pseudonimobeijaflor
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O Captain! My Captain!
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Se o que eu sou é também o que eu escolhi ser... Aceito a condição.
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pseudonimobeijaflor · 10 hours ago
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A luz do fim da tarde bate diferente,
mais cansada, mais lenta,
como se o mundo já soubesse que o sol vai embora,
mas ainda insista em brilhar por mais um minuto.
Sento na beirada do tempo,
onde o silêncio tem gosto de terra molhada,
e a saudade pesa no peito
como se já fosse parte do meu corpo.
Me alimento dela, de pedaços pequenos,
como quem mastiga os restos de um dia que não quer terminar.
No fundo, tudo é apenas isso:
o acúmulo de lembranças que se misturam com o que ainda não aconteceu.
E entre esses dois mundos,
me perco tentando entender
onde começa a dor e onde termina o amor.
Meu coração,
que já foi fogo,
hoje é brasa.
E eu me sento aqui,
esperando que ele me queime de novo.
Mas sem pressa.
O tempo já me ensinou que, às vezes,
a dor demora,
mas o calor também.
— Beija-Flor.
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pseudonimobeijaflor · 2 days ago
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Mente pra mim.
Diz que você adora o meu humor quebrado,
esse riso torto que vem sem hora marcada,
e às vezes nem chega.
Finge que se encanta pelas minhas crises sobre coisas pequenas,
como se uma meia sem par fosse o fim do mundo
e você achasse isso…
um charme.
Mente pra mim, só hoje.
Finge que entende meu português embolado,
meio nascido no peito, meio atravessado na garganta,
esse idioma esquisito que só eu falo,
mas que você ouve como música lenta,
daquelas que a gente não entende a letra,
mas sente tudo.
Finge que gostou da minha comida —
a que queimei no fundo da panela,
mas temperei com esperança.
Diz que o gosto tá bom,
que é exótico, que é “autoral”.
E sorri, como se tivesse amado,
porque, pra mim, seria o suficiente.
Concorda comigo que meu guarda-roupa faz sentido,
mesmo com os sapatos jogados,
e as blusas enfileiradas por frequência de uso
e não por cor.
Diz que isso é genial,
que você nunca pensou assim,
e que isso revela algo “profundamente meu”.
Me ilude com carinho.
Finge que você entende quando eu conto meu dia com empolgação demais,
como se tivesse vivido a melhor terça-feira da história da humanidade
só porque o café tava na temperatura certa
e eu vi um passarinho azul no fio do poste.
Mente pra mim,
com esse cuidado que só quem gosta sabe ter.
E diz que você ficaria aqui,
mesmo sabendo que tudo em mim é meio improviso,
meio dúvida, meio bagunça.
Mas que é justamente isso que te dá vontade de ficar.
— Beija-Flor.
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pseudonimobeijaflor · 4 days ago
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pseudonimobeijaflor · 9 days ago
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Tô esbarrando em mim mesma
com uma frequência que machuca.
fico frente a frente com a versão
que eu mais queria esquecer
aquela que se arrasta quando tudo pede silêncio.
Queria esconder o que me tornei
ou talvez, só não ter me tornado isso.
não mostrar a ninguém essa parte
que transforma qualquer abraço
em espinho disfarçado.
me dói ser mais dor que corpo,
mais ausência do que presença,
mais ruído do que palavra.
há tanta coisa que carrego em mim
e que eu nunca pedi pra carregar.
sou feita de vontades contrárias
e de um cansaço que ninguém consegue enxergar.
e às vezes: nem eu.
mas sinto.
sinto tudo demais.
e isso também cansa.
e o pior é saber
que amanhã talvez doa igual —
e mesmo assim vou levantar,
encarar a vida sorrindo,
pra disfarçar toda essa covardia
com a essência de uma poesia.
— Beija-Flor.
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pseudonimobeijaflor · 11 days ago
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Tudo me parte, porque parto.
Eu volto aqui para falar de mim. Para deixar as lágrimas que já não derrubo se esvaírem nas palavras, como se elas fossem a única forma de expressar o que há muito tempo ficou retido. O abandono não é algo que me fizeram, é algo que fui deixando acontecer, é a falta de habilidade para cativar o que, no fim, se foi. A dor de perder o que nunca consegui realmente segurar. Tento preencher esse vazio, mas ele cresce mais à medida que eu busco formas de evitá-lo.
Sempre sou eu quem parte. Sempre sou eu quem me parto, como se todo pedaço meu que se perde fosse uma forma de me proteger, de me distanciar daquilo que me faria inteira. Mas a verdade é que, desde que nasci: foi parto.
O nascimento é uma separação. Uma partida. Desde o começo, meu corpo foi dividido entre o que sou e o que não consigo ser. A cada momento de transformação, sinto como se tivesse que deixar uma parte de mim para trás, como se estivesse condenada a fazer rupturas para me reconstituir, mas nunca completamente. E eu nunca aprendi a preencher os espaços que deixo vazios. A vida, ela me reconfigura e me rasga, e eu, em um ciclo que nunca se acaba, parto-me e parto tudo ao meu redor.
É como se o vazio fosse um espaço que fui aprendendo a habitar, mas ao mesmo tempo, nunca me sinto em casa. Sempre busquei entende-lo, mas talvez o problema seja que, no fundo, ele seja a única coisa que nunca parte.
— Beija-Flor.
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pseudonimobeijaflor · 22 days ago
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Há dias maria,
em que sobe em mim uma angústia,
seria melhor abandonar isso que chamam de existência?
viver tem-me sido, insuportável.
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pseudonimobeijaflor · 2 months ago
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Tudo me parte, porque parto.
Eu volto aqui para falar de mim. Para deixar as lágrimas que já não derrubo se esvaírem nas palavras, como se elas fossem a única forma de expressar o que há muito tempo ficou retido. O abandono não é algo que me fizeram, é algo que fui deixando acontecer, é a falta de habilidade para cativar o que, no fim, se foi. A dor de perder o que nunca consegui realmente segurar. Tento preencher esse vazio, mas ele cresce mais à medida que eu busco formas de evitá-lo.
Sempre sou eu quem parte. Sempre sou eu quem me parto, como se todo pedaço meu que se perde fosse uma forma de me proteger, de me distanciar daquilo que me faria inteira. Mas a verdade é que, desde que nasci: foi parto.
O nascimento é uma separação. Uma partida. Desde o começo, meu corpo foi dividido entre o que sou e o que não consigo ser. A cada momento de transformação, sinto como se tivesse que deixar uma parte de mim para trás, como se estivesse condenada a fazer rupturas para me reconstituir, mas nunca completamente. E eu nunca aprendi a preencher os espaços que deixo vazios. A vida, ela me reconfigura e me rasga, e eu, em um ciclo que nunca se acaba, parto-me e parto tudo ao meu redor.
É como se o vazio fosse um espaço que fui aprendendo a habitar, mas ao mesmo tempo, nunca me sinto em casa. Sempre busquei entende-lo, mas talvez o problema seja que, no fundo, ele seja a única coisa que nunca parte.
— Beija-Flor.
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pseudonimobeijaflor · 5 months ago
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não se acostume comigo. estou de passagem.
sempre estive.
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pseudonimobeijaflor · 5 months ago
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Talvez quando eu conseguir chorar tudo que eu tenho pra chorar, eu volte a viver.
@merciapoeta
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pseudonimobeijaflor · 7 months ago
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Tem o peso de mil olhos me observando,
Respirando em minha nuca,
Babando em minha cabeça,
Sussurrando em meus ouvidos,
Passeando as mãos pelos meus ombros dizendo: "quero mais".
Me deixando com menos,
cada vez menos.
Me deixando pequena pra sempre
Sem esperanças de recuperar aquilo que me foi tirado
os anos tão passando e eu, envelhecendo.
Inocência a gente não recupera com o tempo
Tem a textura do toque
Tem a dor das marcas
Tem o cheiro
Me causando ânsia.
Tem tudo que eu gostaria de desvincular
com um estalar de dedos,
Queria que fosse simples assim.
Caminho tanto pra concluir que,
a alma que tornaram vazia,
tem mais peso que mil palmos de terra
acima de mim.
— Beija-Flor: o canto triste.
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pseudonimobeijaflor · 7 months ago
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Quando é que a gente para de cansar de pensar? É estranho, porque converso tanto comigo mesma que minha cabeça dói – não é metáfora, é dor real, física. Passei o dia gritando comigo, meus ouvidos estão exaustos, mesmo que tudo tenha ficado apenas dentro de mim. Não tenho forças para responder quando perguntam se estou bem. Porque, por dentro, gritei o tempo todo que não, que está tudo uma merda, mas o que sai no automático, é que está tudo certo. Só para evitar alongar a conversa e acabar mostrando o demônio que carrego, assustando quem está por perto.
Hoje, acho que surtei de verdade: senti tristeza por um instante de felicidade, como se meu corpo rejeitasse algo que há muito esqueceu. Sei dos remédios que, talvez, um dia, suavizem tudo isso. Mas, de forma cruel, eles apenas adiam o inevitável. Cada dose é um lembrete das mini-mortes diárias que me corroem. Minha alma já não tem o que perder. Já esvaziaram tudo há tanto tempo que só restou esse amontoado de ossos e células mal costurado pela existência.
E acabou, eu sei. Quem falta entender? Eu caminho como um equilibrista, minha mente desejando o salto no precipício e meu corpo lembrando que não tenho asas. E se eu pular? Eu já sei como acaba. Não dá mais para fingir que esse teatro tem sentido, que algo me prende a essa existência. Eu finjo tão bem, que até finjo que acredito.
— Beija-Flor.
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pseudonimobeijaflor · 7 months ago
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Eu giro em torno de algo. Não sei se é bom ou ruim.
Sei que habita em mim.
Tem dias que conduz a valsa,
outros, me faz tropeçar –
mas aqui fica… não vai embora.
Tem dias que, de tanto rodar,
quero vomitar o que aqui dentro habita,
o gosto amargo do que rasga e grita coisas más.
E há dias em que despejo felicidade em exagero,
não prendo, exalo, espremo
até que ela escorra pelos dedos
e depois me falta. Não sei recuperar.
Só sei que isso que aqui dentro mora
tem o peso de mil palavras não ditas,
de um animal que devora em silêncio.
De ser vivo, passei a ser alimento,
a carne, o osso, a fome.
Isso que mora aqui dentro, não sei nomear,
por isso já não me reconheço –
no espelho,
na vida,
na dança que deixa de ser bonita.
E por isso já não sei chorar.
Por isso já não sei sorrir.
Não sei se sei amar.
Tudo que aqui dentro quer ser vida:
morre devagar.
— Beija-Flor.
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pseudonimobeijaflor · 7 months ago
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Quando alguém escolhe ficar, mesmo tendo a opção de ir embora 
isso é amor. 
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pseudonimobeijaflor · 7 months ago
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Hoje, gastei toda a minha energia segurando o choro. O dia inteiro com essa sensação amarga de algo preso na garganta, como se cada palavra não dita, cada lágrima sufocada, formasse um nó que me impede de respirar. Faz dias que fujo das sombras que rondam minha mente, mas, inevitavelmente, meu pensamento perde o rumo e se entrega aos caminhos tempestuosos do passado, como um rio que, mesmo barrado, encontra fissuras para correr.
Me sinto vazia. Apática. Uma casca de quem já fui, vivendo no esforço contínuo de fingir que melhoro, de me convencer de que tenho forças para enfrentar o que vem. Mas por dentro, só resta uma fragilidade esmagadora, nada além de covardia.
E no fundo, sei que só me sobra o medo — de desmoronar por completo, de encarar a verdade que há tempos evito: a tempestade dentro de mim é interminável.
Não posso evitar chorar para sempre.
— Beija-Flor.
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pseudonimobeijaflor · 8 months ago
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Rasguei minha pele na tentativa de encontrar algo genuíno entre as vísceras. Abri o crânio, mastiguei meus membros, e mesmo assim, nada encontrei de verdadeiro. Apenas a dor, pulsando forte, enquanto segurava o coração em minhas mãos, engolindo-o novamente, sentindo deslizar entre os espaços abertos da barriga. Uma dança indigesta, na esperança de que ele se encaixe junto ao pulmão e volte a bater.
A mente, essa traiçoeira, sussurrava para que eu arrancasse meus olhos com as próprias mãos, para não ver nada que pudesse me fazer sentir menos humana. Porque sinto dor, fome, se meu choro tem gosto de sal, não fui criada no paraíso, tampouco esculpida do barro.
Abri gavetas, buscando agulha e linha, qualquer coisa que costurasse o vazio. Percebi, então, que meu impulso era sempre abrir algo: gavetas, entranhas, lembranças — em busca de uma dor que ao menos me fizesse sentir.
Se sou feita de carne e osso, o que há de tão humano que ainda não me preenche? O que resta, além dessa incessante procura pelo que me faça viva?
— Beija-Flor.
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pseudonimobeijaflor · 8 months ago
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Minha visão é turva agora.
Meus pulmões ingerem poluição desde que me conheço por gente. Não morri agora.
Morro desde sempre.
Eu tomei 5 remédios semana retrasada e ainda respirei.
Semana passada tomei 10 e dormi mais de um dia.
Essa semana tomei uns 40 porque foi o máximo que juntei, e minhas mãos tão tremendo, meu peito tá apertado e não sei dizer se é angústia por continuar respirando, ou se estou de fato, dessa vez, morrendo.
Eu me desculpei a vida toda por todos os meus erros, por não nascer pra fazer as coisas darem certo, por ser uma hemorragia na vida de todo mundo que passo, a qual não existe remédio ou solução pra estancar. Eu sempre senti que eu mato mais do que dou vida. Um fardo.
Costumo me guardar num cantinho das lembranças, e aos poucos ir virando passado. E funciona. Funciona deixar de ser importante, e sinceramente, dói. Porque eu continuo me importando. Meu grito de socorro não é escandaloso, eu não choro, não clamo atenção. não vou deixar sujeira além do meu corpo. E desculpem por ele, se pudesse, me livrava pra poupar o momento fúnebre. As lágrimas. Os sentimentos que eu não soube absorver, mas não se preocupe, acreditei serem sinceros sempre. Não duvidei. Porém fiz duvidarem e isso me fez concluir que eu não sei ao menos sentir. Provar que amo, que me importo. Não são vocês que se desculpam, sou eu: me desculpem por não saber amar da forma que me amaram. Eu tentei. Lutei todos os dias. E falhei.
Meu peito dói agora, meu estômago também. Não sei ao certo se é estômago, nunca fui boa em biologia, anatomia e afins. Nunca fui boa em quase nada a não ser em escrever.
Não quero dar trabalho.
Só quero descansar.
Se me arrepender não vou atormentar ninguém. Vou fazer o que sempre fiz melhor e me esconder. Fugir de mim. Da minha cabeça que nesse momento comemora sua vitória em ter conseguido de vez me vencer. Perdoem a ausência de vírgulas e pontuação eu não consigo mais prestar atenção em muita coisa agora
Meu pulmão lotado de poluição deseja parar e meu coração tá doendo
Mas doendo bem menos do que doía quando eu acordava todo santo dia e tentava criar coragem novamente pra esse momento.
Esse agora.
Pra essa carta.
Pra essa despedida
que podia ser mais poética
Porque eu tentei ser poesia a vida inteira
E falhei nisso também.
— Beija-Flor: Carta da última vez que tentei deixar de bater asas.
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pseudonimobeijaflor · 9 months ago
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Eu já tinha perdido essa sina de desgostar de mim. E antes fosse na aparência: o cabelo? Eu cortaria, ou usaria touca o ano todo dizendo ser alguma promessa louca dessas de intenção, como rito de crença.
Se fosse alguma ruga que logo aos 27 deu as caras, me precipitaria num procedimento ou em um creme grudento de propaganda milagrosa.
Se fosse o peso, me esforçaria em uma dieta, exercícios ou algum remédio que atrapalha os rins.
Mas meu desgosto é pelo que habita abaixo dessa pele e dessas células... É por aquilo que somente eu vejo.
Meu desgosto é saber que ainda não superei o que pesa em meu peito.
— Beija-Flor
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