tinha nada.
De cabeça baixa, Cristina desceu as escadas e avançou pelo corredor. Passou pela copa, sala e saiu da casa, indo para a garagem.
Do lado do Uno verde metálico, o Chevette preto.
Cristina abriu a porta e sentou no banco do motorista.
Ligou o som, e, com as duas mãos, colocou a fita.
Miguel não era de todo ruim. Às vezes ele passava o dia escutando rádio e gravava em fitas as músicas que ele mais gostava, a maioria em inglês. Desde que Miguel ganhara o carro do avô deles, dois meses atrás, Cristina costumava roubar as chaves, algumas fitas, e vir escutar música sempre que seu irmão a irritava. Ela já sabia várias músicas de cor.
— Shalala-lalalala — cantou, no mesmo ritmo que o homem nas caixas de som.
Cristina se ajeitou no banco. Aquele carro era horroroso, o volante era duro demais e o estofamento tinha cheiro de alguma coisa: suor seco, plástico velho e aquele incenso que seu irmão adorava. Cristina tinha certeza de que aquele carro não fora lavado nunca.
Cansada de estar ali, Cristina ajeitou a marcha, e, como não conseguia alcançar o acelerador, apenas segurou firme no volante e foi embora. Em um piscar de olhos o Chevette já tinha atravessado o continente e, devido às suas habilidades ímpares de direção, Cristina sobrevoava a cidade de Nova York, que brilhava em mil luzes, que nem em Esqueceram de Mim 2.
Antes de pousar, fez questão de dar várias voltas pelo alto da cidade, passando entre arranha-céus, e acenando para todos aqueles que olhassem para o alto. Após terminar essa visão panorâmica da cidade, pousou em um lago — que estava todo congelado! — no Central Park.
As pessoas que estavam no Central Park ficaram muito surpresas e foram todas tirar foto de Cristina e seu Chevette voador, e ela chegou a crer que estava tudo perdido e que teria que passar o natal ali mesmo, se não fugindo da polícia por ter invadido os Estados Unidos. Por sorte, em poucos minutos chegaram várias renas, que ela sabia serem mágicas e oriundas do polo norte, e abriram caminho para que ela pudesse sair dali.
Infelizmente os seus maiores temores se tornaram realidade. Logo ao conseguir se desvencilhar da multidão, Cristina vislumbrou dezenas de viaturas da polícia de Nova York se deslocando pelo Central Park para tentar prendê-la.
— Muito obrigado, amigas! — Cristina agradeceu as renas — Por favor, mantenham as pessoas seguras que eu tenho que correr!
E sem dizer mais nada Cristina acelerou rumo a noite, desviando-se por uma perseguição implacável entre os becos e vielas de Nova York, sem saber se conseguiria enfim se esconder. Quando estava quase cercada de policiais por todos os lados, Cristina utilizou seu último recurso: puxou o freio de mão, que na verdade era um mecanismo que transformava o Chevette novamente em um carro voador.
Olhando para baixo, Cristina viu que o policial que liderava a perseguição, frustrado, amassava seu chapéu e o jogava no chão. Cristina riu.
Já mais tranquila, após ter pousado no topo do Empire State Building, Cristina sentiu batidas insistentes na janela do carro. Abriu seus olhos e viu que era sua mãe.
— O almoço tá pronto, você não me ouviu gritando, não? Deus que me livre! Eu fico que nem uma doida, toda suada gritando e você aí dormindo com essa barulheira dentro do carro. Vamo, vamo lá almoçar.
Cristina desligou o som e foi almoçar. No meio da perseguição ela tinha até mesmo esquecido que estava morrendo de fome.
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Haveria um marco definitivo dizendo "a partir daqui"? Pois daqui parece inegável: já há algum tempo parece prudente se temer a tudo. Coisas reais e fictas são frágeis e é exaustivo manter legível o caótico. Sistemas para recolhimento de lixo e água encanada, cortar a grama e pintar o meio fio. Extrair a água do coco e a por numa caixinha. Tudo dá muito trabalho e parece que o edifício está a um passo ou dois de desmoronar. Angustia, acima de tudo, a fragilidade da vida humana. Automóveis, caixas de metal que, se por dentro carregam frágeis sacos de carne com questionável eficiência, por fora se mostram eficazes ferramentas de homicídio culposo. Dedos e quinas. Um coco, com ou sem água, pode cair em uma incauta cabeça. Entrementes, estruturas platônicas são apresentadas como realidade; numa reconstrução da conhecida alegoria, a onipotente Disney™ compra o direito sobre a projeção das sombras na parede, removendo-as de pronto. Em cartaz, algum filme de sua propriedade. Um espetáculo cuidadosamente composto. Digamos que Carros 2. As formas perfeitas que se sobrepõem às paredes expurgam da audiência a memória das sombras. É necessário o medo para se manter alerta, antes que o metafórico e inexorável coco venha lhe abrir a cabeça.
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“La sirena y el pescador,” Elisa Chavez.
Hey all! This poem is part of my chapbook Miss Translated, which I produced in a limited run as Town Hall Seattle’s Spring 2017 artist-in-residence. The main conceit behind this work is that to accurately portray my relationship with Spanish, I have to explore the pain and ambiguity of not speaking the language of my grandparents and ancestors. As a result, these poems are bilingual … sort of. Each one is translated into English incorrectly.
The poems I produced have secrets, horrific twists, emotional rants, and confessions hiding in the Spanish. It’s my hope that people can appreciate them regardless of their level of Spanish proficiency.
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aRtE aTaQuE
I. "o que é arte para você poeta marginal remuyly?" perguntou ninguém nunca pois ninguém se importa com a definição alheia de arte ou pra que serve II. mas muita gente veio aquip erguntar então vamos lá!! arte é o dibre certeiro do menino neymar arte é o sorriso da criança arte é se a lua toca o mar ela pode nos tocar mas acima de tudo arte é aquela pintada que eu te dei
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KIMI NO NA WA [YOUR NAME] (MAKOTO SHINKAI, 2016)
FIZERAM UM REMAKE VERSÃO ANIME DO FILME “SE EU FOSSE VOC~E” ESTRELANDO TONY RAMOS E GLÓRIA PIRES, PORÉM EM VEZ DE MEDALHÕES DE MEIA IDADE OS PROTAGONISTAS SÃO ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO, POIS NO JAPÃO É APENAS NESSA IDADE QUE ACONTECEM COISAS.
AH SIM É MUITO BONITINHO EM VEZ DE SER COMÉDIA.
8/10
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THE WIND RISES (HAYAO MIYAZAKI, 2013)
BOM EU ESTAVA GUARDANDO ESSE FILME PRUM DIA QUE EU ESTIVESSE TRISTE POIS NÉ MIYAZAKI SEMPRE TRAZ UM SORRISO PARA ESTA CARCAÇA CANSADA AÍ COMEÇO A ASSISTIR E É BASICAMENTE
‘EU QUERIA MUITO PROJETAR AVIÃO E TER UMA NAMORADINHA’, O FILME
VAI TOMAR NO CU
6/10
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"(...) e foram seus olhos plenos de luz em cima de mim, não tenho dúvida, que me fizeram envenenado, e foi uma onda curta e quieta que me ameaçou de perto, me levando impulsivo quase a incitá-lo num grito "não se constranja, meu irmão, encontre logo a voz solene que você procura, uma voz potente de reprimenda, pergunte sem demora o que acontece comigo desde sempre, componha gestos, me desconforme depressa a cara, me quebra contra os olhos a vela louça lá de casa", mas me contive, achando que exortá-lo, além de inútil, seria uma tolice (...)"
(Raduan Nassar, Lavoura Arcaica)
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“The love of learning, the sequestered nooks, And all the sweet serenity of books” - Henry Wadsworth Longfellow
Learning is one of the greatest accomplishments of our mind. And even if many associate it with school and studying, there are so many skills and knowledge you can acquire in your free time! Here is just a little “masterpost” of some of the options on the internet.
Languages (you have always wanted to learn a new language?)
How to choose a language
Duolingo
Memrise
French Masterpost by @studenting
German Masterpost by @languageoclock
Mandarin Chinese Masterpost by @floernce
Danish Masterpost by @baernat
Dutch Masterpost by @languagesordie
Finnish Masterpost by @hardluckbones
Greek Masterpost by @katlearnslanguages
Hindi Masterpost by @wonderful-language-sounds
Hebrew Masterpost by @wonderful-language-sounds
Italian Masterpost by @languagegirl
Japanese Masterpost by @somestudy
Korean Masterpost by @somestudy
Latin Masterpost by @learnal
Portuguese Masterpost by @educaution
Spanish Masterpost by @funwithlanguages
Swahili Masterpost by @spraakhexe
Free Courses!!! (you want to educate yourself on subjects you are passionate about? or find something that you love?)
edX
coursera
OpenLearn
FutureLearn
open2study
openculture
Stanford Online
Harvard Online Learning
MIT Open Courseware
Udemy
Khan Academy
Coding (you have always wanted to learn how to code?)
Codeacademy
Khan Academy Computer Programming
HTML5ROCKS
Codeschool
code.org
FreeCodeCamp
codewars
Dash (+ learning how to create a tumblr theme!)
TheCodePlayer
Coder’sGuide
DevsTips
LearnCodeAcademy
TheNewBoston
Creative (you always wanted to paint pretty pictures, take beautiful photographs, start a fashion blog or practice your calligraphy skills?)
Learn How To Draw
Color Theory
Graphic Design Basics
Fashion Blogging
Beginners Acrylic Paint Course
Acrylic Paint Strategies
Calligraphy Beginner
A Beginner’s Guide To Modern Calligraphy
Learn Calligraphy
The Ultimate Graffiti Guide
Photography Basics
How To Keep A Diary And Stick To It
Scrapbooking For Beginners
Writing Apps Extensions And Websites by @uglystudies
Writing Resources by @wordsnstuff
Miscellaneous (the suns, solar systems, stars and moons? playing the guitar, the piano?)
Space And Astronomy Masterpost by @thescholarlysquad
Microsoft Excel Tutorial
Absolute First Beginner Acoustic Guitar Lesson
Piano 101
CrashCourse
How To Create Music In Minutes (Fruity Loops Free)
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A internet é, sim, uma coisa de louco.
A internet é uma coisa de louco, né?
Tem gente que fala que a internet começou na universidade, também já vi papo de que começou mesmo foi pelas implicações militares da coisa. Pouco importa e tô com preguiça de olhar o consenso da wikipedia (wiki, pros mais íntimos). O que importa é: agora tem gente pra caralho na internet. Tá espalhada aí pelo ar. Tá no bolso das pessoas, a internet. Literalmente, diriam alguns.
Antes a internet era povoada por umas panelinhas, só. E ainda assim panelas só para as elites, né, aquela coisa. Mesmo as elites não tinham lá tanto interesse assim, tirando quem não tinha lá muita vida social, mas tinha muito interesse em emular RPGs de Super Nintendo e em baixar anime em .rmvb com aqueles pixels (pixeis?) de todo tamanho impedindo a completa compreensão das cenas de ação. O clipe de Points of Authority do Linkin Park (a sexta música mais triste da banda) era uma coisa de louco, mas custava um fim de semana pendurado no KaZaA pra quem queria assistir fora do Disk MTV.
Quem viveu, lembra.
Hoje em dia você tem à sua disposição aquele cara com o qual você estudou na segunda série (ainda é segunda série que fala? Eu acho que o governo fica mudando essas coisas só pra gente sentir o peso da idade) dando opinião sobre morte de ator global.
Esse é o estado em que as coisas se encontram na internet no presente momento. Dito isso, eu queria interromper aqui a linha de raciocínio pra falar um pouco sobre a Grécia.
Sim, a Grécia.
A Grécia que pipocou em umas quatro matérias do seu curso de humanas (se você aguentou ler isso até aqui você provavelmente tá envolvido com essas coisas).
Desculpem o transtorno.
Então, lá na Grécia a galera ia pra ágora (pensem num pração), debatiam lá as pautas políticas deles, decidiam as coisas, todo mundo voltava pra sua casa e ia fazer filosofia ou correr pelado (as duas únicas atividades exercidas pelo grego médio). Essa galera em questão aí eram os cidadãos. Tinha muitas pessoas na Grécia na época, mas poucas pessoas eram consideradas gente, cidadãos. Você tinha que ser Homem, e Nativo, e Não Ser Escravo e provavelmente algumas outras papagaiadas que, novamente, estou com preguiça de ir na wiki conferir.
Da Grécia pra cá foi crescendo gradativamente a quantidade de pessoas que passou a ser considerada gente, o que é uma coisa indubitavelmente maravilhosa, uma vez que todos os seres humanos são de fato pessoas (por incrível que pareça), mas pouquíssimo prática no que tange à discussão quanto às pautas políticas du jour.
Depois de bastante tempo, no qual várias coisas horríveis aconteceram, decidiram fazer o seguinte: a gente vota em Algumas Pessoas e elas vão lá e discutem essas coisas de política enquanto a gente vai trabalhar e ter uma vida social e assistir anime até em 1080p, quem sabe. A tal da Democracia Representativa. Tem lá os seus problemas, todavia, considerando as alternativas, é o que popularmente chama-se de "melhorzinho que tá tendo".
Então é isso.
Internet, democracia representativa, imagino que vocês já devam ter uma ideia de onde eu tô querendo chegar.
A gente organiza aí um sistema de eleições periódicas e universais e escolhe aí meia dúzia de indivíduos (talvez mais, talvez menos) e apenas estas pessoas têm o direito de falar coisas na internet.
Daí que nós em geral ficaríamos quietos. Ainda ia estar liberado o sushizinho no insta, aquela música que é uma indireta pro crush (e que absolutamente ninguém vai ouvir, no máximo aquela curtida na broderagem), a foto em trajes de banho na época do verão. Estariam vedados apenas os juízos de valores, a serem exercidos apenas pelos representantes eleitos pelo povo.
A gente ia se reunir nos bares e xingar e bradar contra tudo-isto-que-está-aí e fazer críticas extremamente inflamadas e contundentes a respeito do sistema e cada um teria sua opinião sobre como reformá-lo e como isso iria salvar a internet.
Mas ninguém ia escrever textão no facebook a respeito.
Enfim, tudo isso pra falar que eu tô cansado do excesso de opinião meio bosta e impensada, de modo que vim aqui colocar essa opinião meio bosta e impensada. Que, no fim das contas, sequer é uma opinião de verdade a respeito do assunto.
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Recebendo aqui a primeira FAN ART, por @dinamitepangalactica, em homenagem à historinha deste post aqui.
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AGORA, em Botafogo/RJ
Olimpíadas, né a festa do multiculturalismo todos os povos reunidos em um só as glórias do esporte essa palhaçada toda Fui pro Rio de Janeiro só pelo tinder da vila olímpica pois eu queria muito uma namoradinha que fosse atleta de alto rendimento a gente ia rever cowboy bebop talvez não sei tinha que ver a personalidade dela pra escolher melhor o anime pra nós dois mas cowboy bebop todo mundo gosta é bem top no que eu estava lá tentando o meu match Botafogo/RJ (essa é uma história fictícia eu estou em belo horizonte não sei a proximidade de botafogo com a vila olímpica) Botafogo/RJ se aproxima um gringo falando em inglês comigo com aquele sotaque que certamente o donald trump deixaria de fora do país dele "Hi, can you give me a information?" eu falei "aaah seu safado tu no es gringo non" e o "gringo" virou pra mim e "Pois estas cierto! Yo soy paraguayo e estoy aqui para te matar" amarrado pelas forças do destino como aureliano na macondo em espiral não resisti, perguntei "PARA O QUÊ?" e ele inexorável "PARAGUAYO" eu tomei um TIRO as pessoas ao redor BERRARAM e com um GRITO, morri
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mais um dia na vida do poeta marginal
estava eu como sempre dando aquela poetizada ao vivo numa lixeira no centro de belo horizonte (arte é uma coisa muito importante) aí porra vocês não vão imaginar quem veio vindo na minha direção um policial? não um skinhead?? não uma criança com camisa vermelha? infelizmente não quem dera
quem vinha na minha direção era ninguém mais ninguém menos que ele o general Emílio Garrastazu Médici naturalmente o meu cu trancou ele me falou algo mais ou menos assim "fico muito orgulhoso em ver que existe jovens preocupados com a arte não era que nem no meu tempo bom a gente matava uma galera né enfim saiba que eu estava tnendo um problema conjugal com a minha finada esposa né é o tipo de coisa que acontece quando vc está morto há muito tempo aí eu li uma frase sua 'apesar do rejunte não desjunte' pensei 'puta que pariu é agora que eu largo essa velha' vai tomar no cu"
fiquei muito aliviado mas não podia deixar passar essa oportunidade de poetizar que em minha frente se colocava no que redargui: "tomar no cu é vitamina comi tu e tua prima"
- poeta marginal remyuly
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O belorizontino
o jovem em belo horizonte costuma oscilar entre querer ser de milho verde/mg ou são paulo/sp muitas vezes o jovem só quer fumar sua maconha talvez beijar na boca nada contra o problema é quando inventa de beber em pé todo dia agora é isso o jovem só vai em lugar de beber em pé a cadeira é uma conquista civilizatória o paulistano só abdicou da cadeira porque não cabe as duzentas bilhões de pessoas da cidade sentadas simultaneamente o belorizontino acha bonito beber em pé por mim eu bebia deitado mas a logística fica complicada
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Propagandas Kanui
compre um tênis e por mais UM REAL leve outro na compra de duas calça você leva uma perna a mais inteiramente grátis sério foda-se a cada cinco camisetas que você comprar leve outras TRINTA (ai!) deus está morto compre
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existem discussões
muito se discute né várias questões muitos debates sendo empreendidos na verdade eu queria falar de uma coisa que é a questão da eficiência no serviço público muito se fala ai a estabilidade não porque o salário alto e por aí vai o que eu acho que o problema é é que nas repartição pública volta e meia me aparece alguém com um bolo tem muito bolo no funcionalismo público brasileiro o ideal seria ir reduzindo gradualmente a disponibilidade de bolo pra também naõ causar nenhum tumulto é foda mas qualquer reforma administrativa séria tem que enfrentar a questão do bolo dentro do setor público
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eis o mistério da fé
então eu tava pensando aqui e aparentemente era fisicamente impossível para o ser humano até mais ou menos uns 500 anos atrás não acreditar no que o outro estava falando olha só essas religiões "bom então ele se transformou num GANSO foi lá e ficou com a mina" (na verdade era um cisne) "claro" diria o interlocutor "eu não preciso de nenhum tipo de prova quanto a esta afirmação" embora em termos de personalidade zeus fosse bem verossimilhante se eu soltasse poderzinho eu também seria cuzão acho de todo modo ser pai, filho e espírito santo simultaneamente sequer faz sentido
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