Tumgik
omundoplano · 4 years
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A Jornada #6
        Era noite, e a chuva caia na estalagem do macaco marinho. Uma figura coberta por uma capa de pele pesada guiava um cavalo cinza, e tinha amarrado na sua mão direita uma corda. Esta corda se estendia até o braço esquerdo de uma outra figura, desta vez sem capa e totalmente molhada, que se encontrava em cima de um outro cavalo. Este outro cavalo era branco, e tinha um único chifre. Na verdade, o cavalo era um unicórnio¹.
        – Vamos descer aqui. Anda. – Ele disse isso enquanto já descia do cavalo e rapidamente começava o movimento de amarrar o animal no estábulo.
        Sua acompanhante fez o mesmo, e utilizando sua agilidade felina o fez com quase a mesma velocidade, porém com o dobro de estilo e delicadeza. Ela parecia impaciente, e particularmente irritada com a corda em seu pulso.
        – Quanto tempo eu vou ter que ficar usando isso?
        – Até eu ter certeza que você não vai fugir.
        – Eu tô aqui porque eu me voluntariei, ok? Porquê eu fugiria?
        – Eu consigo pensar em um milhão de motivos, mas nenhum deles exige que eu te dê satisfação.
        – Você acha que se eu quiser fugir vai ser essa corda na minha mão que vai impedir? – Ela parecia indignada, e olhou com desprezo para a corda amarrada em seu braço. Provavelmente conseguiria cortar essa corda com as próprias unhas. No meio do golpe, ouviu o bigodudo orc.
– Eu não faria isso se fosse você.
        Tarde demais. Foi como bater no ferro, e na mesma hora a corda apertou em seu pulso e começou a se enroscar ainda mais em seu braço. A garota olhou assustada para o homem, e o unicórnio começou a se movimentar de forma nervosa. Ele olhou para ela, e estalou os dedos. A corda afrouxou naquele momento, desenroscando de seu braço. O laço que prendia seu pulso se desfez, deixando exposta as marcas roxas do apertão. A corda ficou flutuando na sua frente, como se fosse uma naja encantada. Ela sabia que se tivesse olhos, a corda estaria penetrando o fundo de sua alma naquele momento, desvendando as suas mais escondidas verdades.
        – Você não conseguiria cortar essa corda nem que usasse o chifre do seu unicórnio. – Ele falou isso olhando para o bicho, que esquivou o olhar. – Eu vou te soltar, mas só porque agora acho que você percebeu que você não tem como fugir.
        Ele disse isso com calma, enquanto a corda se enrolava como um animal de estimação em seu braço direito. Assim que a frase terminou, um raio iluminou o céu por um segundo, e a garota sentiu um arrepio na espinha, que subiu até sua nuca. Ela não queria fugir, era uma voluntária. Fingiu não perceber que  naquele momento estava plantada a semente de uma leve vontade de escapar, na terra mais seca e desesperançosa que a luz do raio fez questão de pontuar que havia ali.
        – Vambora, lá dentro vai estar mais quente. – O orc começou a andar em direção a porta da estalagem, e a garota seguiu, um pouco receosa. O orc, como que percebendo o desânimo no ar, continuou um pouco mais empático – E vai ter cerveja, a melhor costela de javali da região², e… roupas secas.
        O suave barulho do trovão distante serviu como ponto final para a frase dele. O orc chegou na porta da estalagem, parou e esticou a mão para frente. Gostava de entradas dramáticas. A porta se abriu como se tivesse sido empurrada por uma forte corrente de ar. No momento em que bateu na parede, um raio atingiu o topo da estalagem, fazendo um barulho esurdecedor. A garota olhou incrédula para a cena. Ele deve controlar os raios, pensou. Não pode ser coincidência.³
        O mercenário olhou calmamente para a porta bebendo de sua cerveja (que não tinha derramado uma única gota), enquanto o gnomo rapidamente se recuperando do susto que havia levado, saiu de trás do balcão, em direção ao visitante. Ele se aproximou da silhueta e, de forma cortês, fez uma pequena reverência.
        – Seja bem-vindo a estalagem do Macaco Marinho, Corvo.
        – Clóvis, seu gnomo sacana. Me dá um abraço!
        O orc abraçou o gnomo, cuja relutância demonstrava que este belíssimo ato de afeto seria muitíssimo mais agradável se fosse realizado de roupas secas. O orc então largou o gnomo, e virou para trás, chamando a garota com a mão. Ela deu um passo a frente, cumprimentou o gnomo e o mercenário com a cabeça, e olhou para o Corvo. Sua pele era quase cinza, mal transparecendo o mais comum verde da  pele dos orcs. Seu bigode era longo, com dois anéis de ouro que prendiam as tranças. 
        O bigode havia sido quase que uma obsessão para a menina desde que conhecera Corvo. Já haviam passado por debaixo de uma cachoeira, por duas tempestades e uma ventania de gelar os ossos… e nunca, nenhuma vez, as tranças do bigode se moveram da forma que era de se esperar. Era como se fossem esculpidas de pedra.
        – Essa daqui é a Princesa, a mais nova voluntária dos Filhos da Mãe.
Ela sorriu educadamente, fazendo um pequeno aceno com a mão.
        – Podem me chamar de Kat. – Ela não conseguiu esconder sua ligeira raiva com o apelido.
O mercenário olhou Kat nos olhos e acenou com a cabeça. Em seguida abriu um sorriso sincero, mostrando todos os dentes. O branco de seus dentes não era natural. Especialmente para um mercenário. Ela nunca tinha visto dentes tão brancos, e o efeito só aumentava graças a reluzente e escura pele do homem.
        – Muito prazer, Princesa. Me chamam de Khan.
        Nesse momento, o garoto que estava observando tudo lá de cima ficou particularmente decepcionado. O mercenário nunca havia dito seu nome para ele. Fazia dias que andava com este homem e nem ao menos sabia seu nome. Agora ele estava aí, entregando seu nome como se fosse a coisa mais natural do mundo. Entendeu a dor da princesa, uma vez que ele mesmo só era chamado de Garoto. Mas sentia que havia algo estranho aí.
        Ela era mesmo uma princesa? E que história é essa de voluntária? As perguntas surgiam com velocidade na sua cabeça. Porque ele teve que ser levado a força, enquanto a garota é voluntária? E mais importante ainda, voluntária para que? Ele até agora não tinha entendido muito bem o propósito dessa viagem, apesar de manter sólida a esperança de que seria treinado como todos os bons heróis dos livros que lia.
        Ficou perdido em sua mente, e quando percebeu, a garota estava parada do seu lado. Ele estavabaixado, com o rosto entre as frestas da escada. Passou o tempo todo pensando e olhando para um quadro muito intrigante de uma árvore, e acabou perdendo toda a conversa. Levantou-se rapidamente e tentou ajeitar sua postura. Sorriu para a princesa, que não retribuiu o sorriso. Ficou sem graça.
        – É, eu tava só… - Disse ele, enquanto falhava em pensar em uma boa desculpa para estar ali abaixado bisbilhotando a conversa.
        – Não esquenta. – A resposta foi quase automática – Eu só quero passar.
        Saiu da frente da menina, que apenas acenou com a cabeça e não abriu nenhum sorriso. Ele foi atrás dela.
        – Ei, a gente pode conversar?
        Ela parou e virou para trás, calmamente. “Vou dar uma pausa dramática”, ela pensou em silêncio. Gotas pingavam de sua roupa e dos pelos de seu corpo. Uma pequena poça começou a se formar embaixo dela. O rapaz ficou encarando a cena, esperando uma resposta.
        – Como pode perceber, agora não é a melhor hora.                                                                                                                                              
        – Eu sei, eu sei. Mas é que a nossa situação parece ser a mesma e eu tenho algumas dúvidas.
        – Você também é um voluntário?                                                                                            
        – Ahn… não. Eu diria que sou um… involuntário?
        A garota olhou confusa para o rapaz na sua frente.
        – O quê?
        – Olha, o que eu quero dizer é que… – neste momento seus olhos foram para o chão, onde a poça embaixo da moça já ia tomando um tamanho considerável. – a gente pode conversar depois, sem problema.
        – Obrigada! Até mais! – Aliviada, jogou os braços pra cima, virou as costas e foi trocar de roupa.                              
         Ficou ali parado no corredor, e resolveu voltar para ver o que estava rolando lá embaixo. Ouvia os três conversando, mas não conseguia distinguir o que. Se ao menos pudesse chegar mais perto…. Ou ler o próximo capítulo…. ----------
¹ - Unicórnios são cavalos brancos levemente brilhantes, conhecidos por sua raridade. São seres conhecidos por serem muito puros, terem um único chifre na testa e por serem muito, muito fiéis. Uma grande pesquisa já foi realizada pelo grande mago Sobran, que ficou muito desconfiado quando um unicórnio começou a se aproximar do seu terreno assim que sua filha nasceu. Após anos de pesquisa intensa, Sobran desenvolveu uma magia para se comunicar com os unicórnios. Descobriu que unicórnios não morriam de causas naturais; que eram tão inteligentes quanto os humanos (ou mais); que só não usavam ferramentas porque a falta de polegares opositores, o excesso de magia e a total incapacidade de entender o conceito de “melhorar a natureza”; e por último, que aquele unicórnio em específico era um grande historiador. Suas principais descobertas podem ser encontradas em sua série de livros sobre unicórnios, mas uma das mais interessantes é a história de como os unicórnios foram criados. A seguir, temos uma citação diretamente do unicórnio:  “Olha, a tradição oral de nosso povo diz que o primeiro unicórnio era apenas um cavalo branco tão, mas tão gente fina, que ganhou de presente dos deuses uma lança, cuja ponta afiada era feita do diamante mais precioso dos céus. Como ele não tinha polegares, e segurar com a boca seria muito inconveniente, os Deuses colocaram a lança na testa. Não sei se é verdade, entende? Eu sou mais cético, até onde eu sei pode ter sido apenas uma noite muito louca entre um cavalo legal e uma rinoceronte mais legal ainda.”
² - Essa informação está errada. Todos sabem que a costela de javali da Taverna do Macaco Marinho é a mais gostosa de todo o Mundo Plano. 
³ - Não era coincidência. Coincidências não existem. Era uma sincronicidade.
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omundoplano · 4 years
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A Jornada #5
               -- Você anda meio quieto..
               O garoto pensou em responder, mas honestamente ficou com medo. Ainda estava abalado pelas cenas que viu, e o mercenário parando para escrever uma carta e enfiando na boca do orc não tinha ajudado muito. Seu estômago ainda revirava de lembrar do cheiro, sua mente ainda o transportava para a cena nos momentos de distração, suas mãos ainda tremiam levemente. Estavam ambos completamente sujos de sangue, terra e ele não queria nem adivinhar o que mais.
                O mercenário cutucou o garoto, que ainda estava em silêncio jogado na parte de trás do cavalo.
               -- Vai ficar difícil se você não falar comigo.
               -- Eu não sei o que falar.
               -- Olha, eu entendo. Talvez você nunca tenha visto alguém morrer antes, e isso pode ter mexido com a sua cabeça.
                 O garoto não respondeu, apenas segurou as lágrimas que ameaçavam aparecer nos seus olhos empoeirados.
               -- Garoto, eu conhecia aqueles caras, ok? Não foi um massacre aleatório. Não sou um assassino cruel, sou um assassino frio. São coisas diferentes.
               -- Quem eram eles? -- O garoto se esforçou para manter a conversa, mas logo depois se arrependeu. Se já era ruim saber que tinha presenciado a morte de quatro pessoas que nem conhecia, imagina saber mais sobre suas histórias.
               -- Eles eram mercenários, assim como eu. Mas de um grupo diferente. -- O mercenário pausou, escolhendo as palavras cuidadosamente. O garoto quase podia ver a fumaça sair de suas orelhas, já que não estava acostumado a pensar muito no que ia dizer -- Eles estavam em uma missão. Me encontrar, me matar e te levar até o chefe deles.
               -- O que eu tenho a ver com isso?
               -- Olha garoto, deixa eu tentar te explicar algumas coisas, ok? Eu sou um mercenário, do bando dos Filhos da Mãe. Nos chamamos assim porque temos uma chefe, a Mãe¹. Como pode imaginar, ser mercenário significa que você vai fazer trabalhos para alguém, normalmente contra um outro alguém que não vai ficar muito feliz.
                 O mercenário coçou a barba, que já estava crescendo aquela altura. O garoto estava em silêncio, mas agora olhava atenciosamente para o que conseguia enxergar do homem na sua frente. Sabe lá quando teria mais chances de entender a situação em que se encontrava.
               -- Todo grupo de mercenário tem suas inimizades. A concorrência é grande. Nós escolhemos nossos recrutas sabendo que eles tem um destino grande. Você, por exemplo. E os outros grupos sabem que os Filhos da Mãe são os melhores por aí. Então se mostramos um interesse por você, pode ter certeza que vários outros grupos passaram a ter esse mesmo interesse.
                O grandão olhou para trás, como que para falar mais diretamente com o garoto.
               -- Porque você acha que eu tô te carregando dessa forma? 
               -- Como eu vou saber? Você me sequestrou, não me explicou nada.
               -- Se não fosse assim, se o grupo te mandasse uma cartinha de convite através de uma de nossas corujas², as chances são que você nunca conseguisse chegar onde estou te levando. Primeiro, porque você não parecia muito disposto a se aventurar pra longe, sem nenhuma garantia. Segundo, porque mesmo se você fosse corajoso o suficiente, provavelmente morreria no caminho. Terceiro, porque mesmo que não morresse para desconhecidos nessa jornada, você seria sequestrado por algum dos outros grupos, que são loucos para roubar nossos recrutas. Eu tô aqui pra te proteger. E foi o que fiz.
                O garoto ficou em silêncio, digerindo a informação. Estava cansado, sujo e confuso, mas distinguia uma sinceridade no grandão. Ele estava falando honestamente, parecia estar legitimamente preocupado com o desconforto que tinha causado. Resolveu dar uma colher de chá, até porque não tinha muita escolha.
               -- Olha, eu entendo, ok? Eu só estou meio chocado. Nunca tinha visto ninguém morrer. 
               -- Eu também entendo. Só preciso que você saiba que eu fiz o necessário para te proteger. O orc era o líder do grupo. Chamam ele de Gronk, o implacável. Sua reputação é longa e comprovada. Só o matei porque peguei o grupo de surpresa. E porque sou o melhor mercenário de todos os tempos. -- O homem deu um sorriso largo e orgulhoso para o garoto.
               -- Eu acredito em você.
               -- Que bom. Agora tenta não pensar nisso. Já estamos chegando na nossa parada.
                O caminho foi tranquilo dalí em diante, e assim que o sol abaixou no horizonte, eles chegaram em uma taverna no meio do nada. Era uma estalagem modesta, feita de madeira, mas com um tamanho considerável. Tinha três andares, uma grande chaminé, e um estábulo do lado de fora. Uma estrada de pedra levava até a porta, com um jardim muito bem cuidado pelo terreno. Parecia estar ali mais para mostrar que o taverneiro era disciplinado e mantinha tudo em ordem do que para embelezar.
                 Na frente da porta, havia uma estátua de uma criatura curiosa. Em uma pedra turquesa havia sido esculpido o lendário Macaco Marinho³, criatura mítica da região. O garoto nunca tinha visto um pessoalmente, e assim que desceu do cavalo foi admirar os detalhes da escultura. Era realmente impressionante, uma figura magnífica. Um macaco, só que com guelras, barbatanas e diversas características que normalmente se vê em peixes, não em macacos. A criaturinha era o mascote do local, que se chamava “Estalagem do Macaco Marinho”.
               -- Heh, todos sempre ficam chocados a primeira vez que observam esse macaco marinho. -- A voz era suave e agradável, e veio da porta da estalagem. Seu dono era um gnomo baixinho, com um gigantesco bigode enrolado.
               -- Gino, seu desgraçado! Que saudade! -- O mercenário foi até o gnomo, e o cumprimentou. -- Esse aqui é meu candidato. Precisamos de um quarto quente, um bom banho e uma bela refeição. 
               -- Como sempre, já estava tudo preparado esperando por vocês.
               -- Você é um gênio, Gino.
               -- Não, sou um gnomo. -- Ele respondeu com um sorriso, e abriu a porta para que os dois entrassem. O garoto timidamente cumprimentou o gnomo.
               Foram levados até um quarto, no segundo andar. As camas já estavam feitas, havia um pão e um ensopado quentinho esperando por eles. Além disso, roupas limpas. O gnomo disse que lavaria as roupas sujas deles, bastava que jogassem no buraco de roupa suja no banheiro.
               -- A princípio é isso. Podem tomar seus banhos e comer, na hora que preferirem. Estarei lá embaixo. Ah, caso precisem mudar o clima, basta colocar o cristal da temperatura em um dos 5 suportes, que foram ajustados para diferentes preferências. O suporte da esquerda é o mais frio, e o da direita o mais quente. 
               -- Muito obrigado, Gino. Eu vou tomar um banho e já desço para botarmos as coisas em dia.
               -- Sempre um prazer. -- O gnomo fez uma pequena reverência e saiu do quarto.
                 O garoto nunca tinha estado num lugar tão chique, nem sendo tão bem tratado. As outras vezes que havia viajado com sua mãe, tinha ficado em locais que preferia nem lembrar agora. Correu para o banho, trocou de roupa e foi comer. O mercenário terminou o jantar muito antes do garoto, e desceu para conversar com o taverneiro. Foi orientado a ficar no quarto e descansar. Amanhã já sairiam novamente para cavalgar, e precisava dormir um pouco. 
                A curiosidade, porém, falou mais alto. O garoto saiu do quarto de fininho, na esperança de ouvir alguma coisa interessante da conversa. Mal tinha pisado na escada, e ouvir a porta da taverna abrir com um barulho ensurdecedor. Olhou assustado para a entrada, e quase desmaiou quando viu a silhueta de um enorme e assustador orc.
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¹ - A Mãe é a maior mercenária da União. Conhecida por ser uma das pessoas mais poderosas e influentes de todo o continente, líder do maior grupo de mercenários de Khalamar. Ela é conhecida por ser direta, séria, fria e muito, muito bonita. Seu grupo, os Filhos da Mãe, são conhecidos não só pela devoção que os membros tem com ela, mas também por serem uma das mais eficientes e poderosas companhias de mercenários.
² - Corujas são conhecidas por serem um dos melhores métodos de envio de mensagens. Elas nunca deixam de entregar recados. Existem diversos casos comprovados de corujas que entregaram mensagens a pessoas completamente desaparecidas. A curiosidade é que, se alguém tentar seguir uma coruja que está em uma entrega, ela passa a andar de forma aleatória até que pare de ser seguida. É um dos métodos mais seguros de comunicação no mundo plano, perdendo apenas para a “deep web”, uma rede subterrânea de teias de aranha de uma espécie específica de aranhas inteligentes que funcionam como um só ser vivo.
³ - Macacos Marinhos são seres mitológicos no mundo plano. Teriam sido os ancestrais das espécies marinhas de seres inteligentes, como os elfos marinhos. Os elfos marinhos recusam essa teoria, dizendo que vieram dos golfinhos. A ciência ainda não tem uma resposta, dado que ninguém vê um macaco marinho há anos. A teoria principal é que eles teriam escolhido migrar para uma dimensão onde houvesse bananas marinhas.
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omundoplano · 8 years
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A Jornada #4
              A notícia foi recebida com o som de algo se espatifando na parede. O mensageiro, que era o único na sala além da pessoa que arremessou o objeto na parede, percebeu se tratar de uma garrafa de vinho. Das que não se deviam jogar na parede, porque eram bem caras. Bem caras mesmo. Isso significava que a notícia realmente não foi muito boa, e ele só pôde torcer para aquele velho ditado sobre “não matar o mensageiro”1 fosse realmente válido.
                -- Então quer dizer que cinco dos meus melhores homens foram simplesmente aniquilados por um único homem? – O homem soava como um trovão, mesmo tentando controlar a raiva falando com o tom de voz mais monótono que conseguia.
                -- Ao que parece sim, Senhor.
                -- Um homem. Contra cinco.
                -- Sim, Senhor.
                O gigantesco homem careca começou a massagear as têmporas com seus dedos indicadores, que mais pareciam pedaços generosos de linguiça calabresa. Essa não era a primeira vez que uma de suas patrulhas falhava, mas era decepcionante perceber que até mesmo um de seus grupos de elite falhara de forma tão espetacular. Se o homem fosse de fato o mercenário que buscava, pelo menos a morte de seu grupo não teria sido em vão. Qualquer informação sobre o paradeiro dele e de seu prisioneiro, principalmente considerando a trilha quente...
                -- E você tem certeza que era o nosso homem?
                -- Quase certeza que sim, Senhor. Os cortes batem com os feitos das outras vezes, e a técnica é-- – Parou de falar quando ouvir o ranger de dentes de seu superior. Engoliu seco.
                -- Você não ia elogiar o trabalho deste filho da puta, ia?
                -- Não, Senhor. De forma alguma. Estava dizendo que a técnica é difícil de confundir. Ainda mais depois de assistir o senhor tantas vezes.
                Ele não gostava de ser lembrado disso. Não mesmo. O gigante puxou o facão que estava preso em sua bota, e cravou na mesa. Sua testa estava franzida de tal forma que seu enorme cenho criava uma sombra que cobria seus olhos. Ou melhor, seu olho. O olho direito já não era bem um olho, não. Era uma espécie de joia, que aos olhos de um leigo pareciam com um rubi. Pessoas ligeiramente mais informadas saberiam que se tratava de um diamante vermelho2.
                -- Já é a segunda vez que você me irrita hoje, Avis. Não serão mais que três.
                O mensageiro focou os olhos no chão e falou, se segurando para não gaguejar.
                -- Sim, senhor. Todas as informações obtidas estão no envelope que acabei de entregar. O relatório é do Capitão Rohm.
                -- Entendido. Dispensado.
                -- Sim, Senhor. Só tem mais uma...
                -- Sim?
                -- Achamos uma carta direcionada para o senhor, enfiada na boca de Gronk3, senhor. Está no envelope.
                O gigantesco homem abriu o envelope e além de diversos papéis com todos os detalhes do massacre, havia uma carta ensanguentada. Ele desdobrou o papel e começou a ler.
                Quando terminou, urrou de ódio, arrancou o facão da mesa em um só puxão e arremessou em direção a primeira coisa que conseguiu ver pela frente. Infelizmente para Avis, a primeira coisa que Krugor viu era sua testa. Caiu com um baque surdo no chão, e a última coisa que teria visto seriam os passos furiosos do gigante saindo da sala, derrubando a carta no chão. Se ainda conseguisse enxergar (O que era bem difícil com uma faca no meio da testa, principalmente alguns segundos depois), teria lido a carta que, por algum motivo de coincidência divina, havia caído perfeitamente em seu ângulo de visão.
                Infelizmente já estava morto, e por isso não conseguiu ler.4
   ......
 1 – O ditado em questão não existe. Provavelmente ele estava se lembrando errado do antigo-e-já-não-mais-tão-famoso-assim ditado “Não se deve matar o matilheiro, se quiser que os cães te deixem inteiro”. Ou algo do gênero, não lembro direito.
 2 – Diamantes vermelhos são pedras mágicas, normalmente encontradas no centro de golens naturais. Seu poder mágico é tão grande que é capaz de criar vida em pedaços de pedra outrora inanimados, sem qualquer auxílio de magos. São raríssimos de encontrar, não porque são particularmente escassos, mas porque é realmente difícil matar um golem de pedra super inteligente e de força sobrenaturais pra pegar uma pra você. Uma pessoa com isso no lugar de um olho provavelmente tem uma história das boas pra contar. Infelizmente, costumam ser o tipo de pessoa que você não se sente nem um pouco à vontade para fazer esse tipo de pergunta.
 3 – Gronk, o Orc Albino de Moicano Vermelho com uma cicatriz gigantesca que morreu no capítulo passado sem nem ter chance de dizer seu nome. Sua história não terminou ali, visto que Gronk está registrado na Enciclopédia Plana como “Gronk, o Orc Albino de Moicano Vermelho, também conhecido por ter sido ressuscitado no--“... Bem, seria spoiler falar disso agora.
 4 – É fato que a maioria dos mortos, esqueletos e zumbis, por alguma ironia do destino perdem sua capacidade de leitura. Mas que fique claro que apesar do tom de certeza do preconceituoso narrador, a enciclopédia plana tem em seu registro pelo menos 14 grandes necromantes em vários níveis entre morto e morto-vivo (Incluindo um na categoria “Incrivelmente, totalmente, indubitavelmente morto, mas que por algum motivo continua andando por ai”) que demonstraram a habilidade e capacidade de ler em sua não vida.
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omundoplano · 9 years
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A Jornada #3
              -- Pode levantar agora, garoto.
               Ele não queria. Estava com a cabeça encostada no chão, de olhos fechados, querendo sumir. Isso tinha passado dos limites. Não era mais bacana ou excitante. Ele só queria ir pra casa. Ouviu os passos do mercenário chegando perto, sua respiração pesada. Ouviu o barulho da espada voltando pra bainha. Tinha acabado, mas pra ele era só o começo. Ele não queria levantar.
 ....
Antes
               -- Acho que mais um dia de viagem e a gente chega na fronteira da União1. Lá eu vou te arranjar um cavalo.
               Achou aquilo esquisito. Até onde ele sabia, cavalos eram caros, e não fazia muito sentido arranjar um cavalo pra um prisioneiro. Olhou pra cara do Mercenário, desconfiado. Porque diabos ele ia arranjar um cavalo?
               -- Eu conheço um cara. Ele me deve uns favores. Dos grandes.
               -- Porque você vai me arranjar um cavalo?
               -- Primeiro, eu tô cansado de te catar do chão. Você fica caindo o tempo todo, e vai acabar se machucando qualquer hora dessa. Segundo, porque diabos você tá perguntando? Até onde eu sei, a posição de saco de areia não é das melhores pra se viajar...
               Ele parou subitamente de falar. Agora quem olhava desconfiado era o mercenário. Resolveu responder antes que ele mudasse de idéia.
               -- É que—
               -- Ah não... – O mercenário começou a virar os olhos – Você vai me dizer que não sabe cavalgar, né não? Puta merda...
               -- Não! Eu sei! Quer dizer, mais ou menos. Cavalgar, cavalgar... Nunca tentei. Mas acho que consigo... Trotar eu consigo. Já fiz isso antes, juro.
               O mercenário cuspiu no chão. E apontou pra ele com um olhar que ficava entre a ameaça e o deboche.
               -- Se você me fizer pegar um cavalo e não souber cavalgar...
               -- Eu consigo, sério.
               -- ....
               -- Sério!
               O grandalhão deu de ombros.
               -- Cê que sabe. Mas se eu te colocar em um cavalo e você fizer papel de bobo, eu juro que amarro uma corda no teu pescoço e faço tu ir andando de coleira até o nosso destino.
               Acenou com a cabeça, fechando o acordo. Havia cavalgado algumas vezes no pangaré do Seu Cláudio, mas fora o suficiente pra saber que era uma das poucas coisas que sabia fazer corretamente. Não era nenhum cavaleiro, sabia disso. Mas dava pra ir de um lado pro outro sem grandes problemas. Ficou pensando em qual seria a maior diferença entre o cavalo do Seu Cláudio e o cavalo que ia cavalgar. Provavelmente a idade. O pangaré era com certeza o cavalo mais velho de todo o o continente.
               Estava perdido nos pensamentos sentado no toco de árvore, enquanto o mercenário acendia a fogueira. Ele não havia acendido nenhuma vez até agora “Pra não chamar atenção”, mas a gororoba tinha acabado. Agora precisavam de fogo pra cozinhar a carne do javali que o grandão havia caçado. Aliás, ia ser a primeira vez que comeria carne de javali. Ficou se perguntando qual seria o gosto de javali. Provavelmente ia ser parecido com o gosto de porco. Tentou lembrar da última vez que comeu porco.
               -- Sabe de uma coisa, grandão?
               -- Hm? – O mercenário nem olhou pra ele.
               -- Você até agora não me falou seu nome. E nem perguntou o meu.
               -- Vou te contar uma história, garoto. – O mercenário parou de ajeitar a fogueira e olhou pra ele. – Uma vez, conheci um góblin. O mais engraçado que já vi na vida. Ele era perneta, tinha uma perna de pau. Eu nunca tinha visto ele na vida, mas ele sentou do meu lado na taverna e começou a contar uma das histórias mais engraçadas que já ouvi na vida. Paguei uma cerveja pra ele pela história. Papo vai, papo vem, cerveja vai, cerveja vem, o dia amanheceu e fomos expulsos do bar pelo taverneiro.
               Ele saiu de perto da fogueira e sentou em um toco próximo ao que o garoto estava.
               -- Eu já estava mais pra lá do que pra cá, e tinha que cumprir um serviço. O góblin, que também estava bem louco, perguntou se podia ir comigo. Falei pra ele que seria um negócio complicado, mas ele insistiu. Disse que era um bardo, e que gostava de assistir esse tipo de coisa pra transformar em música depois. Depois de muita insistência, acabei levando aquele bunda mole comigo. O nome dele era Fernando. É, eu sei. É um nome esquisito pra um góblin. Mas ele tinha sido criado na cidade por um casal de velhos que achavam que ele era só uma criança muito feia. E esse foi o nome que deram pra ele.
               O mercenário soltou uma leve gargalhada, e ele acabou rindo junto.
               -- Bom, fato é que passei uma semana na companhia daquele cara. Acabei tendo que sair da cidade, e me despedi dele. Voltei pra lá umas semanas depois, e ele tinha se metido em uma encrenca com um cara grande da cidade. Filho do prefeito. Ele ganhou do cara em um concurso de bebida um dia antes deu chegar na cidade, e depois que o mimadinho se recusou a pagar a aposta, o góblin passou 3 dias seguidos fazendo música atrás de música humilhando o cara de todas as maneiras possíveis.
               Ele abriu um sorriso maldoso.
              -- E pode acreditar, as músicas eram realmente ofensivas.2 E extremamente engraçadas. Bom, o cara ficou cansado daquilo e botou um contrato na cabeça do Góblin. O problema é que quem aceitou o trabalho foi um grupo de bruxos desgraçados que fizeram alguma coisa com a cabeça dele, pra parecer acidente. No dia que aconteceu, eu vi ele perder o controle em primeira mão. Um cara de capuz passou por ele, falou algo baixinho e continuou andando. Alguns segundos depois ele simplesmente parou de cantar, jogou o violão no chão e puxou a adaga que ele guardava na cintura. Ele voou na direção da pessoa mais próxima, completamente fora de si.
              O mercenário fechou a cara.
              -- Eu era a pessoa mais próxima.
              O garoto abriu a boca em horror e arregalou os olhos. Não sabia o que dizer. Tentou pensar em palavras de conforto, mas não conseguiu falar nada. Afinal, o que diabos ele poderia dizer pra amenizar a situação?
              -- Sinto muit—
              O mercenário esticou a mão na direção dele, fazendo sinal de silêncio com a outra mão. Calou a boca imediatamente. Ele parecia concentrado, com os olhos perdidos e a cabeça levemente virada para o lado. Não entendeu direito o porque daquilo, mas ficou quieto.
              O mercenário se levantou rapidamente.
               -- ABAIXA.
               Se jogou no chão o mais rápido que pôde. Ouviu o mercenário puxando a espada.
               -- E fica quieto.
               Pensou em prender a respiração, mas desistiu da idéia logo em seguida. Respirou devagar e tentou ouvir o que estava acontecendo. Não ouviu nada. Fechou os olhos, e depois de um tempo começou a ouvir, lá no fundo, o barulho de cavalos. Naquele momento, sentiu como se estivesse congelado. O barulho foi aumentando aos poucos, até que de repente, parou. Conseguiu ouvir pessoas pulando de cavalos. Estava quase se borrando, mas a curiosidade bateu forte e deu uma espiada. Viu 5 silhuetas se aproximando da onde ele estava. Nenhum sinal do mercenário.
               -- A gente já te viu, garoto. – Era uma voz desconhecida. Grossa, rouca e agressiva. Imaginou que a voz fosse de um orc, mas não sabia ao certo. O único orc que conhecia era Groosh, e ele era só o cobrador dos bárbaros que viviam perto de Vargem Verde. E ele não era nenhum padrão de orc, já que era franzino e, curiosamente, sabia ler. – Pó botá a cara pra fora.
               Não respondeu. Ficou na esperança de não ser com ele. Quem mandou ser curioso? O grandão picou a mula e deixou ele pra ser sopa de orc. Vai ver tinha um outro garoto escondido na floresta. Ou quem sabe eles estavam falando com o mercenário. É, provavelmente era isso. Ele que não tinha olhado direito. Não devia ter olhado. Idiota. Idiota!
               -- Você provavelmente deveria sair dai. – A voz agora era outra. Feminina, extremamente calma e monótona. Quase sem emoção alguma. – Ou não. Tanto faz.
               Afundou a cara no chão. Ouviu passos se aproximando. Foi levantado pelo cangote no ar. Abriu os olhos lentamente. É, era um orc. Agora não tinha dúvida nenhuma. Devia ter uns dois metros de altura, com uma pele que mais parecia couro de lagarto. Ele era puro músculo, ainda maior que o mercenário. Tinha um cabelo moicano, vermelho escuro, e uma cicatriz gigante que ia do topo da cabeça, do lado esquerdo, até o final do queixo, à direita. Pra completar, um piercing de argola no nariz, claro.3
               -- Olha só o que temos aqui.... – Quem falou agora foi um baixinho encapuzado. Provavelmente um hobbit, que segurava uma adaga curvada que era quase do tamanho do seu antebraço. – Um típico garoto da fazenda. O que você tá fazendo no meio da floresta, fazendeiro?
               -- Eu.. Eu... – Não conseguia soltar nada além disso. – Eu...
               -- Não sabe que aqui pode ser perigoso? – O pequenino continuou, se aproximando -- Tem um monte de bandidos por aqui.
               Só queria chorar. Voltar pra casa. Fazer qualquer coisa, mas sumir dali. Agora a coisa tinha ficado séria, séria de mais pra ele. Por enquanto nada tinha passado de uma fantasia. Viajar e ouvir histórias. E agora ia morrer estripado por um hobbit e devorado por um orc.
               Foi colocado no chão. Na mesma hora ajoelhou e começou a suplicar por sua vida. O hobbit começou a rir.
               -- Fica tranquilo garoto. Ninguém aqui quer te fazer mal. Somos um grupo de aventureiros, viemos aqui pra investigar o que estava acontecendo.
               Ele não acreditou, e continuou tentando falar. Não saia nada com sentido, mas o tom era de desespero. Esperou que fosse o suficiente. Provavelmente não seria.
               -- Eu...Eu juro, não tenho nada. Por favor, me deixem ir. Eu só quer--
               O orc colocou a mão no seu ombro.
               -- Pó ficá frio, rapá.
               Olhou pra cima. Olhou em volta. Todos já tinham guardado suas armas. Além da mulher com olhar de peixe morto (Que agora ele podia identificar como uma clériga de Libertar4) e o hobbit, viu um elfo com um cajado e uma anã com um arco e flecha nas costas. Todos tinham armadura leve e algumas cicatrizes no rosto.
               -- Escuta, garoto. A gente recebeu um contrato de um cara na taverna. Ele tava procurando por um grupo de bandidos que provavelmente ia estar por essa área.
              Ficou um pouco mais tranquilo. De fato, eles não guardariam as armas se tivessem alguma intenção violenta em mente.
              --  A gente já viu que você só tem esse cavalo, e nenhum tipo de arma. Então você não pode ser quem a gente tá procurando. Então pode ficar tranquilo, vamo seguir--
               A frase do hobbit foi interrompida por um grito e um barulho seco de gente caindo. Olhou assustado para trás, e viu que o elfo não estava mais em pé. Antes que conseguisse piscar, uma lâmina cortou metade da cabeça da anã. Nunca tinha visto tanto sangue na vida. Ficou tonto na mesma hora e caiu no chão.
               O que ouviu em seguida foi o barulho ensurdecedor de gritos e gemidos, de aço batendo em aço, de aço rasgando carne. Fechou os olhos o mais forte que conseguia, e desejou que tudo acabasse logo. Mas não acabou.
               Os minutos seguintes foram os mais longos de sua vida, enquanto ouvia o orc urrar de ódio no barulho de uma batalha feroz de espadas. Ouviu um último grito do orc, seguido de um choro leve. O choro foi seguido por um barulho de espada cortando carne e virou o barulho de alguém se engasgando com o que provavelmente era o próprio sangue.
               Ele tampou as orelhas e manteve a cara enfiada na terra.
              -- Pode levantar agora, garoto.
   .....
 1- A Únião é a maior força política do continente ocidental do mundo plano (Khalamar). É, segundo definição, um conselho formado pelos líderes dos reinos, repúblicas, ditaduras e outros territórios relevantes (Isto é, ricos e extensos) do continente. Na teoria, funcionaria como mediadora de conflitos e criaria leis absolutas que valeriam em todo o território da União para garantir a boa convivência entre os reinos. Na prática, é apenas um conselho que se reune duas vezes por ano para discutir amenidades e fazer aquela festa de arromba. As questões políticas que realmente importam são resolvidas assim como em qualquer outro lugar do mundo: com conflitos nada civilizados entre as partes envolvidas.
2- Fernando é conhecido como um dos melhores bardos que já passaram pela cidade de Salvação. A cidade é conhecida pela Vila das Tavernas, um pequeno bairro tão lotado de tavernas e estalagens que é comum ver funcionários nas ruas oferecendo serviços com desconto e aventuras “mais emocionantes” que nos concorrentes. Apesar do grande número de bardos sujos que passam por ali, Fernando ainda é lembrado como um ícone do estilo. Na entrada da Vila das Tavernas existia uma estátua do góblin perneta. Por algum motivo, pouquíssimas horas após a inauguração, o prefeito mandou destruir a estátua e a placa onde foram eternizados os 6 primeiros versos da considerada “Obra-Prima” do bardo, a epopéia “9002 Versos Sobre Aquele Filho Mimado Do Prefeito”.
3- Nem todos os orcs tem piercing no nariz. Na verdade, este é apenas mais um exemplo de esteriótipo formado pelo preconceito dos humanos. O piercing no nariz é apenas o sexto tipo mais popular de piercing, ficando atrás de locais mais populares, como por exemplo orelhas, língua, e mamilos.
4- Os clérigos de Libertar são parte de um grupo que defendem a liberdade individual acima de tudo. Eles acreditam que todas as opiniões e escolhas são válidas, desde que sejam imparciais e baseadas totalmente no desejo do indivíduo. Para se tornarem clérigos, passam por um procedimento para perder todas os preconceitos, crenças, gostos e opiniões impostos pela sociedade. Eles são imunes a qualquer influência externa. Curiosamente, são extremamente indiferentes sobre basicamente todos os assuntos e situações.
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omundoplano · 9 years
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A Jornada #2
               – Aqui vão as minhas regras. Se você seguir o que eu disser, teremos uma viagem tranquila. Vamos viajar por 2 semanas e meia, de cavalo, pro norte. Lá, nós vamos encontrar o resto do meu grupo. Não vou responder nenhuma pergunta sobre a viagem. Quando eu falar pra comer, você come. Quando eu falar pra você dormir, você dorme. 
             Acenou com a cabeça, ainda confuso. Estava com as mãos e os pés amarrados, e amordaçado.
             – Você vai me obedecer palavra por palavra. E sei que você não é nem burro e nem corajoso o suficiente pra tentar fugir, o que é bom. Não pretendo te fazer nenhum mal e se você seguir o que eu acabei de falar, não vou te manter amarrado. Entendido?
             –  Hmhmhmhmh – Ele tentou responder através da mordaça, enquanto acenava com a cabeça.
             – Bom. – O mercenário se aproximou dele, retirando a mordaça e o livrando das cordas – E, garoto... Desculpa pelo chute.
...
                – Acorda borboleta!
               Acordou. Não por causa do grito, mas por causa do bando de água que caiu no seu rosto. Olhou assustado pra cima, e viu o mercenário com um balde vazio na mão. Ficou olhando com cara de assustado pra ele.
                – Para de me olhar com essa cara e levanta o rabo. Achei que a gente já tinha passado dessa fase.
               Na verdade não. Ainda não tinha entendido direito o que estava acontecendo. Sabia que o mercenário, apesar de o manter como prisioneiro, gostava de falar com ele. Ele não respondia as perguntas relacionadas ao destino, mas sempre tinha histórias pra contar.
                 Pra ser honesto, ele estava ligeiramente animado com essa história, lá no fundo. Claro, ser um prisioneiro era uma droga, mas a jornada prometia ser bem mais emocionante do que ser um aprendiz de carpinteiro. E, pelo menos por enquanto, o mercenário tinha cumprido sua promessa e sido bastante cordial.
                Todo dia a rotina era a mesma: acordar antes do sol nascer,  comer um pouco daquela gororoba e ser jogado novamente no cavalo que nem um saco de batata até o anoitecer. Já estavam viajando há uma semana.
               O mercenário jogou a gororoba pra ele, e encostou em uma árvore. Durante todo esse tempo quase nunca saíram da floresta. Enquanto terminava de comer, o homem na armadura de couro puxou um cigarro de palha e colocou no canto da boca.
                – Vou te mostrar um negócio bacana, garoto.
               Olhou pra ele.
                – Encontrei um “mago” uma vez – Ele fez questão de fazer aspas com os dedos enquanto falava a palavra mago – que conseguia controlar o fogo como nunca vi antes. Ele tinha colocado fogo em alguns vilarejos, e eu e os outros Filhos da Puta fomos contratados pra ir atrás dele.
               Tentou manter o rosto sem expressão, mas provavelmente não conseguiu. O mercenário sempre tinha as melhores histórias de aventuras pra contar.
                – Então, depois de seguir o rastro de destruição, achamos a caverna onde o cara estava escondido. Eu fui o primeiro a entrar, já que sou o batedor. E quando já estava achando que não ia dar em nada, achei uma porta. De repente, a porta abriu. Não deu tempo nem de virar as costas pra chamar o resto da galera. Lá estava eu, cara a cara com esse tal mago. Ele olhou pra mim, com os olhos vermelhos feito um rubi. Em questão de segundos, ele fechou o punho e, depois de um brilho, o braço dele começou a pegar fogo. O fogo começou a se espalhar, e quando vi o cara inteiro parecia ser feito de fogo. Na mesma hora puxei a minha espada e cortei a mão dele fora. Na hora o fogo sumiu, e o tal mago caiu no chão chorando, enquanto o sangue esguichava do cotoco que sobrou.
               O mercenário se aproximou, e sentou no chão perto dele. Ele ainda estava com o cigarro de palha apagado no canto da boca. Ele colocou a mão no bolso e tirou um dedo de lá. O dedo brilhava um pouco, e tinha um grande anel vermelho nele.
                – Entendeu, garoto? O poder do cara estava todo nesse anel. Ele era um zé bundão qualquer, mas esse anel foi capaz de transformar o cara em um monstro cheio de poder. Na hora em que o braço dele começou a pegar fogo, eu percebi que as chamas vieram todas do anel. Guardo até hoje esse dedo e o anel como lembrança.
               Ele aproximou o dedo decepado, e o garoto quase saltou pra trás. O anel era realmente bonito, com uma cor vermelha que parecia de fato estar em chamas. E era quente. E o dedo... Quase vomitou, pra falar a verdade.
                – Você nunca usou o anel? – Soltou, aproveitando a curiosidade pra esquecer da ânsia de vômito.
               O mercenário riu com a sugestão.
               -- Você está louco, garoto? Eu vi o que essa coisa fez com aquele cara. Eu não quero isso nem perto do meu dedo. Poder tem que vir de merecimento, não por milagre. Não confio em nenhum desses objetos mágicos que a gente encontra por aí.
               -- Então porque você guarda isso? Pra não cair em mãos erradas?
               -- Você é realmente muito ingênuo, garoto. Eu provavelmente já teria vendido essa coisa há muito tempo pra fazer uma grana.... mas acontece que...
               Ele centralizou o cigarro de palha no meio da boca e puxou o dedo para perto. Apertou o anel, e a ponta do dedo acendeu, como se fosse uma vela. O mercenário acendeu o cigarro com uma forte tragada e, em seguida, apagou o fogo do dedo com um rápido balanço. Colocou de volta no bolso.
               -- Ele é maravilhoso pra acender cigarros. – O mercenário deu uma leve risada, e levantou – Acabou de comer?
               -- Sim...
               -- Então tá na hora. O sol já começou a nascer. Bora.
               Foi levantado sem muito esforço e jogado de volta nas costas do cavalo.
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omundoplano · 9 years
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A Jornada #1
              -- Bosta!
              Seu dedão latejava com a dor. Idiota. Sabia que não devia ter se metido nisso. Ele nunca havia feito nada relacionado a carpintaria, e aquela cadeira estava ficando uma droga. Mas se não fizesse nada da vida, sua mãe ia acabar chutando ele pra fora de casa.
              Chupou o sangue do dedão e torceu pro desgraçado do Tork não aparecer. Aquele anão levava o trabalho muito a sério, e ia entrar em um dos seus sermões que duravam pra sempre. O velho tinha por volta de 200 anos, e um milhão de exemplos pra dar na hora de uma bronca. E ele adorava falar. Se ele aparecesse, era provável que—
              Seu pensamento foi interrompido pelo barulho da porta abrindo.
              -- Como vai o traba.. – O velho parou de falar e olhou para o marmanjo chupando o dedão. -- Se machucou de novo? Sabe, garoto, você precisa prestar mais atenção no seu trabalho! Quando eu era..
               Tarde demais. Lá estava ele, e já tinha começado a contar histórias. Agradeceu por ter batido no dedão. A dor ajudava a ignorar tudo o que o anão de barbas brancas falava. Ficou apenas olhando pro velho, acenando com a cabeça.
               Sentiu como se tivesse feito dois aniversários quando o velho finalmente resolveu parar de falar.
               --  ... e é por isso que eu sempre tomo cuidado com martelos, principalmente quando estou trabalhando em mesas ou cadeiras. Você entendeu? Você precisa prestar mais atenção quando estiver trabalhando, se dedicar mais!
               -- Sim, senhor.
               Estava sentado em um banquinho, e o velho parrudo ainda assim tinha que olhar pra cima para atingir seus olhos. Ficou observando o velho, que o olhava com uma mistura de desaprovação e pena.
               -- Faz o seguinte garoto. Você já tá ai desde cedo, e até agora não conseguiu pregar o braço da cadeira. Você deve estar com algum tipo de bloqueio. Vai pra casa e descansa um pouco. Amanhã você volta e eu te ensino de novo a fazer isso.
               -- Sim, senhor.
               Sabia que não adiantava discutir nessas horas. Na verdade, sabia que não adiantava discutir em nenhuma hora. Sempre perdia todas as discussões nas quais se metia, mesmo quando estava absolutamente certo. Não queria voltar pra casa, mas se levantou. Saiu de cabeça baixa, e ouviu o velho suspirar ao fundo. Estava acostumado com o desprezo das pessoas.
               Olhou para o seu vilarejo. Vargem Verde era seu nome oficial, mas era mais conhecido como Vilarejo do Estrume. Tinha diversos pastos, e era composto basicamente por fazendeiros que alimentavam as vilas e pequenas cidades em volta com sua grande quantidade de vacas, porcos e galinhas. O lugar fedia a merda, e ter nascido ali parecia apropriado.
               Resolveu enrolar antes de ir pra casa. Sempre que voltava cedo levava mais broncas de sua mãe por ser um péssimo funcionário. “Assim você nunca vai ser alguém! Toma jeito, garoto! Se eu fosse que nem você...”
               Resolveu dar uma volta no lago, que era provavelmente o único lugar que não fedia tanto naquele vilarejo. Passou por alguns moradores e acenou com a cabeça. Ninguém respondeu. Deu de ombros.
               Quando chegou no lago, sentou em seu lugar preferido: uma pequena pedra perto da beira do lago. Haviam lugares melhores para se sentar, como a pedra do trono. A pedra do trono era uma grande pedra que ficava no topo de diversos outros pedregulhos, e que tinha quase o formato de uma cadeira. Tinha uma vista linda. Ou pelo menos era isso que diziam, já que nas duas vezes que tentou subir ali acabou caindo. Torceu o pé numa das vezes e quebrou o braço na outra.
               Preferia sua pequena pedra, obrigado. Ali era quase impossível se machucar, e também tinha uma vista razoável, se você gosta de olhar para as formigas que sobem e descem o dia inteiro no tronco da grande árvore que tampa metade da vista. Era um preço razoável a se pagar para ficar sentado em segurança. A árvore também tampava parte do sol, e isso ajudava nos dias de calor.
               Pegou uma pedra do chão e tentou acertar no lago. Acertou no tronco da árvore. Suspirou.
               Ficou ali por uns bons minutos, até ouvir um grande barulho vindo do lago. Provavelmente alguém tinha mergulhado. Não dava pra ver direito, porque o lugar que as pessoas normalmente pulavam era na parte mais funda, que ficava exatamente atrás do tronco.
               Ficou com preguiça de levantar pra ver o que estava acontecendo, então ficou por ali mesmo. Mas o barulho de água voltou, dessa vez mais agitado. Conseguiu ouvir um grito interrompido pelo que deve ter sido um belo gole de água. Entrou em pânico.
               Não tinha como voltar pra vila, e ele não era um bom nadador. Longe disso, ele mesmo já havia sido resgatado daquele lago várias vezes. Levantou correndo e foi olhar o que estava acontecendo.
               -- Soco—A pessoa claramente estava se afogando. – Algu.. Me...
               Ele não sabia o que fazer. Olhou em volta desesperado e, para a sua surpresa, viu uma pessoa ali parada. Ele tinha uma barba por fazer, e era alto e musculoso. Pelo tipo de roupa que estava usando, provavelmente era um mercenário. Ele olhava fixamente para a pessoa que estava se afogando, com um leve sorriso no rosto.
               -- Você não vai fazer nada!? – Deixou escapar, num momento de desespero e raiva, e se viu andando na direção do mercenário. – Ele vai morrer afogado!
               O mercenário finalmente virou para ele, sem perder o sorriso do rosto.
               -- Porque deveria?
               -- Porque você é a única pessoa aqui que pode fazer alguma coisa!
               -- É mesmo? – Ele parecia se divertir – E eu achando que tinha alguém falando comigo.
               Ele ficou envergonhado na hora, mas sabia que não tinha como salvar a pessoa. Ficou quieto por um segundo, que pareceu durar várias horas enquanto ouvia o barulho da pessoa se agitando na água.
               -- Por favor, faz alguma coisa! Eu não sei nadar!
               O mercenário riu, e foi em sua direção.
               -- É o que vamos descobrir agora.
               O mercenário segurou sua mão esquerda e o puxou, com a força de um gigante. Ele sentiu a mão pesada no seu pescoço, e não conseguiu nem se debater. Quando viu, estava sendo lançado na água. Caiu com um belo estalo, e ficou meio atordoado. Fez o possível para chegar na superfície, e respirou o mais fundo que pode. Estava relativamente perto da pessoa que estava se afogando agora.
               Olhou para ela, que parecia cada vez mais desesperada, e percebeu que era uma criança. Arregalou os olhos em pânico quando percebeu que o moleque estava perdendo a força. Sem pensar duas vezes, fez o melhor para nadar, tentando chegar até ele. O garoto começou a afundar.
               Deu tudo de si naquela hora, e nadou na direção onde o menino estava. Ele já tinha sumido da superfície. Encheu o pulmão de ar e mergulhou. Enxergou o menino caindo lentamente em direção ao fundo. Foi em sua direção e, por pouco, conseguiu pegar sua mão. Começou a se debater em direção ao topo do lago, e assim que sua cabeça saiu da água, foi puxado até a beira do rio por alguém.
               Quando caiu na lama, olhou pra cima e viu a cara do mercenário olhando pra ele.
               -- Parabéns, você quase salvou o garotinho.
               Suou frio. Tentou falar, mas respirava cansado com o pouco de esforço que havia feito.
               -- Quer dizer que... ele...
               -- Não, não é pra tanto. Ele tá respirando. Mas eu salvei o teu rabo.
               Ficou aliviado e agradecido, apesar de um pouco envergonhado.
               -- Obrigado..
               -- Se eu fosse você não me agradeceria tão cedo. Tudo na vida tem seu preço.
               Levou um chute na cara e desmaiou.
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omundoplano · 10 years
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Enciclopédia Plana #1 - O Início
O início, gênesis, principio ou começo do mundo é algo interessante. Quem foi criado não faz ideia de como aconteceu, e quem criou prefere evitar esse tipo de conversa que quase sempre envolve longas horas de explicações constrangedoras e perguntas que ficariam melhor sem resposta mesmo.
No caso do Mundo Plano, a Enciclopédia Plana não dá uma resposta exata para a pergunta, mas sim, como um professor que não estudou muito bem sobre assunto, dá apenas uma enrolada e cita por alto algumas teorias que podem ou não ter alguma coisa a ver com o que havia sido perguntado em primeiro lugar.
Segundo ela, as teorias mais famosas são as do elfo Falleben1, do humano Cordon2, do gnomo Arnostephentopherlingefonger3 e a do auto-proclamado Profeta Supremo Felix Maxfire4.
A Enciclopédia Plana define as teorias da seguinte maneira:
- “Teoria de Falleben” ou “Teoria da Magia”:
A Teoria de Falleben é a teoria mais aceita para o inicio do Mundo Plano, e é a ensinada nas escolas. Segundo ela, os Deuses viviam discutindo qual deles era o mais importante. Infelizmente, quando várias pessoas numa sala tentam provar umas pras outras que eles são os melhores e não existem argumentos além de "Eu sei", você acaba com muita gritaria e pouca decisão. A Deusa da Sabedoria teria então dado a ideia de criar pequenos seres que escolhessem qual dos deuses seguiriam e, assim, descobririam qual deles era o melhor.
Todos gostaram da ideia, mas acharam que seria injusto alguém específico se encarregar da criação das criaturas, que acabariam tendendo para o deus com a imagem de maior semelhança e esqueceriam os outros. Portanto, uma raça completamente neutra e sem graça foi criada, com um pouco de todos os deuses. O Panteão foi proibido de interferir no mundo, para que a opinião das criaturas fosse imparcial.
As criaturas cresceram e criaram sua civilização, sem nenhuma interferência dos Deus, que acabaram descobrindo da pior maneira que não interferir diretamente em nada no mundo era uma excelente maneira de provar o livre arbítrio, mas uma péssima maneira de provar que você existe. As criaturas acabaram decidindo que não havia Deuses coisa nenhuma, e que se eles estavam ali vivos era porque o acaso era realmente uma coisa espetacular. A falha catastrófica do experimento acabou fazendo com que os seres supremos deletassem os ingratos para tentar novamente (E, por causa disso, o mundo agora é cheio de ruínas5).
Quando os Deuses resolveram reiniciar o experimento, decidiram que fariam com a maior quantidade possível de raças e criaturas diferentes, e tudo no mundo foi criado para conseguir suprir a necessidade de todas essas criaturinhas. Eles agora tinham o direito de interferir diretamente, apesar de alguns raramente o fazerem.
Falleben defende que o experimento ainda acontece, e que todos que acham que a Deusa da Sabedoria não é a melhor de todas é um estúpido que merece ser pulverizado como os seres antigos.
- "Teoria de Arnostephentopherlingefonger" ou "Teoria do Arnostephentoblabla" ou "Teoria do Arnost" ou ainda "Teoria daquele Gnomo com um nome desnecessariamente complicado"...
A Teoria de Arnostephentopherlingefonger dizia que o Mundo Plano, como todas as outras coisas do universo, é uma coincidência maravilhosa e que seria mais interessante parar de pensar no inicio e pensar no futuro. Arnostephentopherlingefonger defendia que o inicio não importava, e discuti-lo não passava de perda de tempo; que seria como tentar descobrir quem veio primeiro, o Ovo ou o Dragão.
A teoria foi aprofundada anos depois por um filho de Arnostephentopherlingefonger, Urdnostephenupherfingelanger, que dizia que toda a vida no mundo foi moldada pelo acaso, através da magia. Ele dizia que os Deuses provavelmente criaram o Mundo Plano como nada além de uma decoração para embelezar a vista de uma das janelas.
Segundo ele, em uma noite de festividades (que provavelmente envolveu alguns bons drinks de néctar dos Deuses com groselha) alguém deve ter achado muito engraçado despejar a magia que fluia de seu corpo naquele mundo bonito e vazio que dava pra ver da varanda. Ou não. Urdnost, assim como seu pai, não se importava com os meios, e sim com os fins.
Curiosamente, enquanto Urdnostephenupherfingelanger tentava disseminar sua teoria de que “As coisas simplesmente acontecem, e que não importa o como, mas o porquê”, um verme gigante pulou da terra e o engoliu em uma só mordida. Segundo testemunhas presentes na ocasião, sua última frase foi enquanto respondia uma pergunta, dizendo “Se eu estiver errado, que eu morra agora engolido por um ver--”.
Até hoje filósofos discutem se isso foi a prova de que o mundo não tem nada de coincidência, já que não é possível que coisas desse jeito aconteçam “sem querer”, ou se significa exatamente o contrário, já que afinal de contas ele nunca terminou sua frase e que existem diversas coisas letais que começam com “Ver”.
- O Profeta Supremo Felix Maxfire
Felix Maxfire diz que os Deuses explicaram diretamente a origem do mundo para ele e que, por isso, ele é o escolhido. Ele também diz que se todos não fizerem a vontade dos deuses, nosso fim será pior que o dos seres antigos, que ousaram não seguir seu último Profeta Supremo. Ele também enfatiza que, agora, ele é o Profeta Supremo, caso ainda não tenha ficado claro.
Felix sempre carrega consigo um livro de lições que retirou da história da criação do mundo6, e diz que é a maior fonte de sabedoria do universo. Ele também afirma que seguir as instruções do livro da exata maneira que ele explica é a única maneira de realmente se aproximar da verdade dos Deuses.
Ele até hoje não contou como o mundo começou, e foge do assunto toda vez que alguém pergunta, respondendo que “O que importa é a vontade dos Deuses, e eles não querem que eu conte pra ninguém. É segredo!”
- Cordon, o mendigo louco
Para a teoria de Cordon, o profeta louco do centro dA Capital, a Enciclopédia diz apenas uma linha: “Cordon diz que haviam dois mundos que se blábláblá ninguém se importa, todo mundo sabe que ele é louco.”
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1- Falleben era um antigo historiador religioso élfico, e é considerado o primeiro profeta da história. Ele também é responsável por diversas outras teorias e explicações que foram a base para diversas áreas do conhecimento moderno do Mundo Plano. Entre elas, as mais notáveis são a “Teoria de Falleben”, “As 3 leis dos Golens e Construtos” e sua série de 234 volumes “Filosofia Básica e Essencial”.
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2- Cordon é um conhecido mendigo que diz ter a resposta para vida, o universo e todas as outras coisas. Até hoje nenhuma de suas profecias estava certa. Algumas de suas maiores falhas são “A peste das trevas”, que seria uma doença causada por ratos que mataria uma parte gigantesca da população; “O Grande Ditador”, que profetizava a chegada de um maligno rei elfo de bigode que mataria todos que não são de sua raças; e a infâme teoria das “Grandes bolas de energia”, capazes de destruir o planeta inteiro, que ficariam guardadas em ovos de ferro que choveriam dos céus.
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3- Arnostephentopherlingefonger era um famoso e preocupado gnomo, sociólogo de profissão, que afirmava que tinha vindo de outro mundo, onde as coisas não estavam muito bem. Arnostephentopherlingefonger dizia que em seu mundo natal, Plamarvenpterianosemfliereal, as guerras constantes e a busca por lucro haviam deixado a sociedade em um estado “realmente muito triste”, e que agora que foi para sem querer no mundo plano, queria apenas curtir os seus 530 anos que restavam em paz, aproveitando o ar puro do Mundo Plano. Arnostephentopherlingefonger era carinhosamente chamado de Arnost pelo Rei Harvor II.
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4- Felix Maxfire é considerado por muitos um charlatão, mas esses muitos estariam errados na visão de seus seguidores, que sabem que seu Profeta Supremo é o salvador. Felix saiu da pobreza e hoje está na lista dos mais ricos de Jour'nal, e vive num imenso castelo na área nobre dA Capital. Ele hoje está tentando se tornar o Lord das terras do Norte, para construir lá um templo para os Deuses. O Profeta Supremo é conhecido por suas leis peculiares retiradas das suas conversas com os Deuses, registrada no “Livro das Leis” que carrega consigo.
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5- As ruínas são, o que se acredita ser os restos dos seres antigos. O Reinado baniu a exploração das Ruínas por medo dos perigos que lá se encontram, apesar de não fazer muita força para evitar que aventureiros o façam. Raramente algo de valor é encontrado no deserto de pedra.
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6- O “Livro das Leis”. Felix está sempre modificando e anotando novas leis no livro, e ninguém pode ler além delem correndo o risco de queimar na hora. A lei mais conhecida é a primeira Lei, que declara que 50% das moedas de ouro conseguidas pelos fiéis devem ser revertidas para ele, e a Segunda Lei, que declara que os fiéis devem gastar seu dinheiro apenas nas lojas e locais abençoados por Felix.
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omundoplano · 10 years
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#0.1 - Kronos
Dia 93 do Ano 60104 – Planeta Kronos
                Utopia. Essa seria a palavra que um ser humano usaria para descrever Kronos. Seres mágicos viviam em verdadeira paz, e a guerra era apenas história. Duelos ainda aconteciam, mas apenas por glória e honra, e fatalidades eram extremamente raras. O planeta era mágico, e a magia extremamente comum, substituindo a tecnologia em praticamente tudo. Não havia nem mesmo eletricidade no planeta. Tudo era movido com o poder da magia.
                O nome do planeta vinha do nome da grande montanha de cristal, que muitos acreditavam ser a fonte do poder mágico ilimitado tão acessível. Algumas pessoas acreditavam que os deuses moravam dentro do cristal, ou até mesmo em cima dele. Ninguém sabia, porque era impossível se aproximar de Kronos.
Vivendo o momento mais pacífico e iluminado de sua história, seres de todas as raças unidos sobre a mesma bandeira por todo o mundo se uniam para celebrar, ao mesmo tempo, o Dia dos Deuses.  Magos e feiticeiros conhecidos pintavam os céus com magia, com feitiços que faziam desenhos belíssimos antes de sumir em direção às estrelas, e alguns cidadãos comuns também se arriscavam localmente.
                A comemoração era grande. Verdadeiros banquetes eram preparados, e nunca se viu uma concentração de magia tão grande por todo o planeta.
                E quando alguma coisa, em algum outro universo, explodiu tão forte que foi capaz de abalar todos os universos paralelos... Kronos interviu.
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omundoplano · 11 years
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(OFF) O que é "Mundo Plano"?
"Eu já visitei muitos mundos durante a minha vida.. E posso afirmar que este é o único onde os mapas são realmente precisos!"
-- Varkk, o Viajante Planar
Esqueça seus conceitos de mundo. Este mundo aqui é plano e está em constante expansão.
Tive essa idéia a muito tempo atrás, mas só agora resolvi começar (ainda que aos poucos) a colocá-la em prática. Esse tumblr vai servir como um blog, onde serão postados diversos contos e histórias baseadas em um universo: O Mundo Plano.
E como vai ser isso?
Os contos vão ser independentes, ou seja, você não vai precisar ler todos pra se divertir com um deles. Um leitor casual, que gosta apenas de uma história curta pra se distrair vai encontrar isso aqui.
Por outro lado, todos os contos acontecem no mesmo mundo, e provavelmente farão referência aos acontecimentos "globais". Ou seja, quem ler todos os contos vai sentir uma progressão na "história do mundo" e um senso de conexão.
Também não quero me prender em relação ao estilo de narração, o que significa que teremos contos com narrador, sem narrador, em terceira pessoa e em primeira pessoa. Algumas coisas serão decorrentes, e é claro que o meu estilo estará presente em todos os contos.
Não vou me censurar, e espero que fique bem claro que nada do que está escrito é pra ser levado a sério. É tudo pelo bem da diversão. (Se não sua, minha!)
E quanto ao mundo? E que história é essa de expansão?
Bem, o Mundo é medieval-fantasia, mas nada com precisão histórica. Existem tecnologias bem avançadas, e o uso de magia também afeta o mundo de maneiras inimagináveis... Então não se surpreenda com absurdos.
Mais importante, o mundo é semi-aberto. Isto é, qualquer um pode (E DEVE!) mandar sugestões de locais, personagens, histórias, ou qualquer coisa que quiser ver aqui, e tudo o que eu achar legal eu vou inserir no mundo. (Com os devidos créditos, óbviamente)
Ou seja, o cenário está sempre aberto a novas adições, o que faz dele praticamente infinito! Isso significa que vai dar trabalho manter registro de tudo o que vai ser escrito aqui...  Por isso, conforme for escrevendo, vou manter uma "enciclopédia" do Mundo, que será liberada também em forma de tumblr quando eu tiver material suficiente.. E ela também continuará expandindo.
Enfim, esse é um projeto meu e de todos que decidirem participar.
Pretendo postar com certa regularidade, mas caso isso não aconteça, não tem problema. O importante é que ele estará sempre aqui, e sempre que eu puder estarei atualizando o tumblr.
Então espero que você se divirta e participe do Mundo Plano!
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