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Paixão de um fim de semana
A primeira noite foi sintética, havia acabado de fazer um exame e estava preocupado mesmo com minha carteira que havia deixado em casa, nem tinha reparado em você direito. Falar demais, acho que para além de um defeito meu é uma forma de lidar com minha camuflada timidez, mas em primeira instância você me encheu os olhos. Aos poucos fui reparando nos detalhes daquele homem, afinal era inevitável, pois compartilhávamos do mesmo espaço para descansar na noite. Seu peculiar interesse pelas aves e sua sensibilidades para com esses animais me chamava atenção e me fazia querer a cada instante fazer a seguinte pergunta: Como tudo isso começou?. Quando tive a oportunidade de fazer, fui inundado com uma sensível história de uma significativa relação de avô e neto, o que me fez querer saber mais e mais desta história, ou simplesmente fazer suposições a cerca desta. Um Little Boss convicto, envolvido numa causa nobre, um português que assim como seus pais era um conhecedor de terras brasileiras , que ao tentar falar "gente", me fazia rir como uma criança. Aqueles olhos faziam-me lembrar da cor esverdeada das águas do rio que se intensificam quando os raios de sol as tocam, o sorriso bobo e seu jeito de dançar me lembravam uma criança feliz que ainda acreditava em Papai noel e na cegonha que traria um irmãozinho. Apesar de querer me aproximar, sentia que ali havia uma barreira que nos dividia, e como eu respeito sempre os limites decidi ficar na trincheira. Desde o principio sabia que compartilhávamos da mesma orientação, mas fui ter a certeza na segunda noite, após uma divertida "observação de aves noturnas" que começaria com funk e cerveja e terminaria na Espanha. O fato é que eu não parava de reparar em você, por vezes achava que notava, mas era coisa da minha cabeça talvez. Por mais que tentasse chamar atenção, trocando seu nome ou lhe falando coisas sem sentido, não adiantava, e o resultado disso foi ser tido como chato no outro dia (risos). Aquela noite após escrever algumas destas palavras em meu pequeno caderno e após conversarmos sobre a pluralidade da sexualidade, você se foi, dizendo em sussurus: {estou cansado, boa noite}, por um segundo ao tossir eu respondia "saúde" e você, "obrigado". Ao adormecer sonhei com você sendo perseguido por um cão pastor alemão (risos), (não era surpresa este sonho pois simplesmente reproduzi um pouco da tua história com a atividade que tinha visto no festival), mas após este episódio um outro me veio, estávamos naquele mesmo quarto só que já não conversávamos e nem dormíamos, comunicávamos com os olhos e com o corpo numa intensa troca de carinho. O sol aparece e um novo dia renasce, e sou presenteado por uma chuva de ovelhas e um sorriso, aquele sorriso de lado junto com um ponto prateado na orelha. Estava me sentindo triste por ser o último dia daquela aventura, mas realizado por ter te conhecido e ter sido privilegiado com um pouquinho da tua história e das experiências que ali cultivei. Chegando ao festival por curiosidade fui verificar sua foto do WhatsApp, eu sabia que já tinha visto aquela imagem em algum lugar, só não me recordava onde, por fim, descobri que o rapaz daquela mesma fotografia, havia me mandado no dia 15 de abril um, Olá tudo bem!? em um famoso aplicativo de paquera; coincidência, destino, acaso ou um possível encontro esperado, não sei, decidi acreditar em todos os fatores. Finalmente chega a hora do retorno, e o fim da história se resumiria em cantar Velha Infância dos Tribalistas contigo e colocar Ketchup em suas batatas. Essas foram as afetações que vivi no ultimo fim de semana do mês de maio de 2018, conhecendo Rafael, um médico de 25 anos que entendia de aves e fazia residência na capital, um homem alto que dirigia um carro de 7 lugares.
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