nikels
Histórias
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Um dia serei capaz de amar!
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nikels · 3 years ago
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Alguns Dos Milhares de Preconceito
Porque a rejeição ainda me deixa intransigente? O conceito da minha escrita é assim tão ruim que só pode ser apreciada por leigos. Que vida chula é essa que me faz tão inferior a poesias e palavra bonitas. As razões das quais eu nunca quis submeter meus textos ao ridículo. A opinião pública pode ser opressora com novatos. Sei que não tenho certos refinamentos na escrita, mas mesmo assim não é de todo ruim, o meu comportamento literário é um tanto diferente dos outros, quero mostrar uma realidade dura e rígida até mais miserável do que a doença romantizada. O que há de errado em mostrar a podridão, o escroto.
A inquietação que me abate é apenas gerada da frustração de rejeição por profissionais desacostumados a uma escrita mais bruta, mais real.
Será que um dia irei me acostumar com a dor? A rejeição sempre foi minha companheira constante não deveria ser menos doloroso? Porque faço as coisas pequenas tomarem uma proporção sem tamanho? Já deveria ter me acostumado a ter que conviver com a minha inferioridade… Ainda assim é duro ouvir que sou a pior entre minhas irmãs. Não sinto inveja delas em nenhum momento, então porque tenho que ser comparada a elas e inferiorizada? O que tem de errado comigo?! Serei a mais feia entre todas, porque? Não mereço nenhum terço? elas merecem? Porque me sinto um lixo humano quando penso nisso?
Gostaria que esse sentimento de imponência me deixasse pelo menos uma vez. Porque não posso dizer que isso me machuca? Terei que engolir tudo isso calada, apenas para mostrar que isso não me afeta profundamente? Terei que conviver com isso para sempre? Espero que alguém me veja, através do meu murro erguido com concreto, o quanto estou frágil e debilitada. Esperando a próxima apunhalada.
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nikels · 7 years ago
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Uma Carta de Despedida
O carteiro deixou a correspondência lá fora, e como só eu estava em casa, não havia problemas em ir buscar, afinal, sou ainda uma pessoa prestativa, fazia três horas que tinha chegado do enterro da jovem Elliott, a garota tinha se matado, tomando doses exageradas de remédios para dormir. Fiquei me perguntando, se a irmã mais velha dela tinha cometido tal ato, porque facilitaram para que ela fizesse o mesmo? E porque de repente me bateu uma onda de culpa pela morte daquela garota com quem fiquei uma ou duas vezes? O envelope amarelo continha meu nome escrito com letras garrafais magnifica. Tratei logo de abrir.
De: M. Elliott Para: Miller S.
UMA CARTA DE DESPEDIDA – escrita em letras maiúsculas, dando ênfase em todas as letras, comecei a ler...
Daqui algumas horas provavelmente estarei morta, se meu plano der certo. Mas vou direto ao assunto, essa carta quando chegar em suas mãos a notícia da minha morte já deverá ter se espalhado, e eu espero que não chore no final, você sabe que não gosto de tristeza.
Querido amor, desde o dia em que te vi deitado no banco da praça dormindo feito um mendigo, eu não consegui explicar, era fascinação, obsessão ou até mesmo paixão. Eu era nova na cidade, e estava carente de amigos, mas estava feliz. Ver você deitado naquele banco com um capim na boca, deu uma vontade louca de te beijar.
Aquela foi a primeira vez em que vi você, e, não tardou para ver de novo, na escola no primeiro dia de aula, logo soube pela garota nerd, Elisa, que você era o jogador de basquete mais importante da escola, e que também era da minha sala no segundo ano. Os meses foram se passando e minha fascinação por você crescia feito erva daninha. Em algum momento encarando seu sorriso escondido na cantina, foi que me dei conta, eu te amava.
Meu coração acelerava quando eu via seu rosto, minhas pernas ficavam bambas quando você sorria para mim, eu nunca acreditei que você gostasse de alguma das garotas da qual desfilava todos os dias, eu me obrigava a pensar que mesmo estando com elas seus pensamentos era povoado sobre mim. Cheguei até escrever uma canção em meu violão sobre nós dois.
Talvez você ache a fita que gravei dentro do seu armário, coloquei lá essa manhã. Voltando para nossa história, foi no começo da primavera que você deixou aquela carta com um coração azul e dois ingressos para o jogo de basquete dentro do meu armário. Os ingressos que só tinham sido distribuídos para o time, e todas as garotas estavam se matando para ir com você, mas era eu quem iria. Você tinha me convidado e ainda deixado o bilhete me indicando o local para o nosso encontro. Fiquei contando os minutos.
Vesti a minha melhor roupa, passei o melhor perfume e fui ao seu encontro, devo dizer, você foi um danadinho em me levar flores, queria chorar de tanta emoção, e quando você entrelaçou nossas mãos juntinhas uma na outra quis gritar, me beliscar talvez, porque não estava acreditando nem um pouco que eu e você estávamos saindo juntos.
Ainda lembro de você jogar os dois ingressos no latão de lixo na rua e me convidar para ir com você no pub, quando você fez isso, eu acreditei veemente que você abriria mão de tudo para ficar comigo. E naquele momento você também tinha certeza que eu era o seu grande amor, para mim nada mudou.
Bebemos e dançamos, eu não me divertia há séculos, você me trouxe alegria, foi graças a você que consegui superar a morte de Sophie, minha querida irmã gêmea. Quando você me beijou sentia que estivesse flutuando, meus dedos puxando seus cabelos raspados para nunca desgrudar sua boca da minha. Miller eu vi o quando seus olhos mudaram de cor quando de leve minhas mãos te tocaram, mas também vi negação, você não me aceitava, e eu sabia desde aquela noite.
Mesmo me negando a ver o que estava na minha frente, eu queria você, apenas você. Voltamos a nos ver todas as tardes, ficávamos conversando até as estrilas brilharem no céu negro da meia-noite. Nós beijávamos tanto, que as vezes tinha que dar explicações esfarrapadas para Elisa, do porquê de meus lábios estarem inchados e outras vezes machucado. Como explicar sua cede voraz dos meus lábios, todas às vezes que me via.
Então veio a tragédia, uma fotografia, tirada de nós dois trocando caricias foi parar nos celulares dos seus amigos do time e de toda a escola, não me importei já que te amava e pensava que você sentia o mesmo, enfrentaríamos tudo... juntos, não foi isso que você prometeu?
Você. Sumiu. Desapareceu. Sem deixar notícias, na minha tolice e ingenuidade pensei que precisava de espaço para assimilar todos os acontecimentos. Esperei por dias e semanas o seu retorno, e você voltou, mas não era você que tinha voltado, não te conhecia mais, o meu Miller nunca mais voltaria, ele havia morrido. E me deixado sozinha.
Ninguém mais via a dor dentro dos seus olhos, e eu, eu via, vi você até me maltratar para provar que não me amava. Mas dentro de você, amor, todo seu corpo gritava meu nome, não me abalei nenhuma das vezes, estava até feliz em pelo menos ver você todos os dias na escola.
O único dia que você conseguiu me machucar, foi quando anunciou o namoro com Elisa no meio do refeitório, bem, ela era minha melhor amiga e você o meu grande amor, eu deveria ficar feliz, não é? Mas aconteceu totalmente o contrário. Comecei a tomar os remédios que minha irmã tomava para dormir, e cada vez em quantidades maiores, eu ficava fora de mim o tempo todo, só para você perceber que eu não estava bem, mas você não mais se importava comigo.
Miller meu amor, essa carta não é para você se culpar pela minha morte, e uma despedida, estou me despedindo com covardia do meu amor por você, não era para acabar assim, mas pense comigo, algumas coisas em alguma hora chega ao fim, o amor se vai, você se torna vazio e só a dor me consome nesse momento. Você vai encontrar outros amores, outras pessoas, outra vida.
Não se preocupe comigo, amor, vou estar seguro com minha irmã no céu, onde tudo é como deve ser, quero vê-la, nunca quis que fosse diferente, eu sabia que morreria como ela porque nosso vinculo nunca teria um fim. Eu só queria um último beijo seu, tão voraz e alucinante, que me deixaria tonta. Mas talvez em outra vida, quem sabe?
Eu te amo, e é porque eu te amo que estou te deixando livre, não se preocupe quando deixei a fita no seu armário com nossa música ninguém me viu, ainda sou seu amiga... com amor... sempre sua Marcha Elliott.
Enxuguei as lágrimas dobrei as três folhas da carta e quando olhei dentro do envelope, o cordão que Elliott nunca tirava do pescoço estava lá dentro, ele dizia que foi presente de sua irmã, e que nunca ia se desfazer dele porque, o colar mantinha o amor pela irmã intacto, talvez agora fosse minha vez de manter meu amor por Marcha intacto.
Passei o cordão pelo pescoço a agarrei o pingente na ponta apertando firmemente.
– Eu também te amo, Marcha Elliott – sussurrei.
Mas agora era tarde demais, para uma segunda chance.
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nikels · 9 years ago
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O Inverno
Meus olhos estão vermelhos, a dor me consumindo, eu mal consigo respirar nesse momento a dor invade meu coração em tão grandes proporções que chega a doer fisicamente, você jogou sal em minhas feridas abertas e nem se importou comigo, com meu sofrimento, você jurou não me machucar da mesma forma que tinha acontecido anteriormente, esse foi seu problema, você promete coisas demais e esqueceu que eu estava lá por você, o tempo todo era eu que segurava seu mundo enquanto o meu se dividia em pedaços.
Eu nunca imaginei que fosse você quem atearia fogo em meu corpo, você jogou seu jogo sujo comigo, me fez viva novamente, e eu me apaixonei, meu coração resolveu amar você fácil demais, os sonhos que sonhei com você só me faz acreditar que sou uma pessoa que nunca lhe machucaria e que o que tínhamos era para sempre, mas você não percebeu, não quis ver o quanto eu era dependente de você, eu deveria ter olhando em seus lindos olhos e desejado a morte antes disso acontecer.
Consigo ouvir, em todo esse silencio meus gritos de socorro, pedindo para você não fechar a porta na minha cara, mas quem mesmo magoou quem? Você era quem deveria estar implorando pelo meu perdão, mas de qualquer jeito o dia tem sido tão longo, ouvindo nossa música e rezando para que a dor passasse logo. Que tudo o que vivemos fosse mandado para o meio do inferno, seria uma blasfêmia.
Juro que tentei, tentei arduamente, fazer como você fez, esquecer do meu amor como se fosse um inseto insignificante, que se dissipava enquanto o esmagava com a palma das suas mãos, e então caia morto no chão.  Não funcionou como eu previa, você provavelmente não sabe a dor que me causou, se não me amava não despertasse o meu amor. Ele tinha sido reservado para uma pessoa muito especial, e você o roubou como um profissional.
Para qual polícia eu deveria denunciar você? Porque não pode simplesmente sair pela porta e me deixar aqui para segurar os pedaços do meu mundo, sozinha, você é tão egoísta, me usou para curar sua dor, eu não sabia que seria eu seu próximo lindo brinquedinho, essa dor que me consome agora vai passar, eu vou me recuperar, talvez, por ser eu, demore mais que o normal, porque preciso sentir que cheguei no meu limite para perder o controle.
É disso que tudo isso se trata, perder o controle, a droga do meu controle, significa perder a sanidade, perder o sentido da vida e começar a sangrar, até não haver uma gota sequer de vida dentro de mim, deixar que a escuridão me consuma, me entorpeça me deixe vazia, e esse sim será o fundo do poço. Onde qualquer coisa para mim não vale nada. Depois da dor eu soube que você foi meu amor de verão e o inverno chegou.
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nikels · 10 years ago
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Capítulo 1 - Sobrevivendo.
Eu puxei mais uma vez a fumaça que tanto me dava prazer, mas pra morrer. Sentada da escada do galpão abandonado, esperando porque a pouco chegaria dois dos meus amigos. A blusa verde de frio surrada tinha bolsos para esconder o celular e a carteira de cigarros. Foi então que ouvi as vozes exultantes dos meninos. Tinha três dias que eu tinha feito aniversário de 17 anos e em meio esses três dias já estava odiando essa idade tão repugnante.
O primeiro que vi foi o Danillo, aquele jeito dele largado pela vida me encantava, as roupas surradas e o estilo mochileiro das estrelas me deixavam em êxtase. Guto por outro lado era reservado e legal, e o que você quisesse ele arranjaria. Quando eles me viram sorriram e sentaram um de cada lado.
- Emma o que você vai querer fazer hoje?! - sorriu Danillo colocando as mãos nos bolsos.
- Eu só não to a fim de voltar pra casa... Talvez vocês possam apenas me fazer companhia... - pedi tragando mais uma vez o cigarro.
- Se não se importa eu vou fumar um baseado na sua frente. - Guto fez piada.
- Você sabe que eu não me importaria. - peguei a minha carteira de cigarros e ofereço pra ambos.
- Ah eu amo ser seu amigo! - afirmou Guto pegando o cigarro. - Gente rica tem certos privilégios de comprar sempre as melhores coisas.
Danillo afirmou com a cabeça. Nós dois nos conhecemos no colégio no ano passado, eu era da turma dos nerds e dos sociais, então eu conheci o Danillo, me encantei com seu jeito introspectivo e sereno às vezes até despreocupado com a vida. Ele me trouxe até o galpão abandonado e conheci Guto seu melhor amigo. Nos primeiros dias eu ficava bêbada com as doses de tequila. Depois ficava apenas fumando e pensando.
- Não se acostume Gustavo, provavelmente a mãe dela esta na nossa cola, daqui a pouco a tranca dentro de casa! - retrucou Danillo irônico.
- Se ela me tirar de vocês será o meu fim... - suspirei anestesiada. - Juro que nunca a entendi... Somos quatro irmãs e um irmão, ela sempre esteve ocupada demais pra ligar pra minha vida antes, quando eu realmente sofria... Agora que estou bem ela quer me arruinar.
- Ah! - Danillo levantou radiante. - Supere... Vamos dá uma volta na cidade.
- Claro! - Guto concordou rapidamente. - O espertalhão sabe o que fala.
Em questão de minutos estávamos andando pelas ruas da cidade, apenas brincando uns com os outros, Guto com seu inseparável skate e Danillo com a sua inseparável mochila. Nenhum de nós se importava realmente com consequências, éramos jovens contra a sociedade hipócrita. Guto pediu por outro cigarro e dei de bom grado.
- Os três, mãos na cabeça onde possamos ver! - gritou alguém atrás de nós. Policiais.
Ficamos parados, não obedecemos a aquelas regras inúteis. Danillo hesitou um pouquinho, olhando um para o outro e sorrimos, a adrenalina começaria agora. Corremos feito loucos, não seria a polícia a nos pegar. Aquilo era muito bom, sentir parte de algo me fazia sentir um pouco viva. Era assim que o vazio se ia, desaparecia de dentro de mim em questão de minutos.
Tentamos nos esconder mais outra viatura nos cercou, paramos cansados e caímos na gargalhada.
- Acho que vamos ser presos... - Guto ironizou.
- Você acha?! - Danillo retrucou.
E fomos presos por correr da justiça, apreenderam meus cigarros, o skate do Guto e a estimável mochila do Danillo eu me senti mal. Fomos separados por eu ser uma garota e que ainda era menor.
O silêncio não me amedrontava, eu já tinha me acostumado com ele há muito tempo atrás. Eu vi, ouvi e vivi muita coisa em meu próprio silêncio, e isso não era nem um pouco estranho. Só a voz da minha mãe e meu padrasto que era estranhamente insuportável. Eu estava com problemas agora.
- Oh meu Deus ela está presa como uma criminosa?! - a voz preocupada e toda cuidadosa da minha mãe soou extremamente mentirosa aos meus ouvidos. - Eu posso falar com ela um momento?
Os policiais e meu padrasto saíram conversando uns com os outros como se nada tivesse acontecido. Eu sabia o que vinha a seguir, eu me limitei a fechar os olhos e relaxar na cama de concreto dentro da cadeia. Pelo menos ali eu não seria nada.
- Eu não sei o que está acontecendo com você, querida. - a voz tranquila d ela era tão falsa quanto toda ela. - Eu não quero acreditar que a perdi, você era tão educada e comportada.
- Obrigada pelo elogio. - ironizei.
- Garota, você é uma vergonha para essa família... - essa era a minha mãe que eu conhecia. - Emily você está se destruindo andando com aqueles trombadinhas, eu sou sua mãe e quero o melhor pra você... E é por isso que você vai começar a frequentar uma ajuda médica. Sua irmã é quase dona da própria empresa, seu irmão ganha o próprio dinheiro e você? O que você é?!
- Uma trombadinha como você disse. - nunca deixaria vir e insultar meus amigos.
- Você está defendendo eles e eu não entendo o porquê você se sinta assim, eu não vou vir na cadeia arrastar o nome da família na lama por sua causa, Emily. - olhou pra mim com descrença.
- Entendi. - respondi me ajeitando na cama confortável.
- Não ainda Emily. - ela respirou fundo, procurando paciência. - Eu conversei com a Dra. Daiane, e, ela disse que você precisa ocupar a mente com outras coisas, eu e seu irmão concordamos em colocá-la pra trabalhar.
Se ela esperasse que eu rejeitasse e fizesse um escândalo, ela não me conhecia, ela nunca me conheceu de verdade, eu dava a face que ela queria vê. Eu apostava muito quando era criança que se meu pai de verdade me quisesse ele saberia tudo e de mim e me tiraria dela. Mas isso nunca aconteceu e eu acredito ainda menos agora. Dei os ombros, despreocupada.
- Em troca quero a liberdade dos meus amigos... Farei o que você está pedindo. - ri minimamente da cara de horror que ela fez.
Ela pensou e pensou várias vezes, olhou pra mim e juntou seus ombros depois soltou a respiração pesada, quase como um suspiro descrente.
- Tudo bem! - concordou por fim.
Depois que ela disse isso os policiais e o meu padrasto vieram alegres me soltar. Eu não falei com nenhum deles quando voltamos pra casa. Eu entrei no quarto e tomei um banho, delegacias é um lugar onde a sujeira das paredes impregna em você. Antes de descermos para o jantar em família, minha mãe bateu na porta.
- Entre! - terminei de vestir minha blusa.
- Quando fomos jantar você trate de pedir desculpa para seus irmãos por arrastar o nome deles na lama. - ela disse apenas isso e saiu.
Claro que eu iria fazer tudo o que ela mandasse porque em casa eu era o que ela quisesse que eu fosse sem nunca reclamar. Assim era melhor, porque eu e minha família éramos todos uns idiotas que morava na mesma casa, e eu odiava. Sai do quarto com um cara de quem estava arrependida profundamente por ter feito nada. A mesa estava composta pelo meu padrasto, minha irmã mais velha Eleonor, as duas mais novas Cayla e Raiely. Sentei no meu lugar mais afastado, esperando Joseph que provavelmente não liga para o meu pedido de desculpas obrigatório.
- Então... Como foi na cadeia sua delinquente? - Eleonor acusou docemente.
- Foi bom e você? - sorri agradecida.
Cayla continuou falando com o namorado numero 12 despreocupadamente, Eleonor se calou e ficou me encarando, deixando transparecer toda sua raiva, Joseph chegou jogando a maleta em cima da mesa fazendo Eleonor se retorcer em aborrecimento. Ela odiava quando ele fazia isso, ela nunca me suportou e o meu irmão muito menos.
- A Cayla está nesse telefone a vida inteira. - observou Paulo.
Eu tinha minhas dúvidas se ele fazia essas observações só por fazer ou simplesmente pra ver a minha mãe gritar com outros de nós. Minha mãe fez com que eu e os meus dois irmãos mais velhos o chamássemos de pai mesmo ele sendo pai apenas das duas mais nova.
- Cayla desligue a porcaria desse telefone. - gritou minha mãe do fogão.
- Emma soube que você foi presa, que escandaloso pra nossa família. - Joseph sorriu no meu ouvido, ele sempre do meu lado. - Ela deve ter ficado uma fera até ligou pra mim pra informar que você merecia uma punição.
Sorri com a cumplicidade de Joseph, ele podia ser um chato de vez em quanto, mas ele era um bom irmão. Com poucos minutos todo mundo já estava sentado em seu lugar. Mamãe nunca nos exigiu nada, apenas que juntássemos sempre juntos, não importa onde você comeria no almoço ou o café da manhã, o jantar era algo especial para minha mãe.
Olhei para todos já sentados e pude ver que não éramos uma família, éramos pessoas que se conheciam e compartilhava uma parte do sangue. Todos tinham um problema, mas nenhum de nós queria se expor a pessoas que não se importa.
 Eleonor era filha de um policial, depois veio Joseph e eu, nosso pai era professor. Cayla e Raiely eram filhas de Paulo o atual marido da minha mãe, ele era um idiota nunca trabalhou, na verdade ele era aquele tipo de cara que eu particularmente odiava, políticos. Eu nunca aprovei a relação dele com a minha mãe. Mas também não me opus porque minha opinião nunca contava.
- A Emily tem algo a dizer, não tem?! - mamãe me fuzilou com os olhos e eu fiquei de pé.
Por um momento de completo constrangimento eu ergui a cabeça e encarei o meu padrasto, ele tinha um sorriso infame dos lábios, Eleonor me encarou com tédio, e Joseph segurou minha mão me dando o suporte de sempre.
- Eu peço desculpas por arrastar o nome de vocês na lama - aquilo era humilhação pra mais de ano, mas eu não tinha outra opção. - Eu não fui responsável e devo pagar pelos meus atos, mamãe disse que terei que trabalhar, então...
- Chega! - reclamou Joseph. - Ela não vai ficar se humilhando a noite inteira por um erro de adolescente.
Ela não fez nada, nem olhou para o meu irmão, vaguei meu olhar pela mesa e encontrei dois rostos contente. Eleonor e Paulo. Jos se levantou e informou que já tinha terminado seu jantar. Ninguém ousou ficar no caminho dele. Ninguém ficava porque ele quando estava com raiva era como um furacão em erupção, e, quem ficasse em seu caminho era levado junto.
O silêncio pairou na sala de jantar, se minha mãe não falasse nada eu tentaria sumir dali pra não precisar ficar olhando pelas próximas horas pra eles. Dei um passo pra trás despercebida.
- Seu irmão não vai querer companhia! - a voz carregada e parcial da minha mãe fez todos a olharem.
- Tudo bem! Eu não estou com fome... - tentei sair de qualquer jeito.
- Senta e come! - ela ordenou.
E bem, eu obedeci porque eu não tinha mais nada. A Eleonor comentou sobre a loja de roupas já estava indo bem e que em um mês outra loja seria aberta. Cayla falou sobre seu relacionamento conturbado com Raiely e às vezes Paulo falava sobre com estava indo com a câmara de vereadores. Terminei de jantar e retirei meu prato, não iria lavar as vasilhas agora, amanhã quando eu chegasse, eu faria minha parte
Passei despercebido por todos e fui ao quarto do Jos, ele estava rindo para o celular deitado na cama sem camisa e eu sorri.
- Toc-Toc... - ele sorriu a me ver deixando o celular de lado. - Quem é a garota?
- Ama... O que?! Que garota? - ele me olhou desconfiado. Eu sorri da cara estranha que ele fez. - Entendi... Você é uma garota má. Jogando comigo irmãzinha?
Deitei do lado dele, e peguei o celular, ele tentou tirar das minhas mãos mais eu era mais hábil.
- Amanda L.?! - olhei pra ele confusa.
- Não seja xereta! - Jos tentou pegar o telefone.
Devolvi o celular, e voltei a deitar na cama como se fosse a do meu quarto e ele empurrou para deitar ao meu lado.
- Ta achando o que sua folgada? Não vai roubar meu lugar na minha cama... - ele fez bico.
- Quantos anos você tem? Cinco?
- 21 obrigado. - riu. - Escuta Emma, nunca se humilhe pra ninguém entendeu?! Eu e nem você fomos culpados de nosso pai ser um completo babaca.
Jos ficou sério o que sempre me assustava um pouco, eu poderia adorá-lo, mas ele era instável, sempre foi. O advogado mais inteligente e charmoso que eu já conheci, mas não conseguia se controlar quando algo estava errado. Apenas concordei com a cabeça, eu sabia no fundo que eu era uma droga completamente.
- Eu vou dormir ok?! - sorri.
- Boa noite Emma, até amanhã. - ele pegou o telefone e sorriu escrevendo algo. Talvez para Amanda.
Fui trocada pelo celular, mas quem disse que eu ligava? Sai do quarto dele e entrei no meu, fechei a porta e fiquei parada encarando a cama bagunçada, os dias frios eram vazios como sempre. Sai do quarto e escovei os dentes no banheiro, ao sair do banheiro ouvi Paulo falar com minha mãe.
- Não acha que já está na hora de Joseph e Eleonor procurarem uma casa pra eles mesmos? - sempre desconfiei que ele não gostasse de nós três. Agora queria expulsá-los de casa, quando seria a minha vez?
- Óbvio que não, eles ficaram. - ela respirou fundo - São meus filhos.
- Só estou dizendo que eles são bem grandinhos e sabem se cuidar. - ouvi os passos dele saindo pra fora de casa.
Alguns segundos depois a ouvir chorar, como se não gostasse nada da situação, mas em algum momento teria que lidar com isso. Ela apareceu do nada perto de mim.
- Emily o que está fazendo aqui? Achei que já estivesse na cama. - levantou a sobrancelha inquisitiva.
- Estava escovando os dentes... - falei imparcial.
Ela me estudou, e então deu de ombros como se minha expressão dissesse que eu não tinha ouvido nada. E eu queria mesmo não tido ouvido absolutamente nada, tentei esconder toda a raiva que se acumulava dentro de mim e olhei para ela cansada.
- Boa noite... - ela seguiu para seu próprio quarto.
Agora eu o odiava, a mim mesma também por ser tão conivente com aquela situação e por ser covarde. Olhar para a porta do meu quarto fechada e perceber que eu não sou absolutamente nada.
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nikels · 10 years ago
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Outra História Sobre Nós
Prólogo.
Eu podia sentir a noite fria me abraçar, era quase duas da manhã e eu comecei a sentir estranha e chocada. A casa parecia vazia, e de alguma maneira estava porque eu conseguia ouvir os grilos cantarem sua melodia solitária.
O telefone tocou alto o suficiente para me apavorar. Hoje era o dia em que minha mãe e meu padrasto estavam em casa, e fazia dias que eles não paravam por aqui, e eu não sabia se estava feliz ou se simplesmente não queria que eles voltassem dos seus terríveis empregos. O segundo toque do telefone me fez querer atender logo, e eu atendi.
- Alô! - afirmei balançando um pouco a cabeça.
- Preciso falar com Luiza Prudence. - a voz do outro lado estava calma e solidária.
Não precisei chamar minha mãe ela estava bem atrás de mim quando chamaram por ela.
- Só um minuto! - passei o telefone pra ela e então seu rosto se transformou em dor.
A dor era algo familiar pra mim, eu a sentia constantemente, mas agora eu sentia algo diferente, algo que provavelmente eu não conseguiria lidar. Meus instintos foram alertados para o que eu deveria chamar de lamentável. Minha mãe desligou o telefone e simplesmente saiu, poucos minutos depois ela apareceu arrumada e pronta pra sair, Paulo estava logo atrás, sem questionar.
Ambos saíram em silêncio e resignados. Algo frio e doloroso se apoderou do meu corpo. Levantei os olhos para o relógio de parede e pude ver a dor e sofrimento refletidos em um pequeno pedaço de vidro. Permaneci em silêncio. Ninguém estava acordado, preferi sentir sozinha toda essa estranheza de dor sozinha.
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nikels · 10 years ago
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nikels · 10 years ago
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Na falta do que fazer, faça amor.
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nikels · 10 years ago
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Faça-me feliz fazendo-me tua ou simplesmente, deixando-me nua.
(via boteco-poetico)
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nikels · 10 years ago
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nikels · 10 years ago
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Ei menina! Não chore! Se ele partiu, espere que seja pra puta que pariu.
Brendon Moraes.    (via romeuemcrise)
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nikels · 10 years ago
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Eu não sou amargo. É que, ás vezes, a vida rouba a nossa doçura.
Eu me chamo Antônio.   (via allaxg)
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nikels · 10 years ago
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Às vezes eu acho que o coração deveria ser feito apenas para bombear sangue.
Romeuemcrise.     (via romeuemcrise)
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nikels · 10 years ago
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nikels · 10 years ago
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nikels · 10 years ago
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nikels · 10 years ago
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nikels · 10 years ago
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Ele simplesmente não era “gostável”. Às vezes é simples assim.
O Teorema Katherine  (via allaxg)
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