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Pequena Meditação
Evangelho Dominical
03.09.2023
Tema: Renuncie a si mesmo.
Mt 16, 21-27
Introdução:
Domingo passado, escutamos no Evangelho que Pedro, sob uma luz sobrenatural que lhe foi dada por Deus , confessou Jesus como Messias e Filho de Deus . Em contrapartida, Jesus o declarou "Pedra" sobre a qual Ele havia de construir a sua Igreja .
No Evangelho deste domingo, contudo, seguindo a narrativa de São Mateus , as coisas parecem mudar: Pedro parece não mais falar sob a luz de Deus , mas de acordo com a malícia humana, que só busca o "confortável". Jesus então o chama de "Satanás"! O que aconteceu ? O que há de tão satânico nas palavras de Pedro ?
Devia ir a Jerusalém...
Jesus devia ir a Jerusalém. Devia ... era algo que Ele tinha de cumprir, era algo que estava em seu destino, em sua missão. Claro, não se trata de "passear" em Jerusalém. O "devia ir a Jerusalém" significa para o Evangelista que Jesus devia ir sofrer a sua paixão.
A paixão e a morte de Jesus eram o seu destino, a sua missão. Ele veio ao mundo para isso mesmo . Ele mesmo o afirma:
Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas para isto vim a esta hora. Jo 12,27
E não somente o Filho de Deus se encarna para sofrer a paixão e a morte , que nos valerão a salvação, como Ele também as desejou ardentemente:
Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra! Lc 12, 50
E sofrer muito ...
O sofrimento , que entrou no mundo por causa do pecado, foi transformado por Deus na matéria prima com a qual Ele fabricou a nossa santificação e salvação.
Depois da Paixão e Morte de Cristo, o sofrimento não é algo sem sentido, mas ele pode ser o processo pelo qual Deus quer transformar as nossas almas: de egoístas e enganadas pelas ilusões deste mundo a portadoras de sabedoria , paz e consolação.
Como você vê e encara o sofrimento em sua vida ? Você tem a ilusão de que , sendo piedoso e devoto a Deus, nenhum tormento passará por você? O Evangelho o/a convida a rever a sua forma de entender o sofrimento.
Dos anciãos, dos sumo sacerdotes e dos mestres da Lei...
Os homens religiosos foram os instrumentos com os quais o diabo supliciou Jesus . O que isto pode nos ensinar ?
O seguinte : cuidado com as aparências de religiosidade , cuidado para não cair em uma religião cuja meta é parecer piedoso. Tudo o que é externo e simbólico na religião serve como indicativo de algo maior, a verdadeira conversão, a compaixão universal para com todas as criaturas, a resistência ao pecado , a caridade ativa .
Por que essa tragédia aconteceu com os homens religiosos que fizeram complô para matar Jesus ? Como eles caíram do estado de chamados por Deus à triste situação de instrumentos do diabo ?
Porque não vigiaram os seus corações e deixaram-se afagar pelo ego ! Foi o que Jesus disse a respeito deles:
Como podeis crer, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus? Jo 5,44
Cuidado com dois vícios muito típicos nas paróquias: a mútua adulação e a busca de religiosidade aparente enquanto o coração está cheio de ódio e traição.
Devia ser morto...
A morte de Jesus na cruz é o centro de toda a história humana , é o centro da sua própria vida, mesmo que você ainda não compreenda isso.
Ao morrer na cruz, Jesus adorou o Pai do modo mais perfeito, pleno e divino. Foi ali que a desobediência de Adão se desfez; foi ali que a morte triunfando deixou-se derrotar, e onde Deus, deixando-se derrotar , na verdade triunfou ; foi ali que todos os nossos pecados foram perdoados; foi ali que Deus readquiriu a humanidade sequestrada de Satanás; foi ali que Deus venceu, mas do seu jeito e não do nosso.
Diante da cruz de Cristo, só nos cabe adoração, silêncio, e um pedido humilde: Senhor, que a vossa morte para mim não seja em vão!
E ressuscitar no terceiro dia...
Derrotada a morte na cruz, a ressurreição de Cristo torna-se a fonte universal e divina de toda vida e graça. Cristo ressuscitado torna-se o "primogênito dentre os mortos" , isto é, o começo, a raíz, de uma nova criação. Tem de haver um novo céu e uma nova terra para conterem o novo corpo e o novo sangue de Cristo .
É Cristo ressuscitado a fonte de toda santificação que recebemos na Igreja . Todos os sacramentos da Igreja tem no Corpo ressuscitado , imortal e glorioso de Cristo a sua fonte divina de luz e graça.
É a presença do Corpo Ressuscitado de Cristo em nós que os nosso pecados e vícios se dissipam e cedem lugar às virtudes do próprio Senhor .
É Jesus ressuscitado a fonte de uma nova sabedoria , de uma nova luz, de uma nova vida.
Que em nossas almas haja adoração da humanidade gloriosa do Senhor Jesus Cristo .
Pedro começou a repreender a Jesus...
Percebam a ousadia de Pedro: repreender , corrigir, o Filho eterno de Deus ! Pedro quis ensinar a Deus a fazer as coisas do jeito certo: veja, Deus, como se faz !
Vejamos até que ponto pode ir a soberba e a cegueira humanas !
Não temos nós essa atitude às vezes: um pensamento secreto de como as coisas deviam ser ... "por que Deus não poderia ter feito assim ou assado..."
Não nos enganemos, irmãos. A Sabedoria divina governa o mundo poderosamente . Nada lhe escapa . Jesus afirmou isso no Evangelho :
Nenhum pássaro do céu cai sem o consentimento do vosso Pai... Mt 10,29
Embora o mundo possa parecer às vezes "desgovernado" , ou , no pior dos casos , governado pelo diabo, isso assim nos parece por causa da estreiteza do nosso olhar . Se olharmos do alto como as águias , veremos que tudo está sob o controle da mão poderosa de Deus.
As coisas dos homens...
É assim que Jesus chama a falsa sabedoria humana: coisas dos homens. É dos homens, não é de Deus !
Há duas sabedorias em operação neste mundo. A primeira é aquela que vem de Deus e que nos quer comunicar o mesmo Deus . É a sabedoria dos santos , a sabedoria do Evangelho, a sabedoria da cruz de Cristo. Ela não busca, em primeiro lugar , o prazer e o interesse. O que ela busca em primeiro lugar é a JUSTIÇA, isto é, a conformidade com a vontade de Deus .
A segunda sabedoria é aquela que foi comunicada à humanidade pela serpente , isto é, o diabo, no Paraíso original . Ela, ao contrário da verdadeira sabedoria, procura o próprio interesse e a exaltação de si mesma : "sereis como deuses..." Gn 3. Ela procura o prazer , a vanglória, com desprezo pelas disposições divinas.
É a partir desta falsa sabedoria , que está presente em todos nós, a partir desta malícia diabólica , deste "fermento dos fariseus e de Herodes" , como Jesus a chamou no Evangelho, que Pedro fala a sandice que falou , isto é, que Cristo não deveria passar pela sua paixão... Talvez Pedro pensasse : vamos fundar a nossa escola , talvez na Galileia angariar muitos discípulos e sermos famosos em todo mundo ...
Não é assim muitas vezes que pensamos ? Pondo em primeiro lugar o prazer e o conforto ? Quem busca a sabedoria da cruz ? Você tem coragem de buscar a sabedoria da cruz ?
Se alguém me quer seguir...
Nosso desejo, pelo menos superficialmente , é o de seguir Jesus . Mas aqui, neste ponto do Evangelho, o Senhor no convida a ponderarmos o desejo mais interior do nosso coração: qual é o nosso desejo mais secreto ? Mais fundamental? É o de seguir Cristo? Mas eu sei que esse seguir a Cristo é um processo de transformação pessoal , longo e doloroso ?
Você quer ? Em primeiro lugar , verifiquemos isso.
Renuncie a si mesmo...
Esta frase de Jesus contém sinteticamente todo o seu programa de vida para nós: é preciso renunciar ao "Ego".
Penso que esta frase poderia muito bem estar estampada na capa de todas as nossas Bíblias: Renuncie a si mesmo . Quer dizer : pare de fazer da busca dos prazeres e da exaltação de si mesmo o norte da sua vida ! Pare de cair nas ilusões do Ego ! Finja, pelo menos por um tempo, que você não existe, que você tem "projetos". Imagine, pelo menos por um tempo, que você é uma energia de amor que Deus pôs no mundo para fazer o bem a um punhadinho de pessoas que estão perto de você!
Pare de se considerar o justiceiro e a justiceira da Igreja e passe a se ver como o copeiro ou a copeira da Igreja , cuja função é só dar um copo d'água ao seu próximo. Deus não colocou você no mundo para você trabalhar na construção da Torre de Babel, quer dizer, na exaltação de si. Deus colocou você no mundo para vestir um avental e servir o seu próximo, como Jesus o fez (Jo 13, 4-5).
Tome a sua cruz...
Tomar a cruz significa aceitar com coracao generoso todas as disposições da Providência Divina em sua vida . Como dizia Jó: "Deus dá, Deus tira, bendito seja Deus!" Jo 1,21.
Não é uma atitude meramente passiva, de aceitação do sofrimento. Ao contrário , ela implica ação, atividade , vontade , força; por isso Jesus utiliza o verbo "tomar" no imperativo: tome a sua cruz . É como se ele dissesse: pare de resmungar e seja forte . Ofereça a sua dor como oferta agradável a Deus em união com Cristo Senhor.
E me siga...
Somente depois de nos fazer meditar sobre se queremos mesmo , de verdade, o seguimento de Cristo, somente depois de nos convidar à renúncia de si, e somente depois de nos pedir uma atitude ativa frente aos sofrimentos, é que Jesus faz finalmente o convite sublime: siga-me.
Claro , a vida em Cristo exige conversão, renúncias, transformação... Mas seguir Cristo não consiste apenas em renúncias e aguentar o peso da vida com coragem . Seguir a Jesus é amá-Lo, amar o que Ele ama e amar quem Ele ama. Não é somente dizer não, é principalmente dizer sim : sim à caridade, sim à compaixão, sim à vida, sim a Deus .
Retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta...
Jesus nos mostrou o caminho da conversão, nos mostrou o caminho da salvação, o caminho da união com Deus.
Contudo , continuamos livres. Nossa liberdade é algo bom. Somos livres para escolher , mas não somos livres das consequências das nossas escolhas . Como dizia São Paulo:
Quem semeia na carne , da carne colherá a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna (Gl 6,8).
Conclusão:
Se Jesus é o Messias e Filho de Deus, como Pedro confessou, Ele deve então cumprir as Escrituras e sofrer a paixão e a morte para nos adquirir , com seu sangue , a salvação. Neste mundo provisório, Cristo nos convida a reavaliar todas as coisas desde uma sabedoria mais alta ; o que inclui uma reavaliação da dor e do sofrimento: estes agora, com Cristo, se tornam instrumentos da Caridade, instrumentos da chama viva do amor de Cristo. Não é possível passar por esta vida sem a experiência do sofrimento; mas temos nas nossas mãos o poder de escolher o que fazer com o sofrimento que a vida nos impõe. Cristo convida-nos a segui-Lo , e a encontrarmos n'Ele uma fonte uma alegria maior .
Que você tenha um domingo abençoado.
Padre Cristóvão
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Pequena Meditação
31.08.2023
Ficai atentos Mt 24, 42
O Evangelho de hoje nos traz o finalzinho do capítulo 24 de São Mateus. Ontem líamos o capítulo 23 e amanhã já passaremos para o capítulo 25. Portanto, é o único trecho do capítulo 24 que vamos ouvir na liturgia pelo menos durante o tempo comum .
Talvez essa economia não seja sem motivo, haja visto que o capítulo 24 de São Mateus é um dos mais difíceis de todo o Evangelho.
O assunto do capítulo 24 é o "fim do mundo" : quando será, e quais os sinais que precederão esse fim e a vinda do filho do homem sobre as nuvens.
A narrativa começa com a afirmação de Jesus a respeito do templo de Jerusalém: vós vedes tudo isso? Em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra. O fim do templo de Jerusalém dá aos discípulos ocasião para perguntar a Jesus sobre o fim do mundo e a vinda gloriosa do filho do homem .
Essa associação entre o fim do templo e o fim do mundo não é sem razão. O templo de Jerusalém, como continuação da Tenda da Reunião ou Tabernáculo, simboliza a totalidade da criação divina , o reino de Deus . Segundo a Bíblia mesmo, Moisés ordenou a construção do Tabernáculo conforme a visão que ele teve do Tabernáculo celestial. A destruição, portanto , do Templo de Jerusalém representa o fim desta idade do mundo , o fim da criação não gloriosa , que cede lugar à criação gloriosa . O Apocalipse, por exemplo, fala de um tempo em que o sol será dispensado da criação para ceder lugar à própria luz da glória divina , que então iluminará a criação naquele tempo .
O que Jesus vai falar então a respeito do fim do mundo e da sua vinda é bastante complexo , e até mesmo confuso, pois vários assuntos se misturam aí, os quais são: a) a invasão de Jerusalém no ano 70 e a destruição do templo de Jerusalém por parte dos romanos ; b) a perseguição que os cristãos já sofriam da parte dos pagãos e da sinagoga; c) a vinda do Filho do Homem no fim dos tempos.
No meio de todos esses elementos intercalados, algumas coisas se podem discernir com certeza, como o princípio das dores e a grande aflição.
O princípio das dores é um tempo marcado por guerras, fomes , epidemias , falsos cristos, falsos profetas, perseguição, falha na fé...
Parece que o princípio das dores marca todo o período da história da Igreja , pois estes sinais se podem verificar, ora mais ora menos intenso, em todas as épocas pelas quais passa a Igreja .
Já a grande aflição apresenta-se como aquele tempo em que o recrudescimento do mundo à Igreja vai atingir patamares nunca antes alcançados, caracterizando-se por um período de grande violência e confusão mundial como nunca houve antes. É o ápice das dores.
E é justamente nesse momento do ápice das trevas que o Filho do Homem vai aparecer no céu e reunir os seus eleitos dos quatro cantos da terra.
A última parte desse capítulo caótico , o capítulo 24 , que escutamos hoje na liturgia, contém qual deva ser a postura do cristão em qualquer época em que ele esteja vivendo. Se estamos no tempo chamado Princípio das Dores, ou se no tempo chamado da Grande Aflição, a postura que nos cabe é uma só: vigiar, isto é, manter a chama da fé acesa em nossos corações. E nós o fazemos pela prática da piedade : oração, confissão, caridade .
Minha oração hoje é: Senhor, qualquer que seja o tempo pelo qual a vossa providência me permite passar , eu manifesto que confio em vós. Dai-me, Senhor, a vossa graça, para continuar fiel a vós. Amém.
Deus abençoe o seu dia .
Padre Cristóvão
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Pequena Meditação
30.07.2023
Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas... Mt 23, 27.
Quando ouvimos estas palavras duras de Jesus no Evangelho, dirigindo-se aos fariseus e mestres da lei (ou escribas), geralmente o primeiro impulso de pensamento que nos vem a mente é o seguinte : vejam como eram maus aqueles fariseus e escribas , como não seguiam nem o Evangelho e tampouco a Lei de Moisés... Como eles não eram bons como nós!
Acontece que nós esquecemos que muitos personagens nos evangelhos estão aí não para serem julgados por nós (eles já o foram por Deus, não precisamos nos preocupar com isso), mas para serem símbolos e emblemas daquilo que somos. Esses fariseus e escribas hipócritas somos nós! Nós é que somos muito piedosos por fora e cheios de malícia demoníaca por dentro !
Que fazer ? Rezar a Deus e pedir que hoje sejamos um pouquinho menos hipócritas, um pouquinho menos falsos, e um pouquinho mais verdadeiros discípulos de Jesus .
Deus abençoe o seu dia!
Padre Cristóvão
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Pequena Meditação
29.07.2023
Martírio de São João Batista
OS BANQUETES DO DIABO
➡️ Até onde pode nos levar o não ouvir a própria consciência?
Fazemos hoje memória do Martírio de São João Batista. Nosso Senhor no Evangelho afirma ser o seu precursor o maior profeta (Mt 11,11 ) da história da salvação. De fato, tal é a grandeza de São João Batista que mereceu ele da Igreja duas festas ao longo do ano: o seu nascimento e o seu martírio .
Ouvimos hoje na liturgia o relato de como foi o fim da sua vida: decapitado a mando de Herodes para satisfazer ao capricho e à maldade de Herodíades, sua esposa ilegítima . Vemos aqui uma como que trindade satânica: Herodes, Herodíades e sua filha, a quem a tradição atribuiu o nome de Salomé.
A cabeça de João Batista é trazida em um prato e como que , simbolicamente, servida como alimento para os convivas de Herodes. A pergunta que se nos impõe primeiro é: onde está Deus nesta história? Como um santo da grandeza de João Batista pôde ter uma morte tão infame ?
É claro que Deus não estava nem em Herodes , nem em Herodíades, nem na adolescente fútil e sensual que pediu num prato a cabeça do maior santo da história da salvação desde então; não estava tampouco naqueles aristocratas glutões e impiedosos que se sentavam (Sl 1,1) à mesa de Herodes .
Deus estava, claro, em São João Batista, em seu coração, em sua alma , em seu corpo santíssimo que não conheceu a impureza; Deus estava na piedade de João Batista , na devoção de João Batista , no amor que João Batista devotava a Deus .
Disso, a primeira conclusão é óbvia: ser fiel a Deus não implica que a vida será fácil , confortável, marcada pelo poder e pelo dinheiro. Minha vida atualmente se parece mais com a de João Batista ou com a vida de alguns dos convidados de Herodes ? O mundo de hoje quer nos transmitir a ideia de que a vida é um banquete de prazeres....
Este jantar de Herodes nos faz pensar, lembrar, de um outro jantar diabólico que nos relata a Sagrada Escritura .
A Bíblia nos conta que o diabo teve, na história do povo de Deus , dois banquetes: um no Antigo Testamento e outro no Novo Testamento .
O banquete do diabo no Antigo Testamento foi aquela festa que Baltazar deu em seu palácio com os utensílios sagrados do templo de Jerusalém, um dos maiores sacrilégios cometidos pelos pagãos contra Deus e seu Templo sagrado . Como castigo imediato , Deus escreveu nas paredes da sala de jantar os dizeres enigmáticos , que só foram interpretados por Daniel: Deus estava pondo um fim àquele reinado de iniquidade . Esta história , que vale a pena ser lida e meditada, está no livro de Daniel (cap. 5).
O segundo banquete do diabo é esta festa de Herodes , que serviu num prato a cabeça do Precursor para os seus convivas devorarem .
O banquete do diabo continua a existir , e dia e noite , ele nos manda o seu convite : vinde para o meu banquete, aqui tudo podeis, aqui todos os prazeres vos são permitidos . Aqui , junto a mim, estão todos os poderosos da terra; aqui comem comigo todos os aristocratas injustos do mundo ; vinde, juntai-vos a nós, e devorai conosco a cabeça de João Batista e a de todos os bebês mortos no ventre de suas mães... Basta que aceiteis um só pecado em vossa vida, e vós fareis parte de minha festa ...
Depois do relato do Banquete de Herodes, o Evangelista São Marcos vai nos narrar a primeira multiplicação dos pães operada por Jesus , que aponta , simbolicamente para o Banquete do Reino de Deus que é a Eucaristia .
Cabe a nós escolher qual destes dois convites nós vamos aceitar . E não é com palavras que será a nossa resposta , mas com ações.
A qual banquete você quer ir , ao de Deus ou ao de Satanás?
Deus abençoe o seu dia .
Padre Cristóvão
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Pequena Meditação
26.07.2023
Eles fazem todas as suas ações somente para serem vistos pelos outros... Mt 23,5
Resumo: Jesus reprova a vaidade religiosa das autoridades de seu tempo. Nós estamos sujeitos à mesmíssima tentação.
Na época em que Jesus anunciava o Evangelho na Judeia e na Galileia, o país, a "terra de Israel" como o chama o Anjo do Senhor que se comunicava a São José, encontrava-se sob o domínio dos romanos. Essa dominação, contudo, não impedia, até certa medida , o funcionamento das instituições religiosas de Israel , quais eram, principalmente, o Templo de Jerusalém e a Sinagoga , isto é, o sistema de pequenas comunidades de oração e aprofundamento da Palavra que se encontravam espalhadas dentro e fora do país.
Naquele contexto , essa religiosidade de Israel , pelo menos do ponto de vista do visível, mostrava-se como um organismo bastante complexo , rico em ritos , práticas , tradições, seitas, cargos, utensílios, maquinário (pensemos na complexidade dos sacrifícios e oferendas diários no templo de Jerusalém) ; a própria sinagoga , que a princípio deveria ser simples , também tinha a sua dose de "aparato" religioso.
Diante desta complexidade, o homem religioso de liderança, por exemplo, o fariseu, o sacerdote , o mestre da lei , o levita , etc , deparava-se com a seguinte tentação: ao invés de viver "para Deus", diante de Deus , buscando a conversão , como pediam a Torah de Moisés , os Profetas e toda a tradição sapiencial de Israel , tinha de viver para , usando uma linguagem bem contemporânea, "fazer funcionar o sistema".
Ao invés de servir o Deus vivo , eram meros funcionários da estrutura, fiscais da piedade exterior . E tudo isso , com uma segunda tentação: a de se apropriar daquelas estruturas para satisfazer a própria vaidade . Neste ponto, as estruturas da religião, os ritos , as orações, as doutrinas , passam a ser instrumentalizadas para alimentar a vaidade .
Ora, no tempo da Igreja , estamos sujeitos à mesmíssima tentação. Como Israel no tempo de Jesus , a Igreja é detentora de um aparato governamental , litúrgico, ritual, burocrático , financeiro, enorme, que sobrepuja em muito aquelas antigas estruturas e instituições de Israel no Antigo Testamento.
Com isso , fica fácil para os que exercem qualquer tipo de liderança na Igreja , o clero mas também os leigos , cair na tentação de, ao invés de viver para Cristo , ao invés de viver em relação com Cristo no seguimento, viver tão-somente para manter as estruturas em funcionamento , isto é, os tais funcionários do sagrado . E tanto mais grave se torna a situação se também na Igreja as estruturas de poder são "sequestradas" para o bem privado, pessoal , para alimentar as vaidades , para ceder à tentação da ambição e da dominação. Muito se tem refletido sobre este problema na Igreja atual .
Quanto a nós, cabe a vigilância: nas estruturas da Igreja , eu quero servir a Deus e ao próximo, ou quero me servir delas para dominar e me exaltar ?
Minha oração hoje: SENHOR, que eu não ceda à tentação da dominação , e que minha piedade , exterior e interior, seja uma manifestação pura do desejo de vos amar e servir.
Deus abençoe o seu dia .
Padre Cristóvão
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Pequena Meditação
25.07.2023
ELES SE REUNIRAM EM GRUPO... MT 22, 34
Os fariseus , ou pelo menos os fariseus que perseguiam Jesus , reúnem-se mais uma vez para vigiar Jesus e apanhá-lo em alguma palavra , a fim de o denunciar às autoridades, seja da sinagoga ou do templo.
Lá no começo do seu ministério público , depois de curar o homem da mão seca , eles , pela primeira vez, se reuniram com os herodianos para achar um modo de destruir Jesus (Mc 3,6). Aqui , eles continuam com o seu propósito maligno.
É um fato social comum , e bem observável, que as pessoas se aliam em torno de um objetivo comum (ideias , valores , causas , projetos, ações, iniciativas etc) , seja para o bem , seja para o mal .
A primeira associação maligna de que fala a Bíblia é a história da Torre de Babel em Gênesis . Lá os homens se reúnem e se aliam mas não para servir a Deus e ao próximo, mas para construir um nome para si mesmos , isto é, para exaltar-se a despeito dos ensinamentos divinos (Gn 11) .
O Salmo 1 também nos adverte a respeito das aglomerações ímpias : bem-aventurado o homem que não se junta à roda dos ímpios...
Na Igreja , que já é, pelo menos em essência, a reunião ou assembleia dos filhos de Deus , também ocorrem as pequenas associações para o bem, onde os fiéis se agrupam com um mesmo objetivo: servir a Deus em uma missão específica .
Prestemos atenção a que tipo de associações ou combinações às vezes nós entramos : se nos associamos aos outros para o bem, para a compaixão, para a empatia, para a misericórdia, ou para perseguir , difamar , caluniar , destruir ...
"Bem-aventurado aquele que não se une à roda dos ímpios." Sl 1
Deus abençoe o seu dia .
Padre Cristóvão
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24.07.2023 - São Bartolomeu.
Um Israelita de verdade, um homem sem falsidade - Jo 1, 47.
Natanael era sem falsidade , este é o juízo que dele fez Jesus.
Deus é aquele que "é" antes de todas as coisas virem a ser , é aquele que nos vê aonde quer que estejamos , é "aquele que me vê" como o definiu Agar, mãe de Ismael.
Como diz a Teologia da Igreja , Deus não pode enganar-se nem enganar-nos ; Ele é a Verdade substancial .
Por isso , somente pode haver relação verdadeira com Deus (e com qualquer pessoa!) se somos uma presença a partir da verdade , a partir de uma verdade interior .
Já teve a sensação de conversar com alguém e perceber que tudo que ela fala , e como se porta, carece de "verdade" , de "sinceridade" ? Pessoas que o tempo todo manipulam , jogam , dizem apenas o que é vantajoso conforme a situação... Triste...
Mais triste ainda é se eu sou essa pessoa ! Todos nós, por causa da ferida original , carregamos essa dose de mentira e ilusão dentro de nós. Não podemos oferecer a verdade ao outro enquanto nós mesmos ainda não a encontramos dentro de nós.
A figueira, na tradição, é símbolo da Palavra de Deus , da Sabedoria revelada . Natanael tinha sinceridade interior porque ele se esforçava em comer o fruto da figueira , isto é, em absorver com intenção reta e sinceridade interior a Verdade divina contida na Palavra (a Torah) que Deus havia dado a Israel . Ele era como o homem do Salmo 1 , que dia e noite medita a Lei do Senhor , isto é, que sempre busca a verdade e a sabedoria .
Queremos ser pessoas DE VERDADE ? Pessoas HUMANAS ? Pessoas que vivem a partir da verdade , para a verdade ? Trilhamos pois o caminho da busca da sabedoria.
Cristo disse : Eu sou o caminho , a verdade e a vida. Quem encontra Cristo encontra a verdade .
Hoje eu peço a Deus que , buscando a Cristo, eu me torne um pouco mais sábio, um pouco menos néscio e ingênuo, um pouco mais veraz , um pouco mais humano .
Deus abençoe o seu dia.
Padre Cristóvão
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