Se o que eu sou é também o que eu escolhi ser... Aceito a condição.
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não se acostume comigo. estou de passagem.
sempre estive.
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Talvez quando eu conseguir chorar tudo que eu tenho pra chorar, eu volte a viver.
@merciapoeta
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Tem o peso de mil olhos me observando,
Respirando em minha nuca,
Babando em minha cabeça,
Sussurrando em meus ouvidos,
Passeando as mãos pelos meus ombros dizendo: "quero mais".
Me deixando com menos,
cada vez menos.
Me deixando pequena pra sempre
Sem esperanças de recuperar aquilo que me foi tirado
os anos tão passando e eu, envelhecendo.
Inocência a gente não recupera com o tempo
Tem a textura do toque
Tem a dor das marcas
Tem o cheiro
Me causando ânsia.
Tem tudo que eu gostaria de desvincular
com um estalar de dedos,
Queria que fosse simples assim.
Caminho tanto pra concluir que,
a alma que tornaram vazia,
tem mais peso que mil palmos de terra
acima de mim.
— Beija-Flor: o canto triste.
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Quando é que a gente para de cansar de pensar? É estranho, porque converso tanto comigo mesma que minha cabeça dói – não é metáfora, é dor real, física. Passei o dia gritando comigo, meus ouvidos estão exaustos, mesmo que tudo tenha ficado apenas dentro de mim. Não tenho forças para responder quando perguntam se estou bem. Porque, por dentro, gritei o tempo todo que não, que está tudo uma merda, mas o que sai no automático, é que está tudo certo. Só para evitar alongar a conversa e acabar mostrando o demônio que carrego, assustando quem está por perto.
Hoje, acho que surtei de verdade: senti tristeza por um instante de felicidade, como se meu corpo rejeitasse algo que há muito esqueceu. Sei dos remédios que, talvez, um dia, suavizem tudo isso. Mas, de forma cruel, eles apenas adiam o inevitável. Cada dose é um lembrete das mini-mortes diárias que me corroem. Minha alma já não tem o que perder. Já esvaziaram tudo há tanto tempo que só restou esse amontoado de ossos e células mal costurado pela existência.
E acabou, eu sei. Quem falta entender? Eu caminho como um equilibrista, minha mente desejando o salto no precipício e meu corpo lembrando que não tenho asas. E se eu pular? Eu já sei como acaba. Não dá mais para fingir que esse teatro tem sentido, que algo me prende a essa existência. Eu finjo tão bem, que até finjo que acredito.
— Beija-Flor.
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Eu giro em torno de algo. Não sei se é bom ou ruim.
Sei que habita em mim.
Tem dias que conduz a valsa,
outros, me faz tropeçar –
mas aqui fica… não vai embora.
Tem dias que, de tanto rodar,
quero vomitar o que aqui dentro habita,
o gosto amargo do que rasga e grita coisas más.
E há dias em que despejo felicidade em exagero,
não prendo, exalo, espremo
até que ela escorra pelos dedos
e depois me falta. Não sei recuperar.
Só sei que isso que aqui dentro mora
tem o peso de mil palavras não ditas,
de um animal que devora em silêncio.
De ser vivo, passei a ser alimento,
a carne, o osso, a fome.
Isso que mora aqui dentro, não sei nomear,
por isso já não me reconheço –
no espelho,
na vida,
na dança que deixa de ser bonita.
E por isso já não sei chorar.
Por isso já não sei sorrir.
Não sei se sei amar.
Tudo que aqui dentro quer ser vida:
morre devagar.
— Beija-Flor.
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Quando alguém escolhe ficar, mesmo tendo a opção de ir embora
isso é amor.
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Hoje, gastei toda a minha energia segurando o choro. O dia inteiro com essa sensação amarga de algo preso na garganta, como se cada palavra não dita, cada lágrima sufocada, formasse um nó que me impede de respirar. Faz dias que fujo das sombras que rondam minha mente, mas, inevitavelmente, meu pensamento perde o rumo e se entrega aos caminhos tempestuosos do passado, como um rio que, mesmo barrado, encontra fissuras para correr.
Me sinto vazia. Apática. Uma casca de quem já fui, vivendo no esforço contínuo de fingir que melhoro, de me convencer de que tenho forças para enfrentar o que vem. Mas por dentro, só resta uma fragilidade esmagadora, nada além de covardia.
E no fundo, sei que só me sobra o medo — de desmoronar por completo, de encarar a verdade que há tempos evito: a tempestade dentro de mim é interminável.
Não posso evitar chorar para sempre.
— Beija-Flor.
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Rasguei minha pele na tentativa de encontrar algo genuíno entre as vísceras. Abri o crânio, mastiguei meus membros, e mesmo assim, nada encontrei de verdadeiro. Apenas a dor, pulsando forte, enquanto segurava o coração em minhas mãos, engolindo-o novamente, sentindo deslizar entre os espaços abertos da barriga. Uma dança indigesta, na esperança de que ele se encaixe junto ao pulmão e volte a bater.
A mente, essa traiçoeira, sussurrava para que eu arrancasse meus olhos com as próprias mãos, para não ver nada que pudesse me fazer sentir menos humana. Porque sinto dor, fome, se meu choro tem gosto de sal, não fui criada no paraíso, tampouco esculpida do barro.
Abri gavetas, buscando agulha e linha, qualquer coisa que costurasse o vazio. Percebi, então, que meu impulso era sempre abrir algo: gavetas, entranhas, lembranças — em busca de uma dor que ao menos me fizesse sentir.
Se sou feita de carne e osso, o que há de tão humano que ainda não me preenche? O que resta, além dessa incessante procura pelo que me faça viva?
— Beija-Flor.
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Minha visão é turva agora.
Meus pulmões ingerem poluição desde que me conheço por gente. Não morri agora.
Morro desde sempre.
Eu tomei 5 remédios semana retrasada e ainda respirei.
Semana passada tomei 10 e dormi mais de um dia.
Essa semana tomei uns 40 porque foi o máximo que juntei, e minhas mãos tão tremendo, meu peito tá apertado e não sei dizer se é angústia por continuar respirando, ou se estou de fato, dessa vez, morrendo.
Eu me desculpei a vida toda por todos os meus erros, por não nascer pra fazer as coisas darem certo, por ser uma hemorragia na vida de todo mundo que passo, a qual não existe remédio ou solução pra estancar. Eu sempre senti que eu mato mais do que dou vida. Um fardo.
Costumo me guardar num cantinho das lembranças, e aos poucos ir virando passado. E funciona. Funciona deixar de ser importante, e sinceramente, dói. Porque eu continuo me importando. Meu grito de socorro não é escandaloso, eu não choro, não clamo atenção. não vou deixar sujeira além do meu corpo. E desculpem por ele, se pudesse, me livrava pra poupar o momento fúnebre. As lágrimas. Os sentimentos que eu não soube absorver, mas não se preocupe, acreditei serem sinceros sempre. Não duvidei. Porém fiz duvidarem e isso me fez concluir que eu não sei ao menos sentir. Provar que amo, que me importo. Não são vocês que se desculpam, sou eu: me desculpem por não saber amar da forma que me amaram. Eu tentei. Lutei todos os dias. E falhei.
Meu peito dói agora, meu estômago também. Não sei ao certo se é estômago, nunca fui boa em biologia, anatomia e afins. Nunca fui boa em quase nada a não ser em escrever.
Não quero dar trabalho.
Só quero descansar.
Se me arrepender não vou atormentar ninguém. Vou fazer o que sempre fiz melhor e me esconder. Fugir de mim. Da minha cabeça que nesse momento comemora sua vitória em ter conseguido de vez me vencer. Perdoem a ausência de vírgulas e pontuação eu não consigo mais prestar atenção em muita coisa agora
Meu pulmão lotado de poluição deseja parar e meu coração tá doendo
Mas doendo bem menos do que doía quando eu acordava todo santo dia e tentava criar coragem novamente pra esse momento.
Esse agora.
Pra essa carta.
Pra essa despedida
que podia ser mais poética
Porque eu tentei ser poesia a vida inteira
E falhei nisso também.
— Beija-Flor: Carta da última vez que tentei deixar de bater asas.
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Eu já tinha perdido essa sina de desgostar de mim. E antes fosse na aparência: o cabelo? Eu cortaria, ou usaria touca o ano todo dizendo ser alguma promessa louca dessas de intenção, como rito de crença.
Se fosse alguma ruga que logo aos 27 deu as caras, me precipitaria num procedimento ou em um creme grudento de propaganda milagrosa.
Se fosse o peso, me esforçaria em uma dieta, exercícios ou algum remédio que atrapalha os rins.
Mas meu desgosto é pelo que habita abaixo dessa pele e dessas células... É por aquilo que somente eu vejo.
Meu desgosto é saber que ainda não superei o que pesa em meu peito.
— Beija-Flor
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Desprezo minha ausência. Essa capacidade de estar fisicamente em um ambiente e simplesmente não estar. Quando pequenos sempre almejamos a benção de qualquer superpoder, mas veja bem, eu convivo com uma maldição. É como se existissem duas pessoas em conflito no meu cérebro: a que deseja estar presente, ser eficiente em tudo, e a que passeia no ritmo de um maratonista pelo mundo que existe somente na minha cabeça. A segunda opção sempre assume o controle e consome toda energia do meu corpo.
Eu termino meus dias me sentindo insuficiente quase sempre. Seja no básico ou no complexo, eu falho. Chego ao trabalho com todos os passos da rotina milimetricamente calculados, todas as demandas e responsabilidades praticamente desenhadas na minha testa, e falho. Realizo apenas uma pequena parte de tudo que idealizei. Chego em casa e quero ajudar nas tarefas básicas: arrumar o guarda-roupas, lavar a louça, descascar uma batata que seja, e não consigo. Sento no sofá ou entro no chuveiro e por lá fico. Me contento com a insuficiência porque simplesmente já não tem mais horas no meu dia. Não há como mudar o tempo que perdi com a mente viajando por diversos acontecimentos da minha vida, que revivi o tempo todo repetidamente. Sempre acordo com a expectativa de ser diferente, mas não é.
Minha mente é tão cruel que me proporcionou o gostinho de não passar por isso durante algum tempo. Fiquei bem, fiquei no controle. Acho que a outra parte de mim que odeia habitar por aqui estava de férias, descansando por um tempo para voltar mais forte e difícil de ser domada. Porque agora eu não tenho esperança de melhora. Achei que já tinha vencido essa batalha mas era apenas uma trégua, da qual eu não estava ciente. Recorri ao meu médico, já cansada, e a resposta foi que existe um desequilíbrio químico no meu cérebro, alguns outros termos que transformariam esse desabafo em uma tese psiquiátrica. Os remédios amenizam, mas não tiram essa maldição de mim. Eu queria matá-la, enforcá-la, envenená-la, tirar-lhe as vísceras e cortar seus pulsos. Fazer sangrar e sofrer assim como me faz.
Mas essa parte ausente também sou eu. Essa parte insuficiente, vocês já sabem: sou eu.
Me sinto insuficientemente humana.
— Beija-Flor.
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te engano dizendo que tu é minha salvação baby, ninguém me salva de mim mesma.
voarias
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Já não sei mais como iniciar um monólogo. Nem eu estou afim de me escutar. É frustrante ver que, após tantos anos eu volto aqui, monotemática, pra falar sobre vazio, solidão e demônios. Pra fazer metáforas e usar palavras que não são verbalizadas, as deixo guardadas no meu dicionário interno porque não passo de uma farsa.
Eu não quero escrever um texto bonito. Eu queria gritar aqui, fora da tela.... Mas me falta voz. Queria chorar por horas, me faltam lagrimas. Queria verbalizar, não consigo. Não consigo. Não consigo.
Existe tanta raiva aqui dentro agora, parece que meu cérebro esqueceu como sentir qualquer outra coisa que não seja isso. Eu não tenho vontade de absolutamente nada. Nada. Nada. Exceto de desistir. Mas ai me falta coragem. E sempre me falta.
Eu me faço falta.
–Beija-Flor.
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Ando desmotivado a gente vai se deixando e quando nota já é tarde.
Darkismos.
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O que sobra no meu peito quando meu tórax não sustenta o peso de carregar toda a melancolia que aqui habita? Esmaga os tecidos dos meus pulmões, que instintivamente inspiram e exalam o ar rarefeito da existência. Quando esse aperto empurra todo resquício humano de células e órgãos contra as costelas. Tudo fica tão claustrofóbico que nem mesmo minha alma - que não ocupa espaço físico - dá conta de se manter aqui dentro. O que sobra de mim quando eu não grito, não choro, não falo? Apenas aceno e sorrio, enquanto sinto tudo isso apenas no meu peito… Eu sigo em busca de sentido, mesmo já sabendo que aquilo que sobrou de mim parece um fio de esperança desgastado, mas mesmo assim, uma parte ainda hesita em se soltar. Eu permaneço, suspenso entre o desejo de desaparecer e a tênue chama que insiste em me lembrar: talvez, ainda haja um caminho a ser trilhado, a linha de chegada, talvez, seja o fim ou algo além do que imagino pra mim.
— Beija-Flor.
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“Se alguém me escutar… Me dê uma nova alma, que não relute em seguir Um novo olhar do mundo, que faça eu me sentir feliz por aqui Me dê coragem, eu preciso ser forte, não por mim, mas por quem amo Me de lembranças, que não machuquem tanto Me dá sentido, e sentimentos bons Vontades e segredos que não deteriorem o coração Desejos e sorrisos que não tenham cobrança Costumes e manias que não façam com que me sinta estranha Mas se achar melhor, me da outra vida, mostre ao menos a saída, para não magoar tanto quem fica. Ou ao menos uma poesia que resista A todo o caos, Reexista A cada dia que levantar da cama Parecer o fim Não me deixe acabar assim. Eu ainda sinto tanto…”
— Beija-Flor.
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