Tumgik
moonhilight · 2 months
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tô me perdendo demais em todos os meus pensamentos rasos
sem meu senso de urgência nada dói
se não me rasga, eu não mastigo
e aí se assenta no meu estômago inteiro e apodrece
por isso eu não te engulo de uma vez
as consequências da minha racionalidade me adocem por dentro
como as consequências do meu egoísmo já me fizeram morrer outras vezes
eu evito gritar e evito falar baixo
onde eu moro não se permitem meus excessos
onde eu moro não me permitem minhas restrições
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moonhilight · 5 months
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Não ouço, não vejo, não compreendo. Mas sinto o pesar das horas, minha alma aprisionada no meu corpo estático, meus pensamentos deslizarem e sairem pela minha orelha. Aí eu estava desfeita. Nada me segura senão o nada.
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moonhilight · 7 months
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O masoquismo explícito na possibilidade de eu ansiar o desconforto dos barulhos brancos de pensamentos incessantes, sem delongas, corta meu desejo pela vida. Inibe as cordas que me sustentam, aspirando a existência, e me mantém em pé. Direito, esquerdo, direito, esquerdo. A minha redução de mim mesma, tamanha simplicidade me decepa aos poucos. Me procura caber em meios anglicismos. Me espreme em outros potes, que pareço nunca deixar de tentar encher.
Juro desaparecer e meus votos se dissipam antes de se concretizarem, enquanto eu só quero voltar pra casa. E minha casa é um mau lugar. E eu não sou uma boa casa.
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moonhilight · 1 year
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pinta meu corpo com flores de mentira
que todas as outras morrem de desatenção e sede
queimadas de sol ou de descuido
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moonhilight · 1 year
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entrar no silêncio e engolir olhos vermelhos
me saciar de esperança cega
desabrochar em desalento
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moonhilight · 1 year
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entro na roda e desapareço em passados
que finalmente não quero que voltem
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moonhilight · 1 year
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mão molhada no pé da orelha, pulei uma linha.
palma da mão molhada, por secar debaixo dos olhos.
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moonhilight · 1 year
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Amassei o ano inteiro num sentimento de que eu era só cabeça. Tenho memórias do meu corpo apenas como imagino que um manequim de vitrine sentiria se ganhasse vida, com uma estranheza, externalidade. De uma estranheza imensa é lembrar só de olhos vagantes, atentos e pesados. Você sabe que eu sou de me contradizer. Acho que eu estava cansada de querer gritar e minhas íris escuras não fizeram um bom trabalho em demonstrar. Então eu abria os olhos o máximo possível.
Tempos sombrios sempre me foram acolhedores, mas este me embalou no sono mais perturbador que já tive o desprazer de dormir. Me lembro, eu mesma estava lá o tempo todo. Eu acordei e tomei banho comigo. Não escovei os dentes, nem tomei café da manhã. Senti murchar dentro de mim um coração roxo. Circulação presa, trabalhando tão duro para continuar vivo, que martelava meu esterno em dor tensa e latejante de sangue apertado. Rompeu meu peito algumas vezes, você deve saber. E então eu gritei algumas vezes também, mesmo tentando comer minha voz. Contida, contida, desmoronando dentro de quatro paredes só. Ninguém vê, então espero que ninguém saiba.
E tudo era só na cabeça. Eu sabia.
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moonhilight · 1 year
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me agride na próxima nota interrompida
por favor. Me busca.
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moonhilight · 1 year
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as mais casuais das palavras
escritas em pedra, no meu ego
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moonhilight · 1 year
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queria matar a minha versão após a meia noite
ser cansada antes do dia virar
e não ter olhos estarrecidos
me transformar em manchas verdes, amarelas e roxas disformes antes dos relógios zerarem
entrar ausência programada
não virar outro dia
e não ser nem mais um nem
nem mais um e
não sentir ser nada mais do que eu seria
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moonhilight · 1 year
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vou deitando pontos em cruz,
não dou nós, para me permitir voltar.
mas qualquer pele que se rasgue tão facilmente,
tão dificilmente remendada
não é digna.
então, habito meus pontos, que correm meus dias,
assim que não houver outra opção a não ser molhar todo o bordado
e rezar que a tinta da linha manche toda malha
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moonhilight · 1 year
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me parece, que só sinto venenos líquidos me embebendo em pequenas doses de irreal
veneno, prevenindo o suicídio de criatividade,
procurando a próxima vítima do meu vitimismo
meu peito, pesado de tanto se esvaziar,
quer voltar a não existir sem quem
quer voltar a viver
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moonhilight · 1 year
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eu era frágil
e meu corpo rejeitou o amor como eu queria
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moonhilight · 1 year
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não se vai a lugar nenhum de peito vazio
estou preenchendo todos meus vazios comigo
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moonhilight · 1 year
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Imagino que escrever sem remetente é insanidade. Se me permite, inventei você para fingir normalidade.
se posso falar, por que falo oposto do que quero dizer?
por que embaralho letras na ponta de uma língua tão afiada?
Cerro meus dentes como facas de serra, que arrancam carne mais de uma vez, que não só rasgam, mas dilaceram. Prelúdio de intoxicação por engolir o veneno do que não consegui soltar pelas cordas vocais.
É que sou venenosa mesmo, entende?
Mordo outros, engulo palavras e intoxico você de facas, para cortá-lo por dentro, dilacerar pele recém curada, daquela que é fina e frágil, minha preferida: nenhuma outra rasga igual, nenhuma outra rasga tão bonito.
E se digo, enfim, por que só tem eu no quarto?
Bebo água para não beber mais um pingo sequer de você.
É que bebi por provar, entende?
Vomitei escondido em sequência, perguntei se outros queriam testar, para não deixar-te sem quem.
Tens outro de si?
Apresente-se, por favor, e me deixe falar
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moonhilight · 1 year
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Ser certeza de que não posso ficar mais de algumas horas ou dias, que não posso completar semanas ou meses e que minha única forma constante é angústia
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