O jornalista Daniel Polcaro fala sobre os mais diversos assuntos: da filosofia à espiritualidade. Quer um conselho? É de graça.
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ROSÁRIO
O Brasil é um país atrasado, antes de ser qualquer coisa, no relógio. Além de ser prova de cordialidade, a pontualidade é um forte indício de responsabilidade e caráter - mesmo em grandes cidades, onde o trânsito se tornou desculpa até para não ter filhos. A questão é mais complexa: o outro, atrasado, te faz de agenda.- Me manda um e-mail para me lembrar!
Comportamentos como esse indicam uma paralisia cultural de gente que passa o dia todo no Whatsapp e desconhece que o celular é capaz de te fazer lembrar de tudo - mais até do que aquela linguiça temperada de dois dias atrás. Atrasou e quem esperou não gostou? Lá vem o Rosário de desculpas. Da queda de um monomotor na Amazônia à cotação alta do dólar, o sujeito tenta se safar do compromisso.
Quem segue à risca os horários - em todos os jornais que trabalhei, autorizei a publicação de minha nota de falecimento mediante qualquer atraso de um minuto -, precisa reservar dois lembretes: um do compromisso e outro para fazer pressão para que o encontro ocorra.
Tempos atrás, levei duas calças para costurar em empreendimento familiar próximo de casa, em Belo Horizonte. Era dia 10. Sem perguntar se seria urgente, a senhora mandou buscar ‘no final do mês’. Sabedor do vagoroso andar da carruagem do estabelecimento - é a mesma história para lavar roupas -, aceitei.
Passei dia 5 do outro mês na porta, perguntando se estava pronto: - A última está na máquina...
Silêncio. Voltei uma semana depois, experimentei, e lá se vai outra semana para os ajustes. - Sabia que precisava. Vi que tinha dado uma engordada... Taí um problema que a pontualidade não resolve.
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Ouse ser brasileiro
A dica é da Nike. E é mais profunda do que a redação publicitária queria dizer. Vai do viaduto em ruínas em Belo Horizonte até a última camada de petróleo do pré-sal. O oceano não é o limite. A panfletagem de que a Copa é apolítica pode ter uma razão sólida, mas o esporte sempre foi a metáfora do seu povo ante as estruturas que o país oferece para ele se desenvolver.
A ligação mais cabal e prazerosa do ser tupiniquim. As raízes com o futebol são tão fortes que, emocionalmente, vivemos o luto de um 11 de setembro do esporte, sem mortes, apenas com o falecimento de uma consciência, de uma verdade só nossa de que somos os melhores do mundo e nunca podemos perder.
A Alemanha não é o país do futebol porque dissolveu uma camisa fabulosa num 7 a 1, mas sim por ter bases éticas, coerentes e eficazes no esporte. Só um dado basta para comprovar: a média de público da terceira divisão deles é maior do que a do nosso campeonato da primeira divisão, que saudosistas insistem em dizer que se trata do maior do mundo. Quanta ousadia!
Mas ousar é a dica da vez, de um marketing que não se sente capaz de resgatar o nosso orgulho com uma peça motivacional, padronizada e com um mote esperançoso que soaria muito barato. Ousar ser brasileiro é assumir que se é um. Qualquer outra interpretação que ultrapasse essa barreira de entendimento só pode ser verificada por alguém que torceu contra a Copa, a Seleção e o sol.
A Copa foi excelente. Valeu o seu preço. A Seleção foi desastrosa. Não vale o seu preço e nem honra a sua história, mas se os trancos nos dois últimos barrancos tivessem dado certo, seria a melhor de todas, não? Sim, claro, uma derrota histórica emerge do oceano de conquistas e repousa na superfície por bastante tempo, todavia uma nação carregar uma dor como insistimos em lembrar do desastre, agora menor, de 1950 no Maracanã, é dar importância àquilo que de fato não representa e que influencia em nada o que se tem e o que se deseja na vida prática.
O Brasil irá ganhar outras tantas Copas, podendo inclusive sediar outro Mundial nas próximas duas décadas, sem que siga o exemplo de base concreta realizada pela Alemanha. Talvez já em 2018, o técnico certo convocará os jogadores certos e tudo dará certo - e o errado, que vai da corrupção na CBF, passando pelas condições degradantes que 95% dos jogadores profissionais do país vivem até os casos de pedofilia nas categorias de base, estará certo somente por que conseguimos o hexa?
O brasileiro é frequentemente bombardeado - e grande parte aceita - de que somos o país do carnaval, do samba e do futebol, como se bastasse a nossa excelência nos três assuntos para que o restante do Brasil se resolvesse por si só, sem meta, sem rumo, sem objetivo. Inconscientemente o pentacampeonato mundial é um índice de desenvolvimento social para o amante do futebol. O hexa seria um Prêmio Nobel, por isso uma amargura tão monstruosa do povo, azedume inflado pela mídia que precisa de gente que compra a cerveja, que assiste ao jogo e que vai sempre renovar o armário com o mais novo modelo de camisa do time do coração.
O Brasil nunca foi o melhor futebol do mundo e nunca vai ser. Alemanha, Argentina, Holanda, idem. Não é possível mensurar o esporte por acúmulo de conquistas, pois é o cenário atual que rege o torcedor/consumidor. Com mais e superiores títulos que o Atlético, o Cruzeiro é alvo de uma epidêmica chacota acerca da Libertadores 2013. E assim será, pois a história não é nada para o dia de hoje. Ela ampara, mas não convence algo diferente do que o sujeito está vendo com os próprios olhos.
O brasileiro que tem as retinas de testemunhas não precisa ousar para se enxergar uma parte da nação, uma parcela determinante para votar e buscar seus direitos não baseado no esporte. Amar a Seleção ou a democracia, chorar ou se alegrar com cada uma delas é uma decisão íntima e intransferível. O choro pelo ocorrido no Mineirão dia 8 de julho, mais do que nunca, é livre. Pelo Brasil nação, também.
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Analfabetismo tecnológico
Mais grave do que o analfabetismo tradicional, o tecnológico exclui da sociedade pessoas que sabem se comunicar mesmo sem um mediano conhecimento da língua. E isso - numa era em que a força comunitária se desenha quase que inteiramente digital - prejudica o convívio de seres carentes de conhecimentos futuristas e da velha e boa paciência.
Longas e intermináveis filas em caixas eletrônicos - mecanismo de atendimento rápido existente justamente para não deixar ninguém esperando - são o retrato de um país em que se compra o novo mesmo sem que o antigo cumpra bem o seu papel. Uma boa parcela da população ainda não sabe sacar a aposentadoria ou fazer um depósito sem o auxílio do funcionário do banco, mas a operadora empurra um iPhone para qualquer cliente mais abastado que pretende e sabe fazer apenas ligações.
Pesquisas indicam que a funcionalidade principal de qualquer aparelho telefônico é apenas a sétima atividade usada com mais frequência. Enquanto isso, sem a mínima necessidade, pessoas que precisam tão somente falar com a filha ou neta contam com aparelhos capazes de operar um drone.
Nos Estados Unidos, a Amazon - gigante norte-americana do comércio eletrônico - fará entregas de compras feitas na internet num prazo de 30 minutos utilizando pequenas aeronaves não tripuladas. Em um país com sua rede de comunicação e eletricidade organizada é perfeitamente concebível uma espécie de mini-helicóptero, com várias hélices, aterrisar na porta de uma casa gramada. No Brasil, a ideia é bem mais complicada, com ruas abarrotadas de postes e fios, colhendo simples linhas de pipa - mas a entrega de drogas em presídios já está utilizando esse tipo de aparelho.
Na concorrência, o Google (os óculos da empresa capaz de conectar um de seus olhos com a internet deve aparecer no mercado ainda este ano) está montando um robô também para fazer entregas que será capaz de correr mais rápido que Usian Bolt, recordista mundial em velocidade.
No Brasil, ele conseguiria usar o transporte coletivo que não tem horário de sair e não sabe se vai chegar? Ou se fosse a pé, seria respeitado na faixa de pedestre? Seria sabotado, feito refém e levado para ser colocado na estante de casa? O Facebook, após comprar o Whatsapp (mais uma rede social que todo mundo ouviu falar, mas que poucos sabem operar ou sequer conhecem sua finalidade), pretende adquirir uma empresa fabricante de drones com o desejo de levar internet a áreas remotas da África.
Não para por aí: o futuro é a internet das coisas, absolutamente todas as coisas. A geladeira irá comprar sozinha o que falta para seu jantar. E o e-mail da secretária de seu dentista, que poderá te atender somente no horário das 10 horas, vai reprogramar seu despertador sozinho, para que você não precise levantar tão cedo sem motivo.
Não sabia disso tudo? Não se preocupe. Até quem sabe se assusta. A verdade é que nem um aficionado por tecnologia entende e sabe manusear todos os aparelhos que entram e saem da vitrine do mundo tecnológico como pão francês na padaria - e muito menos sua miríade de recursos, criados diariamente através de aplicativos e com milhares de funcionalidades.
O conhecimento sempre foi infinito, mas viver parece estar se tornando mais difícil para quem precisa sempre provar que está entre os primeiros.
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O ser e o mundo diferentes
Não somos grandes para perceber atos de heroísmo. Pouquíssimos são capazes de compreender a atitude, vista por muitos como desnecessária e suicida, da ativista Ana Paula Maciel.
Quem não defende seus próprios direitos como cidadão realmente não consegue ver sentido em se atracar num navio que prejudica o meio ambiente do outro lado do mundo.
Não há loucura em quem pratica o bem, não importa o local onde ele tenha que ser resgatado. Na Rússia, no Brasil ou em qualquer canto do mundo há algo a ser defendido.
Assim como o ser humano, a natureza não é de toda indefesa. Ela é uma mãe que fica nervosa só de tempos em tempos. Acumula e libera a raiva, talvez anos depois, num outro contexto.
Mas a baforada aqui, o esgoto jogado no curso d´água ou o petróleo em contato com o mar são os pormenores somatizadores. A anatomia de qualquer estopim é dividida em milhares de fragmentos.
Ana Paula foi buscar longe, mas não que também tenha deixado a verdade que está por perto. Só que ela enxergou o macro, da destruição sem fronteiras do planeta, que é um só e de todos.
O imediatismo não nos deixa enxergar o ato de heroísmo de Ana Paula. A análise padrão, que ela deveria estar 'trabalhando' e acumulando riquezas, sorridente, de carro 0km e comprando roupa de marca no shopping aos domingos, prevalece.
Prevalece tanto que todos que possuem uma causa para o bem comum chega a ter como destino a cadeia, até mais vezes dos que vivem pelo próprio interesse. Vide os 'Mandelas' do PT.
Ana Paula é um dos orgulhos brasileiros de hoje. Personifica a figura do jovem que saiu do Facebook, saiu às ruas, saiu para o mundo e vive de acordo com o que se pensa e acredita.
E só quem é diferente será capaz de fazer o mundo diferente.
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AH, COMO É BOM O AR CONDICIONADO DAS AGÊNCIAS
Não irei discutir sobre o lucro dos bancos, sobre o tanto que a história já mostrou que melhor do roubar um é abrir um. Apenas questiono as funcionalidades das agências, que só melhoraram - e tão somente - a qualidade do ar condicionado. O raciocínio é simples: antigamente, loteria servia para apostar, banco para pagar contas e supermercado para comprar. Hoje não é bem assim.
No bairro em que moro, em Belo Horizonte, chego até a minha agência para pagar qualquer conta e sou barrado por um funcionário a postos à frente da porta giratória. Só entro com uma desculpa muito boa. Dias atrás, precisando de uma autenticação no próprio boleto, direto da maquininha no papel, foi tentado de todas as maneiras em fazer o pagamento no caixa eletrônico. Expliquei que aquele pagamento era muito importante - como se todos os outros não fossem - e que precisava do impresso direto na conta. E ainda esnobei: se eu quisesse pagar no caixa, teria ido na lotérica próxima da minha casa.
Só que a problemática é mais capciosa. A grande maioria das contas não é mais aceita nas agências. O atendente do meu banco, por diversas vezes, já me encaminhou para lotérica e para o Carrefour do bairro. Ou seja, não vejo plausíveis razões para a existência de bancos físicos em uma era em que se faz tudo pela internet, ainda mais em épocas de greve (de instituições particulares, que coisa!). Mas nem sempre o sistema está disponível e nem sempre a confiança nesse sistema permite prazeirosas noite de sono.
E também não temos máquina de sacar dinheiro. Portanto, convivemos com situações deploráveis, que exemplificam o sentimento do brasileiro que está à beira da desistência de tudo. O caso mais recente de perplexidade que aconteceu comigo poderia gerar - como já aconteceu em ocasiões semelhantes - em uma boa grana de indenização por dano moral. Mas zelo boas noites de sono e optei por deixar como está, já que a questão foi resolvida.
Explico: em uma sexta-feira fui bem cedo ao centro da cidade para fazer exames. Não queria carregar dinheiro e levei o cartão. O débito automático é uma proteção na região da Praça 7. Mas a clínica só aceitava em espécie. Vai lá eu em uma agência tirar R$ 150. Tudo certo. Enquanto abro o carteira para pegar as notas, a máquina engole todas. São 7h30. Não tem como eu descarregar a minha fúria em qualquer pessoa que seja. Saco mais R$ 150, anoto o endereço da agência e ligo às 10 horas para pedir recontagem da máquina - é a segunda vez que sou vítima desse tipo de ‘erro’. Mas e se eu não tivesse mais R$ 150? Iria ficar sem fazer meus exames?
A novela só estava começando. Liguei no 0800 do banco. O atendente me disse que estava conversando no lugar errado. Liguei para outro número, mas não era o que atendia na Grande BH. Liguei, até que enfim, no certo, mas o atendente disse que eu só poderia resolver com a agência. Ele me forneceu o número e pediu para eu ligar a partir das 10 horas, quando já estava em um outro compromisso - não marquei na minha agenda que meu banco iria me afanar R$ 150 e eu teria que provar que quem pegou o dinheiro não foi eu. Fui comunicado que conseguiria resolver somente presencialmente a questão. Isso porque precisava identificar qual a máquina que deu problema, mediante a retirada do extrato na agência - de maneira online, o bendito número do caixa eletrônico não apareceria.
A caminho, ainda pensei comigo: será que é possível algum golpista saber que uma pessoa sem sorte teve exatos R$ 150 engolidos pela máquina e ligar naquela mesma agência, citando esse mesmo valor, e pedindo o ressarcimento? Então adentrei a agência, com três pavimentos. Conversei com dois atendentes antes de entrar na fila certa, no subsolo. O cara do outro lado do balcão, depois de meia-hora de espera, me disse que sábado à tarde - se eu não tivesse roubado a minha grana - o dinheiro cairia novamente na minha conta. Não caiu. Passou domingo, passou segunda. E só na terça, recebi meus R$ 150. E o estresse, e a impotência em provar para um banco que ele está errado?
Tente tirar R$ 80 - como sempre faço, com o intuito de carregar notas pequenas - e você não conseguirá. Você então pedirá R$ 100 e virá a viúva nota do peixe. Essas que ninguém tem troco para elas, além do ar todo suspeito de que é falsificada. Você terá que comprar, muito provavelmente, algo que não te interessa para que ande com R$ 85 no bolso em notas menores. Até parece um país sem pobreza, com grandes volumes em circulação nas mais simples transações cotidianas. E quando meu cartão de crédito com vencimento em abril de 2019 simplesmente deixou de existir no sistema do banco? Tive que provar até que estava vivo!
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ATRAVESSAR
Em Piumhi, e em todo lugar do mundo em que tem mais gente do que vitrine, tem um tipo que fica na esquina, não atravessa, assunta com os olhos, meneia o rosto como se buscasse atenção, como se não quisesse passar para o outro lado da rua, como se clamasse para sentar na sua mesa de bar.
Não duvido que o melhor do entretenimento da terrinha continue sendo a internet, mas é inegável a profusão de boteco, sushi, petiscaria e um lugar qualquer para prosear enquanto se consome sequer uma lata de Coca-Cola.
E você bebe o refrigerante e a pessoa te olha. Apoia na estrutura do 'Pare'. Você conta mais uma história e a pessoa ali, imóvel, como se esperasse todos os carros da madrugada passar para depois ele ganhar o outro passeio. Você está na undécima gargalhada e o sujeito dá a nítida impressão que não tem uma boa conexão de internet ou tem uma mulher muito brava.
Viver em Piumhi é esperar. Esperar alguma coisa que você imagina que vem de Belo Horizonte. Depois que passam quatro horas, você imagina que vem do Rio ou São Paulo. Aí depois que passam 8 horas, você conforma e sabe que não vem nada de lugar nenhum.
Desse entendimento, nasce a sabedoria que aqui na terrinha ou você observa a vida dos outros e se ocupa uma boa parte do tempo com isso, ou você se interioriza, resgatando uma felicidade que não vai encontrar com todo o crédito do mundo no BH Shopping. Piumhi é o encontro conosco mesmo - e isso é a melhor coisa do mundo.
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Nossa Senhora da Banda Larga
O meu trauma do sistema escolar brasileiro vem da nota, essa maneira que nem sempre é capaz de medir o potencial e a capacidade de atuação do aluno diante do conhecimento assimilado. Mas é uma forma funcional, pelo menos na evolução brasileira, para mensurar desempenhos e capacidade.
A questão avaliativa, que sempre combati, de tempos em tempos volta a me atormentar - agora na fase adulta, longe de qualquer instituição educacional - com a qualidade dos atendimentos de telemarketing. Satisfeito ou não com a acolhida depois de música, avisos, propagandas, lembretes e inúmeras opções para o humilde teclado do meu singelo aparelho telefônico, desligava em seguida mesmo diante da súplica da funcionária que gostaria de ser avaliada. ‘É muito importante para o meu trabalho na empresa’, insiste.
Escrevo este artigo entre uma chamada e outra da minha operadora de internet e telefonia. A central de atendimento fica em Curitiba e tenho a nítida sensação, mesmo sem deixar me encantar com o sotaque sulista, que estou sendo mais bem tratado do que há um ano, quando o mesmo problema de interrupção no fornecimento do sinal da banda larga também atravancou a minha vida, o meu humor e o que resta da minha beleza.
Foi uma semana de lutas, batalhas e teorias da conspiração para justificar a vida off line, ou arcaicamente preservada pela conexão 3G e, quiçá, 4G. Problemas da física, da química, do Brasil, da Lei de Murphy e da Lei de Causa e Efeito foram cogitados, mas era mesmo por motivos bem tupiniquins: a gambiarra que o funcionário da empresa fez com o fio que vai da rua até o meu apartamento, que pegou carona no fluxo de encapados da fornecedora concorrente, deixou de funcionar.
Mesmo diante dessa catástrofe do ego, dessa necessidade doentia de trabalhar e se fazer conectado a um mundo irreal, tenho conseguido preservar a paciência e reservar o tempo necessário para a avaliação da atendente. E por incrível que pareça, o atendimento prestado nos últimos dias foi correto, educado, informativo, decente.
Enquanto não tivermos a capacidade de construir um país em que damos oportunidade ao invés de simplesmente tolher o potencial de alguém através de uma nota dada por alguém igualmente falível, é imprescindível, (in)felizmente, que guardemos alguns segundos para avaliar quem nos presta serviço. É uma forma da empresa manter o atendimento de quem merece estar ali e tem a capacidade para tal. No mais, valei-me Nossa Senhora da Banda Larga!
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DESCONEXÃO
Manobras, jeito moleque. Tudo que um menino deveria fazer e, nos tempos de hoje, não faz. Arranhar o joelho é um luxo ‘de antigamente’. O que aquele garoto faz na praça no final da tarde de segunda-feira? Sua ultra conexão banda larga está fora do ar? Ou realmente ainda existe quem se dedica à nossa essência, de eternamente cair, levantar, sentir no rosto o vento da vida?
Envolto dias atrás em um problema de descarga que me custou a tarde toda com o bombeiro em uma casa de materiais para o lar, assustei-me com o comportamento consumista, aceitável para um garota alijado da tecnologia. Ele perguntava sobre o manuseio e valores de kits de ferramentas para bicicleta!
Meu Deus, qual criança hoje, tratada com tecnologia desde o útero, quer um bicicleta, busca algo do meio de transporte e, o mais incrível, consertar por conta própria? E qual criança, em sã consciência moderna, gostaria de sujar as mãos de graxa para arrumar a bicicleta? O que vi, nessas duas ocasiões, também é resultado da minha desconexão, mesmo contra vontade, por ‘força maior’.
Sinceramente, as nossas vidas precisam de ‘forças maiores’, que nos façam sair de frente das telas e encontrar poucos, mas excelentes exemplos de vida real. Que o virtual fique relegado como alicerce e nunca bem maior e prioritário.
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VALOR
Se o homem mais rico desse todo tipo de contribuição que lhe é solicitada em uma simples caminhada no centro de Belo Horizonte, estaria em situação pior do que a economia brasileira e o governo petista estão deixando o bolso de qualquer um.
Em pontos estratégicos e com coletes azuis, jovens te abordam pedindo ajuda para as crianças da África e todo tipo de projeto da Unicef. Até aí problema algum. Você doa se quiser, para quem quiser, quando e quanto quiser. Ajudar é fundamental.
Procuro sempre ser educado. Parar e escutar todo o discurso pronto para você passar o seu cartão e colaborar com quantia de R$ 29 por mês. ‘É menos de R$ 1 por dia, senhor’. Sim, é um bom argumento, e realmente acredito na seriedade do projeto.
Eu contra-argumento: digo que isso não seria possível diante dos meus compromissos financeiros, mas digo que sou jornalista e que faço trabalho voluntário na parte de comunicação para algumas entidades assistenciais e que me coloco à disposição para ser voluntário.
Entrego o meu cartão de visita e… parece que comecei a falar grego. Olham para mim tentando converter a forma que me dispus a ajudar em dinheiro, no cumprimento de suas metas de adeptos. Como seria possível monetizar a boa vontade de alguém?
Dinheiro compra tudo, até amor verdadeiro, dizia Nelson Rodrigues. Você troca seu tempo, sua paciência e sua ‘dor’ por não ajudar o próximo com dinheiro. E essa ‘boa vontade’ monetária está tão institucionalizada que o trabalho voluntário nem sempre é bem-vindo, principalmente por quem recebe para estar ali e pode ter o posto ameaçado por quem nada cobraria para ajudar.
Não sou santo e vou passar o meu tempo nas regiões umbralinas antes de encontrar um jornal para escrever lá no céu, mas querer ajudar, meu Deus, eu sempre quero, mas a minha forma de ajudar nem sempre vale aqui na terra.
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TRISTE
Muitas coisas que os petistas dizem é verdade, principalmente que é muito triste essa ruptura brusca do poder, mas infelizmente é algo necessário. O impeachment abre o processo longíquo e fundamental para a decência na Coisa Pública, queira os votos dos próprios petistas que para isso tenha que assumir Michel Temer - por sinal, legitimamente eleito pelos mesmos (sequer um a menos) 54 milhões de votos de Dilma.
Nenhum super-herói vai nos salvar, principalmente se tratando de um tucano - os petistas estão com dificuldades de chorar a ‘parcialidade’ da Justiça depois que Aécio Neves caminha para ser acachapado no mar de lama que promete sair de outra estatal, desta vez Furnas.
A mudança deve partir de nós mesmos, em não apoiar de maneira alguma desvios de condutas e finalidades, a começar pela votação deste ano da Câmara de Vereadores. Ninguém pode ser eleito por ser ‘coitado’ e ‘que merece’. Legislativo, ou qualquer outro cargo público, não é assistência social, precisa ser formado por gente capacitada. A mudança está principalmente na nossa capacidade em não exercer pequenas corrupções no dia a dia, que dê abertura concreta para que desmandos maiores ocorram e toda a sociedade realmente se contamine com essa atitude que mina todo um crescimento digno, moral e humanístico, essencial para a solidez de uma nação mais justa.
O impeachment foi legal, dentro do processo democrático e apenas mostrou mais uma vez a incapacidade de Dilma de administrar, de se defender e provar sua inocência dentro dos trâmites legais. Desculpe-me, mas vítima é algo que nunca foi. Mesmo loteando todos os cargos - com direito a striptease em gabinete do Ministério do Turismo -, não foi possível salvar a pele, uma realidade bem demonstrada pelos olhares de tristezas de figuras sérias que ainda resistem a defender o PT, a exemplo de Patrus Ananias, ao lado de quem estava escoltando a ‘presidenta’ em seu discurso de despedida só para postar a sua última foto dos seus 15 minutos de fama.
O PT tem sua parcela inegável de viabilização da ascensão social de milhares de brasileiros, mas de tantas coisas que dizem ter feito bem feito, esqueceu do mais importante, o que justamente fez implodir todo o seu projeto: o caráter. O que tem de triste, falta de caráter.
*** P.S.: A revolta do eleitor passeasse - e da região - com deputados estaduais e federais não é birra. Tem fundamento sim, principalmente na falta de respeito de quem deveria compreender melhor o sentido do homem público que só cresce e ocupa determinados lugares porque cada um que vive aqui, tão distante do poder, construiu a escada. Que sejamos, na próxima, pedreiros mais sensatos da democracia.
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SÊ-LO-IA
Essa aberração com sua paciência nesse feriado não é apenas uma faca afiada da língua portuguesa para humilhar quem não caminha pelos meandros da gramática. É para respirar a mudança, pelo menos no linguajar, da água para o vinho que acontece no comando da pátria - mais das chuteiras do que dos intelectuais.
Michel Temer ressuscitou a mesóclise - usada por Jânio Quadros - até de maneira natural dada a sua carreira jurídica, mas serve para solapar uma era de quem estava no poder mal sabia balbuciar algumas palavras, a maioria ininteligíveis.
Os petistas e os enrustidos com a ladainha de ‘golpe' correram para dizer que realmente algo maior estava em curso para ‘melar’ a Lava-Jato com a gravação vazada do então ministro Romero Jucá. Não dá realmente para acreditar que a operação seja bem-vinda entre qualquer grupo político em função de seus inúmeros tentáculos e poder de encontrar lama em qualquer paletó usado por quem é pago pelo povo. Mas ela é intocável: sim, está para nascer o sujeito público que vai se prestar a tal papel, um verdadeiro suicídio político.
E o Jucá, que virou só Juca depois da gravação, não foi defendido por ninguém. Foi defenestrado sem a menor cerimônia, ao contrário da era passada em que bandido vira ministro e é defendido por movimentos sociais (cadê eles?) sob o guarda-chuva verborrágico da ‘democracia’.
Sinceramente pensei que pelo ímpeto feroz que os ‘movimentos sociais’ defendia a paróquia vermelha, haveria mais do que choro e ranger de dentes. Haveria alguma luta armada pelo bem tão precioso - e gostoso - de mamar no que é público. Não houve por quê? Não tem mais dinheiro para manter na rua em dia de semana, dia de labuta, quem defende o indefensável? Sê-lo-ia?
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SHUMI
Sabe quando o riso se mistura com o choro e o que seria apenas uma gargalhada para distrair o dia se torna em uma necessidade profunda de reflexão? Selecionando os assuntos para a minha coluna dessa semana, vejo uma publicação de um perfil de humor que sigo no Instagram: ‘7 títulos mundiais em uma só foto’. Na imagem, Felipe Massa, Rubens Barrichello e… Michael Schumacher! Não entendeu? Faça as contas: 0 títulos, 0 títulos e 7 títulos mundiais de Fórmula 1.
Um dos mais extraordinários atletas de todos os tempos vive angustiante - e demorada - recuperação de um acidente de esqui em dezembro de 2013. De tempos em tempos aparecem boatos que o ex-piloto de 46 anos morreu, mas nas últimas semanas informações fiéis afirmam que ele é levado ao jardim de sua mansão na Suíça, mas que continuaria não andando nem falando.
Independente de questões kármicas, de necessidade particular - e de escolha própria - de passar alguns limites para matar a sede de adrenalina construída em uma carreira irretocável e veloz (apesar do acidente que o debilitou ter, supostamente, acontecido em questões comuns, sem excesso), Schumacher é o mais próximo que temos da atmosfera de Senna.
O sentimento atual da situação de Schumacher é a morte lenta de faróis de autoestima, algo que contagia - o próprio piloto alemão dizia que Senna (mesmo com menos da metade dos seus títulos) foi o maior de todos na F1. Guardada as devidas proporções - mas por falta de tantos exemplos, é o que nos resta -, Shumi é um pouco que ainda vive de tudo aquilo que Senna foi.
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CABEÇADA
Meu futuro estava ali na frente. Esqueci o nome dele, mas era ele mesmo, como minha precisão de retina atesta cada piumhiense que cruza o meu olhar nostálgico da terrinha em Belo Horizonte. Em meus tempos de faculdade em Passos, ocupei a vaga de um jornalista que acabara de buscar voos maiores em um jornal de Franca (SP). Fiquei saçaricando por várias editorias e sempre me lembravam da competência daquele que buscava substituir. Por duas ou três vezes, meu radar fotográfico se lembrou daquela figura essencial para minha evolução profissional , que aquele dia se acomodava duas poltronas à minha frente.
Márcio, José, João, Marcelo, Bruno? Tentei lembrei de todos os nomes, inclusive consultando as listas dos nomes mais comuns divulgados pelo IBGE. Resolvi esperar uma outra oportunidade para cumprimenta-lo.
Mas de certa forma enviei meus pensamentos e energias de gratidão pela vaga que ocupei por causa dele. Mentalizava esse nobre sentimento quando ele descia do ônibus calçando nas orelhas fones de ouvido. Cabisbaixo, encontrando a sintonia no celular, topou ferozmente a cabeça com a estrutura rebaixada do ponto de ônibus.
Aquilo ressoou de uma maneira intrigante na minha mente. Entre cabeçadas e destinos, dias depois, num domingo, abordei-o na mesma linha de ônibus - chama-se Marcelo. Tinha passado no concurso da Caixa Econômica Federal e disse que não era mais jornalista nem em sonho, obrigado.
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SOFRÊNCIA
Observe.
Houve uma época, em que a gente só escutava música pela rádio, que o ‘modão’ sertanejo, raiz, encontrava um público cativo. E isso só sobrevive aos ouvidos dos mais velhos se aquele neto muito atencioso se enveredar a baixar essas músicas no pendrive carcomido do avô. Mais recentemente, em uma nova época, o alcunhado ‘sertanejo universitário’ adentrou por essas plagas a galope. Não esqueço: minha perplexidade na Expô de quem seria ‘César Mennoti & Fabiano’ em 2005 - quando residia em São Paulo - foi uma heresia igual se tivesse perguntando para o Papa quem é Jesus.
A transformação na mais popular das músicas brasileiras continuou. Na necessidade de não perder ouvintes embasbacados com a oferta fácil, rápida e de qualidade a qualquer hora do dia pela internet, as rádios se aventuraram a tocar um ‘arrocha’ travestido de sertanejo.
Só que os tempos, veja só, continuam mudando e a atual mistureba sonora, sem pai, sem mãe e sem gosto, chegou ao nível da ‘sofrência’, já declaradamente um estilo musical derivado do ‘modão’. Uma espécie de costela de Adão destruindo toda a obra do Deus musical da história brasileira. Sofrem todos: quem gosta e quem não gosta.
Observe.
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PESSOAL
O Governo tem sim relevância para todos os setores da economia. De suas decisões às suas contratações para os mais diversos serviços de atendimento à população, o dinheiro materno e paterno do país tem sua fonte em Brasília. E com o cenário político à espera apenas da missa de 7º dia petista, com Dilma já no fim do cortejo fúnebre, existe uma corrente de pensamento racional diante desse caldeirão de diferentes temperos ideológicos: a privatização de tudo aquilo em que o dinheiro público será mais bem gasto, algo que realmente dê resultado real.
A sobriedade de Michel Temer, independente de sua fé pública, já é muita coisa depois do cenário mais dantesco, pedante, moribundo e engraçado de todos os tempos da política brasileira. E está na hora de gastar menos com aquilo que o Governo é incompetente para gerir. Não que a privatização - que ocorreu na era petista com inúmeros eufemismos - vá ser isenta de gatunos, mas a qualidade dos serviços prestados à população não ficaria relegada tanto assim a indicações puramente políticas, sem capacidade para exercer tal cargo.
Para isso, a privatização precisa ser acompanhada não só pelas autoridades fiscalizadoras, mas também pela sociedade civil de maneira efetiva, ao contrário do que ocorreu e ainda ocorre na MG-050 na região, órfão de uma empresa que teve esvaziadas suas primeiras reuniões públicas antes de entrar em operação. O que a população realmente reivindicou antes do plano de trabalho de 25 anos? A Parceira Público Privada (PPP) da rodovia que liga Juatuba, na Grande Belo Horizonte, à São Sebastião do Paraíso, é algo diferente das privatizações que Temer deveria abraçar, sem contrapartidas e sem o Governo como parceiro de risco.
A privatização real deve ser o pagamento X para prestação de um tipo de serviço que é mais oneroso e menos eficiente se deixasse a cargo do Estado. É uma gerência privada do que é público, hoje sucateado, atolado em burocracia e sujeito a greves que ficam por isso mesmo.
Educação, Saúde, transportes… pegue todo o dinheiro de impostos e faça contas rápidas. Como é possível gastar mais de R$ 2 mil por mês com um preso e todas as cadeias estarem superlotadas e em condições desumanas? É justamente essa conta que não fecha que a privatização deverá fechar. Privatização, no Brasil, não é entreguismo e nem ‘direita coxinha’, é algo sadio contra o peleguismo e a incompetência. Ah, não é nada pessoal, tá?
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VIRA-LATA
A festa de abertura das Olimpíadas virou a lata de lixo de onde nosso espírito tupiniquim de cachorro de rua se alimentava, ruindo cena alcunhada por Nelson Rodrigues. O que se viu sexta derradeira no Maracanã não é tão importante quanto os sentimentos que passam a se consolidarem em parte da sociedade brasileira que consegue visualizar uma profunda transformação em curso.
Não é sedução. É uma transformação palpável, principalmente pela derrocada do futebol masculino, até dias atrás o nosso cordão umbilical vitorioso depois da morte de Senna. Quem, de fato, hoje se dá ao trabalho de assistir a um jogo da Seleção? A instituição ‘Seleção Brasileira de Futebol’ nos fez enxergar, graças a sua derrocada, a coletividade de um país que não precisa de futebol para ser importante.
E o recado passado pelas Olimpíadas é grandioso, mensagem de uma sociedade que se torna madura e não alguém que tem samba no pé, belas praias, futebol, morenas e loiras, como se isso fosse suficiente para o país e o seu povo evoluírem.
O momento para isso é perceptível pela maioria que considera Sérgio Moro um juiz que fez o que lhe cabia. Talvez nem mais do que lhe cabia, mas o suficiente para a lei ser aplicada a todos, até para petistas ricos travestidos de pobres e imorais com a máscara da moralidade e do vitimismo.
A consolidação da mudança de pensamento do brasileiro, ex-refém do pão e circo da era petista – e se o Brasil tivesse ganhado de 7 a 1 da Alemanha? -, culmina em escolhas próprias de quais as maças que apodrecem todo o cacho, sem precisar esperar a Justiça apontar.
Isso é evolução. Saber identificar, com os olhos da história, quem mente para momentaneamente ser o que não é, é uma baita limpeza mental e ética. Para nós e com reflexos diretos na sociedade. O espírito coletivo se agiganta.
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MULTIDÃO
A desordem parece estar imperando com uma força tal, que mais do que nunca o problema deve ser tratado como sempre deveria ter sido: a melhoria das atitudes individuais. Qualquer ação coletiva contra a sociedade - que começa no condomínio que faz 'gato' de energia elétrica até chegar a senhores engravatados, eleitos pelo povo, que se juntam para mancomunar recursos públicos - tem início do desejo íntimo.
Por isso que não há campanha de conscientização - ou qualquer outra denominação eufemística - que recupere grupos que prejudicam a vida em sociedade. Ilusória a vontade de forças de seguranças, analistas de plantão e qualquer palpiteiro de bar de esquina que querem doses homeopáticas de pressão e violência dê jeito, por exemplo, a jovens ensandecidos 'contra tudo e todos'.
Sim, a polícia e grupos especializados de segurança devem agir para que inocentes não morram e para que o patrimônio nenhum seja destruído. Mas não considere que esse seja o remédio da cura. Isso é apenas o 'sossega leão' às avessas. É um paliativo eleitoral, que no fundo é mais combustível da revolta do que qualquer água fresca.
Enquanto as autoridades enxergarem uma multidão na multidão e não vários seres, indivíduos, que na realidade compõem a multidão, pouco ou nada será diferente num período que a população civil se insurge diante décadas - e centenas de acontecimentos - que colocam o 'absurdo' na poltrona mais confortável da sala do banheiro.
O incômodo despejado em todo noticiário, a cada publicação que versa sobre as mazelas dos seres e dos humanos com algum poder em território nacional, começa a sacudir a índole de alguém ferido - e não mais a paralisia letárgica de alguém que não poderia nada mais fazer.
Uma pessoa sequer incomodando é um considerável elefante na manada da política, que gasta com a tropa de defesa ideológica o que não destina para uma creche de alguma instituição social ou religiosa que, vejam só, faz o papel que o Estado não faz.
Mesmo o grito sorrateiro, mesmo um berro sem noção nenhuma de marketing nas redes sociais, é capaz de cutucar em cidadãos apáticos que sofrem com uma letargia crônica diante de pessoas que de maneira canalha, bandida e irresponsável não visa o dinheiro de seus impostos para oferecer o mínimo para sua sobrevivência.
Esse pingo inicial de revolta é capaz de rabiscar uma vírgula no estático ponto final na história de cada um como cidadão. Um cidadão que tem a mais simples e mais importante das obrigações neste 2016 de votar em gente minimamente decente, que pode olhar no espelho da manhã e saber no fundo de sua alma que honra o que é.
O Brasil não tem 200 milhões de pessoas. Eu, você e tantos outros somam 200 milhões e compõem o Brasil. Vendo assim, não tem erro. Começando dentro de casa, não tem erro.
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