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pra quem sonha alto deixe-o voar, passarinho canta quando precisar
pra quem ficou triste deixe estar, quando o céu abrir tudo vai passar
pra quem ficou longe olhe o horizonte, certamente logo seu alguém virá
se ele não vier nao se acanhe, não aproveite a dança chame a solidão
solidao não vem, porque tá cansada pegue esse trem faça logo a mala
conheça teu mundo antes de mudar alegria vem depois de chorar.
(Caminhos, por Marília Bento Ribeiro)
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Prisão
Alisava as paredes que o cercavam com seus dedos pequeninos.
Elas por sua vez em rígidez, beliscavam-o com mãos geladas,
mas havia ternura em sua tirania.
Quisessem talvez afagar o passarinho atrás das grades.
O toque do bichinho nas paredes,
era uma forma de reconhecimento do âmago de seu ser
e do gosto amargo da comida de detento.
Deveria ali dentro buscar recordar-se o que é, quem era.
Pois dia após dia acordando prisioneiro, renasceria um novo ser,
que deveria aprender a fazer de sua prisão um lar.
Mas a cada renascimento ele se fragmentava,
não se perdia, pois era o mesmo caminho.
Se remontava, tomava outra forma, uma nova peça,
uma mais diferente, mais plástica, mais artificial, mais vóluvel.
Talvez peças doadas das paredes que ali ganhavam vida
e eram por hora, suas únicas amigas.
Ele pensava como seria seu rosto agora.
Ou se mundo seria o mesmo fora dali.
Os sinônimos de liberdade
eram os mesmo que um dia conhecera?
Ele era cada vez mais prisioneiro,
fosse pela perda da esperança de voltar a ser livre,
fosse pelo costume em se aconchegar
e acostumar-se com o chão duro da cela.
Tentava olhar para o céu em clamor, mas seus olhos paravam no teto,
fino ou grosso, era concreto demais para um deus abstrato.
Como é dificil enxergar além da gaiola.
Gaiola antes pequena, um cantinho,
cabia apenas a alma de um bicho só,
ficava cada vez maior, mais larga, mais vazia.
Não era um pássaro que morava ali,
tanto tempo não aguentaria.
Era um sujeitinho homem, até de boa postura
agora escorando o corpo, sem mais pensar no que o delimitaria
como se a melancolia traçasse seu ponto de partida.
Podia ainda observar pelas frestas na grade que com atrevimento
traziam a luz clara do dia, sua própria agonia.
Às vezes ria para si mesmo, gozando de sua desgraça,
não porque ele era feliz ali dentro.
O homem sabia, não seria mais feliz lá fora.
Criado em 13/12/2019 - Marília Bento Ribeiro.
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O cheiro de terra úmida alertava.
Era um pé d’água descalço
correndo pra dentro de casa.
Haviam pegadas de pássaros estalando o telhado,
sem asas deslisavam pela calha, nas plantas e nos vasos.
Jogavam-se os pingos de chuva
em suicídio, na direção ao vidro da janela.
Se ao menos entrassem,
Poderiam se salvar no piso seco da sala.
Do que fogem os pingos de chuva?
O céu grita enfurecido.
As árvores expulsando suas galhas.
Talvez seja natureza sacrificando seus próprios filhos
para alertar aos humanos de suas falhas.
(Texto: Correria, 19 de novembro de 2019, por Marília B. Ribeiro)
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