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Capítulo II
Já eram nove da manhã quando Olivia acordou. Ela não dormiu nada, depois que Nalu saiu do quarto, Olivia pegou as suas coisas e começou a procurar por uma folha, folha essa que tinha o endereço e nome da loja onde ela iria trabalhar, mas ela não lembrava ande tinha colocado, então entrou em desespero, ela abriu e revirou as suas duas malas e a bolsa com os pertences mais íntimos, mas sem sucesso. Ela chegou a adormecer mas como eu tinha dito antes, não foi quase nada.
Ela acordou com um som de vozes vindas do andar de baixo.
Olivia de início teve receio de descer, mas já estava ficando tarde e ela não podia ficar dentro do quarto esperando que todos saíssem pra ela dar uma de desconhecida e sair sem fazer alarme, então calçou seus sapatos, jogou uma água no rosto e desceu.
Quando ela passou pela sala foi até a cozinha na esperança de encontrar Nalu, deu de cara com uma moradora vestindo apenas uma blusa do time Toronto Argonauts, uns dois centímetros menor que Olivia, tranças finas formando um coque frouxo na cabeça e com uma caneca quente de café em uma das mãos.
Ambas devido ao impacto foram para trás. Quase que o café faz um estrago indesejado.
- Esther, você não me disse que nós tínhamos hóspedes.
- Não temos! Pelo o que eu saiba aqui não é hotel. - Esther respondeu de dentro da cozinha - Essa é o encosto que eu disse que a Nalu colocou pra dentro da nossa casa.
Ela olhou confusa para Olivia e perguntou: - Você está precisando de alguma coisa?
- Se quiser ajuda pra se mandar daqui, conte comigo. - Esther gritou ainda de dentro da cozinha.
Olivia ignorou Esther e voltou sua atenção a pessoa parada em sua frente no corredor de passagem da sala para cozinha - Desculpa, é que… A Nalu, ela não acordou ainda? Ou…
- Nalu já foi pro curso. Mas o que você quer com ela? Ou melhor - Ela sorriu - Quem é você?
- Eu me chamo Olivia.
- Eu sou a Anippe. Então Olivia… - Ela voltou pra cozinha e Olivia foi junto - Me conte o que eu perdi ontem.
E Olivia começou falando de como chegou e o porque de estar lá.
Anippe era uma boa ouvinte, nisso ela se igualava a Nalu, ela até riu dos desastres que Olivia contou que sofreu e de fato olhando por outro ângulo eram bem engraçados.
- Você vai ficar aí conversando? – Esther perguntou a Anippe num tom impaciente.
- Não vejo problema nenhum. – Anippe respondeu sem desviar o olhar de Olivia e fez um gesto com a mão para que a mesma continuasse falando.
- Eu preciso de uma carona até a casa da Charlie, tenho que pegar algumas coisas minhas que ficaram lá. – Esther custou confessar que precisava da ajuda de alguém.
- E tem que ser agora? – Anippe perguntou desanimada.
- Olha, está chovendo. Se eu estou te pedindo é porque no momento você é a minha única opção. – Esther disse enquanto colocava um moletom surrado e olhava na tela de seu celular, parecia estar esperando alguma notificação.
Anippe olhou pra Olivia e perguntou: - Você vai fazer alguma coisa agora?
- Olha – Olivia sorriu – Eu pretendia ir até um lugar pra acabar de resolver algumas coisas.
- Que lugar? – Anippe perguntou curiosa – Dependendo, você pode pegar uma carona com a gente.
- É, vai ser bem legal! – Esther disse ironicamente dando um sorriso falso.
Anippe fuzilou Esther com o olhar e voltou sua atenção a Olivia.
- Eu tinha o endereço, na verdade tenho mas eu não sei onde está. Eu provavelmente perdi. – Olivia respondeu sem graça.
- Anotou onde? – Anippe perguntou indo até a pia e lavando sua caneca.
- Numa folha de agenda. – Olivia disse mostrando com as mãos que era uma folha pequena.
Anippe terminou de lavar e saiu da cozinha em passos corridos subiu as escadas e logo depois voltou com um papel dobrado.
Olivia pegou o papel e desdobrou e disse aliviada: - É esse mesmo! Meu Deus, eu não acredito.
- Eu achei caído na escada. Pensei ser do Kea, ele mexe muito com papéis, sabe. – Anippe disse olhando o que está escrito junto com Olivia.
Esther pegou o papel das mãos de Olivia e disse impaciente: - Eu sei onde fica esse lugar. – Ela rasgou o papel e disse: - Vamos logo!
Olivia ficou perplexa! Como ela pôde fazer tal coisa. Anippe também ficou bem nervosa.
- Você enlouqueceu? – Olivia empurrou Esther – Era o único jeito de eu achar o lugar e você rasga o papel?
- Ei! Eu disse que sei onde fica, logo vocês não precisam desse papel. – Esther disse num tom normal, parecendo não ligar pra raiva que Olivia estava sentindo naquele momento.
- Okay, vamos. – Anippe disse saindo da cozinha e indo até o seu quarto colocar uma calça e um par de tênis.
Olivia voltou no seu quarto e pegou sua bolsa e celular, quando estava descendo as escadas, viu Esther mostrar as chaves de casa pra Olivia com uma cara digamos malvada, Olivia correu e passou por entre Esther e a porta antes que a mesma a fechasse.
Anippe deixou Esther na casa da Charlie e seguiu até o local junto com Olivia. Como estava garoando, e Anippe odiava ter que procurar vaga, ela então estacionou perto de uma praça e acabou por chamar Olivia pra terminar o caminho andando mesmo, assim elas tinham mais tempo pra conversar. Foi realmente incrível como Anippe simpatizou com Olivia, poderia ser porque ela estava num de seus melhores dias, ao certo nem Esther entendeu o porque de Olivia ter conquistado tão facilmente Esther. A Nalu ela até compreendia já que a mesma era literalmente um amor de pessoa, aquela típica alma havaiana que é mais ser do que humana, agora Anippe era um caso mais curioso, já que ela era bem difícil de lidar, e agradar também.
- Eu acho muito legal essas trancinhas fininhas que você tem no seu cabelo. – Olivia disse e Anippe parou de andar, olhou pra ela e pareceu respirar fundo.
- Elas são chamadas tranças nagô, e ajudam no crescimento do cabelo já que puxam a raiz.
- Eu não sabia – Olivia disse totalmente sem graça – Eu não quis…
- Tudo bem, eu sei que não. – Anippe sorriu – Que bom saber que você gostou, se quiser eu peço a Nalu pra fazer em você.
- Eu iria amar, sério. – Olivia respondeu bastante empolgada e Anippe deu um pequeno sorriso.
Elas passaram por uma praça onde havia um grupo de pessoas com alguns sprays, pincéis e latas de tintas, o grupo compunha de 5 pessoas sendo dessas 3 meninas e uma delas veio até Anippe e lhe abraçou, depois perguntou ainda com os braços em torno de sua cintura: - O que te trás aqui? Seria saudade do seu velho grupo?
- Velho grupo? – Olivia perguntou e Anippe revirou os olhos sorrindo.
- A Liz adora um drama, não liga.
- Drama? Ani, você sumiu, desde que começou a andar com Alain, não sai mais com a gente. – Liz dizia num ar de tristeza na certa tentando comover Anippe que tirou os braços dela de sua cintura e disse se afastando um pouco: - Diz logo o que você quer Liz. – Anippe estava séria e parecia estar sem paciência.
Liz olhou pra Olivia e depois pra Anippe esperando que Olivia saísse de perto.
Olivia deu um passo pra trás mas Anippe segurou seu braço: - Pode ficar aqui.
- Eu não vou dizer na frente de uma desconhecida. – Liz disse totalmente seca, olhando Olivia de cima a baixo.
- Bom minha querida, aí isso deixa de ser um problema meu pra ser totalmente seu. – Anippe sorriu falso e continuou andando, Liz parou Olivia e disse: - Fiquei sabendo que você se juntou a grande família Alena.
Liz mantinha suas unhas no ombro de Oliva que as olhou e depois olhou para Liz.
- Eu espero não ter problemas com você, afinal você parece ser uma pessoa tão legalzinha. – Liz disse tirando os dedos vagarosamente do ombro de Olivia e logo em seguida olhando para suas unhas.
- Vamos Olivia. – Anippe disse fuzilando Liz com o olhar.
Elas atravessaram a praça e Olivia perguntou colocando suas mãos no bolso da blusa de frio: - Quem é ela? Quero dizer, quem ela pensa que é pra falar daquele jeito comigo? – Olivia disse as últimas palavras pausadamente assimilando que Liz acabara de lhe fazer uma advertência.
- Liz é uma idiota. Só sai merda da boca dela, não liga pra ela. – Anippe não rendeu muito papo sobre o assunto, ela parecia ter mudado drasticamente de humor.
As duas semanas atravessaram a rua e Anippe parou na frente de uma loja que parecia mais uma estufa, pois a frente era toda de vidro e havia várias plantas a mostra e um cheiro fresco vindo de dentro.
- Chegamos. – Anippe disse dando alguns passou pra trás.
Ela deu um pequeno tchau pra Olivia e saiu andando em passos rápidos.
Olivia, se viu sem outra alternativa a não ser entrar e se apresentar para a dona do local. Ela abriu a porta devagar e um sonoro sino tocou dando eco no lugar, atrás de uma figueira saiu uma mulher ruiva com a pele branca feito a neve, rosto redondo e olhos negros e grandes, com uma enorme tesoura em uma das mãos.
- Precisa de alguma coisa minha flor? – Ela perguntou colocando a tesoura num cesto no chão junto com outras ferramentas de jardinagem e limpando as mãos no avental sujo de terra amarrando sob sua cintura.
- Prazer – Olivia estendeu a mão e a ruiva cumprimentou ela com um aperto de mão – Eu sou Olivia Ruiz.
- Ah sim! – A ruiva sorriu e continuou – Você é a minha florzinha latina, eu estava contando os dias pra você chegar! – Ela disse entusiasmada.
Ela tinha um sotaque escocês tão fofo e um ar jovial, parecia aquelas princesas que se via em filmes, Olivia a seguiu até uma parte mais iluminada pelo sol onde era o seu escritório e a mesma foi convidada a beber um chá junto com a sua futura empregadora.
- Eu li o seu currículo, e sua opinião sobre as plantas medicinais no meu blog me deixaram curiosa e ao mesmo tempo maravilhada.
- Eu fico feliz por isso. Você não sabe o quanto vai me ajudar se me der esse emprego. – Olivia disse e logo depois deu um pequeno gole no chá.
- Se não, minha flor! Você já faz parte do meu jardim. Assim que entrou por aquela porta. – A ruiva disse pegando uma folha e escrevendo algumas coisas.
- Essa é a lista dos horários e em qual das lojas você vai trabalhar durante a semana, são cinco lojas espalhadas pela cidade. – Ela entregou para Olivia que olhou a folha e agradeceu mas antes de sair perguntou: - Desculpe mas, eu não sei o seu nome…
- Lilian, Lilian Hemerscroft. – A ruiva respondeu dando um tchau com uma das mãos.
Olivia saiu da loja lendo o papel e ficou uns 4 minutos parada na frente da mesma até acabar de ler. Ela então percebeu que não sabia como voltar pra casa e esse agora seria o seu maior problema já que quem lhe ajudou a chegar ali foi embora sem pensar duas vezes.
Enquanto Olivia resolvia como iria voltar pra casa, na mesma Kanalu arrastava alguns móveis da sala, afim de fazer o que sempre faz todos os crepúsculos das terças feiras: Yoga.
Kanalu acreditava que toda alma deveria ter os seus momentos de plena calma, ela costuma chamar os moradores de sua casa pra se juntar mas acontece que naquele momento ela estava sozinha e acredite, para ela aquele momento estava mais do que perfeito. Mas é claro, não ia ficar por muito tempo já que alguém insistentemente batia na porta a incomodando por completo. Ela abriu a porta e se deparou com uma voz masculina e muito família dizendo: - Aloha Kanalu.
Kanalu deu um grande e sorriso e pulou nos braços dele.
- Olha quem voltou! – Anippe disse passando pelos dois e entrando na casa.
Kanalu ficou uns 3 minutos abraçando ele, foi quando numa voz um pouco emocionada perguntou agora olhando pra Anippe e depois para Keanu curiosa: - Quando foi que se encontram?
- Achei meu carro parado em frente ao anfiteatro. – Keanu disse mostrando as chaves e indo na direção da cozinha.
- Eu peguei uma carona. Você sabe que eu odeio dirigir.
- Se odeia por que pegou meu carro? – Keanu perguntou ainda na cozinha.
Mesmo a cozinha sendo separada da sala por um enorme corredor dava pra ouvir a voz dele já que na casa só haviam os três e não tinha nenhum barulho.
- Esther queria uma carona até a casa da Charlie.
- E desde quando você faz favores pra Esther? - Keanu voltou da cozinha com uma garrafa de água com gás e continuou – Você não é muito de favores.
- Ela implorou.
- Ah sim. – Keanu e Anippe sorriram um pouco debochados e Kanalu balançou a cabeça negativamente.
Ela não gostava desses tipos de brincadeiras.
- Mas não foi exatamente por causa disso. Foi pra ajudar a Olivia.
- Por falar nela… – Kanalu que estava encostada na parede de braços cruzados perguntou estranhando a demora repentina de sua mais nova hóspede – Já não era pra ela ter chegado?
- Logo, logo ela chega, não precisa se preocupar Nalu. – Anippe disse despreocupada.
- Quem? – Keanu perguntou curioso.
- Olivia. A nova inquilina da sua irmã.
- A Latina? – Keanu perguntou animado.
- Isso! Ela chegou ontem. – Kanalu respondeu também animada.
- Agora eu entendo o porque da sua carinha estar mais feliz Nalu.
- Me sinto tão bem. – Kanalu disse satisfeita.
- E ela se deu bem com todo mundo aqui?
- Claro. – Kanalu respondeu concordando.
- Menos com a Esther. – Anippe completou.
- Esther não gosta de ninguém. – Keanu disse e Anippe concordou.
De repente ouve-se batidas na porta e Kanalu vai atender pensando já ser Olivia.
- Ainda bem que chegou, eu já estava ficando preocupada. – Kanalu disse abrindo a porta e recebeu um abraço junto com um grito eufórico que lhe assustou.
- Eu voltei amiga! – A loira de cabelos enrolados dizia quase que tirando a respiração de Kanalu de tanto que lhe apertava.
- Inês?! – Kanalu saiu do abraço e deu alguns passos pra trás colocando uma mexa de seu cabelo atrás da orelha – O que… Quando você chegou? – Notava-se a plena surpresa no semblante da anfitriã.
- Cheguei agora. – Inês respondeu entregando o puxador da mala pra Kanalu e entrando dentro da casa – Eu pensei em ficar na casa dos meus pais mas, lembrei de você e da sua linda casa, que aqui tem sempre aquele quartinho sobrando pra mim.
- Inês… – Kanalu começou mas Inês lhe interrompeu.
- Não precisa se preocupar, ele é simples mas eu dou uma arrumadinha e fica tudo certo.
- Inês. – Kanalu respirou fundo – Aquele quarto já está ocupado.
Inês pareceu não dar atenção, olhou em volta e parou seu olhar em uma blusa de frio em cima do sofá.
- Kea está aqui? – Ela perguntou desconfiada.
- Ele acabou de chegar. – Kanalu disse essas palavras e teve a ligeira impressão de ter ouvido um não baixinho vindo do andar de cima e talvez até um palavrão.
- Kea? – Inês chamou indo até o corredor e Kanalu foi atrás.
- Inês… - Kanalu começou mas ela nem deu atenção.
- Por que não me disse antes que ele estava aqui? – Inês voltou até a sala dando de cara com Kanalu que estava atrás dela – Eu durmo no quarto do Kea até você tirar a pessoa que você colocou no meu quarto.
- Como você vai ficar no quarto dele se ele está aqui? – Kanalu perguntou indignada.
- Os quartos dessa casa são constituídos de camas de casais.
- Não! – Keanu desceu as escadas sério – Você não tem casa não?
- Kea! – Inês foi abraça–lo mas o mesmo desviou e foi pra perto de Kanalu.
- E o Jack? – Inês recolheu os braços e os cruzou analisando Keanu até encontrar seu olhar – Ele não veio com você? Fiquei sabendo que ele ia voltar pra cá.
- Nossa! Quem te contou? Espera, deixa eu adivinhar – Kanalu disse ouvindo a porta de entrada abrir atrás dela – Seria uma certa intrometida que adora enfiar seu narizinho onde não lhe convém?
Esther havia acabado de chegar e levantou a mão direita dizendo: - Eu mesma.
- Está ganhando quanto pra radiar o que acontece aqui para as pessoas de fora? – Keanu perguntou nervoso enquanto Esther fechava a porta.
- Ela perguntou, eu respondi, não vejo problema nenhum nisso.
Esther olhou pro Keanu sorriu sarcástica e Inês perguntou: - E então, cadê ele?
- Desculpa te desapontar mas, não encontrei ele. – Keanu respondeu seco.
- Típico. – Esther disse jogando as mãos e saindo da sala.
- Sério? – Kanalu perguntou desapontada.
- Sério. Bom, eu estou cansado, com dor de cabeça e precisando urgentemente de um banho. – Keanu disse isso desconversando e indo na direção das escadas.
- Se quiser eu te ajudo a relaxar… – Inês começou a frase olhando-o enquanto subia as escadas.
- Sem levar pro lado pessoal – Keanu continuou subindo as escadas e terminou a frase – Eu dispenso.
Kanalu olhou pra Inês esperando que ela percebesse que realmente ela não podia passar a noite ali e fosse embora, mas parece que isso não ia acontecer.
- Bom, e como vai ser? – Inês perguntou olhando pra Kanalu.
- Como vai ser o que?
- Meu quarto, querida.
- Inês meu amor, eu já te disse que não posso te ajudar. O quarto já está ocupado.
- Então já que o Jack não vem, eu fico com o dele mesmo. Me dê a chave.
- Eu não vou te deixar ficar no quarto dele – De repente Kanalu lembrou de uma coisa, Olivia estava no quarto de Jackson, justamente porque ela disse a mesma que arrumaria o quarto vago pra ela ainda hoje – Isso seria uma invasão de privacidade.
Kanalu terminou a frase se sentindo um pouco mal consigo mesma.
Inês bufou e olhou pegou seu celular no bolso, olhou as horas e disse olhando para Esther que vinha da cozinha mastigando alguma coisa.
- Okay então. Eu vou pra casa, mas só depois.
- Vamos. Nalu me empresta a sua moto, obrigada. – Esther disse pegando as chaves de Kanalu que estavam penduradas perto da porta e saiu junto com Inês. A porta se fechou e Kanalu bufou se jogando literalmente no sofá.
- Eu não acredito! – Kanalu passou a mão em seu cabelo e o juntos fazendo um coque frouxo.
Ela levantou do sofá, se alongou e foi rumo às escadas, quando chegou no topo deu de cara com Anippe sentada no chão encostada na parede bebendo uma garrafinha de cerveja conversando pelo notebook.
- Ela tá vindo aí. – Anippe disse e virou a tela na direção de Kanalu – Olha a animação dela, incrível como a Inês te deixa com o ânimo lá em cima em Nalu.
- Não acredito que me deixou sozinha com ela.
- Sua amiga, sua responsabilidade.
- Esse é um fardo difícil de carregar Nalu. – A voz masculina e doce vinda da pessoa na tela do notebook fez Kanalu sorrir ainda que muito desanimada.
- Alain, pede Anippe pra ser um pouco mais legal, o mundo vai ser bem melhor.
- Se tratando da Inês eu não sou nem educada. – Anippe disse e Alain riu.
Anippe se despediu de Alain e desligou a vídeo chamada, fechou o notebook e correu até a Kanalu que estava indo na direção dos quartos, ela parou um pouco perto do quarto de Anippe e então virou-se para a porta em sua frente.
- Vai fazer o que ai? – Anippe perguntou entrando junto com Kanalu que já havia aberto a porta com a chave.
- Esse é o novo quarto da Olivia.
- Esse? Ele tá cheio de coisas, como ela conseguiu dormir noite passada? – Anippe perguntou olhando em volta do quarto e vendo que tinha um monte de caixas fechadas.
- Ela passou a noite no quarto do Jackson. - Kanalu respondeu e Anippe olhou pra ela incrédula.
- Isso não é invasão de privacidade? O quarto é dele.
- Eu sei. Eu fiz uma coisa errada, mas estou concertando isso. – Kanalu já estava se sentindo mal e agora havia piorado uns 20%.
- Ei. – Anippe sorriu fraco – Calma, Jackson não é a Esther, ele nem vai ligar se caso, encontrar uma calcinha debaixo do edredom. - Kanalu sorriu também e Anippe continuou: - Ele vai até gostar.
- Mas mesmo assim. Olivia tem o direito de ter o próprio quarto, afinal ela está pagando por ele.
- Isso é verdade. – Anippe desabotoou a calça e abaixou tirando–a. – Se vamos arrumar esse quarto, eu tenho que me sentir a vontade com isso.
Kanalu sorriu e perguntou: - Tirando a calça?
- Só coloquei pra sair de casa, eu ia tirar de qualquer jeito mesmo e convenhamos, essa blusa do Argonauts fica melhor assim.
Kanalu balançou a cabeça negativamente e sorriu.
O que elas estavam fazendo era uma coisa até muito simples, precisavam vestir os travesseiros, a cama, tirar o pó dos moveis, escovar o tapete e trazer as coisas de Olivia para o quarto dela, mas precisavam pegar no quarto de Jackson primeiro e Olivia tinha desfeito uma de suas malas.
O segundo andar era constituído de 7 portas, sendo 6 quartos e uma para o sótão, estes quartos eram separados por um largo corredor. Elas estavam no terceiro quarto da parte direita do corredor pegando a última mala de Olivia quando Keanu que estava no seu quarto que ficava ao lado esquerdo do mesmo, apareceu e perguntou curioso: - O que estão fazendo?
- Mudança. – Anippe disse desviando dele que estava parado.
- Essas roupas são da… – Keanu olhou no chão e pegou uma blusa que caiu das mãos de Anippe.
- Olivia. – Anippe terminou a frase dele pegando a blusa e virando as costas rumo ao quarto recém arrumado.
- E antes que você pergunte, eu emprestei sim o quarto do Jackson pra ela passar a noite, eu sei que foi errado mas ela chegou antes do previsto e eu não podia deixar ela dormir num quarto cheio de caixas e pó ou sei lá, na sala. – Kanalu bufou – Eu não sou uma pessoa ruim.
- Ei - Keanu sorriu afim de tranquiliza-la – Calma. Eu só perguntei.
- Kea, aproveitando que você está aqui, me ajuda com as cortinas. – Anippe chamou Keanu e lhe deu uma ponta da cortina para as janelas.
Não demorou muito para eles terminarem, Kanalu foi aguar suas flores no quintal da casa e Anippe foi tomar banho, Keanu ficou por conta de comprar algo para o jantar.
Keanu abriu a porta e acabou por encontrar com Olivia que havia acabado de chegar, ele cumprimentou ela acenando a cabeça e saiu indo na direção da garagem e saindo logo depois de moto.
Olivia acompanhou ele com o olhar até a garagem e logo depois a moto saindo. Incrível a semelhança dele com Kanalu.
Ela balançou a cabeça negativamente como se quisesse tirar algum pensamento da cabeça e entrou em casa.
Estava um completo silêncio, ela foi até a cozinha e ouviu um barulho de água, olhou pela janela e viu Kanalu enchendo um regador lilás, ela parecia bem ocupada, Olivia então voltou até a sala e subiu as escadas rumo ao quarto onde ela dormira noite passada, mas ele estava trancado, ela achou aquilo estranho, olhou nas outras portas e havia uma apenas encostada, ela foi até lá e bateu.
- Com licença, mas – Olivia foi abrindo a porta devagar quando recebeu inesperadamente uma almofada fortemente contra o rosto.
Ela deu alguns passos pra trás e segurou na porta.
- Ei? Qual o seu problema? – Ela perguntou nervosa massageando o próprio nariz.
- Eu que te pergunto. – Anippe respondeu indo até ela e pegando a almofada no chão – Não sabe bater?
- Eu bati.
- Eu não ouvi. – Anippe disse voltando até o tapete de seu quarto e pegando novamente o caderno que antes estava nas mãos.
- Pra que essa agressividade toda? – Olivia perguntou ainda perto da porta.
- Achei que era outra pessoa. – Anippe respondeu sem tirar seus olhos do caderno onde escrevia algumas palavras – Você precisa de alguma coisa?
- Ah sim, claro. Você saberia me dizer o porque o quarto onde eu fiquei ontem a noite, aquele – Olivia sinalizou com a mão pra fora do quarto de Anippe mostrando como se a mesma estivesse vendo.
- Você quer saber o porque ele está fechado.
- Isso. É por que eu preciso pegar as minhas coisas e elas estão lá dentro. – Olivia respondeu voltando a sua atenção para dentro do quarto.
Anippe olhou para a sua cama e pegou uma a chave em baixo do seu travesseiro, foi até a porta entregando–a para Olivia e dizendo: - Aquele quarto é de outra pessoa, essa é a chave do seu, é o de frente à aquele.
- Obrigada. – Olivia respondeu olhando pra chave e indo até o quarto que é agora era dela.
Quanto abriu a porta, sentiu a brisa vinda das janelas abertas que balançavam as cortinas enormes, ela acendeu a luz e quase deu um grito estético.
- Meu Deus! Olha esse quarto! – Ela disse a si mesma entrando e encostando a porta, suas malas estavam perto da cama e as mochilas em cima da mesma.
Ela olhou cada centímetro do quarto e foi até o banheiro que ficava do lado esquerdo à alguns passos do guarda-roupa.
Ela pensou em tomar um banho mas antes precisava arrumar as suas coisas, então acabou por fim guarda-las o que demorou muito, quando acabou já eram umas 9 da noite. Kanalu foi chama-la pra jantar mas Olivia havia dormido em sua cama abraçada a uma toalha de banho azul.
Kanalu ficou com receio de acorda-la, então ao invés disso deixou um prato feito para ela dentro da geladeira, caso ela acordasse no meio da noite com fome.
Olivia não acordou, ela estava nitidamente exausta, assim que saiu da loja onde iria trabalhar, ela pegou um taxi até a universidade onde a sua bolsa havia sido transferida e conseguiu combinar seus horários com os do trabalho assim trabalharia um dia e iria estudar no outro, o que lhe ajudaria a ficar menos pressionada tanto mentalmente quanto fisicamente.
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Capítulo I
Diferentemente de outros eu não vou focar só em um alguém ou dividir na visão de duas pessoas porque como eu disse antes não são apenas dois principais, mas vou começar falando de uma em questão, Catrina, uma garota comum que depois de muitos anos tentando acabou por conseguir uma transferência de sua bolsa de estudos pra uma universidade em Tallahassee, na Flórida. Tudo muito bom e belo, mas ao certo ela deveria ter conseguido há 6 anos atrás quando ela ainda estava no começo do curso, mas só foi conseguir no ultimo ano, não que agora fizesse muita diferença mas ela é lógico que, não poderia recusar, já que teria recebido uma ótima oferta de emprego junto com a notícia da transferência. Ela iria trabalhar em uma lojinha especializada em plantas medicinais. Isso não é grande coisa pra ninguém, mas acredite, pra ela era ótimo porque com o sálario poderia pagar os últimos meses que lhe faltavam pra se formar, o aluguel do quarto que conseguira e também, seria uma forma esplêndida de cursar com mais facilidade a fitoterapia.
Não foi fácil ter que escolher entre ficar com o pai e as irmãs e ir pra outra cidade, em outro país e ter que viver por conta própria. A princípio o pai dela não quis, disse que não importava se ela tinha 20 anos, ele não iria deixar ela ficar tão longe dele e esse foi um dos grandes motivos por ela ter que esperar esse tempo todo para vir. Quando depois de muito tempo, cerca de uns 4 anos, ela recebeu o e-mail, ele por mais incrível que pareça, ao invés de proibir como fez antes, incentivou ela a ir, é claro antes dando um sermão de que era pra ela nunca esquecer de como é bom ter a família por perto e ligar sempre que der, aqueles velhos clichés de todos os pais corujas. Nem preciso falar que isso rendeu muito tempo, fora as despedidas de toda a família, inclusive a de sua mãe também que quando ficou sabendo que Catrina iria embora fez questão de lhe dar uma lista de presentes para ela trazer “do estrangeiro”, acredite, ela usou essas palavras, em todos os casos podemos dizer que a mãe dela tem o jeito diferente de demonstrar sentimentos contando que ela nem deu tchau para Catrina e não ficou muito na casa do pai dela na pequena festa de despedida que ele havia feito, a festa durou quase a noite inteira o que consequentemente fez ela dormir tarde e quase perder a hora do vôo, vôo esse que por mais que Catrina estivesse ansiosa, estava cansada por não ter dormido noite passada então o sono acabou vencendo a ansiedade e o medo de altura, ela mesma sabe que se não fosse pelo fato de ter dormido no avião, ela não conseguiria ficar nem que meia hora lá dentro. A não ser que ela estivesse dopada eu poderia dizer que definitivamente essa foi a primeira e ultima vez que ela ousou entrar em um avião. Não seria difícil de imaginar a alegria que ela ficou quando saiu daquilo.
Ela pegou suas malas e foi caminhando até a entrada mais próxima, pretendia pegar um taxi e ir para o lugar onde iria ficar hospedada. Ela pensou em como teve sorte em achar alguém que lhe ajudou, já que se não tivesse conseguido esse lugar, provavelmente ficaria na rua. Ela ligou várias vezes para o número que constava no papel que ela mesma havia anotado o endereço e as demais informações, mas nada de suas ligações serem atendidas, então ela pegou o taxi e deu sorte, porque poucos segundos depois começou a chover.
A chuva não parava e já estava quase anoitecendo, desde quando o taxi saiu do aeroporto até agora, ele estava parado. Isso era devido a um transito horrível provavelmente causado pela chuva indesejada. Demorou uma tarde inteira e o céu já estava quase totalmente escuro, quando o taxi conseguiu por fim sair do engarrafamento e prosseguir, Catrina olhava através do vidro do carro tentando fotografar com a mente cada esquina, beco ou até mesmo placas de bares e rodovias para que mais tarde soubesse ao menos se certificar de onde estava já que ela tinha um pequeno defeito de falhar a memoria quando mais precisava que ela funcionasse, mas isso não era considerado grave pra ela.
O taxi entrou em um bairro que parecia ser mais ao centro da cidade, as casas eram bem bonitas e as ruas pouco movimentadas mas com alguns lugares abertos, tais como pubs e uma lavanderia, com a placa neon azul piscando acima das portas de vidro, o táxi estacionou e o motorista anunciou que eles já haviam chegado ao endereço que ela havia dado. Ela desceu e pegou as malas, eram duas, uma mochila e uma mala com rodas, fora as duas bolsas, ou seja ela teria um sério problema ali já que ainda continuava chovendo. Sorte que o taxista foi bondoso e lhe ajudou a colocar as malas até a porta da casa onde ela iria ficar. Vale a pena citar que Catrina quase caiu das escadas enquanto subia desesperada com as duas bolsas e a mochila, puxando a mala e que se isso acontecesse seria uma cena totalmente hilária. Catrina havia tomado uma quantidade boa de chuva e estava com muito frio, ela chamou, deu algumas batidas na porta e logo chegou a conclusão de que não tinha ninguém ali, então ela juntou as malas num lugar seco em frente a porta e se sentou na frente delas a fim de tampar da chuva, porque para ela antes se molhar do que molhar seus pertences.
Ela ficou ali por um tempo até que ouviu o barulho da maçaneta girando e a porta abrindo, Catrina olhou pra trás com os olhos inchados por causa do frio e com um pouco de dificuldade por causa da luz que vinha de dentro. Uma garota apareceu e disse antes de fechar a porta: - Não temos esmola.
Catrina se levantou e segurou a porta com a mão trêmula e falou quase que desesperada: - Não! Eu não sou pedinte… Olha eu procuro uma pessoa. Você saberia me dizer se…
A garota interrompeu e arqueou uma de suas sobrancelhas perguntando: - Quem?
- Eu estou procurando a Kanalu Alena.
Ela olhou para baixo, depois olhou pra Olivia e disse num tom seco e amargo: - Casa errada, amiga. Não tem ninguém aqui com esse nome.
Depois ela fechou a porta e apagou a luz que refletia pelo vidro da mesna deixando Catrina definitivamente sem saber o que fazer.
Ela pensou em ir embora dali, mas a chuva parecia aumentar a cada minuto que passava, então nada lhe restou a não ser insistir, ela bateu na porta e dessa vez a pessoa veio atender mais rápido.
- Vem cá, eu já não mandei você ir embora?! - Ela veio gritando até abrir a porta e olhar friamente para Catrina.
Catrina abriu a boca pra responder, ela poderia estar debilitada por causa da friagem mas não ia deixar que uma qualquer falasse daquele jeito com ela. Mas antes que ela pudesse dizer algo alguém parou a moto no meio fio da calçada e buzinou fazendo as duas olharem. Eram duas pessoas mas só a carona desceu, se despediu da pessoa que pilotava e subiu as escadas. A mulher olhou para Catrina curiosa, ao certo querendo saber o que estava acontecendo ali. Ela tirou o capacete revelando seu rosto e Catrina logo lhe reconheceu pelos olhos levemente puxados e o sorriso largo, ela passou a mão que estava livre sem o capacete nas tranças quem tinha no couro cabeludo, aquelas estilo boxeadoras e perguntou enquanto tirava suas botas do lado de fora da casa: - Quem é essa, Esther?
Esther no caso era a nervosinha que estava a ponto de brigar com Catrina.
- É uma dissimulada, não merece sua atenção Nalu. - Esther respondeu com um ar de desprezo.
- Eu vou te mostrar quem é a dissimulada!…- Catrina avançou mas Nalu entrou no meio das duas.
- Não ligue pra ela, o que você quer meu bem? - Nalu definitivamente disse tentando parecer a pessoa mais amigável do mundo, e acredite, era quase possível que ela fosse mesmo a pessoa mais amigável do mundo.
- Eu… - Catrina suspirou novamente, por causa do frio e continuou – Eu estava procurando por você Kanalu, eu respondi seu anuncio online.
Nalu pareceu estar desconfiada, ela olhou Catrina e foi abaixando os olhos até ver as malas dela amontoadas num canto perto da parede e perguntou: - Você não quer entrar para gente conversar? Está muito frio aqui fora.
- Não! - Esther disse como sendo a palavra final daquele assunto.
Mas Nalu sorriu fraco, pegou a mochila de Catrina e as duas bolsas menores levando-as para dentro. Catrina puxou a outra e entrou logo depois recebendo o olhar negativo de Esther que fechou a porta arrogantemente. Da porta até o resto da casa havia um pequeno corredor, logo depois uma sala enorme, a cozinha e uma escadaria que levava para o segundo andar onde ficavam os quartos e os banheiros.
- Então, - Nalu disse colocando as bolsas e a mochila no sofá e indo até a cozinha – Você é a Nina, Nina Muller daquele grupo, eu lembro das vezes em que conversamos pelo facetime. – Catrina seguiu a voz de Nalu que ecoava pelo corredor – Quando você você me disse de onde era, eu quase não acreditei, seu inglês é otimo. Mas - Nalu parou de repente e se virou para Catrina que se assustou pois pelo fato de estar andando sem olhar pra frente esbarrou em Nalu - Seu sotaque é marcante.
- Ah… Isso é uma consequência de se nascer na América latina, você sai de lá mas fica com um pedacinho de recordação.
Nalu sorriu e continuou andando, agora fazendo várias perguntas e respondendo as mesmas sem deixar que Catrina respondesse por si mesma.
Nalu deu um chá quente para Catrina e depois que as duas beberam ela saiu da cozinha pedindo que Catrina lhe acompanhasse.
Catrina seguiu Nalu até o andar de cima e ela a levou até um quarto no final de um largo corredor.- Você pode passar essa noite nesse quarto e amanhã vamos arrumar o seu, porque como eu te disse, eu achei que você fosse vir mais pra frente então não terminei o seu quarto ainda. - Nalu disse abrindo a porta e acendendo a luz.
Era um quarto muito bonito, as paredes tinham um tom amadeirado e as cortinas que cobriam a enorme janela de vidro deixando apenas uma fresta, eram negras veludadas e esplendidamente lindas, a cama no canto esquerdo perto da janela era da mesma tonalidade das cortinas desde a cabeceira até os edredons e travesseiros, tudo ali parecia organizado e intacto.
Ela colocou as malas juntas perto do guarda-roupas, tirou algumas roupas confortáveis da mala maior e tomou um banho quente, felizmente pra sorte dela o quarto era uma suíte. Catrina desbloqueou seu celular e viu que já era muito tarde e mesmo que estivesse muito feliz por estar lá, ela também estava muito cansada.
Ela pensou em antes de dormir, descer e agradecer mas quando chegou até o começo das escadas percebeu que estava acontecendo uma espécie de discussão, ela logo concluiu que o maior motivo seria ela mesma já que Esther pareceu não ir mesmo com a cara dela.
Mas de repente elas pararam de falar e Catrina escutou passos vindo na direção das escadas então voltou pro quarto e fechou a porta. Mas é claro isso não adiantou.
A porta se abriu e Nalu entrou com uma xícara grande com o que parecia chá.
- Esta se sentindo mais confortável? - Ela perguntou dando um pequeno gole naquela bebida quente.
- Estou. Olha, eu não quero te dar problemas. Se for o caso eu posso procurar outro lugar pra ficar.
Nalu que estava parada perto da cama, se sentou junto com Olivia e respondeu: - N��o precisa se preocupar, você não é o problema, é a minha solução.
- Certeza? Porque eu acho que nem todos aqui pensam como você.
- Está falando da Esther? – Nalu perguntou debochando – Ela não decide por todos. Não se importe com ela, no começo é assim mesmo ela rosna para todos que venham para cá.
- Todos? Assim, quantas pessoas moram aqui? – Catrina perguntou surpresa.
- Não são muitas, amanhã eu te apresento. Mas, - Nalu sorriu gentilmente – Me conte sobre você, o que pretende fazer aqui na Flórida, exatamente?
Catrina amava contar histórias, então pra ela foi o melhor momento da noite, mas ao decorrer que ela ia contando, percebia que quase sempre repetia a mesma coisa de um modo diferente e as vezes esquecia uma palavra ou não se lembrava de algo, mas Nalu não reclamou, ela ria inocentemente quando Catrina se atrapalhava e isso era uma coisa comum aos olhos dela. Quando perceberam já eram quase 02:00 da manhã e as duas ainda estavam conversando, na casa só ouvia as vezes algumas risadas exageradas ou os pingos de chuva batendo nas janelas, mas foi quando a porta do quarto abriu interrompendo Catrina e alguém acendeu a luz assustando-as.
Era Esther que não se incomodou nem um pouco com as caras que as duas fizeram quando a luz refletiu muito forte em seus olhos por conta de antes estarem se vendo apenas pela luz fraca que vinha da janela com as cortinas abertas.
- Será que da pra vocês abaixarem o tom de voz? Está dando pra ouvir vocês conversarem do outro lado da casa. - E é claro que Esther estava com aquele mal humor que ela insiste em demonstrar.
- Desculpe Esther, não sabíamos que você estava aqui. Pensei que você ia pra festa da Yve.
- Ir como Nalu?! - Esther claramente parecia não ter bom humor pra nada.
- Ah é! Esqueci do acidente com a sua moto. Pede o Keanu pra te levar.
- Não preciso que o Kea faça nada por mim, se não fui, foi porque eu não quis! A propósito, ele ainda não chegou.
- Keanu ainda não chegou? - Nalu levantou, saiu apressada do quarto e voltou em poucos segundos com o seu celular na mão já discando alguns números.
- Eu já liguei. Está perdendo o seu tempo. - Esther disse revirando os olhos.
Esther cruzou os braços e ficou acompanhando com os olhos Nalu que andava de um lado para o outro preocupada.
- E ai? - Esther perguntou ja sabendo a resposta.
Nalu respirou fundo e respondeu parecendo desistir: - Ele não atende.
- Esther. - Nalu ainda mantinha sua voz calma.
- Eu pensei que você tivesse mais voz!
- Esther, não começa. – Nalu disse tentando disfarçar pelo fato de Catrina estar servindo de espectadora sem merecer.
- Eu aguentei quieta até agora mas desculpa, não dá mais. – Esther pareceu chegar ao seu limite de raiva. - Nalu ele não atende as suas chamadas! Nós nem sabemos se ele está bem. E tudo por… Tudo por causa daquele inferno que ele chama de irmão!
Esther estava cara a cara com Nalu e notava-se que estava alterada.
Nalu respirou fundo e disse ainda mantendo a voz calma: - Esther, para com isso… Keanu está bem.
- Como você pode ter certeza?
- Eu sei que está.
- Você não sabe de merda nenhuma! Não teve nem voz direito pra dizer não pra ele quando saiu daqui a uma semana atrás.
- Ele foi cumprir uma promessa!
- Promessa?
- Isso! - Nalu agora alterou a voz - E você sabe melhor que ninguém que eu respeito as decisões dele!
- Ele foi atrás de um assassino Kanalu!
- Esther! - Nalu gritou e Esther olhou na direção de Catrina bufando. - Quer saber? Vão se foder todos vocês. - Esther disse num tom de nojo e saiu do quarto batendo a porta com arrogância.
Nalu apertou as mãos em punho e fechou os olhos, ela pareceu nitidamente estar contando de 0 á 100 para se acalmar. Bom, Catrina notou que para ela era um esforço enorme ter que brigar com alguém. Nalu se sentou na cama e tentou acalmar a respiração inspirando e respirando.
- Desculpa ter que te fazer ouvir isso. Acredite, ela não é sempre assim.
- Não… Esta tudo bem. - A voz de Catrina saiu meio falha. Ela não sabia ao certo o que dizer, mas também, acabara de presenciar uma discussão bem feia.
Nalu não demorou muito ir para o seu quarto, ela tinha alguns problemas com o fato de ficar nervosa e depois daquela briga, o melhor a fazer seria ir dormir.
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Antes de começar
“Uma historia pra ser lembrada” Esse deveria ser o resumo de tudo o que eu vou contar aqui, deveria não, vai ser. Por que não envolve apenas uma ou duas pessoas mas sim várias, não muitas eu confesso mas, a quantidade certa pra fazer de simples acontecimentos, algo tão significante na vida de cada um.
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