poemasconstelados

[poemasconstelados]

Shhhh!

Como a sujeira indesejada

Lembrada no ultimo minuto de inspeção,

Me jogue para de baixo do tapete.

Para os outros não existo,

Eles nem cogitam minha presença a espreita no escuro.

Para você, seu segredo mais bem guardado

trancado a sete chaves em seu coração.

Coração esse, que me pergunto, realmente me ama por inteiro?

Ou apenas partes minhas que encaixariam no seu mundo?

Apesar de tudo, sinto inveja de você

Por poder me esconder.

Aonde quer que eu vá,

Pra onde quer que eu corra,

Estou sempre no meu encalço

Arrastando junto aos meus pés

Perguntas e comentários

Que rasgam a pele e dilaceram a alma.

- Zero

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CANSAÇO.

"Sangue escorrendo pelo rosto,

Respingado nas roupas

E derramado pelo chão.

O brilho preguiçoso do sol nascendo no horizonte,

Trazendo consigo mais vida aos ferimentos de batalha

E um novo dia

Com a sensação morna de empate.

Não houveram vencedores.

Sobreviventes sim,

Mas nenhuma única alma sente sobre si a chama da vitória.

Um passo, dos inúmeros ainda pendentes na conta, foi dado.

Sob a fina camada de terra, suor e sangue

Há um campo minado.

Um passo em falso e tudo vai ao ar.

Sentado em um ponto seguro,

Ja não mais torcendo para que sua intensidade não caia no lugar errado,

O questionamento se torna inevitável.

De onde tirarei força para continuar?

Como posso me levantar sabendo do risco da caminhada?

Que direção devo tomar para chegar vivo ao final desta guerra?

Um novo dia não trás consigo as respostas,

Enquanto repouso e paciência se mostram como a única saída."

- Zero (28/08/2020)

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PERDA.

"Não te amo.

O sentimento se esvaiu a dias

E as borboletas já não fazem mais morada em meu estômago.

O que ficou foi o peso da perda,

A necessidade por afeto,

O egoísmo de querer aqueles momentos só para mim

E o medo de que ninguém me cause as sensações que tive quando estava contigo.

Euforia já não se faz mais presente quando penso em você,

Em nós,

No nosso futuro.

Já nem sei se teremos algum futuro.

Juntos.

Fico triste quando relembro nossa história,

O pedaço de mim que você levou

Ainda me faz falta,

O sentimento que te abandonou segue me machucando.

É apenas meu orgulho se ferindo,

O ego que me restou após a jornada,

Eu sei.

Mas dói.

O beco sem saída em que me encontro,

Me dando apenas duas opções:

Voltar rastejando

Ou ficar estagnado à espera do resgate,

Faz com que aos poucos eu perca a esperança.

[Mas espero ansioso pelo dia que vou recuperá-la.]"

- Zero (25/08/2020)

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"Eu queria te odiar.

Se o sentimento mais forte em mim fosse raiva,

Não estaria chorando agora.

Digo a mim mesmo que superei por completo o que sentia,

Mas sei que não é verdade.

Ainda tem dias em que sinto sua falta,

Que queria voltar no tempo e reviver os momentos bons.

Voltar para as tarde que passamos juntos,

O dia no parque,

Conversas enquanto estávamos deitados na grama olhando para o céu,

Ligações despretenciosas onde você se empolgava com qualquer assunto.

Ainda tem dias em que me sinto culpado

Por algo que não foi culpa minha.

Dias em que sinto como se nunca fosse ser feliz de novo,

Como se nunca fosse capaz de confiar em outro alguém como confiei em você.

Mesmo os dias de raiva e indiferença não parecem ser intensos como estes,

E não sei explicar o motivo

Tampouco como torná-los menos difíceis.

Sensação de impotência e inutilidade.

Tudo mudou da noite para o dia,

E não existe nada em meu alcance que desfaça isso.

Você levou um pedaço de mim naquela noite,

Quando foi honesto pela primeira vez em dias,

E esse pedaço me faz falta.

Eu queria te odiar,

Para que minha cicatrização fossse menos dolorosa

E meu renascimento mais rápido."

- Zero (24/08/2020)

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...

"Dessa vez não vou fugir,

Estou disposto a abraçar o que vier.

Dor.

Saudades.

Amor.

Transbordarei, se assim for preciso, até que eu esteja limpo

E pronto para continuar.

Não te esquecerei,

Não quero!

Pois você foi meu mais belo amor,

Minha mais forte amizade,

O mais intenso pedaço de mim que se foi.

Suas marcas estão cravadas no meu coração e permanecerão até o dia da minha morte,

Me confortando e me lembrando de uma alma que jamais cairá no esquecimento.

Espero que chegue o dia onde, se assim o quiser, novas marcas sejam feitas.

Não tenho condições de prometer,

Por isso faço aqui um pedido à lua:

Que nossa história não tenha chegado ao fim, mas que apenas esteja em meio a uma reticências."

- Zero (06/08/2020)

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"Você se tornou meu porto seguro,

O farol que me guiava em meio a tempestade.

Pela primeira vez me senti seguro o suficiente para chamá-lo de lar,

Me expus por completo e me desmanchei aos seus pés.

Quando o chão começou a vacilar escolhi olhar para o céu,

Ignorei os arredores enquanto a areia te engolia,

As paredes ruiam e desmoronavam.

Implorei para que ficasse, mesmo sabendo que ja tinha ido.

Me agarrei a expectativas irreais de um futuro inexistente,

Finquei meus pés em memórias que sequer chegamos a construir.

Agora estou de volta ao ínicio,

Sem lar para me abrigar enquanto me dilacero por dentro.

Remoendo lembranças e erros,

Reencenando verdades momentâneas suas

E me questionando se elas chegaram a ser verdadeiras em algum momento."

- Zero (04/08/2020)

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QUEDA LIVRE.

"Me permiti subir mais alto do que meu fôlego aguentava,

Mais alto do que você podia alcançar,

Voltei a voar sozinho.

Eu queria tanto viver o que me foi prometido,

Por você e por mim,

Que fechei os olhos ignorando os rochedos a minha frente.

Promessas essas das quais você sequer sabia, pois as guardei para mim,

E talvez tenha sido melhor assim.

Não tenho mais forças para me manter no ar,

Não por agora,

Por isso me permito a queda livre e o encontro iminente com o solo.

Me jogarei contra as pedras,

Mas dessa vez com a esperança de que elas me tirem daqui.

Para que, assim como uma fênix, eu suma até me reencontrar em meio as minhas cinzas."

- Zero (04/08/2020)

[poemasconstelados]

"Promete que vai ficar?

Mesmo se eu tentar fugir, te afastar e jogar tudo pro ar,

Finca teu pé no chão e me segura até passar.

Promete que vai ficar?

Quando minhas ondas se agitarem e meu mar se revoltar,

Joga tua boia e não me deixa afundar.

Promete que vai ficar?

Se eu me perder em mim e não achar o caminho de volta,

Acende a luz do teu farol pra me guiar.

Se não quiser, tudo bem, não tem problema.

Pode ir a qualquer hora,

Mas me promete uma coisa?

Que vai me amar intensamente enquanto conseguir ficar."

- Zero (02/08/2020)

[poemasconstelados]

Lobo em pele de cordeiro.

"Acreditei que quanto mais alto eu fosse melhor seria,

Quanto mais longe mais verdadeiro.

Mesmo contra a minha vontade, teria significado,

Afinal de que importa a linguagem usada? contanto que a mensagem seja entregue.

Me deixei acreditar que estava tudo bem.

Aquilo era normal,

Apenas um digito nos separava.

Distância física era insignificante,

O toque não foi necessário para me envenenar.

Sem que eu entendesse por completo o que aconteceu, me deixei intoxicar pelas sequelas.

O desconforto que cultivei, hoje sei, que é consequencia do que me aconteceu.

Enterrei a memória dentro de mim,

Uma das inumeras caixas de pandora que carrego comigo,

E agora está exposta em plena luz do dia me causando enjoo e angustia.

Me amaldiçoo por tê-la desenterrado

E te condeno por tê-la criado."

- Zero (08/07/2020)

[poemasconstelados]

"Agarrado aos meus pés, me puxando para o fundo.

Um grito dentro de mim, que soa como um tiro na noite escura e silenciosa.

O lugar tão conhecido e tão temido,

O canto escuro que me acolhe a anos.

Realmente cresci?

Ainda a sinto dentro de mim.

A criança assustada, vendo ao longe tudo que ama se afastar,

Recolhendo migalhas de afeto que não eram suas.

Quando chegará a hora de partir?

Se é que um dia ela partirá...

Talvez eu não tenha escolha,

Acho que nenhum de nós têm.

Estamos fadados a carrega-las para sempre conosco.

Nunca cresceremos de verdade.

Buscando sempre a mesma coisa,

E nos sabotando quando a encontramos.

Afinal, qual seria nosso propósito depois?"

- Zero (01/07/2020)

[poemasconstelados]

Cacos.

"Coleciono cicatrizes de machucados que remendo com cola branca,

Mesmo depois que seca eles são facilmente reabertos.

Preso em um ciclo vicioso,

Criando novos cortes

E abrindo os que tentam cicatrizar.

Dores que perseguem ao cair da noite, me tirando o sono e o sossego.

Medos que atormentam à luz do dia, me impedindo de seguir meu caminho.

Pedaços de um passado que fincam meus pés ao chão.

Lembranças dolorosas que me dilaceram mais rápido do que consigo me recuperar.

Possibilidades de futuro que me tiram a calma.

Euforias desenfreadas que me tiram o foco e me atrasam.

[Coleciono meus cacos.]"

- Zero (30/06/2020)

[poemasconstelados]

“Ele se foi.

O ultimo pedaço seu que restava em mim,

Ao qual me agarrava desesperadamente com medo de te esquecer,

Se foi.

Me desprendi da saudades e deixei para trás a culpa que carregava.

Não preciso mais daquela corrente presa ao meu pescoço, trancando minha garganta,

Nunca precisei.

Sua importância não se dissipará,

As memórias boas permanecerão

E seu sorriso ficará gravado em meu coração,

Eu prometo!

Mas já passou da hora

E preciso te deixar ir por completo.

Adeus, meu amor,

Você foi minha mais bela verdade momentânea.”

- Zero (10/04/2020)

[poemasconstelados]

"Você despertou infinitas estrelas dentro de mim e agora não consigo apagá-las,

Mas a verdade é que não sei se é isso que quero.

Cada dia ao seu lado e cada momento que tivemos

Fez nascer uma galáxia só sua em mim,

Completamente linda e fascinante.

Nossos destinos se entrelaçaram e se emaranharam,

Tornando-se um só.

Meus sentidos foram atordoados e já não sei definir com clareza o que sinto.

A única certeza que tenho é que você começou essa chuva de meteoros em mim,

E não tenho mais como me proteger.

Não quero me proteger."

- Zero (31/03/2020)

[poemasconstelados]

Alto-Mar.

"Tem sido cansativo manter a cabeça fora da agua,

Puxar o ar enquanto tento voltar a superficie após cada onda que me atinge.

Cada gole salgado que me escapa pelos lábios

Percorre seu caminho da forma mais dolorosa possível.

Me queimando por dentro.

Após meses tentando me libertar desse mar revolto,

Que faz de mim seu fantoche, me jogando para as pedras sem o minimo de cuidado,

Sinto a calmaria se alojando.

A brisa acariciando minha pele

E a luz do sol esquentando partes de mim que ja nem se lembravam como era a sensação de estar vivo.

Mas não dura muito.

Não sou capaz de aproveitar ao máximo o pouco de alegria que me é oferecida esporadicamente.

Em questão de segundos o céu se torna cinza,

Os raios lutando entre si para ver qual me atingirá primeiro,

O oceano completamente raivoso me engolindo para logo em seguida me cuspir de forma áspera e sem remorso.

Meu barco foi estraçalhado a muito tempo,

Já não tenho moradia para chamar de minha.

Meus portos seguros estão longe

E já não enxergo sua luz.

Estou sozinho,

Solitário,

Em meio a uma imensidão que me é tão familiar.

Como uma mão amiga ela se curva e me envolve,

Sei que não devo mas cedo.

Entre o pânico e o alívio sinto o vazio se alojando.

Não vejo mais ameaças,

Muito menos coisas belas ás quais me agarrar.

O que aconteceu com a minha força?

Onde foi parar meu fôlego?

Quando me tornei tão dependente?

Em meio a tanto caos não consigo evitar de me questionar.

Não sei dizer em que ponto minha essência se perdeu em meio a trajetória,

Quando passei a agir como o coadjuvante da minha história,

Como me permiti depositar meus sentidos em mãos que não me pertencem.

[Me perdoe por tê-lo decepcionado.]"

-Zero (19/03/2020)

[poemasconstelados]

"Ofegante.

Cansado.

Por mais que eu nade, não saio do lugar.

Se eu abrir meus braços,

Me tornar mais leve e me permitir,

O oceano irá me engolir?

Mas talvez seja melhor assim, não acha?

A morte súbita de todos os meus sentidos,

Substituindo os goles salgados e esporádicos."

-Zero (12/03/2020)

[poemasconstelados]

Ressaca.

"Cinza.

A única coisa que se faz ver em um momento como este.

O céu chora ameno em uma tentativa falha de me consolar,

Sua dor é por me ver transbordando a dias

E não conseguir amenizar o que sinto.

Ele não diz nada, não faz barulho algum,

Apenas derrama sobre mim seu pesar.

Mas de nada isso me serve,

A não ser crescer o sentimento que me atormenta por dentro.

Como em um grito agonizante de dor, puxo o que está ao meu alcance e jogo ao longe com força.

A revolta faz moradia em minhas ondas,

E junto dela vem o ímpeto de destruir tudo ao redor.

Me quebro junto à areia

Para me recolher logo em seguida.

[Espero pelo momento de calmaria, preso nesse ciclo sem fim de culpa e raiva.]"

- Zero (28/02/2020)

[poemasconstelados]

"Fui alto demais.

Longe demais.

O ar quente se extinguiu

E agora o que me resta é a queda livre.

O vento em meu rosto e a sensação momentânea de liberdade

Chegarão ao fim assim que eu tocar o chão de forma abrupta e dura.

E por mais que esteja caindo não consigo evitar de questionar,

Como seria se você me puxasse para levantarmos vôo juntos?

Mas suas asas não foram feitas para isso, eu sei.

O inevitável aconteceu e não tenho para onde correr,

Não existe esconderijo que me proteja do estrago.

Fecho meus olhos e sinto o impacto com o solo,

E então me estilhaço em pedaços.

[Não tente recolhê-los, você pode se machucar.]"

-Zero (24/02/2020)